terça-feira, 16 de junho de 2020

 Os elevadores do Palácio das Cardosas.

 Estas são histórias antigas, da década de 1970, do tempo em que eu ainda trabalhava no Sector de montagem de Elevadores da Efacec, em Sá da Bandeira. 



 Entrei pela primeira vez no Palácio das  Cardosas no ano de 1972 por causa dos Elevadores, e desde aí até hoje, também sempre por causa dos Elevadores tenho vindo a acompanhar as várias transformações que este palácio foi sofrendo, desde 1972 até hoje. 



 O Palácio das Cardosas já conheceu vários tipos de Elevadores, mas de alguma maneira todos eles tiveram sempre alguma ligação com a Efacec.



 Existe sempre algum motivo que me leva a fazer uma publicação, mas desta vez foram dois os motivos, e para ser franco até fico um bocado dividido sem saber de qual dos motivos gosto mais.

 O primeiro motivo sobre o qual me vou debruçar primeiro, tem a ver com a história deste edifício, ele começou por ser um convento construído no Século XV, que depois na primeira metade do Século XIX foi transformado num palácio para habitação que acabou por ficar conhecido como O Palácio das Cardosas.

 O segundo motivo sobre o qual me debruçarei a seguir é que este palácio me trás recordações da minha juventude, de quando ainda com 16 anos comecei a trabalhar no Sector de Montagem de Elevadores da Efacec que era em Sá da Bandeira, e fui para lá trabalhar na Montagem dos Elevadores. 



 Entrei pela primeira vez no Palácio das Cardosas em 1972, tinha 16 anos, ainda era um menino, já se passaram 48 anos, mas ainda me lembro como se fosse hoje. 

 ......Mas agora vou começar pelo primeiro motivo que me levou a fazer esta publicação, e à minha maneira vou fazer um resumo da história deste antigo  edifício.

 ......Nos livros de história diz que:

 ......No lugar onde hoje existe o Palácio das Cardosas no ano de 1490 foi fundado o Convento de Santo Elói, que pertencia à ordem dos Cónegos de São João Evangelista, que eram conhecidos como os Padres Lóios. 



 Uma gravura do ano de 1833, do Convento de Santo Elói, e da Igreja dos Lóios, que ficavam onde hoje existe o Palácio das Cardosas.

 ......No ano de 1493, o Convento de Santo Elói foi agregado à Congregação dos Lóios, e como o número de religiosos desta ordem cresceu muito, no ano de 1592 o edifício foi ampliado. 



 Uma gravura da Igreja dos Lóios que ficava voltada para o Largo dos Lóios.

 ......No final do Século XVIII o Convento dos Lóios estava a ficar muito degradado e a necessitar de uma reforma urgente, nessa altura a Congregação dos Lóios decidiu que iria fazer obras de restauração do Convento, e o levantamento de uma nova fachada, que ficaria voltada para a Praça Nova, actual Praça da Liberdade.



 Antigo postal dos Correios onde vemos o Palácio das Cardosas na Praça Nova, actual Praça da Liberdade.



 Outro antigo postal dos Correios, onde vemos a Praça Nova, actual Praça da Liberdade.

  Neste postal vemos o Palácio dos Monteiro Moreira, onde estava instalada a Câmara Municipal do Porto, no topo do edifício vemos a estátua que representa a cidade do Porto.

 No meio da Praça vemos a estátua em homenagem a D. João IV, voltada para o Palácio das Cardosas.

 ......Em 1798 arrancaram as ditas obras de restauração do Convento, e da construção de uma nova fachada, segundo um projecto da autoria do Arquitecto José Champalimaud.



 Antiga planta do Arquivo Municipal do  Porto, onde vemos toda a área envolvente da Praça Nova, vemos a antiga Igreja dos Lóios, que ficava voltada para o Largo dos Lóios.  

 ......Mas as convulsões que aconteceram no início do Século XIX, que deram origem à Revolução Liberal, e depois a entrada de Dom Pedro IV à frente do exército Liberal no Porto, originaram a fuga da ordem religiosa dos Lóios, que tinham apoiado a Facção Absolutista de Dom Miguel.

 .....A fuga da Ordem Religiosa dos Lóios do Porto, originou que as obras de restauração e da construção da uma nova fachada no Convento dos Lóios fossem interrompidas a meio.

 ......Pouco tempo depois a Ordem dos Lóios foi mesmo extinta, e o Convento acabou por ser vendido em hasta publica, sendo comprado por um burguês retornado do Brasil, de nome Manuel Cardoso dos Santos, que iria transformar o antigo convento na sua residência fixa no Porto.

