sexta-feira, 29 de setembro de 2023

 Histórias antigas de Valongo.

 A Rua Visconde Oliveira do Paço.

 ......No livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre esta rua:

 ......Rua Visconde Oliveira do Paço, é a rua que saindo da Praça Dom Luíz I, segue por Ilhar Mourisco a caminho de Sobrado, donde é natural o dito Visconde, foi aberta e mais tarde reformada no ano de 1890......  



 O brasão do Visconde Oliveira do Paço.  

 Nesta publicação vou fazer um passeio histórico pelas ruas de Valongo, vou começar na rotunda da Praça Machado dos Santos, vou seguir sempre pela Rua Visconde Oliveira do Paço, e vou terminar na Rua de São João de Sobrado no palacete do citado Visconde. 

 Existe sempre algum motivo que me leva a fazer uma publicação, e a escolha desta rua não foi excepção.

 Escolhi esta rua porque ela foi a morada da minha família durante mais de 15 anos, fiquei com muitas recordações e fiz muitos amigos durante os anos em que lá morei.



 E durante os 15 anos que morei nesta rua, foram tantas as vezes que escrevi a minha direcção, que acabei por ter curiosidade sobre quem teria sido este Visconde Oliveira do Paço, e o que é que teria feito de relevante, que tenha levado a Câmara de Valongo a dar-lhe a honra de ter o seu nome numa rua mesmo no centro de Valongo. 



 Em meados do século XIX, quando esta rua foi aberta deve ter sido muito importante para o Concelho de Valongo.

 Porque a partir daí passou a existir uma ligação directa desde o centro de Valongo, até à Rua de São João de Sobrado, onde fica o palacete de família do referido Visconde.







 Em meados do século XIX quando esta rua foi aberta as viagens eram feitas em liteiras, a pé, a cavalo, ou em carruagens.



 Século XIX, quando as viagens ainda eram feitas em carruagens, a pé, a cavalo, ou em liteiras.

 Antes desta rua existir para ir de Valongo a Sobrado era necessário dar uma volta enorme.

 Quando o Visconde vinha do Porto montado no seu cavalo, tinha que atravessar Valongo de lés a lés, desde o Alto da Serra até São Martinho do Campo, pela estrada real 33, depois tinha que seguir pela estrada de Balselhas, até chegar ao seu palacete que ficava na quinta do Paço, na rua de São João de Sobrado.






 Mas não se pense que este caminho agora aberto, desde o centro de Valongo até Sobrado era fácil, porque de fácil ele não tinha nada, como se pode ver mais de metade do caminho é feito pelo meio dos montes.

 Mesmo actualmente este caminho só dá para fazer a pé, de bicicleta, ou com veículos todo o terreno.

 Numa das minhas idas a Sobrado, encontrei umas senhoras moradoras na Rua de São João de Sobrado que todas as semanas fazem esse caminho através dos montes, para virem até ao Continente de Valongo. 

 Mas agora antes de começar esta viagem de Valongo até Sobrado, vou dizer o que consegui descobrir sobre este Visconde Oliveira do Paço.

 O seu nome próprio era António Martins de Oliveira, nasceu na Quinta do Paço, em Sobrado, no dia 12 de Agosto de 1835, e faleceu no dia 23 de Junho de 1889, em Sobrado, onde está sepultado.

 A vida deste nosso conterrâneo António Martins de Oliveira deu muitas voltas, ainda novo emigrou para o Brasil, tendo-se estabelecido na cidade do Rio de Janeiro.



 E foi na cidade do Rio de Janeiro que contraiu matrimónio com uma sua prima, de seu nome Joaquina da Costa Ferreira.








 O casal António Martins de Oliveira, e Joaquina da Costa Ferreira tiveram duas filhas.

 Conforme consta, já no Brasil este nosso conterrâneo terá praticado vários actos de beneficência, e terá concedido valiosas dádivas, como a que fez ao asilo de Dona Maria Pia.

 Anos mais tarde regressou a Portugal  com a família, e voltou para a sua terra Natal, para a quinta do Paço em Sobrado onde tinha nascido.

 E tal como a maioria dos retornados do Brasil, que na altura eram chamados torna-viagens, mandou erguer na quinta do Paço um bonito palacete, fez restauros por toda a quinta, mandou erguer fontanários, e muitas outras melhorias. 







 Foi este o bonito palacete, que o António Martins de Oliveira mandou construir no ano de 1864 na Quinta do Paço, em Sobrado, para servir como a sua moradia de família.

 Como podemos ver neste tempo a Rua de São João de Sobrado, não passava de um tosco caminho em terra batida.

 Antiga fotografia da quinta do Paço, na Rua de São João de Sobrado,






 O estado actual do palacete. 

 Em Portugal o António Martins de Oliveira também terá contribuído para muitas obras de beneficência, por exemplo terá sido um grande benfeitor do Hospital Maria Pia no Porto.

 E por relevantes serviços prestados ao reino, o Rei D. Luíz I, no ano de 1879 agraciou-o com o título de 1º Visconde do Oliveira do Paço. 



 brasão do Visconde Oliveira do Paço.

 Na freguesia de Sobrado o Visconde também fez muitas benfeitorias, mandou construir a suas expensas o novo cemitério.








 O portão de entrada do cemitério de Sobrado.


 Por cima do portão de entrada do cemitério tem uma placa alusiva ao seu fundador.





 Mesmo em frente ao portão de entrada do cemitério fica a capela de família do António Martins de Oliveira, 1º Visconde do Oliveira do Paço.



 .......... 




 Na porta da capela tem escrito Visconde Oliveira do Paço, e por cima da porta tem o brasão do Visconde. 



