Histórias
antigas do tempo em que trabalhava na Divisão de Elevadores da Efacec.
Esta é uma história que agora vista a esta distancia, até acho engraçada, mas a que na altura não achei graça nenhuma.
Esta história aconteceu num elevador de um
dos pórticos do Terminal de Contentores de Leixões, mais conhecido por TCL.
A
história da montagem de elevadores nos pórticos de Leixões começa assim, no
início da década de 1970, a Efacec montou um elevador, em cada um dos 2
pórticos da TCL, do lado de Leça da Palmeira.
Os primeiros elevadores montados nos dois pórticos dos contentores, do lado de Leça da Palmeira, que foram montados na década de 1970, são em caixa aberta revestida a rede metálica.
Subi muitas vezes a pelas escadas a estes 2 pórticos, umas vezes para ver avarias, outras para levar materiais para reparações, quando trabalhava no Sector de Manutenção de Elevadores da Efacec.
A última vez que subi a estes 2 pórticos foi no ano de 2014, fui com o Francisco Certo e o Zé Santos, fomos fazer um apanhado para elaborar um orçamento para uma Modernização a fazer nos Elevadores, nesse dia um dos pórticos estava parado para manutenção.
Qualquer
avaria nos elevadores dos pórticos tem que ser resolvida de imediato, pois se
não houver elevador o técnico que opera o Pórtico pode recusar-se a subir até
lá acima, então se estiver mau tempo é mesmo muito difícil subir para a cabina
do pórtico sem ser pelos elevadores.
São estes os dois pórticos do lado de Leça da Palmeira, onde a Efacec montou os elevadores em caixa aberta protegida por rede metálica.
São estes os dois pórticos do lado de Leça da Palmeira, onde a Efacec montou os elevadores em caixa aberta protegida por rede metálica.
Nesta imagem
vemos a Casa de Máquinas, de um dos elevadores dos pórticos do lado de Leça da
Palmeira.
Nesta
fotografia vemos a cabina de um elevador parado no piso inferior.
A cabina de um elevador parado no piso inferior.
Nesta imagem vemos a Casa de Máquinas, de um dos elevadores dos pórticos do lado de Leça da Palmeira.
Um dos pórticos do lado de Leça da Palmeira.
Estes dois pórticos
mais antigos do lado de Leça da Palmeira ficam junto do Forte de Leça.
TCl - Terminal de Contentores de Leixões.
Esta história engraçada que vou contar começa assim:
Em meados da década de 1980 foi construído um novo Pórtico do lado de Matosinhos, é o pórtico que fica mais próximo da A28.
Desta vez
também foi a Efacec, quem ganhou o concurso para o fornecimento e montagem do elevador para este pórtico do lado de Matosinhos, mas este elevador já era
bastante mais moderno, e muito importante este elevador já era em caixa fechada.
É este
o novo pórtico que foi montado no Terminal de Contentores de Leixões, TCL, nesta fotografia vemos o pórtico nos carris definitivos que correm
paralelos ao cais.
A
construção deste novo pórtico acima foi totalmente feita no local, mas o
pórtico foi construído num local afastado da borda do cais, a mais de 50
metros.
Só quando foi concluída a sua montagem, é que o pórtico foi puxado para os carris definitivos, exactamente como está hoje.
O montador deste novo elevador foi o Barroso, e tinha como ajudante o filho.
Lembro-me
bem deste elevador, porque fui eu quem tratou do comando e de toda a parte
eléctrica.
O
elevador para este novo pórtico tinha algumas características técnicas
muito especiais.
Por
exemplo a cabina não podia ter cabo de manobra, porque o pórtico faz
acelerações muito violentas, e as acelerações são de tal ordem que conseguem
enrolar os cabos de manobra em cima da cabina, outra das características era
que como o Elevador era práticamente em cima do Mar, não poderiam ser
utilizadas placas electrónicas por causa da corrosão.
Portanto o Quadro de Comando do elevador só podia ter contactores e temporizadores, era semelhante aos quadros de elevadores utilizados nos anos 60, e como não tinha cabo de manobra a localização da cabina tinha que ser feita por Inversores montados nos pisos.
As
botoneiras de chamada nos patamares tinham botão de chamada, e botões de envios
para os outros pisos, o elevador não tinha calço retráctil, as portas eram
desencravadas por uma rampa fixa na cabina, mas existia uma protecção que era
feita por uma segunda rampa, que actuava um interruptor, que fazia a protecção
da zona de portas.
Mas tal como qualquer outro, este elevador também tinha todas as protecções regulamentares, todas as portas tem sempre activos o circuito de fecho e de encravamento de portas.
A única electrificação que existe na cabina é para a iluminação de cabina, a cabina tem uma lâmpada de 12V/10W, mas a sua ligação é feita por um botão de pressão, que põe em funcionamento um temporizador que mantêm a luz ligada durante 3 minutos, que é mais do que o tempo da uma viagem, entre os pisos extremos.
Em cima da cabina tem um carregador com bateria, igual ao dos elevadores hidráulicos, a carga é feita por dois "trolleys" semelhantes aos dos autocarros, sempre que a cabina estaciona no piso inferior.
Mas como
a instalação eléctrica deste elevador era muito diferente, da instalação de um elevador
convencional, acompanhei diariamente o andamento da obra, todos os
dias ia à Fábrica tratava dos assuntos pendentes, e depois ia para
aTCL.
Ainda durante a fase de montagem tive que fazer várias alterações ao esquema inicial que tinha previsto.