 ......O Convento foi vendido ao Srº Cardoso, mas com a condição de que este teria que concluir as obras de restauração, e de construção da nova fachada segundo o projecto. 

 ......O Srº Manuel Cardoso dos Santos lá fez as obras de restauração e de construção da nova fachada.

 ......Mas pouco tempo depois de ter concluído as obras o Sr. Cardoso acabou por falecer, e os seus bens por herança passaram para a sua esposa, e para as suas 3 filhas, que eram conhecidas no Porto como as Cardosas.

 ......E foi por esta razão que o antigo Convento dos Lóios, começou a ser conhecido como O Palácio das Cardosas, que eram a esposa e as filhas do Sr. Cardoso, nome que ainda hoje se mantém, e acho se manterá para sempre. 



 Resumindo O Palácio das Cardosas é um palácio do Século XIX, que nasceu fruto da reconversão do antigo Convento dos Lóios, ou de Santo Elói, que pertencia à Congregação dos Cónegos de São João Evangelista, fundada no Porto em 1490.

 ......E agora vou passar para o segundo motivo que me levou a fazer esta publicação, e vou contar as várias transformações, e os vários tipos de elevadores que O Palácio das Cardosas conheceu desde o ano de 1972 até à actualidade, sempre com algum tipo de ligação com à Efacec.



 Era esta a tecnologia que era utilizada nos elevadores da Efacec na década de 1960/70.

 Já foi à 49 anos, mas lembro-me como se fosse hoje de quando comecei a trabalhar no Sector de Montagem de Elevadores da Efacec em Sá da Bandeira, tinha 16 anos, começava-me a aparecer a primeira penugem no bigode.













 Este foi o meu primeiro Cartão de Identificação como funcionário da Efacec, em Sá da Bandeira 

 Fiz 17 anos em Maio de 1972, e no final desse ano  de 1972 passei de ajudante a Pré-Oficial e fui lançado como Montador de Elevadores.

 Comecei a minha curta carreira como Montador de Elevadores num edifício do Ferreira dos Santos na Praceta em frente à Câmara de V. N. de Gaia, o meu primeiro ajudante foi o Bessa de Campanhã.

 Mas tive logo azar porque o Encarregado dessa obra era o Srº Clemente que foi o Encarregado mais severo que conheci, e logo no primeiro dia quando se cruzou comigo e me viu com aquela farta cabeleira, disse-me logo que ou cortava o cabelo ou no dia seguinte não me deixava entrar na obra, porque nas suas obras não trabalhavam meninas.









 Este foi o meu segundo Cartão de Identificação, como funcionário da Efacec, em Sá da Bandeira.

 E foi assim que logo no meu primeiro dia de trabalho como Pré-Oficial Montador de Elevadores, fui obrigado a cortar o cabelo e nunca mais na vida voltei a usar o cabelo comprido, mas o bigode ficou, e acompanhou-me até hoje.   

 ......E agora depois deste pequeno aparte sobre o começo da minha carreira como Montador de Elevadores, vou passar em definitivo para  o segundo motivo que me levou a fazer esta publicação.

 Como já disse lá atrás, entrei pela primeira vez no Palácio das Cardosas ainda na primeira metade de 1972.



 Antiga fotografia do Palácio das Cardosas.

 Outra antiga fotografia do Palácio das Cardosas, ainda do tempo do Café Astória.

 Corria o ano de 1972 quando O Palácio das Cardosas sofreu umas grandes obras de remodelação, para passar a ser a sede do Banco Pinto & Sotto Mayor no Porto, e foi a Efacec quem ganhou o concurso para o fornecimento e instalação dos Elevadores.



 O Café Astória, ficava na esquina do Palácio das Cardosas, voltado para a Estação de São Bento.



 No já longínquo ano de 1972, quando O Palácio das Cardosas passou a ser a sede do Banco Pinto & Sotto Mayor no Porto, a fachada ao nível do térreo foi totalmente alterada, as portas foram substituídas por umas enormes janelas redondas. 



 Ano de 1972, numa das janelas redondas foi montado um gigantesco logótipo do Banco Pinto & Sotto Mayor. 



 A Praça da Liberdade no ano de 1972, no tempo do Banco Pinto & Sotto Mayor, no lado esquerdo por cima do autocarro vemos o reclame do banco, na fachada do palácio. 



 A Praça da Liberdade no ano de 1972.



 Ainda a Praça da Liberdade no tempo do Banco Pinto & Sotto Mayor, por cima do eléctrico ainda podemos ver o reclame do banco, na fachada do palácio. 



 Ainda a Praça da Liberdade no tempo do Banco Pinto & Sotto Mayor.