 No interior da Capela tem um altar onde estão os bustos do Visconde e da sua esposa, também estão aqui sepultados alguns dos seus descendentes.



 O cemitério foi construído nuns campos que se vêem no lado direito da Igreja.

 A Igreja de Sobrado foi edificada durante o século XVII, de origem era encimada por um campanário com um sino em cada um dos lados, e manteve-se assim inalterada durante mais de 200 anos.





 Mas como se pode ler, no ano de 1873 talvez influenciado pela obra feita pelo Visconde no cemitério, um tal Comendador de nome José dos Santos Ferreira, resolveu fazer umas obras de beneficiação na Igreja.

 Como ficou a Igreja de Sobrado depois das obras de beneficiação mandadas fazer pelo Comendador José dos Santos Ferreira.







 Como era de origem a Igreja de Sobrado, e como ficou depois das obras mandadas fazer pelo Comendador José dos Santos Ferreira.



 No lado direito da Igreja vemos o cemitério mandado fazer pelo Visconde Oliveira do Paço. 



 A Igreja de Sobrado.  

 E agora que já contei o que descobri sobre este nosso conterrâneo António Martins de Oliveira, 1º Visconde Oliveira do Paço, vou dar início à minha longa caminhada.








 A minha caminhada vai começar na rotunda da Praça Machado dos Santos.











 E vai terminar no palacete do Visconde, que fica na Quinta do Paço, na Rua de São João do Sobrado, a distância em linha recta é de cerca de 3 km.








 Vou utilizar passagens deste livro A Villa de Vallongo, do padre Joaquim Alves Lopes Reis, para descrever como eram e por quem eram habitados, as ruas, e os lugares por onde vou passar.

 E como é meu costume vou recorrer a fotografias, para mostrar como eram e como estão agora essas ruas e esses lugares. 



 A Rua Visconde Oliveira começa aqui na rotunda da Praça Machado dos Santos, que antigamente se chamava Praça Dom Luíz I.









 Nesta antiga fotografia vemos 4 pessoas, no local onde actualmente está a rotunda da Praça Machado dos Santos.



 Foi esta a primitiva rotunda que existiu neste local, mesmo no início da Avenida do Calvário.







 Saindo da Praça Machado dos Santos, temos logo o primeiro cruzamento da rua Visconde Oliveira do Paço, com a Rua Fernandes Pegas que antigamente se chamava Rua da Ferraria. 

 ......Na página 375 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre esta rua:

 ......Rua da Ferraria, deriva o seu nome de ferreiros e ferradores que no século XVIII ali havia, com oficinas e fábricas onde se lavrava e trabalhava o ferro, às quais chamavam ferrarias.





 No lugar onde agora vemos o Edifício Vila Tina, existia este bonito mirante e o portão dos fundos da antiga Villa Tina.

 No lado direito desta fotografia ainda vemos uma janela e o portão da ultima serralharia que existiu na Rua da Ferraria, era a serralharia do Sr. Moreira.





 Um grupo de jovens no portão dos fundos da Villa Tina, onde existia o mirante.





 Entretanto a Rua da Ferraria foi rebaptizada e agora chama-se Rua Fernandes Pegas, esta rua fazia parte da antiga Estrada Real 33.

 Até ao ano de 1834, era por esta Rua da Ferraria que passava todo o trânsito de cavalos, carros de bois, liteiras, e carruagens a caminho de Trás-os-Montes e Alto-Douro, Vila Real, Bragança, Régua, Lamego.

 Foi nesse ano de 1834 que foi aberta a ligação directa desde a Rua do Padrão até à Rua de São Mamede.

 ......Na página 376 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre a abertura da Rua do Padrão até à Capela da Senhora da Luz:

 ......Rua da Portela, actual Rua do Padrão, era a rua que ia desde a Rua da Ferraria até ao Padrão, tinha 60 casas em 1834 quando a estrada nova foi aberta e rasgou esta rua até à Capela da Senhora da Luz. 





 Nesta antiga fotografia vemos 3 senhores com um cão no início da Rua Visconde Oliveira do Paço. 

 No lado esquerdo da fotografia, na entrada da drogaria do Caleiro está uma senhora com uma criança, no lado direito vemos uma senhora junto ao muro da antiga Villa Tina. 





 Tirei esta fotografia exactamente no mesmo local da anterior, no lado esquerdo ainda existe a casa da drogaria do Cáleiro, no lado direito temos o C.C. Edifício Villa Tina, onde era a vivenda Villa Tina.





 Nesta antiga fotografia que é anterior à abertura da Avenida do Calvário, vemos um grupo de pessoas no início da Rua Visconde Oliveira do Paço, ao fundo vemos  a casa da Tété, e a Drogaria do Caleiro.

 Tirei esta fotografia exactamente no mesmo local da anterior, e vemos que no local onde estavam as pessoas e as casas existe agora o edifício da CGD.

 À direita da CGD vemos a Rua Fernandes Pegas, antiga Rua da Ferraria, depois vemos a casa da Tété e a Drogaria do Cáleiro.







 No início da Rua Visconde Oliveira do Paço existem uma série de casas restauradas, com as antigas paredes em ardósia de que gosto muito.

 O segundo cruzamento da Rua Visconde Oliveira do Paço é com a Rua do Norte.










 ......Na página 376 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre a Rua do Norte, que antigamente se chamava Rua das Cruzinhas:

 ......Rua das Cruzinhas, hoje é a Rua do Norte, tomou o nome de cruzinhas de várias cruzes que n'ella e nas ruas vizinhas havia para a Via Sacra, que seguia da Capela da Senhora da Luz para a Capela do Calvário......





