quarta-feira, 23 de março de 2022

  Histórias antigas de Vallongo. 

......A Batalha de Ponte Ferreira.









 Esta gravura representativa d'Batalha de Ponte Ferreira está exposta no Palácio de Queluz em Lisboa.

 A Batalha de Ponte Ferreira foi a primeira das muitas batalhas que aconteceram durante a Guerra Civil, travou-se no dia 23 de Julho de 1832, entre o exército da facção Liberal que era liderado por D. Pedro, e o exército da facção Absolutista, liderado pelo seu irmão D. Miguel.

 O motivo que me levou a fazer esta publicação, para além desta batalha ter sido travada em Vallongo, cidade onde nasci e sempre vivi, foi quando um amigo me ofereceu umas caricaturas que devem ter sido publicadas pouco tempo depois da batalha.

 Essas caricaturas são de uma revista de nome Charivari, e ainda se referem a esta batalha como A Batalha de Vallongo.

 Mas para a História de Portugal esta batalha acabou por ficar conhecida como A Batalha de Ponte Ferreira, porque conforme diz no livro A Villa de Vallongo:  

 ......Quando no dia 23 de Julho de 1832 o Imperador D. Pedro I deu ordem de ataque ao exército Liberal, os dois exércitos estavam separados pelo Rio Ferreira, o qual apenas podia ser atravessado por uma antiga ponte de granito, situada no lugar de Ponte Ferreira.

 Muitos dos textos que vou utilizar nesta publicação são do livro A Villa de Vallongo, livro que é da autoria do padre Joaquim Alves Lopes Reis, um cidadão de Valongo, que nasceu no ano de 1871, 39 anos depois da batalha.

 Neste livro o padre Joaquim descreve com grande pormenor todos os passos que aconteceram antes, durante, e depois d'a Batalha de Ponte Ferreira. 

 Em algumas passagens do livro o padre Joaquim diz, "conforme contam os velhos de Vallongo", e "conforme contam os nossos avós", por isso deduzo que ele deve ter convivido com muitas pessoas que terão presenciado os acontecimentos que narra no livro.



 A Ponte Ferreira, no ano de 2020.

 Foi à volta desta ponte que se travou a batalha, na margem direita do rio foi erigido um Oratório em homenagem às mais de duas mil vítimas, entre mortos e desaparecidos que aconteceram na batalha.

 Como vemos na margem esquerda do rio ainda existe a antiga Casa da Portagem, onde era cobrada a portagem aos carros com cereais que faziam a travessia do rio.

 No final desta publicação vou pôr fotografias actuais de todos os lugares por onde o Prº Joaquim diz que se travou A Batalha de Ponte de Ferreira.

 Agora vou começar a pôr as caricaturas da revista Charivari, que foram o que me levou a fazer esta publicação.

 Nesta primeira caricatura que tem o titulo O Ataque a Vallongo, está representado um acampamento de tropas.

 Pela configuração dos montes, e pela quantidade de tendas de campanha que se vêem nos dois lados da caricatura acima, acho que este é o Monte Alto em Vallongo. 

 Digo isto porque no livro A Villa de Vallongo, o Prº Joaquim diz que D. Miguel quando chegou com as suas tropas ao Porto, atravessou o Rio Douro na zona de Campanhã, e acampou no Monte Alto e na Serra da Senhora das Chans, em Vallongo, de onde se conseguia avistar o Porto.

 O grande numero de Regueifas que se vê nesta primeira caricatura leva-me a pensar que quem a fez devia ser de Valongo, ou então conhecia Valongo muito bem.

 Porque vemos soldados com regueifas ao ombro, outros soldados com regueifas ao pescoço, vemos também regueifas enfiadas nas espingardas e nos canos dos canhões, e até vemos um cavalo caído de pernas para o ar, com uma canasta com pães e regueifas caídos no chão.

 Para quem não saiba a regueifa é um dos nossos valores, em Valongo existe mesmo a Confraria do Pão da Regueifa e do Biscoito, que tem como missão não deixar esquecer estes antigos valores.



 Valongo foi durante muitos anos o maior fornecedor de pão da cidade do Porto, a regueifa, o pão e os biscoitos são alguns dos ex-libris do Concelho de Valongo, uma espiga de trigo faz mesmo parte do logótipo da nossa Cidade.



 Uma espiga de trigo faz parte do logótipo do Município de Valongo.

 Depois desta explicação sobre a ligação das regueifas a Vallongo, vou pôr de seguida as restantes caricaturas sobre A Batalha de Vallongo publicadas pela revista Charivari, que me levaram a fazer esta publicação.



 Em todas estas caricaturas, tem alguns pormenores que me levam a pensar que elas devem ter sido publicadas pouco tempo depois d´A Batalha de Ponte Ferreira, como o tipo de escrita que é utilizado nas caricaturas.

 Escrever Vallongo com dois éles, escrever termos como, romper d'alva, béllicos sons dos clarins, n'um momento, ordinário marche, atmosfhera, Villa, chloreto de cal, hymno da carta,  enthusiasmo, é o tipo de escrita que era utilizado no Século XIX, é o mesmo tipo de escrita que o Padre Joaquim utilizou no ano de 1904, no livro A Villa de Vallongo.

 Outro motivo que me leva a pensar que a revista deve mesmo ter sido publicada pouco tempo depois da batalha, tem a ver com a legenda da imagem da esquerda da caricatura  acima, onde diz:

 ......Fez na quinta-feira 8 dias que logo ao romper d'alva os bellicos sons dos clarins chamaram as tropas às armas.  



 Nas 3 caricaturas desta página, é referido que o inimigo acampou na encosta norte de Vallongo, e que Vallongo devia ser um local estratégico, porque na legenda da imagem do meio o General diz:

 -- Soldados!
 -- Corramos pela Pátria!
 -- Perca-se tudo menos Vallongo!



 Pelo que se deduz desta página deve ter acontecido um surto de diarreia entre as tropas, este acontecimento até pode ter acontecido, não ponho em dúvida que seja verdade, mas acho que nunca apareceria em nenhum relato de uma batalha.





 Nas imagens desta página, vemos a chegada das tropas a Vallongo, e vemos a população a pedir a sua protecção, podemos também ver que o surto de diarreia entre as tropas ainda se mantém.



 Na imagem da esquerda desta página 6, vemos que o surto de diarreia foi tão forte que "o Snr. general manda espalhar chloreto de cal pelo chão", depois os Soldados tomam posição e começam a fazer fogo sobre o inimigo.



 Nesta página vemos o rebuliço e a fumarada que ficou depois dos soldados terem disparado sobre o inimigo, na imagem do meio vemos os soldados a dar gritos de vitória e a festejar com a bandeira.

 Na imagem da direita, vemos a população de Vallongo reconhecida a saudar os soldados pela vitória coroando-os com coroas de regueifa, que são o ex-libris de Vallongo



 Na imagem da esquerda desta página diz que alguns soldados heroes levados pelo enthusiasmo da vitória, foram-se às coroas de regueifa e comeram-nas.