 No ano de 1972, quem estava a chefiar o Sector Comercial de Elevadores da Efacec no Porto, era o Sr. Jorge Neves.

 Eu tinha começado a trabalhar na Efacec como estagiário no dia 15 de Dezembro de 1971, andei em várias instalações de Elevadores, e em meados de 1972 fui como ajudante trabalhar na montagem dos elevadores para O Palácio das Cardosas, o meu oficial era o Srº Domingos de Barcelos, e o Encarregado da obra era o Srº Pinto.

 E assim por causa dos elevadores no ano de 1972 fiquei a conhecer relativamente bem O Palácio das Cardosas, e depois também sempre por causa dos elevadores, fui acompanhando as várias alterações que o palácio foi sofrendo desde 1972 até hoje. 



 Foi este o Elevador Panorâmico que foi montado no átrio da sede do Banco Pinto & Sotto Mayor no Porto em 1972, se olharmos bem podemos ver na porta automática da cabina que era feita num único vidro curvo temperado, o logótipo do banco.

 Tanto a cabina, como o poço deste elevador eram cilíndricos, o poço era todo revestido a vidro e aço, desde o chão até ao tecto.



 O elevador do BP&SM era tão bonito, e foi um projecto tão arrojado para a altura, que anos mais tarde, em meados dos anos 90, ainda teve a honra de fazer parte de uma revista publicitária da recém criada empresa Efacec Elevadores S.A. junto com outras grandes obras realizadas pela Efacec Elevadores, ainda tenho esta revista guardada como recordação. 



 Era este o esquema de accionamento do elevador panorâmico do Banco Pinto & Sotto Maior, era uma montagem convencional, igual a tantas outras que se faziam na altura.

 Era um elevador com a Casa de Máquinas em baixo ao lado do poço, no topo do poço, nas águas furtadas ficava a Casa das Rodas de Desvio.

 Tanto a cabina como contrapeso deste elevador tinham um design muito especial como mostrarei, era um projecto muito evoluído para a época.



 O Elevador tinha uma Máquina RVIII, de fabricação Efacec. 



 O Elevador tinha a Casa de Máquinas em baixo, a máquina era uma RVIII, a suspensão era directa de 1 para 1, podemos ver os cabos de tracção a sair para cima. 



 Máquina RVIII de fabricação Efacec. 

 Como já disse lá atrás tanto a cabina como o contrapeso tinham um design muito especial, o contrapeso tinha o formato de um cilindro revestido a aço, era completamente inédito.



 Como podemos ver nesta fotografia o contrapeso tinha o formato de um cilindro todo revestido em aço, os tirantes de amarração dos cabos de suspensão ficavam escondidos dentro desse cilindro. 



 Como vemos nesta fotografia os T das guias do contrapeso eram voltados para fora, ao contrário de uma montagem convencional, e ficavam escondidas dentro da estrutura. 



 Como podemos ver tanto a cabina como o contrapeso tinham ambos a forma de um cilindro, e tanto as guias da cabina como as do contrapeso não eram visíveis, ficavam escondidas dentro da estrutura, como vemos a cabina tinha 3 guias.

 Como já disse lá atrás todo o projecto deste elevador era inédito, era tudo muito avançado para o seu tempo, 1970, ao olhar para isto fico com uma grande admiração pelo responsável pelo projecto.



 O Comando do Elevador era um Colectivo Selectivo à Subida e à Descida, de fabricação Efacec, os botões de chamada dos patamares estavam embutidas num tubo cilíndrico que percorria o edifício de cima a abaixo. 

 Quando comecei a fazer esta publicação, não sabia quem tinha sido o autor do projecto deste elevador tão evoluído para a época, por isso resolvi perguntar a algumas pessoas que na altura trabalhavam na fábrica de Elevadores da Efacec, na Arroteia.

 ......Falei com o Eng. Vasconcelos, com o Mário Ribeiro, e com o Júlio Resende, e todos eles se lembravam deste Elevador, disseram-me que tinha sido um projecto bastante complexo, e que tinha sido mesmo o primeiro elevador panorâmico fabricado pela Efacec.

 ......Mas num ponto todos foram unânimes, disseram-me que o projectista deste bonito elevador panorâmico para a sede do Banco Pinto & Sotto Mayor no Porto, tinha sido o Sr. Manuel Amaro.

 ......Mas depois recebi um email do Sr. Jorge Neves, que na altura, década 1970, era quem estava a chefiar o Sector Comercial de Elevadores da Efacec, em Sá da Bandeira, que me esclareceu tudo o que queria saber sobre este Elevador.

