terça-feira, 20 de dezembro de 2022

  2022 - Um passeio de comboio até Vigo.

 Fomos apanhar o comboio à estação de Campanhã no Porto, o comboio já estava à nossa espera, a partida é às 8h13.

 O bilhete de comboio se for comprado pela internet custa 5,25 euros.



 E lá vamos nós no comboio a caminho de Vigo.



 2h22m depois, chegamos à estação de Guixar em Vigo.



 Já estamos na estação de Guixar em Vigo, fiquei um bocado triste porque os comboios que fazem a ligação entre o Porto e Vigo apesar de confortáveis ainda são do século passado,  e todos os comboios da Renfe já são do século XXI.



 Chegamos à estação de Guixar em Vigo às 10h35, mas em Vigo é mais tarde 1 hora.

  Como ainda era cedo para fazer "chek-in" no hotel fomos tomar café ao Centro Comercial Viália, que fica próximo do hotel, e aproveitamos para ver a nova Estação de Urzaiz, onde chegam os comboios de alta-velocidade que vem da Galiza e de Madrid.

  Fiz este pequeno vídeo no Centro Comercial Viália, onde está a estação de comboios de Urzaiz de Vigo.

 Ficamos alojados no Hotel Ocidental de Vigo.



 Do nosso quarto víamos a Ria de Vigo onde fazem a cultura das ostras que são muito famosas em Vigo.



 A parte de que gosto mais em qualquer hotel, é mesmo o pequeno almoço.



 Subimos várias vezes pela Rua da Segunda Republica, onde foram instalados tapetes rolantes, para ajudar na subida.



 Subimos mesmo até lá acima onde tem esta rotunda com os cavalos.



 Nunca esperei encontrar em Vigo uma rua com este nome, até parece que estamos em Portugal.



 Rua do Conde de Gondomar, em Vigo.



 Também fomos ver as ruínas do Castro de Vigo.



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 As ruínas do Castro de Vigo.

 Também andamos por outro local que me fez lembrar de Portugal, visitamos o Monte d'o Castro mas em Vigo, não foi em Gondomar.



 O Monte d'o Castro em Vigo.



 Ainda no Monte d'o Castro, em Vigo.



 O Monte d'o Castro, é local bastante elevado de onde se tem uma vista quase de 360 graus sobre toda a cidade de Vigo.



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 Do Monte d'o Castro vemos o terminal de cruzeiros e a Ria de Vigo com as suas culturas de Ostras.



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 No cimo do Monte d'o Castro, com o terminal de cruzeiros e a Ria de Vigo lá em baixo.

 Depois fomos até lá abaixo até ao terminal de cruzeiros de Vigo, onde vi o maior barco da minha vida.



 Nós já no terminal de cruzeiros.



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 A Ria de Vigo com as suas culturas de Ostras.



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 Nós no terminal de cruzeiros.



 No terminal de cruzeiros de Vigo conseguimos chegar tão próximo dos barcos, que quase que lhe pomos a mão.



 Em Vigo, próximo do terminal existe uma rua, que está totalmente dedicada ao comércio de ostras, e a restaurantes onde as mesmas são servidas.



 Depois fomos até uma Praça onde paramos para jantar.



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 Mas claro como seria de esperar o nosso jantar foi uma meia de leite e umas torradas, mas servida com muito requinte, foi um serviço digno de fotografia.



 Até os desenhos feitos na espuma das meias de leite é bonito, para o homem é desenhada uma árvore, e para a mulher um coração.

 Depois fomos ver as famosas iluminações de Natal, nas Ruas de Vigo.



 Andamos pela zona do Casco Velho onde estava montada uma árvore de Natal gigante, as ruas já estavam cheias de gente.



 Nós nas ruas de Vigo junto a este bonito carrossel.



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 Também fiz um pequeno vídeo deste bonito carrossel.

 Outro pequeno vídeo das que mostra um acidente do trenó do Pai Natal, nas ruas de Vigo.



 Entretanto ligaram as iluminações de Natal, às 18h30.



 Depois fomos mais para baixo onde estava uma montada feira de Natal, e uma roda gigante, que quando girava na velocidade máxima punha as pessoas todas a gritar.



 A roda gigante de Vigo.



 Gostei tanto desta roda gigante que fiz 3 pequenos vídeos.

 1º vídeo da Roda Gigante de Vigo.

 2º vídeo da Roda Gigante de Vigo.

 3º vídeo da Roda Gigante de Vigo.

 E foi assim a nossa visita de 3 dias a Vigo, onde vimos as iluminações de Natal.

 Regressamos ao Porto no comboio que sai da estação de Guixar às 19h56.