 Sobre a imagem do meio e da direita, nem vou fazer qualquer comentário, até porque nem me acredito que tal tenha acontecido. 



 Nas 3 imagens desta página, vemos o que devem ser despojos de guerra capturados inimigo.



 Nas 3 imagens desta página ainda continuamos a ver o que devem ser despojos de Guerra, capturados ao inimigo.

 ......Agora à minha maneira, e de uma forma muito simplista e superficial, vou fazer um resumo dos acontecimentos que na minha opinião nos levaram até à Revolução Liberal, que durou 6 anos de 1828 até 1834, durante a qual aconteceu A Batalha de Ponte Ferreira, que é o cerne desta publicação.





 ......E para mim a sucessão de acontecimentos que nos levaram até à Revolução Liberal, começam no Reinado de Dona Maria I, que ficou com o cognome de a Piedosa.



 No ano de 1792, devido a um problema de saúde Rainha Dona Maria I foi obrigada a abdicar do trono a favor do seu filho o Infante Dom João, que a parti daí passou a tomar conta dos assuntos do Estado, como Príncipe Regente Dom João VI.

 ......Digo que para mim a sucessão de acontecimentos que nos levaram até à Revolução Liberal, começaram no Reinado desta nossa primeira Rainha Dona Maria I, porque acho que com a sua sensatez e bondade, se não tivesse sido obrigada a abdicar do trono a favor do filho, acho que nunca teríamos tido as Invasões Francesas que originaram a fuga da família Real para o Brasil, que foi o que acabou por nos conduzir até à Revolução Liberal. 




 Tudo o que aconteceu durante o reinado de Dona Maria I, como o ter que lidar com as maldades do seu pai, o rei Dom José I, do Marquês de Pombal, e o ter que lidar com todas as intrigas da Corte, que acabaram por a levar à loucura, podem ser lidos neste livro de Isabel Stilwell.

 ......E assim no ano de 1792, devido à doença de sua mãe a rainha Dona Maria I, o Infante Dom João é nomeado príncipe-regente de Portugal.



 ......Com apenas 25 anos, o Infante Dom João é nomeado príncipe-regente de Portugal, devido à doença de sua mãe a Rainha Dona Maria I, só mais tarde após a sua morte que aconteceu no Brasil, é que veio a ser aclamado como Rei Dom João VI.

 ......Alguns historiadores, dizem que o Infante Dom João como era o segundo na linha de sucessão ao trono, não terá recebido uma educação igual à do seu irmão Dom José, que era o filho primogénito, e que portanto seria o herdeiro natural ao trono, mas com a morte prematura deste, o herdeiro passou a ser Dom João.

 ......Dizem esses mesmos historiadores, que o Infante Dom João talvez por ter tido uma educação mais descuidada, porque não era o filho primogénito, teria pouco tacto diplomático, e que talvez por isso é viemos a sofrer aquelas 3 Invasões Francesas, que tantos horrores provocaram em Portugal.

 ......Mas o Reinado de Dom João VI não viria a ser nada pacifico, e apesar da nossa história ter sido sempre bastante complexa, esta talvez tenha sido das épocas mais atribuladas que o reino viveu.  

 ......Entretanto, enquanto iam acontecendo essas alterações no trono de Portugal, no ano de 1804 Napoleão Bonaparte é proclamado Imperador de França. 



 Napoleão Bonaparte com as suas ideias megalómanas, envolve-se em guerra com as grandes potências um pouco por todo o Mundo, nas que ficaram para a história conhecidas como as Guerras Napoleónicas.

 ......Ano de 1805, A Batalha de Trafalgar.



 Em 1805, Napoleão Bonaparte faz uma aliança com Espanha, e, com uma armada conjunta tenta invadir Inglaterra pelo Canal da Mancha, mas os Ingleses vem ao seu encontro com uma poderosa armada comandada pelo famoso Almirante Nelson, que os derrotou na Batalha de Trafalgar.

 ......Ano de 1806, Napoleão Bonaparte decreta o Bloqueio Continental.



 Napoleão Bonaparte fica furioso por ter sido derrotado pelos Ingleses na Batalha de Trafalgar, e decreta Bloqueio Continental, onde exige que todos os Países Europeus fechem os seus portos aos barcos Ingleses, para assim os debilitar e provocar-lhes uma crise interna.  

 ......Portugal nesta altura era governado pelo ainda príncipe-regente Dom João VI, que não acatou essa ordem de bloqueio devido a uma aliança que tinha com a Inglaterra, e deve ser aqui que os historiadores consideraram que teria existido pouca habilidade diplomática.

 ......Napoleão ficou furioso, por Portugal um pequeno País à beira mar plantado não ter acatado a sua ordem de Bloqueio Continental ao comércio com a Inglaterra.

 ......Na página 147 do livro A Villa de Vallongo, o Padre Joaquim diz o seguinte sobre este episódio da nossa história:

 ......Napoleão jurou vingar-se de Portugal, e em segredo celebrou com o Rei de Hespanha, Carlos IV, o tratado de Fontainebleau, onde ficou acordado que as tropas Francesas poderiam atravessar o território Espanhol para invadir Portugal.

 ......Depois de conquistado, o Reino de Portugal devia ser riscado do numero das Nações e dividido em três partes, que seriam repartidas da seguinte maneira:

 ......A parte comprehendida entre entre o Douro e o Minho, onde está Vallongo, pertenceria ao Rei da Etruria; o Algarve e o Alentejo ficariam para o Rei de Hespanha, e o resto ficaria em poder de França.

 ......Para conseguir este fim começaram aquelas invasões, que todos conhecem e que tanto mal fizeram a Portugal e a Vallongo...... 

 ......Ano de 1807, a primeira Invasão Francesa. 

 ......Com a conivência de Espanha para poder atravessar o seu território, Napoleão Bonaparte manda as suas tropas invadir Portugal.



 A primeira Invasão Francesa foi comandada pelo General Junot.

 ......As tropas Francesas comandadas por Junot, vinham com ordens para invadir Portugal pela zona do Tejo e seguir rapidamente para Lisboa para aprisionar a família Real.





 ......Mas a aridez do terreno, e as muitas dificuldades que as tropas foram encontrando pelo caminho quase acabaram com elas, e quando chegaram a Lisboa a família Real e as Cortes já tinham partido com malas e bagagem para o Brasil.

......Alguns livros de história dizem mesmo que quando as primeiras tropas Francesas entraram em Lisboa, ainda viram ao longe, no Mar, as velas das Caravelas mais atrasadas que seguiam para o Brasil com as Cortes e a família Real.

 ......Nesta primeira Invasão Francesa as tropas Francesas comandadas por Junot, mantiveram Lisboa ocupada durante algum tempo, mas após muitas rebeliões, e depois com o auxilio de tropas Inglesas os Franceses foram expulsos de Lisboa, e acabaram por abandonar Portugal.

 ......Ano de 1808, a família Real e as cortes partem para o Brasil.