 ......No Grupo de Amigos da Efacec, consegui arranjar uma série de fotografias da década de 1960, são do inicio da criação da Divisão de Elevadores na Efacec, onde aparece o Sr. Manuel Amaro que foi o responsável pelo projecto deste elevador.



 Nesta primeira fotografia da década de 1950, da altura da fusão da Soprel com a Efacec, vemos a primeira equipa de projectistas da Sala de Estudos da Divisão de Elevadores da Efacec. 

 Nesta fotografia estão a começar do fundo o Sr. Manuel Amaro, é o único com barba, depois a seguir está o Sr. Jorge Neves, depois estão o Sr. Juvelim, o Sr. Ernesto Oliveira, o Sr. Arnaldo Silva, O Sr. Francisco Rosa e o Sr. Firmino Vidal.



 Nesta fotografia reconheço porque trabalhei com eles, a começar da esquerda o Sr. Arlindo Ribeiro, depois está o Sr. Arnaldo Silva, depois o Sr. Jorge Machado, depois mais ao fundo está o Sr. Manuel Amaro é aquele de barba e com uma grande cabeleira, depois está o Valdemiro, no lado direito só conheço o Sr. Roriz que está de pé. 



 Nesta fotografia reconheço porque trabalhei com eles, o segundo a começar da esquerda que é o Mário Ribeiro, depois está o Sr. Arlindo Ribeiro, depois o Sr. Jorge Neves, depois está  o Sr. Manuel Amaro é aquele de barba e com kispo. 



 Nesta fotografia reconheço porque trabalhei com eles, o Mário Ribeiro está em cima do muro com camisola preta de gola alta, em baixo estão o Sr. Arlindo Ribeiro, e o Sr. Manuel Amaro que é o único com barba.

 Mas agora continuando com a história do Elevador Panorâmico do Palácio das Cardosas: 

 E tal como eu imaginava existem Elevadores que nos deixam marcas, e ficam para sempre na nossa memória, e o Srº Jorge Neves apesar de já passarem mais de 50 anos também ainda se lembra perfeitamente deste Elevador.

 ......E como o Sr. Jorge Neves me deu autorização para isso, vou escrever na integra, e na primeira pessoa, o que ele me diz no seu email sobre este elevador panorâmico da agência do Banco Pinto & Sotto Maior no Porto:

 ......A agência bancária foi projectada pelo Paulo Guilherme D'Eça Leal, um arquitecto de Lisboa muito famoso na altura, mas que tinha um feitio muito conflituoso não admitia que o contrariassem.

 ......Eu tinha acabado de assumir a chefia do Sector Comercial de Elevadores da Efacec no Porto em 1967/68, e esta encomenda já estava em carteira mas sem grandes pormenores, de maneira que quando comecei a ter reuniões de obra para afinar os detalhes, fiquei horrorizado com o grau de exigência do Paulo Guilherme.

 ......O elevador panorâmico e a escada envolvente em vidro, seriam as peças nobres da agência bancária.

 ......Como princípios gerais o Paulo Guilherme só admitia superfícies redondas, e os únicos materiais que admitia eram o Cristal, e o Aço Inoxidável Sueco, que acho que era da Avesta.

 ......Já não me lembro como foi resolvido o problema das guias, mas o que valeu para que a empreitada tenha sido levada a bom porto, foi que o Manuel Amaro que foi o projectista da instalação, pela sua maneira de ser, encaixou bem com o Paulo Guilherme. 

 ......Mas não me perguntem qual foi o tombo que a obra deu.

        Email do Sr. Jorge Neves

 Não me sentiria bem fazer esta publicação e não falar do Eng. Luíz Paulino, que foi o Chefe da Divisão de Elevadores de 1964 até 1977.



 E na minha opinião o Eng. Luíz Paulino foi o grande impulsionador da Divisão de Elevadores dentro da Efacec, e como ele diz neste artigo de um jornal, passou a produção anual que era de 80 Elevadores no ano de 1964, para 1100 Elevadores no ano de 1974, tornando a Efacec na empresa líder do mercado de Elevadores em Portugal. 

 ......Mas agora continuando a falar sobre o Palácio das Cardosas, e pegando na frase que o Sr. Jorge Neves pôs no seu email, o Elevador Panorâmico e a Escada envolvente em vidro laminado, eram mesmo as peças nobres da Agência Bancaria. 



 E como podemos verificar nesta fotografia do hall de entrada da agência bancária do Banco Pinto & Souto Mayor no Porto, o elevador panorâmico e a imponente escadaria envolvente, eram mesmo as peças nobres da agência bancaria. 



 Ainda o hall de entrada da agência bancária do Banco Pinto & Souto Mayor no Porto, no lado direito da podemos ver as janelas redondas que estavam voltadas para a Praça da Liberdade.