Então num determinado dia quando ia a subir para o pórtico, estava lá um senhor a avisar toda a gente que quando toca-se a sirene toda a gente tinha que abandonar o pórtico, porque nesse dia ele ia ser puxado para os carris definitivos conforme ainda está hoje.
Nos dias
anteriores tinham andado uns técnicos a montar umas enormes máquinas com tambor
de enrolamento de cabos, uma para cada pata do pórtico, duas máquinas estavam
montados na borda do cais para puxarem o pórtico, e as outras duas estavam na
parte de trás do pórtico para o travarem, não fosse ele começar a acelerar e
cair ao mar.
Então conforme tinham avisado, lá para o meio da manhã a sirene tocou, e começou toda a gente a sair do pórtico, como o elevador já estava em funcionamento, muitas das pessoas que estavam lá em cima, ao nível da casa de máquinas do pórtico desceram pelo elevador.
Para o
fim ficamos eu, o Barroso e o filho, eu disse ao Barroso e ao filho para descerem
os dois que eu descia a seguir, não fosse o elevador avariar e ficávamos os
três presos.
Nesta fotografia vemos a Casa de Máquinas, e a porta o piso superior do elevador, e à direita vemos a Casa de Máquinas do pórtico, onde trabalha o operador que retira, ou põe os contentores nos barcos.
Entretanto ia eu a entrar no Elevador para descer, pensava eu que era o último a sair do pórtico, quando aparece saído da casa de máquinas do pórtico um senhor, era um dos operadores do pórtico, ia na direcção das escadas, eu chamei-o e disse-lhe que se quisesse podia descer comigo no elevador.
Ele aceitou logo, entramos na cabina do elevador, ele arranca, andou alguns metros e párou de repente entre pisos, ficou com a luz acesa, mas ao fim dos 3 minutos a luz apagou-se, voltei a premir o botão do temporizador ela ligou mas já mais fraca, até que passado algum tempo já não ligava, tinha esgotado a bateria.
Eu não sabia o que tinha acontecido, pensava que era alguma avaria no Elevador, mas passados alguns minutos sentimos o pórtico a mexer, estavam a começar puxar o pórtico para os carris definitivos junto ao cais, aí o senhor ficou em pânico só lhe faltava bater-me, por o ter convidado para descer no elevador.
Eu para o acalmar, ainda lhe disse que não havia problema porque e o Barroso ia dar pela minha falta, e ia descobrir que estava preso no elevador.
Mas quando o senhor me explicou entendi porque é que estava em pânico, ele tinha medo por causa do peso do pórtico, ia ser a primeira vez que ele ia passar por cima do cais que também era novo, e se o cais não resistisse ao peso daquele monstro ia cair direitinho para a água, que é muito funda, porque aquele cais dá para receber porta contentores de grande calado.
Então eu disse-lhe que podia-mos tentar sair pela portinhola que existia no tecto do elevador, abrimos a portinhola e eu ainda tentei sair com a ajuda dele para me elevar, mas não consegui, passava o tronco mas tinha medo de cair para o lado do contrapeso.
Mal por mal, sempre era melhor esperar dentro da cabina, até porque a porta mais próxima também estava muito alta, para lhe chegar ia ter que subir pelos cabos.
Mas o
homem estava mesmo a conseguir enervar-me, porque eu é que era o culpado por o
ter convidado a descer no elevador.
Nesta fotografia vemos os dois últimos pisos do Elevador do novo Pórtico do lado de Matosinhos.
Estivemos presos no Elevador p’raí à uns 20 minutos, que me pareceram horas por ter que aturar o senhor, quando finalmente ouvi uma voz lá do fundo a chamar:
--Ó Sr. Almeida.
Era o filho do Barroso, ele e o pai tinham ido para junto das outras pessoas, e ficaram a ver o pórtico a ser puxado, e só passado os tais 20 minutos é que deram pela minha falta, então o filho do Barroso pediu para subir ao Pórtico com ele em movimento, porque como eu não aparecia devia ter ficada preso no elevador.
Deram-lhe autorização para subir, mas tinha que ser com o Pórtico em movimento, porque não podiam parar a deslocação, mas a deslocação era muito lenta, por isso não havia grande problema em subir.
Ele lá subiu até à casa de máquinas do elevador, abriu o travão do elevador e subiu a cabina através do volante do motor, libertou-nos, e quando saímos o Pórtico estava a chegar aos carris definitivos.
Ficamos
lá em cima a ver até os motores serem desligados, só saímos do Pórtico quando
já estavam a começar a montar as rodas nos carris definitivos que são paralelos
ao cais, onde se mantém até hoje.
Foi no Elevador deste pórtico que fiquei preso.
Conclusão o que provocou a paragem do elevador, foi que antes de começarem a operação de puxar o Pórtico para os carris definitivos, desligaram todas as extensões que estavam ligadas ao pimenteiro, e como é evidente também desligaram a extensão que estava a alimentar o elevador.
Mais
tarde tive que montar uma Sirene de Alarme no exterior da Casa de Máquinas, que fica a
tocar ininterruptamente se a cabina parar fora da zona de portas, para que não
volte a ficar ninguém preso no interior da cabina.
A última vez que subi a este pórtico foi com o Mário Vieira da Rocha, também fomos fazer um levantamento para uma substituição integral do comando, mas quando deixei de trabalhar nos Elevadores, ainda se mantinha o mesmo comando original, por isso não sei se já foi feita a modernização.
Vista da aérea do Porto de Leixões, onde vemos o Terminal de Cruzeiros e o Terminal de Contentores.
Fernando
Almeida
Simplesmente soberbo!!!!!!parabéns tens veia de escritor.
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