 ......Mal chegaram a Lisboa notícias de que as tropas Francesas estavam a invadir Portugal, a família real é aconselhada a partir para o Brasil, para que não viesse a ficar aprisionada pelas tropas Francesas.



 Existem muitas gravuras e pinturas, que retratam partida da família Real, das Cortes e de toda a Governação do reino para o Brasil, no ano de 1808.





 Pela quantidade de Veleiros que se vêem em todas as gravuras, a logística para fazer o transporte de toda a família Real, das Cortes e de toda a Governação do Reino com armas e bagagens para o Brasil, deve ter sido impressionante.

 Em todas as gravuras e pinturas onde está representada a partida da família Real para o Brasil aparece a Torre de Belém, por isso deduzo que o embarque foi por aqui pela zona de Belém.



 A Torre de Belém que aparece em todas as gravuras e pinturas, que retratam a partida da família Real para o Brasil, já existe desde o ano de 1520, desde a altura dos descobrimentos.  



 Uma pintura que retrata a chegada da comitiva da Família Real, das Cortes e de toda a governação do Reino ao Brasil, no dia 7 de Março de 1808.

 ......Apesar de toda a logística, e da enorme quantidade de Veleiros que foi necessário para fazer o transporte de toda a família Real, das Cortes, e de toda a governação com armas e bagagens para o Brasil, tudo acabou por correr bem.

 ......E todos se instalaram na Cidade do Rio de Janeiro, que nessa altura ficou a ser a capital do Reino, que passou a chamar-se Reino Unido de Portugal do Brasil e dos Algarves.

 .....Esta situação da família real ficar a governar a partir da cidade maravilhosa que é o Rio de Janeiro, veio a manter-se até ao ano de 1820, quando o Rei foi obrigado a regressar a Portugal, porque estavam a acontecer revoltas populares um pouco por todo o Reino. 

 ......Ano de 1809, a segunda Invasão Francesa.





 ......Logo após a retirada das tropas da primeira Invasão, Napoleão manda novamente invadir Portugal, nesta segunda invasão as tropas Francesas foram comandadas pelo General Soult.

 ......Nesta Segunda Invasão quem sofreu mais foi o Norte de Portugal, toda a zona Norte foi muito massacrado pelas tropas Francesas, no Porto aconteceu desastre da Ponte das Barcas, onde terão morrido mais de 4 mil pessoas na fuga às tropas francesas, quando tentavam atravessar o Rio Douro.  

 ......Na página 148 do livro A Villa de Vallongo, o Padre Joaquim diz o seguinte sobre a Segunda Invasão Francesa:

 ......Mas novas desgraças nos estavam reservadas, porque em 1809 o General Soult às ordens de Napoleão vence com 30 mil soldados na Galiza o exército Anglo-Espano, toma a Corunha a 20 de Janeiro, occupa Tuy d'ahí a um mez.

 ......E attravessando o Minho apodera-se de Valença e Braga a 20 de Março, cahindo logo sobre o Porto, que então era defendida por 24 mil soldados e 200 boccas de fogo, comandados pelo próprio Bispo, estas tropas fizeram frente ao inimigo e venceram-n'o nos dias 27 e 28. 

 ......Mas no dia 29 os Franceses redobrando as suas forças, forçaram os Portugueses já gastos e cansados a abandonar a Cidade do Porto, retirando-se para Villa Nova de Gaya tendo levantando os alçapões da Ponte de Barcas que havia no rio, com o fim de oppôrem uma barreira ao inimigo.

 ......No dia 29 de Março de 1809 aconteceu o trágico acidente da Ponte das Barcas, que enlutou toda a Cidade do Porto, terão morrido mais de 4 mil pessoas, porque ao fugirem à frente das tropas Francesas, terão tentado atravessar a ponte para o lado de Villa Nova de Gaya, sem verem que os alçapões da ponte estavam levantados. 

 ......Ano de 1809, o desastre da Ponte das Barcas. 



 A tela original evocativa da tragédia da Ponte das Barcas, encontra-se num altar da Igreja de São José das Taipas, junto ao Jardim do Carregal. 



 A tragédia da Ponte das Barcas



 Antiga tela, onde podemos ver como era Ponte das Barcas. 




 Esta ponte feita de Barcas, tinha um engenhoso sistema de abertura, a que o Padre Joaquim no livro A Villa de Vallongo, chama alçapões, que eram abertos para dar passagem aos barcos que pretendiam subir o rio. 






 Na Ribeira do Porto, mesmo em frente ao local onde existia a Ponte das Barcas, foi erigido um altar em homenagem às vitimas do desastre, onde se pode fazer uma oração ou simplesmente colocar uma vela, neste local existe uma placa informativa do Município que diz o seguinte: 

 ......Alminhas da Ponte.

 ......Baixo relevo em bronze realizado em 1897 pelo escultor Teixeira Lopes (pai), representa a Tragédia da Ponte das Barcas ocorrido aqui a 29 de Março de 1809, aquando do cerco da Cidade pelas tropas Francesas do Marechal Soult, centenas de populares em fuga tentaram atravessar o Rio Douro lançando-se à ponte que cedeu sob o seu peso, este é hoje um local de crença e devoção das gentes do Porto. 



 O baixo-relevo em bronze onde está representado a Tragédia da Ponte das Barcas.

 ......Na página 149 do livro A Villa de Vallongo, o padre Joaquim continua a dizer sobre a Segunda Invasão Francesa:

 ......Foi então que se deu esse acontecimento que encheu de luto a cidade toda, porque atras do exército correu o povo que fugia dos Franceses a quem olhava como inimigos e de quem fazia o conceito de feras, e que não podendo com a precipitação notar a ruptura da ponte se foi um ao outro empurrando para o abysmo.

 ......Calcula-se que morreram umas 5:000 pessoas, muitos senão todos os historiadores, lançam a culpa d'este desastre ao Bispo e outros dirigentes do exército a quem alcunham de ineptos e ignorantes na arte da guerra, mas a nós parece-nos serem modos de ver as coisas.

 ......Pois que assim como a fuga do exército e a ruptura da ponte produziram consequências tão funestas, se o povo não corresse tão doidamente atras d'elle, o que não podia ser previsto, tal acção podia até julgar-se como grande medida estratégica, pois assim livravam-se as tropas de uma derrota certa, poupava-se ao Porto uma ruína notável e formava-se no rio uma trincheira que o inimigo com dificuldade superaria. 

 ......Ficando senhores da cidade do Porto, os franceses conservaram-se n'ella por espaço de 45 dias, durante os quaes roubaram tudo quanto encontraram de valor tanto nas Egrejas e Conventos, como nos edifícios públicos.

 ......Na página 150 do livro A Villa de Vallongo, o Prº Joaquim continua a dizer sobre a Segunda Invasão Francesa, e sobre uma Divisão Francesa que foi enviada para Valongo:

 ......Depois de 45 dias no Porto o exército Francês avança sobre Lisboa, mas foi vencido em Grijó pelo exército Alliado, Soult recolheu novamente ao Porto, e mandou logo a divisão comandada por Mermet para Vallongo, afim de conservar as communicações entre o Porto e Amarante para onde tinha transportado a sua artilharia e bagagens. 