 Era esta a imponente escadaria em vidro laminado, ela percorria o edifício de cima a baixo, envolvendo o poço do Elevador.

 Subir e descer por esta escadaria era uma experiência bastante radical, conheço muito boa gente que não teria coragem para o fazer, era muito mais fácil subir e descer pelo elevador. 

 Lembro-me de todos estes pormenores do Palácio das Cardosas, porque andei lá a trabalhar durante bastante tempo, e na fase final para que tudo ficasse pronto a tempo para a inauguração da agência, foi necessário trabalhar algumas noites seguidas.

 Ainda me lembro da espessura das paredes e da enorme porta da caixa forte que ficava na cave, era para lá que íamos durante a noite quando queríamos descansar um bocado, era a zona mais quente porque a iluminação já era com lâmpadas de halogéneo.



 Mas como tenho umas dezenas de fotografias, e como ainda me lembro bem da sua montagem, qualquer dia irei fazer uma publicação dedicada exclusivamente a este elevador panorâmico do Palácio das Cardosas. 

 ......Agora continuando com a história dos elevadores do Palácio das Cardosas:

 ......Alguns anos mais tarde, em meados dos anos 80, altura em que eu já estava a trabalhar na sala de Estudos da Divisão de elevadores da Efacec, na Arroteia, a ala esquerda d' O Palácio das Cardosas, foi novamente objecto de obras. 



 Fotografia de meados dos anos 80, onde vemos lá ao fundo vemos a ala esquerda do Palácio das Cardosas toda entaipada, o Palácio foi novamente objecto de obras, e nessa altura foi lá montado um novo Elevador Hidráulico.



 O poço de um Elevador Hidráulico com suspensão diferencial de 2 para 1.

 Mas desta vez embora o Elevador fosse de fabricação Efacec, não foi montado por pessoal da Efacec, porque pouco depois da Revolução de 25 de Abril de 1974 a Efacec deixou de Montar Elevadores, manteve a fábrica mas só vendia Elevadores completos a Empresas terceiras, que faziam a sua montagem e manutenção.



 A Casa de Máquinas de um Elevador Hidráulico com uma Central Hidráulica da GMV.

 Desta vez foi a empresa Pinto & Cruz quem vendeu e montou esse novo Elevador Hidráulico no Palácio das Cardosas, mas como era um elevador especial  desta vez também acompanhei a sua montagem.

 Lembro-me que mais tarde este Elevador Hidráulico veio a ter um problema que podia ter originado uma grave consequência, nessa altura tive que ir várias vezes à instalação, com o Mário Augusto que na altura era o chefe do sector de manutenção de elevadores do Pinto & Cruz. 



 Quadro de Comando QCP de um Elevador Hidráulico.

 ......Mas as mudanças no Palácio das Cardosas não se ficaram por aqui, as alterações continuaram a acontecer.

 ......E no ano de 2011, 39 anos depois de ter sido montado o elevador panorâmico, O Palácio das Cardosas foi comprado pelo Grupo Solitaire Hotels, e foi novamente alvo de obras de cima a baixo, desta vez todo o Palácio foi adaptado para albergar o  novo Hotel InterContinental no Porto.

 Desta vez quem ganhou o concurso para o fornecimento e montagem dos elevadores no Palácio das Cardosas, foi a empresa Schindler Elevadores e Escadas Rolantes, mas já vou explicar qual a relação que também estes Elevadores tiveram com a Efacec.



 Ano de 2012, os 2 Elevadores principais que foram agora instalados no Palácio das Cardosas, são do modelo Schindler Eurolift sem Casa de Máquinas.



 Ano de 2012, a Cabina e a Botoneira de Cabina, dos 2 Elevadores principais que foram agora instalados no Palácio das Cardosas.



 Ano de 2012, os outros 5 Elevadores que foram instalados no Palácio das Cardosas, são da série Schindler 5300, sem Casa de Máquinas.

 Como já disse foi a empresa Schindler Elevadores e Escadas Rolandes, quem agora em 2012 ganhou o concurso para o fornecimento e montagem de 7 Elevadores e de um pequeno monta cargas no Palácio das Cardosas, mas a montagem, a supervisão e o acompanhamento da obra foram feitos por ex-funcionários da Efacec Elevadores.

 Porque infelizmente no ano de 1997 a Efacec resolveu abandonar de forma definitiva a actividade de Elevadores, e vendeu a empresa Efacec Elevadores, à multinacional Suiça, Schindler Ascensores Ascensores e Escadas Rolantes.

 Nessa altura a Schindler aproveitou e fez a fusão da Norschindler, com a Efacec Elevadores, ficando a partir daí uma só empresa.

