terça-feira, 18 de abril de 2017


 Os meus passeios de Bicicleta.

 Desde há mais de 30 anos que gosto de ir dar a minha volta de bicicleta até aos montes que rodeiam Vallongo, onde sempre morei.

 E nessas minhas voltas de bicicleta vou travando amizade com muitos animais que se vão tornando meus amigos, e sinto muita tristeza quando algum desaparece, ou quando alguma coisa de mal acontece com algum.

 Alguns dos animais com quem me vou cruzando e que se vão tornando meus amigos.



 Estes passeios de bicicleta são para mim um escape que me faz esquecer a rotina semanal.

 E cá estou eu junto à Pedra Branca, no topo do monte do lado da Quinta Rei, lá ao fundo fica a Cidade de Valongo.



 Quando já à muitos anos comecei a dar estes passeios de bicicleta os meus filhos ainda iam comigo, mas com o passar dos anos eles deixaram de me acompanhar, mas eu continuei sempre a dar minha voltinha.





 Nesta fotografia também junto à Pedra Branca vemos o início da descida do monte, esta descida é muito íngreme, lá ao longe vemos a Urbanização da Quinta da Lousa, e mais ao longe no meio do nevoeiro vemos a Cidade da Maia e uma torre da Petrogal em Leça da Palmeira.

 Desde que os meus filhos deixaram de ir comigo tive que me habituar a andar sozinho, mas assim vou ao ritmo que quero, páro quando me apetece, como costumo dizer estou por minha conta.


 Ainda junto à Pedra Branca, no inicio da tal descida que é muito íngreme.




 Esta subida que vai desde o Susão até à Pedra Branca que se vê lá em cima à direita das árvores, é mesmo muito íngreme, a descida ainda se faz mas a subida tem que ser mesmo com a bicicleta à mão.

 E como podemos ver não sou só eu que faço esta subida com a bicicleta à mão, ali em baixo vem dois jovens com bicicletas "btt" muito melhores do que a minha e também vem a  subir com elas à mão.



 E lá vão os dois jovens a fazer a subida desde o Susão até à Pedra Branca, já passaram por mim mas não lhes adianta terem bicicletas "btt" especiais, vão na mesma a subir com elas à mão.

 Nestas minhas voltas de bicicleta sempre que encontro um animal páro para brincar com ele, se encontro alguma árvore a crescer inclinada lá vou eu endireitá-la para ela crescer na vertical, a maioria das vezes tenho que as escorar e amarrar, já tenho demorado mais de 1 hora a endireitar uma árvore.

 Transformei a minha bicicleta num verdadeiro pronto-socorro onde tenho cordas, 2 serrotes, e todo o tipo de ferramentas, a bicicleta está pesadíssima, mas assim faço o que quero não tenho que dar satisfações a ninguém.  





 Nesses passeios vou travando amizade com os animais mais estranhos, mas este sem qualquer duvida foi o gato mais estranho que já conheci, paro sempre um bocado para brincar com ele, quando saio da beira dele tenta sempre vir atrás de mim.

 O gato mais estranho que já conheci.

 O gato mais estranho que já conheci.

 Sempre que encontro uma Paisagem de que gosto pàro para tirar umas fotografias, tenho uma enorme colecção de fotografias tiradas nos Montes nas 4 Estações do Ano, os Montes ficam coloridos de forma diferente em cada uma das Estações.   


 Também gosto de fazer a subida que vai até ao topo do Monte do lado da Quinta Rei, os Montes deste lado estão cobertos de Giestas verdejantes.

 Esta subida também é muito íngreme, só a consigo fazer levando a bicicleta à mão, e mesmo assim são os travões da bicicleta que me salvam de não vir por ali abaixo.


 Agora já estou quase no topo do Monte do lado da Quinta Rei, fiz a subida toda com a bicicleta à mão, mas com esta Paisagem das Giestas à volta a subida até nem custa tanto. 

 Em qualquer um dos trajectos que faço de bicicleta tenho sempre muitos animais meus conhecidos.

 Gosto muito deste enorme cão preto e branco, tenho que parar sempre um bocado a brincar com ele, tem mesmo cara de boa pessoa. 



 Cá está o meu amigo preto e branco, ao princípio ainda me ladrava mas agora já é meu amigo.

 O meu amigo preto e branco.

 O meu amigo preto e branco.

 No Inverno os Montes estão todos cobertos com estas plumas brancas.

 As plumas brancas que cobrem os montes no Inverno.

 As plumas brancas que cobrem os montes no Inverno.

 As plumas brancas que cobrem os montes no Inverno.