 ......Foi quando essa divisão Francesa comandada por Mermet chegou a Vallongo, que esta terra começou a sentir verdadeiramente os effeitos horrorosos désta guerra invasora e iniqua, feita por soldados desmoralizados, e de fé perdida pelas ideias revolucionárias em que viviam há muitos anos.

 ......Os Franceses senhores de um País que julgavam conquistado, levaram por toda a parte a tyrania, a miséria e a morte, e era tal o medo que d'aquela gente estava o povo possuído que à sua chegada aqui, grande parte dos habitantes, escondendo os seus tesouros e haveres, fugiram para lugares escondidos e distantes.

 ......A Majestosa Igreja de Vallongo, que então estava só em paredes e coberto, foi convertido pelas tropas Francesas em cavalariça e arsenal, os soldados, aboletados por jeito ou à força nas casas particulares, praticavam aí com uma petulância e atrevimento inaudito toda a sorte de patifarias e desordens. 



 Valongo era assim na altura em que o Marechal Soult mandou para aqui uma divisão comandada por um tal Mermet, para proteger as linhas de abastecimento entre o Porto e Amarante.

 Como se vê Valongo nesse tempo não passava  de uma pobre povoação rural, por isso é que no livro A Villa de Vallongo, o padre Joaquim diz, A Majestosa Igreja de Valongo, porque ela é mesmo imponente comparada com tudo o que se vê à volta, esta antiga fotografia abarca toda a cidade de Valongo, e o Lugar do Susão.



 Fotografia actual do ano 2020 com o mesmo enquadramento da anterior, passados que estão 211 anos, a Igreja de Valongo já não nos parece tão imponente, até temos alguma dificuldade em a localizar dado o número de edifícios à sua volta.

 ......Na página 150 do livro A Villa de Vallongo, o padre Joaquim continua a dizer sobre a Segunda Invasão Francesa, e sobre a Divisão Francesa que foi enviada para Valongo:

 ......Durante a permanência das tropas Francesas em Vallongo, aconteceram factos que a titulo de curiosidade não podemos deixar de relatar, e nas páginas 150, 151 e 152 o Prº Joaquim faz alguns relatos sobre as patifarias que as tropas Francesas faziam à população de Valongo, que não são nada abonatórios.

 ......Segundo o Prº Joaquim, terão morrido em Vallongo muitos Franceses, como podemos deduzir por este pequeno excerto que está na página 152, onde ele diz o seguinte sobre um proprietário de uma habitação em Valongo que tinha sido ocupada por soldados Franceses:

 ......A sua paciência esgotou-se n'um repente, e com um murro fez voar pelos ares a luz que os alumiava, e, acto continuo, enquanto a tropa Francesa estupefacta estava a ver o que seria aquelle estrondo, deita a mão a um machado que tinha perto e começou a descarregar pancadaria.

 ......Enquanto houve em casa sinaes de vida Francesa descarregou sempre, mas a sua habitação ficou em paz, dizia elle, na madrugada do dia seguinte com o mesmo cynismo e tranquilidade enterrou-os a todos no quintal e já foi honra de mais, porque n'esta terra muitos encheram deles os seus poços.    



 Fotografia do Arquivo Histórico de Valongo, onde vemos a Estrada Velha que seguia para o Porto através do Monte Alto.

 Como vemos também nesta fotografia, Valongo não passava de uma pobre povoação rural na altura em que o Marechal Soult mandou para aqui uma divisão comandada por um tal Mermet, para proteger as linhas de abastecimento entre o Porto e Amarante.



 Ano de 2020, fotografia actual mais ou menos com a mesma vista da anterior, se fosse hoje passados que estão 211 anos, as tropas Francesas teriam que ir acampar para outro lado.

 ......Na página 152 do livro A Villa de Vallongo, o padre Joaquim continua a dizer sobre a Segunda Invasão Francesa, e sobre a Divisão Francesa que foi enviada para Valongo:

 ......Dias de paz não tiveram os invasores Franceses durante o tempo que estiveram n'esta terra, mas também foram imensas as desgraças por eles causadas em mortes violências e rapinas, não somente levaram tudo quanto encontraram de riqueza nas casas particulares.

 ......Mas na Egreja Parochial roubaram uma grande quantidade de objectos de Prata e Ouro, quatro lanternas de Prata e seis varas de Pállio do mesmo metal, de que é feita mensão num documento de 1739 que diz ser o inventário dos haveres da Confraria do Santíssimo Sacramento, desapareceram por essa ocasião, e muitas casas sofreram desmandas, ruína e prejuízos incalculáveis.

 ......Na página 153 do livro A Villa de Vallongo, o padre Joaquim continua a dizer sobre a Segunda Invasão Francesa, e termina esta parte da ocupação de Valongo pelas tropas Francesas:

 ......Mas em paga da ruína e dos prejuízos causados a Vallongo pelas tropa Francesas, larga vingança tomaram d'elles os Vallonguenses e se tão cedo d'aqui não saíssem mais derrotas ainda sofreriam, quando mais tarde vencidos e escorraçados esses miseráveis fugiam para a sua pátria, tiveram também no numero dos vencedores uma coluna bastante forte de milicianos de Vallongo, que muito se distinguiram nas imensas batalhas que o exército Aliado venceu.        

 ......E esta Segunda Invasão Francesa comandada por Junot, termina após uma batalha travada no Porto nesse mesmo ano de 1809, em que as tropas Francesas sofrem uma pesada derrota e batem em retirada para Espanha com muitas baixas e muitos feridos.

 ......Ano de 1810, a terceira Invasão Francesa.

 ......Napoleão Bonaparte não se dando por vencido, manda novamente as suas tropas invadir o Reino de Portugal.



 A terceira Invasão Francesa começou em 1810, e prolongou-se até meados de 1811, foi comandada pelo marechal Massena, a quem Napoleão Bonaparte chamava o filho querido da vitória.

 ......Mas esta Terceira Invasão também estava condenada ao fracasso, também desta vez o exército de Napoleão acabou por sair derrotado, para essa derrota muito contribuiu o General Wellington que comandou as tropas Anglo-Lusas, devido às estratégias que terá utilizadas no campo de batalha.

 ......E assim depois das tropas Francesas comandadas pelo General Massena terem sido derrotadas, e terem regressado definitivamente a França, depois de três tentativas de invasão fracassadas Napoleão Bonaparte desiste, e abandona em definitivo a ideia de conquistar Portugal.

 ......Terminadas as Invasões Francesas a Família Real, as Cortes e toda a governação continuam a governar Portugal a partir do Brasil.   

 ......No ano de 1816, morre no Brasil na Cidade do Rio de Janeiro a Rainha Dona Maria I, mãe do Príncipe Regente Dom João VI.