 Com a aquisição da Efacec Elevadores, a Schindler incorporou todos os funcionários nos seus quadros, e também eu, agora com 42 anos passei a ser funcionário desta nova empresa que surgiu da fusão da Schindler, com a NorSchindler e com a Efacec Elevadores.

 Numa primeira fase esta nova empresa ficou com o nome de Schindler Efacec Ascensores e Escadas Rolantes, S. A.



 Foram estes os dois Cartões de Identificação que tive, durante os 17 anos que trabalhei como funcionário da Schindler, de 1997 até 2014.

 ......Como podemos ver no meu primeiro Cartão de Identificação como funcionário da Schindler a partir de 1997, numa primeira fase após a fusão mantive o nº 8439 que tinha na Efacec, e o nome da empresa ficou a ser Schindler Efacec Ascensores e Escadas Rolantes S.A. 

 ......Mas como podemos ver no segundo cartão de Identificação como funcionário da Schindler no ano de 2000, o meu numero de funcionário passou a ser o 107644, numero que se manteve até ao fim dos meus dias como funcionário da Schindler.

 ......Neste meu segundo cartão de identificação, tanto o logótipo como o nome da empresa mudaram definitivamente, desapareceu a Efacec, e a empresa passou a ser a Schindler Ascensores e Escadas Rolantes S.A. onde terminei os meus 43 anos de trabalho, como técnico de Elevadores, em Dezembro de 2014. 

 ......Mas quem montou os 7 Elevadores no Palácio das Cardosas no ano de 2012, foram o Rui Costa e o Jorge Silva de Valongo, o Supervisor da obra foi o Francisco Certo, e os técnicos especialistas foram o Jorge Coelho e o Fernando Almeida, todos eles técnicos que transitaram da empresa Efacec Elevadores, para a Schindler quando da aquisição.

 Por isso também desta vez em 2012 acompanhei as obras de modernização no Palácio.



 Ano de 2012, os 5 elevadores que foram agora instalados no Palácio das Cardosas, são da  série Schindler 5300, sem Casa de Máquinas.



 É esta a tecnologia dos Elevadores Schindler 5300 sem Casa de Máquinas, que foram instalados no Palácio das Cardosas.



 Nos elevadores Schindler 5300 sem Casa de Máquinas que foram instalados Palácio das Cardosas, a Máquina e todos os seus acessórios ficam dentro do poço.



 A máquina dos Elevadores da série Schindler 5300 sem Casa de Máquinas, instalados no Palácio das Cardosas.



 Ainda a tecnologia dos elevadores Schindler 5300 sem Casa de Máquinas, instalados no ano de 2012 no Palácio das Cardosas.

 Mas como iremos ver mais à frente, O Grupo Solitaire Hotels que comprou o Palácio das Cardosas não se poupou a despesas, e deu ao palácio uma beleza que ele possivelmente nunca teve, respeitando o mais possível a traça original.

 Se o Srº Manuel Cardoso dos Santos que no início do Século XIX comprou em hasta pública o antigo convento, e depois fez as obras de reconversão para o transformar num luxuoso palácio, para servir como sua habitação de família o visse agora transformado no novo Hotel Intercontinental do Porto, decerto iria ficar muito orgulhoso.



 Ano de 2020, e cá estou eu, na frente do Palácio das Cardosas, 48 anos depois de ter entrado lá pela primeira vez

 Vou agora pôr algumas fotografias para mostrar a beleza com que ficou agora o Palácio das Cardosas, se o Sr. Cardoso as pudesse ver decerto que iria ficar muito orgulhoso do seu Palácio. 



 Ano de 2020, O Palácio das Cardosas que actualmente alberga o Hotel Intercontinental do Porto, com iluminação nocturna.



 Ano de 2020, a entrada do Hotel Intercontinental no Porto.



 Ano de 2020, a recepção do Hotel.



 Ano de 2020, a entrada do Hotel.


 Ano de 2020, ainda a entrada do Hotel



 Ano de 2020, uma das sala de estar do Hotel



 Ano de 2020, balcão do bar do Hotel.

 Olhando para a beleza destas salas podemos imaginar como será o resto do hotel, recomendo uma visita nem que seja para tomar um cimbalino, como se diz no Porto.



 Ano de 2020, uma sala banquetes do Hotel.



 Ano de 2020, a sala de banquetes do Hotel.



 Ano de 2020, uma sala de jantar do Hotel.



 Ano de 2020, as imponentes escadarias do Hotel.



 Ano de 2020, as escadarias do Hotel.



 Ano de 2020, outra sala de estar do Hotel.