 No cruzamento da Rua Visconde Oliveira do Paço com a Rua do Norte, que antigamente se chamava Rua das Cruzinhas existe agora o C.C. Edifício Vila Tina, onde morei durante mais de 16 anos.



 No lugar onde actualmente está o C.C. Vila Tina, existia a vivenda Villa Tina.

 A antiga Villa Tina nasceu como casa de habitação, depois por algum tempo foi o Centro de Saúde de Valongo, e terminou os seus dias na década de 1980 novamente como casa de habitação.



 Da antiga vivenda Villa Tina foi preservado este painel de azulejos que estava na fachada voltada para a Rua do Norte, posteriormente esse painel foi aplicado no novo edifício construído no seu lugar, para ficar como recordação.





 Agora continuo pela Rua Visconde Oliveira do Paço a caminho de Sobrado.

 O terceiro cruzamento da Rua Visconde Oliveira do Paço é com a Rua da Lameira Ferreira.




 ......Na página 372 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre o Ribeiro da Lameira Ferreira, que deu origem ao nome da Rua da Lameira Ferreira.

 ......Ribeiro da Lameira Ferreira, nasce na Serra do Castelo, passa na Fontinha e vem a Fatelgas, d'onde desce para Remolhas e Lameira Ferreira, seguindo depois para o Ilhar Mourisco e para a Presa.



 Agora vou seguir pela Rua da Lameira Ferreira até ao ribeiro da Lameira Ferreira, a maioria das casas desta rua foram sendo restauradas, mas ainda mantém a traça original.





 Na Rua da Lameira Ferreira.



 Quando a linha férrea do Douro foi modernizada, foi eliminada a passagem de nível sem guarda que existia aqui neste local, agora para atravessar-mos para o outro lado da rua temos que ir por cima, pelo viaduto que aqui foi construído.





 Antes da passagem de nível ter sido suprimida era por aqui que seguia a Rua da Lameira Ferreira. 



 Na fachada desta casa ainda está a antiga placa da Rua Lameira Ferreira, mas desde que foi eliminada a passagem de nível deixou de se poder passar por aqui.

 Depois de atravessar o viaduto chego à Lameira Ferreira, e ao Ribeiro da Lameira Ferreira.







 Por baixo da ramada que se vê à esquerda corre o Ribeiro da Lameira Ferreira, que segue na direcção da Fonte Mourisca, seguindo depois para a Ponte da Presa, indo por fim desaguar no Rio Simão no fundo do Lugar da Ilha.

 Deve ter sido neste local que terá existido a Lameira Ferreira, que acabou por dar o nome à Rua da Lameira Lameira, agora no lugar da Lameira existem estes campos de cultivo.



 Um Lameiro ou Lameira é um local onde existe muita lama, é um local onde a terra é muito húmida devido à proximidade de um rio, também pode ser chamado de Lamaçal, local onde cresce muito pasto, também se pode dizer que é um pântano.

 Agora vou sair da Lameira Ferreira e vou voltar novamente para a Rua Visconde Oliveira do Paço.



 Agora continuando a caminhar novamente pela Rua Visconde Oliveira do Paço.

 Como vemos as casas foram sendo restauradas mas ainda mantém a traça original, ainda me lembro do tempo em que todas estas casas tinham quintais na frente, quintais esses que eram vedados com grandes pedras de ardósia. 

 O quarto cruzamento da Rua Visconde Oliveira do Paço é com a Travessa Visconde Oliveira do Paço.

 A Travessa Visconde Oliveira do Paço dá acesso à Rua das Pedreiras.

 ......Na página 363 e 376 do livro A Villa de Vallongo diz o seguinte sobre a Rua das Pedreiras. 

 ......Rua das Pedreiras é o Bairro Oriental, é um lugar de Vallongo que tem diversas ruas, divide-se em Pedreiras de Cima que formam hoje o Bairro Oriental, e Pedreiras de Baixo.

 ......Também é chamado Lugar das Pedreiras, talvez por n'elle habitarem muitos operários das minas de pedra, assim como os artistas que faziam vários objectos d'aquele material. 





 A maioria das casas da Rua das Pedreiras também foram restauradas, mas ainda mantém a traça original.



 Casas na Rua das Pedreiras.

 ..........



 Casas na Rua das Pedreiras.







 Agora vou voltar novamente para a Rua Visconde Oliveira do Paço, e vou passar na Fonte do Ilhar Mourisco, ou como nós lhe chamamos a Fonte Mourisca. 

 Novamente na Rua do Visconde Oliveira do Paço a caminho da Fonte do Ilhar Mourisco.

 Rua Visconde Oliveira do Paço, estou a chegar à Fonte do Ilhar Mourisco. 

 Lá ao fundo, no meio do monte vemos as casas da Quinta da Queimada, por onde também irei passar. 



 Estou a descer a Rua Visconde Oliveira do Paço, no lado direito antes do viaduto da linha férrea vemos a Fonte do Ilhar Mourisco.



 A Fonte do Ilhar Mourisco.

 ......Na página 361 e 362 do livro A Villa de Vallongo diz o seguinte sobre o Ilhar Mourisco:

 ......Ilhar Mourisco, nome simpático relíquia da habitação dos árabes n'esta terra, este lugar trás ao pensamento recordações imensas e mostra pela beleza do local que os sectários do Alcorão não tinham mau gosto.

 ......Era junto da fonte que aí abundantemente corre que os nossos antigos criam terem ficado as Mouras encantadas, o que até terá merecido do escritor Thomás Ribeiro uns belos versos...... 