 Ano de 1816, Dona Maria I, que foi a primeira rainha de Portugal faleceu no Brasil, e foi sepultada no Convento da Ajuda na Cidade do Rio de Janeiro.



 ......Anos mais tarde, em 1821 já após o regresso da Família Real a Portugal, os restos mortais de Dona Maria I foram transladados para Portugal e foram depositados na Basílica da Estrela em Lisboa.

 Curiosamente a construção desta Basílica da Estrela em Lisboa, começou no ano de 1779 por ordem da Rainha Dona Maria I, em cumprimento de uma promessa, mal sabia ela que os seus restos mortais iriam aqui ser depositados.



 ......O Mausoléu onde estão depositados os restos mortais da Rainha Dona Maria I, na Basílica da Estela.  

 ......Ano de 1818, após a morte de sua Mãe a Rainha Dona Maria I, Dom João VI é aclamado como Rei na cidade do Rio de Janeiro no Brasil.



 Ano de 1818, a cerimonia de aclamação de Dom João VI como Rei, do Reino Unido de Portugal do Brasil e dos Algarves, e tomou o cognome de o Clemente. 

 ......Ano de 1820, o Rei Dom João VI, as cortes e toda a governação continuam a governar Portugal a partir do Brasil. 



 Ano de 1820, Dom João VI continua no Brasil, e Portugal continuava a ser governado a partir de lá.

 ......Em Portugal começam a aparecer revoltas um pouco por todo o lado, devido à forma como vínhamos a ser governados por estrangeiros desde o fim das Invasões Francesas, começa então a Revolta Constitucional de 1820, onde é exigido o regresso do Rei Dom João VI a Portugal.  

 ......Agora à minha maneira e também de uma forma muito simplista, vou fazer um pequeno resumo de como começou a Revolução Liberal, durante a qual aconteceu A Batalha de Ponte Ferreira que é o cerne desta minha publicação.

 ......No ano de 1820, rebenta no Porto a Revolução Liberal. 

 ......A Revolução Liberal teve o seu inicio no ano de 1820 na Cidade do Porto, um dos objectivos dos revolucionários era recuperar a governação do País, que desde o fim das Invasões Francesas era governado por Ingleses, e iam acontecendo muitas injustiças.

 ......Outro objectivo era lutar contra um regime Absolutista que nessa altura ia reinando em Portugal.

 ......Toda a população Portuguesa, e muito em especial o povo do Porto que sempre foi muito revoltado contra as injustiças andava muito descontente, porque desde as Invasões Francesas que originaram a fuga para o Brasil do Rei João VI, com as Cortes e toda a governação, para que não viessem a ser feitos prisioneiros pelas tropas Francesas, Portugal estava a ser governado por estrangeiros.

 ......Mas o objectivo principal desta Revolução que começou no Porto e que depois se alastrou um pouco a todo o País, era fazer que o Rei Dom João VI e a governação regressassem do Brasil, e voltassem a tomar as rédeas do poder em Portugal que tão mal andava.

 ......O Rei Dom João VI e as Cortes acabaram por regressar a Portugal um ano mais tarde, em 1821, mas o seu filho mais velho o Infante Dom Pedro, que era quem estava na linha directa de sucessão ao trono de Portugal ficou no Brasil, e acabou mesmo por declarar a Independência do Brasil no ano de 1822, vindo mais tarde a ser aclamado como Dom Pedro I, o primeiro Imperador do Brasil.

 ......Na página 153 do livro A Villa de Vallongo, o padre Joaquim descreve assim esse tempo conturbado que medeia entre o fim das Invasões Francesas, e o inicio da Revolta Popular:

 ......Depois da expulsão dos Franceses as sympathias constitucionais haviam crescido, assás principalmente devido à grande influência da Inglaterra no nosso país.

 ......O Porto, cidade das grandes empresas e sempre nobres aspirações, enthusiasmada pela aurora de uma falsa liberdade que lhe parecia surgir n'um mar de rosas por entre as negruras terroríficas e medonhas das antigas instituições, abalançava-se à realização gygantesca de um ideal sublime que há annos havia sonhado.

 ......E, no auge do seu enthusiasmo, revoltou-se contra a Regência do Reino, que tinha sido nomeada por Dom João VI quando fugiu dos Franceses para o Brasil, attraindo ao seu movimento todo o Norte e Sul do País e terminando por lançar as bases de uma nova Constituição que acabaria por ser jurada por Dom João VI em Setembro de 1822.

 ......Ano de 1821, finalmente o Rei Dom João VI regressa a Portugal.



 No ano de 1821, finalmente o Rei Dom João VI regressa a Portugal, após os Soldados de vários quartéis se terem amotinado exigindo o seu regresso.

 ......O desembarque do Rei das Cortes e de toda a governação do Reino foi a 4 do mês de Julho de 1821 no Terreiro do Paço em Lisboa, mas ficou no Brasil como Regente o seu filho primogénito o Infante Dom Pedro.

 ......Ano de 1822, o Infante Dom Pedro que tinha ficado no Brasil como Regente declara a Independência do Brasil.



 No dia 7 de Setembro de 1822, junto ao Rio Ipiranga, Dom Pedro desembainhou a espada e disse:

 ......Pelo meu Sangue, minha Honra, meu Deus, eu juro dar ao Brasil a Liberdade, e terá gritado Independência ou Morte, este episódio ficou conhecido como O Grito do Ipiranga

 ......No ano de 1824, Dom Pedro é aclamado como Imperador do Brasil.



 No dia 12 de Outubro de 1824, no dia em que fazia 24 anos, Dom Pedro foi aclamado como Imperador do Brasil.



 A coroação de Dom Pedro I, como Imperador da Brasil só veio a acontecer a 1 Dezembro desse mesmo ano de 1824, foi o primeiro Imperador do Brasil, e manteve-se como tal até à sua abdicação no ano de 1831, vindo depois durante um pequeno período de tempo, entre Março e Maio de 1826 a ser Rei de Portugal e dos Algarves, como Dom Pedro IV. 

 ......No ano de 1823 começam a acontecer em Portugal as primeiras revoltas do movimento Absolutista, que antecederam os 6 anos que durou a Guerra Civil.

 ......Na página 154 do livro A Villa de  Vallongo, o padre Joaquim escreve o seguinte sobre esta Guerra Civil, a que ele chama Guerra Fratricida:
 ......Começou então em Portugal aquella desastrosa Guerra Civil que tanto mal causou a Vallongo, que estando muito perto do Porto centro de todo o movimento revolucionário, por muitas vezes serviu de campo para as suas operações militares, chegando mesmo a partilhar das suas alegrias e tristezas.

 ......Tempos de luto e morte, os nossos avós que julgavam viver debaixo de um jugo de ferro a quererem soltar o grito dos povos livres, e alcançarem uma victória cujos louros não gozaram, matam-se uns aos outros n’uma Guerra Fraticida!...