 Ano de 2020, um quarto do Hotel.



 Ano de 2020, a vista da janela de um dos quartos do novo Hotel InterContinental, no Palácio das Cardosas no Porto.



 Ano de 2020, das janelas do Hotel InterContinental no Palácio das Cardosas, temos uma vista soberba e completamente desafogada sobre toda a Avenida dos Aliados, vemos o Monumento em Memória a Dom Pedro IV, e lá em cima no topo da Avenida vemos o novo edifício da Câmara Municipal do Porto.

 Mas as janelas deste Palácio das Cardosas não tiveram sempre esta vista desafogada, se elas falassem teriam muitas histórias para contar, elas já assistiram a muitas alterações que aqui aconteceram desde o início do Século XIX até hoje.

 Todo este local, em frente ao Palácio das Cardosas, talvez tenha sido o que mais alterações sofreu em toda a Cidade do Porto.

 ......Por isso mesmo, agora pôr algumas fotografias das alterações que este local sofreu desde o início do Século XIX, até à actualidade, e vou contar um bocadinho do que sei sobre a história deste local.



 Ano de 2020, mesmo em frente ao Palácio das  Cardosas, junto ao Monumento em memória a Dom Pedro IV, existe uma placa informativa do Município do Porto que conta parte da história deste local.



 Ano de 2020, é esta a placa informativa do Município do Porto que está junto ao Monumento em Memória a Dom Pedro IV, que conta a história da Praça Nova.



 Neste postal dos Correios do ano de 1916, podemos ver a Praça Nova, que ficava entre o antigo edifício dos Paços do Concelho e o Palácio das Cardosas, e entre a Rua dos Clérigos e a Rua de Santo António, actual Rua 31 de Janeiro. 

 Na placa informativa do Município do Porto, diz que no local do então Campo das hortas, no Século XVIII foi aberta a Praça Nova, que passou a ser o Centro Politico e Cultural da Cidade. 



 No topo Norte da antiga Praça Nova existia este palácio, que albergava os Paços do Concelho do Município do Porto, este palácio era encimado pela estátua do Porto.



 A Praça Nova.



 A Praça Nova.



 O antigo palácio que albergava os Paços do Concelho do Município do Porto, era encimado pela estátua do Porto.


 O movimento de pessoas junto ao antigo edifício dos Paços do Concelho, na Praça Nova, actual Praça da Liberdade.



 O movimento dos transportes na Praça Nova, actual Praça da Liberdade.



 ..........



 O monumento em erigido em homenagem a D. João IV, na frente do antigo edifício dos Paços do Concelho, na Praça Nova, actual Praça da Liberdade.



 Foi no ano de 1866, que foi erigido mesmo no centro da antiga Praça Nova, actual Praça da Liberdade, um monumento em honra ao Rei Dom Pedro IV, como homenagem das gentes do Porto, por ele ter abdicado do trono do Brasil e ter vindo para Portugal liderar a revolta Liberal, e voltar a fazer cumprir a Constituição, que tinha sido jurada por seu pai o Rei Dom João VI.



 O movimento de pessoas junto ao antigo edifício dos Paços do Concelho, na Praça Nova, actual Praça da Liberdade.



 A Praça Nova, actual Praça da Liberdade.



 O monumento em honra ao Rei Dom Pedro IV, na Praça Nova, actual Praça da Liberdade.

 Mas no ano de 1916 foi decidido rasgar uma nova avenida, a que viria a ser dado o nome de Avenida dos Aliados, em homenagem aos heróis da I Guerra Mundial, e nessa altura o palácio que albergava os Paços do Concelho e todos os edifícios à sua volta foram demolidos.




 Como podemos ver da antiga Praça Nova, só ficou mesmo o monumento a Dom Pedro IV, e foi mantido no mesmo lugar, teve sorte, porque não interferiu com a abertura da nova avenida.



 E assim depois de tudo arrasado, começam os trabalhos para rasgar a nova Avenida dos Aliados.

 No lado direito também começa a ser construído o edifício do Banco de Portugal.



 Continuam os trabalhos para rasgar a nova Avenida dos Aliados, no topo da Avenida na frente da Igreja da Trindade já começa a ser construído o novo edifício para a Câmara Municipal do Porto.



 Continuam os trabalhos para rasgar a nova Avenida dos Aliados.



 No topo da avenida começa a ser erguido o novo edifício, para os Paços do Concelho da cidade do Porto.



 O edifício para a nova Câmara Municipal do Porto já começa a ganhar forma, lá ao fundo vemos o Palácio das Cardosas.



 Continua a bom ritmo a construção do edifício para a nova Câmara Municipal do Porto.