 São tantas as vezes que passo por alguns animais que também vou travando amizade com os donos, e vou sabendo a história de muitos deles.


 Um dos animais onde passo mais tempo é junto desta égua, que fiquei a saber pelo dono que se chama Princesa.



 De início a Princesa estava sempre sózinha, mas agora já tem uma cadela a fazer-lhe companhia, tenho sempre que levar 10 rebuçados, e tenho que dar um de cada vez, um para a Princesa, e a seguir um à cadela ambas me vem comer à mão.



  A Princesa.



 A Princesa também é muito mimalha, adora que lhe faça festas e lhe alise a crina, para tirar esta selfie ela até pousou a cabeça no meu ombro.  

 Na Primavera os Montes ficam cobertos de urze, ficam todos coloridos de Roxo e Amarelo.



 Primavera, os Montes cobertos de urze Roxo e Amarelo.

 Primavera, os Montes cobertos de urze Roxo e Amarelo.

 Existem locais nos Montes por onde passo em que a vegetação está tão densa, que me parece que estou numa autêntica floresta tropical.



 Locais nos Montes que me parecem uma autêntica floresta tropical.



 Locais nos Montes que me parecem uma autêntica floresta tropical.



 Outro animal que também se tornou meu amigo é este Pónei, sempre que passo por ele tenho que parar, ele também vem logo ter comigo, também me vem comer um rebuçado à mão.


 O meu amigo Pónei.



 Este Pónei gosta muito que fale com ele até parece que compreende o que lhe digo.



 Fica tão contente que fale com ele que às vezes até se põe de joelhos para ouvir melhor os conselhos que lhe dou.



 Também gosta muito que lhe coce o nariz.



 Podia ficar aqui todo o dia a coçar-lhe o nariz que ele não saía da minha beira, gosto muito deste Pónei, mas tenho que ir que já está a ficar tarde.

 Quando se aproxima o mês de Maio, as Maias pintam os Montes de Amarelo.



 Os montes ficam todos pintados de amarelo com as Maias.



 Os montes ficam todos pintados de amarelo com as Maias.



 Os montes ficam todos pintados de amarelo com as Maias, os montes tão bonitos e tão diferentes durante as 4 Estações do ano.



 Outro animal que se tornou meu amigo é este Boxer, é o maior Boxer que já vi, também já acabei por conhecer o dono que como se pode deduzir pela fotografia é mecânico de automóveis.  



 O meu amigo Boxer.

 Mas já muitas vezes estes meus passeios se revelaram muito tristes, já muitos dos animais meus conhecidos infelizmente já partiram e outros desapareceram.






 Um dos animais que me deixou muito triste foi um gatinho Albino, estava sempre no muro de uma casa próximo do monte no Susão, sempre que passava lá chamava e ele aparecia logo todo mimalho, com os seus olhos avermelhados e o seu pelo branco todo sujo de andar a brincar na terra.

 Mas um dia ainda vinha ao longe quando vi no caminho o que parecia ser um pano branco, tive logo um mau pressentimento, quando cheguei à beira era o gato Albino, estava morto com a boca cheia de sangue, ainda estava quente, bati na porta da casa para tentar avisar mas ninguém atendeu, acabei por ser eu a levá-lo para o monte e fazer-lhe o funeral.

 Mas infelizmente muitos dos animais que fui conhecendo ao longo dos anos já desapareceram, mas o episódio mais tristes que me aconteceu com animais, teve a ver com uma ninhada de cinco cães que eu já considerava se fossem meus.



 Aqui está um dos cinco Cães na entrada do cano que lhes servia de casa.

 Vou contar esta história como se esteve-se a prestar uma homenagem, a esta ninhada de cinco Cães de que eu gostava tanto, embora nunca me tenha conseguido aproximar de nenhum deles, nem nunca tenha conseguido fazer uma festa a nenhum deles, sempre que tentava aproximar-me deles eles ladravam-me e fugiam para dentro da toca.



 Sempre que tentava aproximar-me de algum dos Cães eles ladravam-me e fugiam para dentro da toca que lhes servia de casa. 

 Então a história destes 5 cães começa assim, estávamos nos princípios do ano de 2014, quando numa das minhas voltas de bicicleta ao passar num caminho vi uma ninhada de cinco Cães ainda pequenos a brincar no meio do caminho, mal me aproximei fugiram e meteram-se todos numa toca, que era um tubo que deve em tempos ter servido para saída de águas.  



 Aqui está a entrada do tubo que servia de toca aos 5 cães, quando tirei esta fotografia tinham entrado os cinco lá para dentro, para conseguirem entrar no tubo tinham que se arrastar.