 ......Pobres Loucos! A liberdade por que elles tão ansiosamente suspiraram era um mitho, e aqueles que aos ingénuos fallavam d'ella uns enganadores! Hoje quem hade dizer que as bellezas e os bens que o novo systema nos trouxe era aquilo por que morriam os Martyres da Liberdade.



 A 27 de Maio de 1823 acontece uma insurreição em Vila Franca de Xira, que ficou conhecida como Vilafrancada.

 ......Devido a alguns acontecimentos, o ano de 1823 trouxe ao Movimento Absolutista a ocasião porque muitos estavam à espera, e liderados pelo Infante Dom Miguel começaram a fazer frente às investidas dos revoltosos Liberais do Norte, foram mesmo dados vivas ao regresso a uma Monarquia Absoluta, e que a nova constituição que tinha sido jurada pelo Rei Dom João VI, fosse posta de lado. 

 ......Em 1824, o Rei Dom João VI apesar de já doente consagra o último ano do seu reinado a tentar resolver o problema suscitado após a independência do Brasil, e antes de morrer ainda chega a nomear Dom Pedro como seu sucessor, na tentativa de voltar a unir os dois Reinos......

 ......Ano de 1826, no mês de Março morre o Rei Dom João VI.



 No dia 10 de Março de 1826 morre o Rei Dom João VI.

 ......Na página 159 do livro A Villa de  Vallongo, o padre Joaquim descreve este tempo conturbado que medeia entre a morte de Dom João VI, e o regresso de Dom Pedro a Portugal:

 ......Entretanto a inconstância de Dom João VI que então governava, ia fazendo variar de anno para anno a forma do governo chegando a mandar sahir de Portugal o Infante Dom Miguel que por vezes se tinha posto à frente do movimento anti-liberal, a morte do Rei Dom João VI a 10 de Março de 1826 veio collocar o Reino em estado de maior revolução.

 ......Quando Dom Miguel, havendo em Vienna de Áustria jurado a Carta Constitucional foi nomeado Regente do Reino e voltou para Portugal, os Realistas julgaram-se vencedores, porque viam deixar o exílio o seu muito Amado Rei, e por isso cantavam:

          ......Dom Miguel chegou a Bordo,
          ......Sua mãe lhe deu a mão,
          ......Vem ó filho da minha alma,
          ......Não queiras a Constituição,
          ......Rei chegou, Rei chegou,
          ......Em Belém desembarcou.


 ......Dissemos que Dom Miguel era para este povo o muito amado Rei, porque até lhe cantavam: 

          ......Quando os passarinhos choram,
          ......Que não têem entendimento,
          ......Que fará quem não tem visto,
          ......Dom Miguel à tanto tempo.


 ......A mãe de Dom Miguel, a Rainha Dona Carlota Joaquina era inimiga de morte da Constituição.

 .......Chegando a Portugal, Dom Miguel foi eleito Rei, e para abafar uma revolta do partido Liberal no Porto, mandou fazer a execução no meio da Praça Nova de seis chefes em quem a politica ou a intriga fez cahir a responsabilidade d'aquele crime de leza-Magestade.

 ......Não sabemos de que lado estava a razão, nem pertence a nós averigua-lo, mas aquele acto manchou o Reinado de um Rei de tão bom coração, que tão pouco tempo governou e encheu de luto o Porto, e Portugal todo, em Vallongo segundo dizem alguns velhos, com tamanha tristeza pela execução o Sol até não terá nascido n'aquelle dia.

 ......A maioria da população era Realista, mas os restantes tremendo de medo, vestiam-se de luto ao lembrarem-se de que a elles poderia acontecer o mesmo, porque tinham um inimigo que lhes queria mal e aproveitava a occasião de se vingar cruelmente.

 ......Quantos crimes e horrores que a história não conta, mas que a memória dos nossos antigos ainda recordam com tristeza! Conta-se que n'esse dia um bom padre, conhecido pelo nome de Vicente, pediu ao fim da missa na nossa Igreja Parochial, um Padre Nosso pelas almas d'aquelles padecentes que morreram no Porto.

 ......Logo os mais faciosos tomando-o por conivente no crime perseguiram-n'o de tal maneira, que logo que acabou a missa o Padre Vicente nunca mais tornou a ser visto, dizem uns que o mataram, e outros que vendo elle o perigo em que andava metido, se terá retirado para o Porto, onde terá vivido escondido com a sua família......      

 ......Ano de 1832, Dom Pedro desembarca na Praia do Mindelo.



 No dia 8 de Julho de 1832, a armada de Dom Pedro desembarca três Léguas a norte do Porto, na Praia do Mindelo, 15 dias antes da Batalha de Ponte Ferreira.

 ......Na página 163 do livro A Villa de Vallongo, o padre Joaquim descreve a reunião das forças Liberais nos Açores, e o regresso de Dom Pedro a Portugal:

 ......Entretanto no archipelago dos Açores operavam-se prodígios de valor, e a meia dúzia de bravos que ali se haviam refugiado defendiam-se com tanta coragem, valentia e fortuna que os seus contrários, embora tentassem por várias vezes conquistá-los nunca o conseguiram.

 ......O Conde de Villa Flor à frente de todo o movimento foi engrossando ahí as suas tropas com immensos descontentes e apaixonados que todos os dias iam chegando, e, mais tarde, tendo expulsado os Realistas de todas as ilhas circunvizinhas, estabeleceu então um governo provisório para governar o Reino em nome de Dona Maria II e de Dom Pedro IV.

 ......Dom Pedro veio então do Brasil para a Europa, e reuniu tanto de França como de Inglaterra todos os Portugueses que ainda por lá existiam emigrados, bem como um grande número de estrangeiros engajados ao serviço da Rainha e partiu para a Ilha Terceira aonde desembarcou, tomando posse da Regência de Portugal e seus domínios a 3 de Março de 1832.

 ......Em quatro meses Dom Pedro pondo em prática toda a sua actividade pôde dispor de cinco navios armados e equipados, e do transporte necessário para 7:500 homens que fez embarcar na Ilha Terceira, vindo ancorar na bahia do Mindelo, três léguas ao norte do Porto, a 8 de Julho de 1832.

 ......São memoráveis as palavras que Dom Pedro dirigiu aos seus soldados antes do desembarque na Baía do Mindelo:

 ......Soldados! lhes disse, aquellas praias são as do malfadado Portugal; alli vossos pais, mães, filhos, esposas, parentes e amigos, suspiram pela vossa vinda e confiam nos vossos sentimentos, valor e generosidade, vós vindes trazer a paz a uma nação inteira, e a guerra somente a um governo hipócrita, despótico e usurpador, a empresa é toda de glória, a causa justa e nobre, a vitória certa.        

 Foi nesta Baía do Mindelo, que fica 3 léguas a norte da Cidade do Porto, que no dia 8 de Julho de 1832 Dom Pedro IV desembarcou com o seu Exército Liberal de 7500 homens, no ano de 1840 foi aqui erigido este Obelisco, em homenagem ao desembarque das forças libertadoras, e tomou o nome de Praia da Memória.