 ......Ainda hoje, em 1904, grande parte do povo que se entrega aos festejos da noite de São João, durante a madrugada aí vão, voltando depois cantando e dançando ao som de instrumentos, dizem que vão às orvalhadas.....









 O interior da Fonte do Ilhar Mourisco.

 ......Na página 359 do livro A Villa de Vallongo diz o seguinte sobre a Fonte do Ilhar Mourisco:

 ......Fonte do Ilhar Mourisco, é uma riquíssima fonte de água com duas bicas, quase junto ao ribeiro que aí passa, a jusante do caminho de ferro......







 Passados que estão mais de 1300 anos desde que os Mouros se estabeleceram neste lugar no ano de 716, as duas bicas da Fonte Mourisca ainda continuam a deitar água.







 A Fonte Mourisca.

 Vou pôr a seguir um texto que está na página 90 do livro A Villa de Vallongo, onde diz que este Lugar da Fonte Mourisca começou a ser habitado pelos Mouros no ano de 716 dc:

 ......Os Mouros entraram na Hespanha entusiasmados pela Guerra Santa com o alfange n'uma mão, (alfange é um sabre de origem árabe de folha larga e curva), e o Alcorão na outra, (Alcorão é o livro Sagrado do Islão), levando de vencida com o seu numeroso exército todos os lugares por onde passavam......

 ......A Batalha de Guadalete que foi ganha pelos árabes travou-se no ano de 711,foi a partir daí que começou o domínio dos árabes na Península Ibérica, domínio que se manteve durante vários Séculos......

 ......Na página 91 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre a chegada dos árabes a Vallongo no ano de 716, e sobre o local onde se estabeleceram.

 ......Os habitantes de Vallongo, poucos e sem meios de defesa, só temerariamente podiam abalançar-se a impedir a passagem a um inimigo tão poderoso, diante do qual sabiam que tinha fugido espavorido um exército de bravos.

 ......Por isso é que chegados a Vallongo no ano de 716, os árabes deixaram os seus habitantes em paz sem o escravizarem, e mediante um certo tributo deram-lhe a liberdade de viver como até aí.

 ......Indo os árabes estabelecer-se longe da povoação goda que ocupava o Susão, e a parte mais ocidental da Villa, estabeleceram-se numa planície à beira de um regato, num lugar que mais tarde se veio a chamar Ilhar Mourisco.

 ......Há ainda outros lugares próximos que também são de origem árabe como o Lugar da Rabilla, ou Rabil, e o Lugar de Donelha.

 ......Situado n'uma planície extensa e exposta ao Sol, em lugar enxuto este lugar do Ilhar Mourisco, primeira habitação dos árabes por estes sítios, foi no passado muito florescente.

 ......Hoje obedecendo ao triste destino das coisas que o tempo derruba, nada resta dos vestígios antigos, senão o nome e a beleza natural do lugar onde está um dos bairros mais importantes e populosos de Vallongo.

 ......O resto tudo acabou, talvez devido à guerra de extermínio que os Cristãos mais tarde, já fortes, moveram à gente moura que pouco a pouco se foi retirando destes sítios. 

 ......Mas estes novos dominadores, os mouros, que por aqui se mantiveram por vários séculos, não perderam a ocasião que se lhe oferecia de explorarem as nossas riquezas, e levados pela fama das nossas minas, começaram a explora-las.

 ......Continuando agora os mouros n'estes montes as explorações começadas pelos Romanos, mas à muitos anos interrompidas.

 ......Sobre a riqueza das minas de ouro da Serra de Santa Justa, que antigamente se chamava Serra da Cuca-ma-Cuca, existe uma quadra que o povo de Valongo antigamente cantava:

                 ......Serra da Cuca-ma-Cuca 
                 ......Grande pena me deixais
                 ......Atirais com o ouro às cabras 
                 ......Não sabeis com o que atirais

 ......Esta quadra sobre o Ouro da Serra da Cuca-ma-Cuca ainda é conhecida nos dias de hoje pelos naturais de Valongo. 

 Uma das bocas de entrada para as Minas de Ouro do Fojo das Pombas, que começaram por ser exploradas pelos Romanos e depois pelos Mouros.



 ......Na página 91 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre as antigas minas de ouro da Serra de Santa Justa:

 ......É admirável ainda hoje contemplar esse labirinto de catacumbas subterrâneas, onde centenas de caminhos, n'uma grande profundidade se cruzam em diferentes direcções, abrindo em imensas bocas que vem sair à superfície, e são um perigo para os viandantes descuidados.

 ......Quantos pensamentos não nos trás a vista de tão gigantescas obras, por ali passou o génio de homens grandes empreendedores que deixaram o seu nome sem memória ligado a uma obra imorredoura.

 ......E o livro A Villa de Vallongo continua a narrativa sobre as minas da Serra da Santa Justa, ou Serra da Cuca-Ma-Cuca, até ao final do Capitulo II.

 Mas agora vou voltar novamente para a Rua do Visconde Oliveira do Paço, e vou continuar o meu caminho até Sobrado.



 Aqui neste local depois da linha férrea, ainda existe um troço antigo da Rua do Visconde Oliveira do Paço.



 Continuando pela Rua Visconde Oliveira do Paço, passo para montante do viaduto da Linha Férrea do Douro.



 A montante do viaduto do comboio passa o Ribeiro da Lameira Ferreira, foi à volta deste local que os árabes se terão estabelecido quando chegaram a Valongo no ano de 716, conforme diz no livro A Villa de Vallongo.





 Aqui neste local o Ribeiro da Lameira Ferreira entra num túnel, passa por baixo do viaduto, e só volta a ver a luz do dia nuns campos já próximo da Ponte da Presa. 