 Fernando Almeida e Maria Natividade Sousa em Vigo.

terça-feira, 5 de abril de 2022

 Histórias antigas de Vallongo.

 A lenda da Susanna. 



 Segundo uma antiga lenda que remonta ao ano 400 dc, no tempo em que o Porto ainda era dominado pelos romanos, uma mulher chamada Susanna, terá vindo habitar para Vallongo, para um lugar que em sua memória começou a ser conhecida pelo nome de "Pagus Susannus", a aldeia da Susanna.

 Nome que com o decorrer do tempo, e com as variações da língua, foi mudado primeiro para Susanno, e depois para Susão, nome que se mantém até aos dias de hoje.



 ......No livro A Villa de Valongo, publicado no ano de 1904, o padre Joaquim Alves Lopes Reis conta com grande pormenor esta antiga lenda da Susanna.

 ......Na página 43 do livro A Villa de Vallongo, diz que terá sido por volta do ano 400 dc, que foram lançados os fundamentos da nobre Villa de Vallongo.

 ......E diz que terá também sido por volta desse ano 400 dc, que Vallongo terá começado a ser habitado de forma permanente, sem ser por povos invasores como os Romanos, ou os Mouros, que aqui habitaram com o único propósito de explorarem os nossos tesouros, como o ouro, a prata, e o antimónio, que na altura por aqui abundavam.

 ......Na página 46 e seguintes do livro A Villa de Vallongo, o padre Joaquim conta assim a lenda da Susanna, que para aqui terá vindo desterrada:

 ......Fazendo fé nessa antiga lenda terá sido por volta desse longínquo ano de 400 dc, no tempo em que os romanos ainda dominavam o Porto, que uma mulher chamada Susanna, terá sido condenada ao desterro, e terá para cá vindo habitar de forma permanente, tendo aqui constituído família e deixado descendentes.

 ......Como é certo pela história, em seguida à morte de Christo, o povo judeu sobre o qual começava a cair a mão de Deus foi vitima das maiores revoluções e desordens, e tudo fazia prever a sua ruína certa e horrorosa.

 ......Sinais horríveis aterravam os povos, ameaças vingadoras eram feitas à nação, e por toda a parte debaixo do céu da bella Sião se respirava a custo uma athmosphera pesada e triste.



 ......Entretanto os sacerdotes e os phariseus, cegos pelo erro que os tinha levado a condenar o inocente Jesus, e invejosos dos grandes progressos que fazia a religião cristã, moviam contra ela a maior de todas as guerras e procuravam combate-la por todos os meios e medos. 

 ......Depois de haverem prendido e açoitado por várias vezes os Apóstolos, proibindo que pregassem a sua doutrina, e perseguidos por mil maneiras os discípulos de Jesus, fizeram cair as suas iras sobre o diácono Santo Estevão, que foi cruelmente assassinado à pedrada.




 ......Foram também dados amplos poderes a um seu apaixonado chamado Saulo, que em Jerusalém, como ele mesmo diz, se dirigia a todas as casas que eram suspeitas de Cristianismo e arrastava para a prisão os homens e mulheres que confessassem a Jesus Cristo, mandando-os quase sempre atormentar e matar impiedosamente. 



 ......Todas estas violências e perseguições de que nos falam os Atos dos Apóstolos, no capitulo oitavo, fizeram intimidar os Cristãos, por tal maneira que, conhecendo eles quão perigosa e angustiada era a sua vida n'aquela cidade, muitos fugiram espalhando-se pelas diferentes povoações da Palestina.



 ......Um d'esses fugitivos foi Samuel um comerciante de tapeçarias e damascos, filho de Gamaliel, da tribo dos Sacerdotes e descendente do rei David, o qual, depois de haver vagueado juntamente com sua filha Susanna pelos desertos da Syria, chegou a Antiochia, cidade que ficava nas margens do Mediterrâneo.

 ......Aí, recolhido pelos cristãos, conservou-se por algum tempo, mas como mais tarde se acendesse novamente na Ásia o fogo da perseguição, os discípulos de São Tiago, que já haviam retirado de Jerusalém as relíquias do mestre, embarcaram com elas e com outros Christãos para o Occidente, entre eles vinham Samuel e a sua filha Susanna, vindo desembarcar em Cale, hoje Villa Nova de Gaya.

 ......Durante algum tempo viveram estes Cristãos ocultamente, com certeza, porque estavam no meio de um povo que só adorava ídolos e obedecia a leis que condenavam aqueles que servissem o verdadeiro Deus.





 ......Mas um dia, fascinado pela beleza e modéstia rara de Susanna, um certo cavalheiro romano de nobre e grada estirpe, chamado Domus, fez-se Cristão para que pudesse unir-se a ela, pelos laços do matrimónio, neste tempo já elevado à dignidade de Sacramento.