 ......Na página 164 do livro A Villa de  Vallongo, o padre Joaquim descreve assim o desembarque das tropas no Mindelo:

 ......O Mistério desta Guerra Fratricida.

 ......E era assim, o governo Miguelista tinha-se tornado desconfiado e cruel, e à sua sombra os seus sequazes julgavam-se com o direito de praticar toda a sorte de crueldades e vinganças, por isso a vinda de Dom Pedro era para os Liberais suspirada como a de um Libertador, como elles lhe chamavam, pois que durante estes tempos de terror viviam atrofiados como debaixo de um jugo de ferro.

 ......Pelas duas e meia horas da tarde começaram as tropas a desembarcar, e, uma vez em terra, procuraram logo fortificar-se para estarem ao abrigo de qualquer ataque inimigo, entrando no dia seguinte, 9 de Julho no Porto.

 ......Aqui é que começa o mystério desta Guerra Fratricida de cem contra dez, e estes cem deixaram-se prender e matar pelos dez sem ao menos se defenderem! Pois como cabe na cabeça de alguém que tenha juízo, que a não ser por razões mysteriosas.

 ......Ninguém intende que o Conde de Santa Marta que comandava o exército do Porto para defender a cidade dos liberais, com um exército muito grande, quando soube que o inimigo se aproximava com um punhado de homens, tivesse fugido para o sul abandonando a cidade, e o brigadeiro José Cardoso, estando com um forte exército a guardar a Praia do Mindelo, ao ver as tropas a desembarcar não mandasse dar um tiro e se retirasse cobardemente. 

 ......Um historiador que lemos a este respeito, diz que as tropas Realistas depois d'este facto terão perdido toda a sua força moral e fysica, e com certeza parece-nos que não era preciso mais nada para ficarem a conhecer que ali havia mais que traição.  



 O Obelisco erigido na Praia da Memória.

 ......Na página 165 do livro A Villa de Vallongo, o padre Joaquim continua a descrever esta mysteriosa Guerra Fratricida, entre os irmãos Dom Miguel e Dom Pedro:

 ......É também um facto incontestável que, durante o cerco do Porto, os generaes Miguelistas tinham de noite livre entrada na Cidade aonde iam jogar o solo, beber café e assistir a bailes e theatros, confraternizando com os seus inimigos.

 ......A um dos soldados de Dom Pedro encurralado dentro do Porto ouvimos dizer que quando na cidade não havia mantimentos nem munições, vinham fora da cidade dar uma corrida aos Miguelistas.

 ....Porque já sabiam que estes levando consigo grande quantidade de pólvora e trigo avançavam até um lugar aprazado, chegados ao qual, as cornetas tocavam a retirar em debandada, deixando em poder do inimigo tudo quanto tinham levado, o povo estava tão convencido desta combinação entre os irmãos que até cantava nas horas vagas:

              ......Entre Pedro e Miguel
              ......Ninguém metta o seu nariz
              ......Dom Pedro subiu ao throno
              ......Dom Miguel assim o quiz   



 O exército Liberal de Dom Pedro, entrou na Cidade do Porto no dia imediato ao desembarque na Praia do Mindelo, a 9 de Julho de 1832.

 ......Quando as tropas Liberais entraram no Porto ficaram admirados, o exército Realista tinha abandonada a cidade, porque os seus Generais terão pensado, que os Liberais tinham desembarcado no Mindelo com um enorme exército, e por isso terão resolvido retirar da cidade para não serem aí derrotados.

 ......Na página 165 do livro A Villa de  Vallongo, o padre Joaquim descreve assim a chegada de Dom Pedro à Cidade do Porto:

 ......Logo que na cidade do Porto houve conhecimento da approximação da armada de Dom Pedro, partiu na madrugada do dia 8 que era Domingo, uma força a toda a brida para Vallongo a chamar a musica do exército do Porto que então aqui se encontrava  para tocar na festa de Santo António, dando a notícia de que Dom Pedro ia desembarcar as suas tropas, e que o exército Realista iria retirar do Porto para as deixar entrar.

 ......Esta noticia foi conhecida em Vallongo talvez mais cedo do que em qualquer outra parte, era Juiz n'esse anno em Vallongo, Joaquim da Fonseca Dias, grande constitucional apaixonadíssimo pelas ideias Liberais, sogro do já falecido Dr. Lino Valle, que era desembargador da Relação do Porto, e dizem os velhos que já n'esse dia no Cortejo as senhoras da sua família, bem como outras correlegionárias, levavam a prender o cabelo fachadas de azul e branco.

 ......E por causa d'estas baralhadas, embora se fizessem as solenidades na Igreja, à noite já não houve o fogo de artificio que era costume queimar-se, e em Vallongo só voltou a haver festa em 1836.



 O Padre Joaquim diz que no Domingo, dia 8 de Julho as senhoras que participaram no cortejo em honra a Santo António que se realizou em Valongo, levavam a prender o cabelo fachadas de azul e branco, porque o azul e o branco eram as cores de fundo da Bandeira dos Liberais de Dom Pedro.  

 ......Na página 167 do livro A Villa de  Vallongo, o padre Joaquim continua a descrever a chegada de Dom Pedro à Cidade do Porto, e as manobras militares que antecederam A Batalha da Ponte Ferreira:

 ......Na semana seguinte, quando houve a certeza de que no Porto entrara Dom Pedro, ahí acudiram todos os seus apaixonados n'esta terra que começaram logo a cantar victória e, julgando-se vencedores, a exercer violências.

 ......Quando no dia 17 pela 1 hora da manhã Dom Pedro mandou para Vallongo o Coronel Hodges com parte do Batalhão Inglês ao seu comando, o primeiro batalhão do regimento de infantaria nº 18 e um destacamento de 40 guias a cavalo para expulsar e correr os Miguelistas.

 ......Vinham na vanguarda d'estas forças os Liberais de Vallongo, que antes de fazer guerra ao exército Realista começaram a perseguir cidadãos indefesos que sabiam perfilhavam ideias contrárias ou eram seus inimigos pessoais, e se não houve mais vitimas a lamentar, é porque todos os que eram odiados por constitucionais na sua maior parte tinham fugido de suas casas.



 ......Entretanto o Coronel Hodges foi informado em Vallongo, que os Realistas tinham passado o Douro e tinham ocupado Penafiel, dirigiu-se a Recarei para verificar essa notícia.

 ......Retrocedendo novamente sobre Vallongo, com vista de ser reforçado, como foi por duas peças de artilharia calibre 3 guarnecidas por uns 25 académicos de Coimbra, e mais 400 homens do batalhão de voluntários da Rainha. 



 Soldados na Serra do Pilar em Vila Nova de Gaia, com peças de Artilharia.

 ......Na página 185 do livro A Villa de  Vallongo, o Padre Joaquim conta a chegada de Dom Miguel ao Porto, no dia 5 de Novembro de 1832, ficando as tropas que o acompanharam acampadas no Monte Alto em Vallongo, a esse texto ele deu o titulo:

 ......Dom Miguel em Vallongo - O Cerco do Porto.