 Agora vou seguir pelo antigo caminho na direcção da Quinta da Queimada, este antigo caminho é muito bonito mas agora já ninguém passa por aqui.



 Agora vou por este o antigo caminho que vai na direcção da Quinta da Queimada.



 O antigo caminho para a Quinta da Queimada.



 .......... 


 Já se vêem os edifícios da Quinta da Queimada.



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 ..........




  ..........



  A quinta da Queimada.



 Antiga fotografia de Valongo, que situo no primeiro quarto do Século XX.

 Ponho muitas fotografias da Quinta da Queimada, porque se olharmos para esta antiga fotografia vemos que nesse tempo só existiam casas à volta da estrada nacional, tudo o resto à volta eram quintas de cultivo.

 Eu ainda conheci algumas dezenas dessas antigas quintas, mas actualmente só conheço mesmo a Quinta da Queimada, e mesmo essa não sei quanto tempo mais irá resistir.

 Mas agora vou continuar o meu caminho até ao meu destino final, que é a casa do Visconde, em Sobrado.



 Com a passagem da auto estrada A4, todos os antigos caminhos que seguiam na direcção dos montes para o lado de Quinta Rei foram cortados.



 Agora para passar para montante da A4 só existe este túnel, que dá acesso à Biblioteca e ao C.C. Continente de Valongo, que foram construídos nos terrenos das antigas Minas do Galinheiro. 



 É este o túnel dá acesso à Biblioteca e ao C.C. Continente de Valongo, que foram construídos nos terrenos das antigas Minas do Galinheiro.






 As antigas Minas do Galinheiro ocupavam uma àrea enorme, conhecia bem este local, fui para lá dezenas de vezes para uma cratera a que chamávamos o arrasamento.



 O arrasamento com lhe chamávamos era uma enorme cratera com mais de 300 metros de diâmetro, que foi o resultado do aluimento de vários poços de minas que aconteceu no ano de 1905.

 No fundo do arrasamento existia um lago cheio dos mais variados tipos de peixes, desde Carpas, até peixes de aquário, os meus colegas mais corajosos iam nadar, mas eu nunca meti um pé na água porque aquilo metia medo, o lago para além de ser muito fundo, também era muito perigoso, porque tinha pedras muito afiadas.

 Mas a passagem da autoestrada por este local acabou com todo este património histórico que nos tinha sido deixado pelos nossos antepassados, onde muitos terão morrido devido a acidentes ou a doenças profissionais, tudo foi destruído sem ter sido feito nenhum registo vídeo ou fotográfico, como se tivessem vergonha da nossa história.

 A seguir vou pôr algumas notícias de acidentes publicadas nos Jornais da época.





 ......No jornal O Primeiro de Janeiro de 27 de Abril de 1869, vem publicada uma crónica enviada pelo correspondente de Valongo, cujo titulo é:

 ......Mais um morto.

 ......A exploração de lousa continua a fazer-se como se fazia antes, o operário é colocado perante a rocha, maneja as ferramentas segundo o seu instinto e morre ingloriamente, sem sequer ter conhecimento da sua falta de formação.

 ......O trabalho abunda, não faltarão novos braços para substituir os que caíram exangues, vitimados por acidentes estúpidos.

 ......No passado dia 23, por volta das sete horas da manhã aconteceu nesta vila um desastre nas minas de Lousa do Galinheiro, que causou a morte repentina dum trabalhador.

 ......A falta de cautela e as facilidades são a causa de acontecerem estas desgraças.



 ......O que aconteceu foi o seguinte: 

 ......Os homens que conduziam pelo caminho de ferro um carro vazio de tirar o entulho da mina, deram-lhe mais força do que a precisa, e a espera que era pequena não pode com o embate, e deixou saltar o carro, caindo este dentro da mina, apanhando um desgraçado, que procurando os meios para ganhar a vida honradamente pelo trabalho, encontrou a morte instantaneamente.

 ......A falta de cuidado e de prevenção são a causa de acontecer estes sinistros, torna-se por isso necessário que a autoridade cumpra o dever humanitário de inspeccionar estas obras e remediar quando possa esses males, que quando prevenidos podem evitar-se.

 ......No Jornal O Primeiro de Janeiro, do dia 4 de Julho de 1884, vem a notícia de mais um acidente que deixa qualquer pessoa comovida, o titulo da notícia é:

 ......A Morte nas Louseiras.

 ......No dia um do corrente mês, era uma terça-feira, quando pelas 3 horas da tarde, desabou no Alto Sobrido em Valongo, parte de uma padieira de Lousa, ficando sepultados sob as ruínas os operários Manuel da Silva Correia e um filho de 15 anos.

 ......Tirou-se debaixo das pedras os cadáveres dos dois infelizes, o  primeiro com a cabeça decepada, o crânio a pouca distância do tronco estava completamente esmigalhado, o segundo estava com os intestinos de fora.

 ......O chefe de família deixa na miséria a mulher e mais cinco filhos.



 ......No Jornal de Noticias do dia 24 de Abril de 1926, vem a notícia da morte de mais um Mineiro, o titulo da notícia é:

 ......Minas de Lousa, a Morte de mais um Mineiro. 

 ......Eduardo Moreira, era conhecido pela alcunha Eduardo Sardinheiro, casado, faleceu ontem, terça-feira pelas 18 horas, um calhau desprendeu-se e bateu-lhe no peito.

 ......O acidente ocorreu pelas 18 horas do passado dia 21, o trabalhador estava num banco de lousa fazendo-lhe um corte inferior.