 Nesta fotografia podemos ver o tamanho que os cães já tinham e vemos a entrada do tubo que lhes servia de toca, nem sei como é que eles conseguiam entrar lá para dentro, mas eles lá conseguiam entrar os cinco.



 Logo no dia que os encontrei montei-lhes um verdadeiro acampamento, e comecei todos os dias a ir deitar-lhes de comer, ia 2 vezes, passava por lá logo às 7h00 da manhã quando ia trabalhar, e depois voltava a ir lá ao final da tarde.

 Todos os dias quando chegava a casa vindo do trabalho, pegava na mochila levava um saco de comida e duas garrafas de água de 2 Litros, e lá ia eu fazer os meus 5 Km a pé, o meu exercício diário passou a ser fazer 2 x 5 Km a pé com uma mochila com 10 kilos às costas.



 Aqui estão os cinco Cães todos a comer, montei-lhes 2 locais para comer, um no lado da toca e outro no outro lado do caminho, como eram cinco levei uma assadeira grande, e vários recipientes para água.



 Os cães que nesta altura deviam ter mais ou menos 3 meses, já estavam muito grandes como se pode ver, não sei de que raça seriam mas pelas patas iam ser enormes.



 Não sei de que raça seriam estes cães, mas pelas patas iam ser enormes.



 Quatro dos cães eram iguais eram de uma cor meio acastanhada, nem os conseguia distinguir pareciam lobos, só este cão é que era preto e branco.



  Este era o único cão que saiu preto e branco.

 A partir daqui a história destes 5 cães vai passar a ser muito triste.

 O tubo que lhes servia de toca ficava num dos lados do caminho no lado do monte, no outro lado do caminho existia um enorme campo de cultivo.

 Eu como ia lá todos os dias assisti a esse campo a ser lavrado com um tractor, e depois a ser feita uma plantação de milho, depois o milho começou a crescer, e eu continuei a ir todos os dias a levar a alimentação para os 5 cães.

 Então um dia estava eu como de costume a tratar da alimentação dos cães, quando o senhor que lavrou e fez a plantação do milho, vem ter comigo e diz-me:

 --Ó amigo eu já vi que gosta muito dos cães, mas eu vou chamar a rede para tratar deles, eles estão a ir brincar para o meio do milho, e estão a partir-me o milho todo.

 --Eu ainda lhe disse que podia tentar tapar algumas das entradas do muro que estavam caídas, mas ele disse que eles iam conseguir entrar na mesma, e lá foi embora com cara de poucos amigos.

 A partir desse dia a história dos cães mudou drásticamente, eu tinha feito uma enorme casota em madeira, e levei-a para lá, escondia no monte toda coberta com mato para ficar camuflada e não se ver do caminho, até alcatifa lhe tinha posto no chão, para servir de casa aos 5 cães.

 Cheguei lá um dia e a casota tinha desaparecido.

 Depois cheguei outro dia e tinham partido a assadeira onde punha a comida, até que cheguei um dia e o tubo que lhes servia de toca estava todo tapado com pedras, ainda chamei mas não ouvi nenhum cão.

 Ainda continuei durante alguns dias a ir deixar-lhes de comer no mesmo sitio, por vezes a comida desaparecia, até que deixaram de ir lá comer, o último cão que vi foi o preto e branco, estava próximo da entrada de um túnel que fica próximo da toca, chamei por ele mas ele fugiu, mas ia com uma pata de trás a arrastar, devia estar partida.

 Um amigo também me disse que viu esse cão preto e branco, e que ele ia com a pata a arrastar, devia ter levado uma pancada, eu conheço bem os cães se fosse algum pico das silvas ele conseguia levantar a pata, não ia com a pata a arrastar.  



 Foi na entrada deste túnel que vi pela última vez este cão preto e branco, ainda fui atrás dele mas ele fugiu.

 Depois do desaparecimento dos cinco cães nunca mais tive coragem de passar por este caminho, nem pelo túnel, só agora 3 anos depois tive coragem e resolvi passar por lá, e fiquei com lágrimas nos olhos ao pensar no triste destino que os desgraçados dos 5 cães devem ter tido.



 2017 - E 3 anos depois o campo estava novamente plantado com milho.  



 2017 - 3 anos depois, o tubo que servia de toca aos cinco cães ainda lá está, mas está tão coberto de vegetação que mal se consegue ver.  



 2017- 3 anos depois, à volta do tubo que servia de toca aos 5 cães está tudo coberto de vegetação e de flores.  



 Espero que nada de mal tenha acontecido a esta ninhada de cinco Cães.

Fernando Almeida