 ......Este matrimónio causou muito falatório na cidade, e, chegando ao conhecimento do governador que na sua terra ainda havia Cristãos, mandou que Susanna e o seu marido Domus fossem presos.



 ......Os discípulos de São Tiago fugiram com as relíquias do Apostolo, alguns Cristãos foram mortos, outros fugiram, e Susanna, em atenção talvez à sua virtude e dotes physicos, foi-lhe comutada a pena de morte em exílio perpétuo, sendo obrigada a sair da cidade em companhia de seu marido.

 ......Susanna e o marido terão então caminhado em direção ao Oriente, como a procurar com as lágrimas nos olhos a terra que lhe fora berço.

 ......Andou, e ao fim de um dia de viagem, sempre na companhia d'aquele que a providência lhe dera para a animar na desgraça, e consolar na tristeza por caminhos tortuosos por onde pé humano nunca tinha passado.

 ......Susanna andou, andou, até que chegou ao alto de um monte de onde se abre esse valle immenso, que mais tarde se veio a chamar Valle-Longo, e depois Vallongo.

 ......D'aí descendo à esquerda pela encosta do monte aí se estabeleceu, dando-lhe o nome da terra que havia deixado, e que começou a chamar-se Cale, nome depois mudado para Caledoel, ou Caledoellas, corrupção de Cale duelli, Cale do duello por causa de um combate ou duello que mais tarde houve alli.

 ......Passados tempos, como fosse conhecida a fertilidade da planície que diante d'elles se estendia, Susanna foi com sua família habitar a parte nordeste do valle na encosta do Monsô, a cujo lugar pôs também o nome de Cale, nome do seu primeiro habitante Cale Donni hoje Caledone ou Caledome.

 ......Mais tarde, Susanna já viúva com seus filhos, aos quais se vieram juntar outras famílias, constituiu um pequeno povoado que começou a ser conhecido pelo nome de "Pagus Susannus", a aldeia da Susanna, que com o decorrer do tempo, e com as variações da língua se mudou primeiro para Susanno, e depois em Susão.

 ......Na formação da língua portuguesa muitas palavras latinas terminadas em "annus", como Sussannus, mudaram a sua terminação para "ão".

 ......Como por exemplo, "germanus" foi mudado para irmão, "sanus" para são, Sebastianus para Sebastião, e Susannus para Susão.

 ......E assim termina a lenda da bela Susanna, que veio dar o seu nome a este lugar do Susão.

 A partir daqui este texto sobre "o túmulo" é totalmente da minha responsabilidade, até porque como veremos no fim, o Município de Valongo diz que o monumento de que falo a seguir não tem nada a ver com a Susanna. 

 No Século XVIII, em homenagem à bela Susanna, que para aqui terá vindo habitar por volta do ano de 400 dc, no local para onde se pensa que a Susanna terá habitado, foi erigido um monumento, a que nós  em Valongo chamamos "o túmulo". 




 Antiga fotografia do monumento "d'o túmulo", do Acervo do Arquivo Histórico de Valongo.



 O túmulo existente no monumento tem gravada em numeração Romana a data de 1783. 

 Ano MDCCLXXXIII, 1783.



 Toda a área envolvente a este monumento "d'o túmulo" foram alvo de reabilitação.

 Conheço bem este local, conheço-o desde criança, ainda não andava na escola primária e já conhecia "o túmulo", porque a minha juventude entre os anos de 1957 e 1971 foi passada metade em Valongo, e metade no Susão, onde o meu pai tinha uma fábrica de lousas escolares.

 Nesse tempo para mim o túmulo ficava no meio dos montes, quando em criança fazíamos um passeio até ao túmulo era uma aventura, se dissesse ao meu pai onde ia ele já não me deixava sair da fábrica, dizia logo que o túmulo ficava no meio das pedreiras e era muito perigoso, e era verdade.

 Mas actualmente este é um dos locais mais bonitos para visitar em Valongo. 

 Agora vou pôr algumas fotografias actuais deste monumento d'o túmulo, que eu achava que tinha sido erigido em homenagem à bela Susanna.



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 Na base de algumas das cruzes tem uns hieróglifos de que não sei o significado. 



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 ......Sempre associei este monumento d'o túmulo à Susanna, que para aqui terá vindo habitar no ano de 400 dc, e confesso que fiquei muito desiludido quando li a placa informativa que ponho a seguir. 



 ......E como podemos ler nesta placa informativa do Município de Valongo, diz uma coisa completamente diferente sobre este monumento, que eu sempre acreditei que tinha sido erigido em homenagem à Susanna.   

 Fernando Almeida