 ......A Empresa era a Companhia Inglesa.

 ......Apesar de pobre, o trabalhador era um homem muito considerado na região.





 ......Vou pôr a seguir um excerto de uma extensa entrevista de um mineiro das minas de ardósia, não sei o nome do mineiro, nem sei se esta entrevista alguma vez foi publicada.

 ......O mineiro começa a contar a sua história assim:

 ......O meu pai trabalhava de agricultor e a minha mãe ajudava-o na lida da casa, como é de ver comecei a minha vida naquilo, ajudando-o.

 ......Durante uns tempos andei a correr os montes, andei a cortar mato e a segar penso para o gado, pois então.

 ......Quando deitei asas abalei para as pedreiras, tinha eu 18 anos, fui mineiro, andei no fundo das louseiras, fiz isso durante uns vinte e três anos, fiquei gasto, mas nunca me aleijei, tive sorte.

 ......A minha mulher também era das lousas, era das lousas para a escola, trabalhava na fábrica da Catarina, junto à estação dos comboios de Valongo, ela era conhecida como a Maria Bolota. 

 ......O nosso casamento feito ao pobre, foi na Igreja Matriz de São Martinho, tivemos 3 filhos. 

 ......O meu sogro também era da mina, trabalhava na Louseira da Milhária, era aplainador, morreu do coração.

 ......Coitado morreu como os outros, morreu atacado do pó, mas não sei o que escreveram na certidão de óbito, nem a sentença que depois ditaram, porque a história não reza assim.

 ......Olhe amigo do pó morremos todos, morreu o Zé Cascalho, o Zé Vinte e Oito, o Tone Marques, o João Gadelho, a maioria dos mineiros tem um fim idêntico.

 ......A vida de Louseiro era feita de perigos, uma vez andávamos a cortar a fraga, um colega estava a aliviar a pedra que estava entrancada, meteu-lhe a panca, soltou-se uma lasca muito grossa que lhe veio bater na nuca, nas frontes e ele tombou logo.

 ......Eu estava perto, mas nada adiantou, ficou como um passarinho, foi só levantá-lo, mete-lo no caixão do entulho, e a vida na mina continuou, como se nada tivesse acontecido.

 ......Sabe como é, foi por volta do meio-dia, fizeram um truque como se tivesse saído vivo de dentro da mina, e daí levaram-no para o hospital, havia aquela treta entre os patrões e o seguro, também era o dia do pagamento.

 ......A féria mal dava para comer, era à certa, havia entre o pessoal muita indiferença perante os acontecimentos, aceitava-se tudo como um fatalismo dos pobres.

 ......Mas houveram muitos mais que tombaram, que morreram, o pai do Loureiro caiu lá abaixo, perdão minto, foi ele e o filho.  

 ......Às vezes dizia cá para mim, qualquer dia acontece-me o mesmo.

 ......O meu amigo está a escrever tudo que estou a dizer, mas olhe que embora eu gostasse não lhe posso dar um relato de tudo o que lá vivi, mas posso dizer-lhe que de 100 homens podia morrer um por dia, de desastre, do pó, de doença, ou de outra coisa qualquer provocada pela Lousa. 



 ......Desse batalhão não escapava um, e sabe porquê, por cima da gente passavam umas correntes agarradas às pedras, essas correntes eram puxadas da superfície por um cabo dum guindaste.



 ......Naquele tempo haviam umas macacas, e ia tudo suspenso pelo ar, bastava partir-se a corrente ou o cabo do guindaste, e a pedra vinha por ali abaixo, se apanhasse algum desgraçado esmagava-o.

 ......Mas o que nos valia era que a gente já conhecia o mal e punha-se de guarda, de atalaia, e quando acontecia algum rompimento do cabo ou da corrente a gente dava um grito de desespero, "guarda", e cada um acautelava-se como podia.

 ......Mas mesmo assim aconteciam muitos acidentes, era uma vida ruim, poucos eram os homens que chegavam aos cinquenta anos. 

 ......As pessoas de fora quando passavam por aqui até costumavam dizer, caramba em Valongo só se vêem mulheres vestidas de negro.

 As minas do Galinheiro acabaram por ficar conhecidas por este nome, porque de tempos a tempos no meio de um bloco de ardósia aparecia uma pedra em forma de ovo.

 E foi por causa destas pedras em forma de ovo que veio o nome as Minas do Galinheiro.

 Como é fácil de entender se no meio de algum destes enormes paralelepípedo de ardósia tirados do fundo da mina, aparecer uma pedra em forma de ovo, até deve ser uma coisa engraçada, mas escusado será dizer que a pedra fica completamente desperdiçada.

 ......Na página 332 do livro A Villa de Vallongo diz em 1904, o seguinte sobre As minas do Galinheiro:

 ......Desde tempos imemoriais a Louza era aqui, e pelas freguesias vizinhas aproveitada para os mais diversos usos.



 ......Como soletos para cobertura de casas, algerozes, ladrilhos, eiras e enfaixamentos.

 ......Sendo a sua extracção feita de um modo muito custoso,  pouco aperfeiçoado, e até cheio de perigos, e assim continuava a ser, quando em meados do século passado, em 1865 se formou a companhia inglesa The Vallongo Slate & Marbles Quarries Company, Limited.



 ......Esta companhia inglesa The Vallongo Slate & Marbles Quarries Company, Limited, montada com um grande e valioso capital, deu desde logo um grande desenvolvimento aos seus trabalhos, tornou muito conhecidos os produtos que explorava.