 Com a construção do novo edifício da Câmara a Igreja da Trindade foi completamente tapada, deixou de ser visível a partir a partir da Avenida dos Aliados, nesta fotografia ainda conseguimos ver a torre da Igreja.



 O edifício para a nova Câmara Municipal do Porto está praticamente concluído, por trás da Câmara vemos a Igreja da Trindade, que viria a ficar tapada e sem se ver a partir da Avenida dos Aliados.



 Só falta mesmo terminar a torre, para que o edifício para a nova Câmara Municipal do Porto fique concluído.



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 E finalmente a Avenida dos Aliados está concluída.



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 A Praça da Liberdade, antiga Praça Nova.




 O novo edifício da Câmara Municipal do Porto.


 Como era a Avenida dos Aliados antes dos jardins terem sido destruídos, quando da construção da linha da Metro do Porto entre as estações da Trindade e de Santo Ovídeo.



 Como era a Avenida dos Aliados antes dos jardins terem sido destruídos.



 Como era a Avenida dos Aliados antes dos jardins terem sido destruídos.



 Ano de 2020 - como podemos ver com a construção da Avenida dos Aliados em 1916, só mesmo o Monumento construído em homenagem a Dom Pedro IV foi mantido no seu local original, porque como estava mesmo no meio da antiga Praça Nova,  não interferiu com a construção da avenida.

 Em 1916 quando foi demolido o Palácio que albergava os Paços do Concelho, para ser construída a nova Avenida dos Aliados, a Estátua que representa o Porto que encimava o edifício foi retirada com todo o cuidado para voltar a ser colocada num local digno. 



 A Estátua que representa o Porto, que encimava o edifício foi retirada com todo o cuidado para voltar a ser colocada num local digno. 



 A Estátua que representa o Porto, que encimava o edifício a ser retirada com todo o cuidado para voltar a ser colocada num local digno. 



 Ano de 2020 - E efectivamente a estátua que simboliza a Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto, que encimava o palácio que albergou os Paços do Concelho até ao ano de 1916, foi colocada num pedestal a poucos metros do seu local original, está na frente do Banco de Portugal, na Avenida dos Aliados. 



 Ano de 2020 - E cá está agora na frente do Banco de Portugal, a estátua que simboliza a Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto.



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 Ano de 2020 - por cima da porta de entrada do novo edifício da Câmara Municipal do Porto, temos o Brasão da Cidade e as palavras que a simbolizam.



 Depois em 1922 o Futebol Clube do Porto, que é o principal clube da cidade, adicionou ao seu emblema o Brasão da Cidade, e a partir daí o Dragão também passou a ser o seu símbolo. 



 E assim desde o ano de 1922, o Dragão para além de ser o símbolo da Cidade do Porto também passou a ser o símbolo do Futebol Clube do Porto.



 1 - Para fazer parte do Euro 2004 o Futebol Clube do Porto construiu um novo estádio, e apesar da grande maioria das pessoas do clube quererem que o estádio tomasse o nome do seu presidente este não aceitou, e decidiu que o estádio ficaria com o nome de Estádio do Dragão.



 2 - O Estádio do Dragão.



 2 - Em Junho de 2004 foi concluída a 2ª fase do Metro do Porto a tempo Euro 2004, entre a Trindade e Contumil, e foi construída uma estação mesmo ao lado do estádio, que tomou o nome de Estação do Dragão.



  2 - Estação do Dragão.

 3 - No ano de 2009 para substituir o antigo pavilhão Dr. Américo Sá, Futebol Clube do Porto construiu mesmo ao lado do estádio um novo pavilhão, a que deu o nome Pavilhão Dragão Arena.


 3 - o Pavilhão Dragão Arena.



 3 - o Pavilhão Dragão Arena.

 E agora, mesmo para terminar vou por 2 fotografias da Avenida dos Aliados de que gosto muito.



 Esta fotografia é dos finais de 1970, no lado esquerda da Câmara Municipal do Porto vemos o Edifício do Palácio dos Correios já concluído, mas no lado esquerdo da Igreja da Trindade ainda existe a pedreira da Trindade, e no topo Sul da Avenida vemos que a ala esquerda do Palácio das Cardosas está em obras, foi quando foi montado o tal Elevador Hidráulico de que falei acima. 



 A Avenida dos Aliados com Iluminação de Natal, lá mesmo no fundo, no topo Sul da Avenida dos Aliados vemos O Palácio das Cardosas, que foi o centro desta minha publicação.

 E como costumo dizer prontus terminei, se alguém vier a ler esta minha extensa publicação sobre O Palácio das Cardosas e os seus Elevadores, espero que tenha gostado.

 Fernando Almeida