 ......Produtos esses que devido a aparelhos poderosos, aperfeiçoava e polia, que, conhecidos os magníficos resultados da laboração da Louza, muitos começaram a explora-la com grande empenho e esforço, tendo-se nessa altura multiplicado o número de minas, minas essas que mais tarde em grande parte foram sendo absorvidas pela mesma Companhia.

 ......Esta Companhia trás em circulação hoje, 1904, cerca de mil contos de Reis, possui as Minas do Galinheiro, as Minas dos Cardosos, as Minas do Valle de Amores, e as Minas do Susão.

 ......Exporta por dia mais de quarenta toneladas de ardózias que vende por 8$000, oito mil réis, a tonelada, emprega para cima de quinhentos operários, só nas Minas do Galinheiro gasta por quinzena 1.180$000, um milhão cento e oitenta mil réis em remunerações, 120$000, cento e vinte mil réis em madeiras, e 170$000, cento e setenta mil réis em combustível para as caldeiras das máquinas.

 ......Na página 333 do livro A Villa de Vallongo, de 1904, continua a dizer sobe a mina do Galinheiro:

 ......A mina do Galinheiro começou em 1865, como consta da escritura de emprazamento, feito a 15 de Março do mesmo ano, sendo pagos 225$000, duzentos e vinte e cinco mil reis à Câmara Municipal por Eduardo Ennor, membro da respeitável família Ennor, cujo representante hoje é o ilustre cavalheiro comendador Carlos Ennor cujo nome está ligado a Vallongo por muitos actos de benemerência.

 ......Pela mesma época essa companhia trazia para mestre e director da mina o excel. Snr. João Welch conhecido por mestre João, que pode dizer-se tem sido o pai dos operários d’esta mina, e também devido à sua fina inteligência e sábia direcção.

 ......Os trabalhos iniciados tomaram tal desenvolvimento, que em 1880 já a Lousa era exportada em grande quantidade para o estrangeiro.

 ......Consultando a estatística da Alfândega do Porto desse ano, verificamos que a exportação de Lousa ocupa 13º lugar.

 ......Tendo sido exportados para o Brasil, para a Dinamarca, para o Grã Bretanha, e para a Rússia, um total de 214,482 toneladas de lousa, com um valor de 1720$000, um milhão setecentos e vinte mil Réis.








 Nos terrenos onde existiram as Minas do Galinheiro existem duas rotundas, e para ficar como recordação para as gerações vindouras, na primeira rotunda foi uma máquina e um guindaste das antigas minas, e na segunda rotunda foi mantida a antiga chaminé dos fornos das minas.



 As antigas minas do Galinheiro.



 A antiga chaminé dos fornos das minas do Galinheiro.



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 E cá está em todo o seu esplendor a chaminé das antigas minas do Galinheiro.



 A base  da chaminé das antigas minas do Galinheiro.



 As minas do Galinheiro,  quando ainda estavam em funcionamento.



 O guindaste das antigas minas do Galinheiro, que foi montado na primeira rotunda do Continente.



 A máquina de um dos guindaste das antigas minas do Galinheiro, que também foi montada na primeira rotunda do Continente.



 A máquina e o guindaste das antigas minas do Galinheiro.

 E agora vou sair desta zona do Galinheiro e vou começar a subir o monte, para ir até à Rua de São João de Sobrado, onde está o palacete do Visconde Oliveira do Paço.



 Logo no início da subida do monte ainda existem muros de algumas casas das antigas Minas do Galinheiro.

 Esta zona do monte que se chama Alto Sobrido, também tem algumas minas, mas são minas escavadas na horizontal do monte que antigamente serviam como reservatórios de água para abastecer Valongo.

 De entre essas várias minas que existem no Alto Sobrido, destaco a Mina do Saldanha pela sua dimensão. 



 A entrada da Mina do Saldanha no Alto Sobrido. 





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 De todas as vezes que fui a esta Mina do Saldanha, seja no Inverno ou no Verão, tal como hoje encontro-a sempre com água até ao topo, com mais de 2 metros de altura de água.

 Falando pela voz de um colega, que em conjunto com os Bombeiros de Valongo já explorou esta mina ela é digna de ser visitada.

 Segundo esse colega, esta mina tem 50 metros de cumprimento por 10 de largura, tem um tecto muito alto, ao fundo tem uma espécie de altar, e no lado direito começa uma galeria que segue pelo interior do monte. 

 Fazendo fé no que este meu colega me contou, esta mina do Saldanha é um enorme reservatório de 1000 m3 de água, 50 x 10 x 2 = 1000 m3





 Sempre que venho a esta mina, encontro-a sempre tal como hoje com água até ao topo, com mais de 2 metros de altura de água.



 Da base desta mina do Saldanha sai este tubo metálico com 70 m/m de diâmetro.

 Este tubo metálico percorria mais de 1,5 km, e servia para abastecer de água a Quinta do Saldanha, que fica na Rua Alves Saldanha.



 O tubo metálico da Mina do Saldanha.



 A mina do Saldanha, servia para abastecer de água esta Quinta do Saldanha, e o fontanário que existe na parede da quinta, na Rua Alves Saldanha.





 Este fontanário na parede da quinta do Saldanha, na Rua Alves Saldanha era abastecido pela mina. 

 Mas agora vou subir o monte, e só vou parar no palacete do Visconde na Rua de São João de Sobrado. 



 A subir o monte, a caminho do palacete do Visconde. 



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 Vê-se Valongo lá ao fundo. 



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 A chegar ao topo do monte. 



 No topo do monte com Valongo lá ao fundo. 



 Agora só falta fazer este percurso até à Rua de São João de Sobrado, até à Quinta do Paço, onde está o palacete do Visconde Oliveira do Paço. 

 Sempre que passo o cume do monte para o lado de Sobrado, digo que vou para Quintarrei, não sabia qual a origem desse nome. 

 ......Procurei no livro A Villa de Vallongo, e na página 370 encontrei a explicação do porquê de este lado do monte se chamar Quintarrei:

 ......Quintarrei, esta palavra é a corrupção de Quinta do Rei, porque a tapada que tem este nome, situada desde o alto dos montes ao norte do Susão com a altura de 306 metros até Sobrado e Agrella, é um prazo antigo feito ao Capitão Alexandre José Ferreira Porto, da Villa de Vallongo, datado de 1768, com autorização do Rei, d'onde lhe viria o nome.



 A descer a caminho da Rua de São João de Sobrado. 



 Lá ao fundo vemos a auto-estrada A41



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 No fim desta descida chego à Rua de São João de Sobrado, que é o meu objectivo, e vou visitar o palacete do Visconde.


 A Rua de São João de Sobrado, onde fica a Quinta do Paço, ali à frente já vemos o palacete do Visconde.



 Passados que estão 159 anos sobre a sua construção o palacete do Visconde está em ruínas.



 O palacete do Visconde Oliveira do Paço construído no ano de 1864, na Rua de São João de Sobrado.



 Na fachada voltada para Balselhas o palacete ainda ostenta o brasão do Visconde Oliveira do Paço.



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 E cá em todo o seu esplendor o imponente brasão do Visconde Oliveira do Paço.



 Espalhados pela quinta do Paço existem várias obras de arte, como este tanque de água onde estão gravadas as letras VOP, Visconde Oliveira do Paço.




 VOP, Visconde Oliveira do Paço, 1888.


 Na quinta também existem vários edifícios tipo espigueiros, que deviam servir para armazenar cereais.

 Como as portas do palacete estavam abertas, e como me disseram que a quinta foi adquirida pela Câmara Valongo, resolvi entrar para tirar umas fotografias do interior.

 A seguir vou por essas fotografias que tirei no interior do palacete. 



 Como seria de esperar o interior do palacete está todo em ruínas. 



 No piso térreo existem algumas divisões tipo quartos, que deviam servir para os trabalhadores, tem 2 lagares e 2 prensas, que deviam servir para pisar e espremer uvas ou azeitonas, existem também divisões com prateleiras, que deviam servir para armazenar batatas, cebolas, etc. 



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 Um dos quartos do piso térreo. 



 O meu colega a espreitar para o interior de outro quarto. 



 Uma divisão com prateleiras que deviam servir para armazenar batatas, cebolas, ou outra coisa qualquer. 



 Um dos lagares, que devia servir para pisar uvas, para vinho. 



 Outro lagar. 





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 Duas prensas de fuso, que deviam servir para espremer uvas para vinho, ou para fazer bagaço ou jeropiga, ou também podiam servir para espremer azeitonas para fazer azeite.



 Uma prensa de fuso completa, não é da quinta do Paço.



 Outra prensa de fuso completa, não é da quinta do Paço.



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 O segundo piso está apoiado nestas colunas de granito. 



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 As colunas de granito onde está apoiado o primeiro andar. 

 O palacete tem 3 pisos.

 ......No piso térreo ficam os lagares, as prensas, os quartos para os trabalhadores, e as divisões com prateleiras que deviam servir para guardar batatas cebolas, etc.



 ......No segundo piso, que tem uma escada directa da rua era o piso principal, onde o Visconde habitava com a família, tem quartos, sala, cozinha, quarto de banho, etc.  

 ......No terceiro piso, nas águas furtadas deviam ser os alojamentos das empregadas internas da casa.

 ......Mesmo a meio do palacete, por cima das águas furtadas, tem uma enorme clarabóia, que ilumina os 3 pisos, deduzo que na casa só devia ser necessário acender as velas à noite.  



 Do piso térreo vai esta escada interior, que liga ao segundo piso, onde devia ser a habitação do Visconde.



 ......No topo, mesmo a meio da casa tem esta clarabóia, que ilumina os 3 pisos.  

 A clarabóia no topo que iluminava os 3 pisos do palacete. 



 Como se vê no segundo piso, por baixo da clarabóia existe esta abertura protegida por uma balaustrada de madeira, que deixava passar a luz para os três pisos da casa.

 As fotografias do segundo piso e das águas furtadas, que ponho a seguir foram tiradas cá de baixo, porque como se pode ver é impossível ir até lá acima está tudo a ruir.



 Nesta fotografia vemos as molduras em gesso do tecto, e a porta de uma divisão do primeiro andar, onde seriam os aposentos da família do Visconde.



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 Vemos as guarnições das portas e a moldura em gesso do tecto de uma divisão do segundo piso, onde seriam os aposentos da família do Visconde.



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 Nesta fotografia vemos as escadas de acesso às águas furtadas, ou sótão, onde deviam ficar os aposentos das empregadas da casa.

 Tudo neste palacete me faz lembrar "a casa da Luísa, descrita no romance O Primo Basílio".

O 1º Visconde d'Oliveira do Paço
António Martins Oliveira
Nasceu a 12-08-1835
Faleceu a 23-06-1889

A 1ª Viscondessa d'Oliveira do Paço
Dona Joaquina da Costa Ferreira Oliveira
Nasceu a 27-02-1843
Faleceu a 11-11-1887



 E pronto dou por terminada esta grande viagem, onde trabalhei durante umas largas centenas de horas.

 Se alguém se deu ao trabalho de ler esta publicação até ao fim peço desculpa pela sua extensão, e espero que tenha gostado.

Fernando Paulino