 ......O Rei Dom Miguel, a quem não tinham talvez agradado os successos da guerra, quiz com a sua presença animar suas tropas, e, planeado o Cerco do Porto, vir dirigi-lo em pessoa, ou conhecer mais de perto a traição de seus generaes, e com este fim, deixando Lisboa para nunca mais lá entrar, veio com um grande exército sobre o Porto.





  ......Chegando às vistas da cidade, atravessou o Rio Douro em Campanhã, e, seguindo por São Cosme e Fanzeres, entrou pelo Monte Alto em Vallongo, onde acampou com a sua gente e se conservou por espaço de 2 Mezes hospedado com suas irmãs em casa de Bernardo Martins das Neves, casa onde  hoje estão estabelecidos os Paços do Concelho.

 ......O Rei Dom Miguel em Vallongo era o encanto de toda a gente, principalmente da gente Miguelista que era em maior numero e quase o adorava como um Deus, recebendo-o no meio das maiores aclamações de enthusiasmo e saudações de sympatia.

 ......Nas ruas por onde ele passava dizem os nossos velhos, reunia-se o povo em grandes multidões que soltavam delirantes vivas ao Snr. Dom Miguel Rei absoluto.

 ......E realmente, além da belleza de Príncipe, este Rei, embora muito inconstante, tornava-se symppático pelo seu carácter bondoso, afável e acessível a todos com quem tratava.

 ......As manchas da sua vida politica, estamos certos d'isso, são mais resultado das sugestões de apaixonados conselheiros do que fruto das suas intenções que eram boas.





 Foi nesta casa de habitação pertença do Sr. Bernardo Martins das Neves, em Vallongo, que no ano de 1832 ficou hospedado durante mais de 2 meses o Rei Dom Miguel.



 Na entrada do edifício onde ficou hospedado o Rei Dom Miguel no ano de 1832, existe uma placa do Município de Valongo que diz o seguinte:

 ......Antigos Paços do Concelho.

 ......O edifício, também conhecido por Casa do Município, foi edificado por Bernardo Martins da Nova no início do Século XIX, e serviu de habitação ao proprietário.

 ......Quando em 1837 Valongo foi elevado a Concelho, foi neste edifício que se instalaram por arrendamento os diferentes serviços públicos.

 ......Em 1874 e por autorização do Rei Dom Luiz I, é adquirido pela Câmara Municipal pela quantia de três Contos e Quatrocentos Mil Reis, e foi cede do município até 1989.

 ......Após obras de remodelação e adaptação, é em 2001 inaugurado com espaço destinado a Museu e Arquivo Histórico e mais recentemente loja interactiva do Turismo.



 Esta antiga casa de habitação em Vallongo, onde em 1832 ficou hospedado o Rei Dom Miguel, é desde 2001 o Museu e Arquivo Histórico Municipal de Valongo.

 ......Durante a Guerra Civil, na altura em que estava a acontecer o Cerco do Porto, as ruas e os montes à volta de Valongo serviram de palco a inúmeras escaramuças que foram travadas entre os exércitos da facção Liberal e da facção Absolutista.

 ......Na página 176 do livro A Villa de Vallongo, o Padre Joaquim conta a passagem do Imperador Dom Pedro pela Rua da Portellinha em Valongo, quando ia a caminho d'A Batalha de Ponte Ferreira, a essa passagem ele deu o título:

 ......Dom Pedro em Vallongo - A Batalha de Ponte Ferreira.



 ......Quando, pelas 8 horas da manhã o Imperador Dom Pedro passava à frente do seu exército pelas ruas de Vallongo, o enthusiasmo entre os apaixonados do seu partido chegou até ao delírio.

 ......As casa estavam engalanadas com bandeiras, e atroavam os ares calorosos vivas e salvas de palmas que das janelas lhe eram dadas com gritos de alegria, enquanto tudo que era Miguelista, triste e cabisbaixo, roía de portas cerradas a paixão que ia na alma.

 ......E' ainda a mesma "mis eu sceue" que sempre se repete à queda de todos os partidos, hoje exultam com vivas, morras e foguetório ao som do "fungagá" para amanhã ouvirem o mesmo d'aqueles a quem o fizeram.

 ......Foi da casa d'um seu admirador onde almoçou, já ao fim da Rua da Portellinha, que o Imperador Dom Pedro viu desfilar as suas tropas, tropas que depois seguiu até ao campo de batalha um kilometro mais distante.





 Segundo vários testemunhos foi nesta casa brasonada ao fundo da Rua Alves Saldanha que terá pertencido a uma família aristocrática, que ficou alojado o rei Dom Pedro, durante o tempo que durou a Batalha de Ponte Ferreira.

 E foi da varanda desta casa que depois Dom Pedro viu passar o grosso das suas tropas a caminho da Batalha de Ponte Ferreira, tropas que depois seguiu até ao campo da batalha que aconteceu um Kilometro mais à frente.



 A placa do Município de Valongo existente na antiga Rua da Portelinha, diz que esta Rua do Padrão juntou as antigas Rua da Portelinha, a Rua da Portela, e o Largo do Padrão, e diz que o Padrão que lá existe passou a ser Monumento Nacional em 1910.

 ......Na página 166 do livro A Villa de Vallongo, o padre Joaquim diz o seguinte sobre a Rua do Padrão:

 ......Rua do Padrão, é a Portella e a Portellinha antiga.

 ......Antes da Estrada Nova, já por alli passava por cima de ásperas fragas a Antiga Estrada Real, composta nos pontos mais irregulares com grandes pedras de calcário e schisto.

 ......O primeiro rebaixamento d'esta rua data de 1838 feito para tornar mais suave esse caminho que foi depois calcetado em 1840.

 ......A Estrada Nova, quando feita, abaixou o solo, mas nas extremidades ainda ficaram monos de fraga que só desapareceram em 1880, com a reforma que a Câmara deu a esta Rua.



 Uma antiga fotografia, da Rua da Portelinha, actual Rua do Padrão, onde o Imperador Dom Pedro almoçou na casa de um seu admirador, e donde terá visto as suas tropas passar, que depois seguiu até ao campo de batalha um kilometro mais distante.



 Outra antiga fotografia, da antiga Rua da  Portelinha, actual Rua do Padrão.

 ......Na página 168 do livro A Villa de  Vallongo, o Padre Joaquim começa a descrever a movimentação das tropas Liberais de Dom Pedro, antes da Batalha de Ponte Ferreira:

 ......No dia 18 os Liberais marcharam novamente fazendo alto em Baltar, e depois, atacando os Miguelistas em Penafiel, os venceram, retirando em seguida sobre Vallongo, e d'ahí para o Porto, porque constava que novas e importantes forças inimigas estavam a passar o Douro.

 ......Entretanto Santa Marta com a sua marcha para o Norte, tinha acampado em Recarei, e no dia 21 d'este mêz de Julho tomava posições em frente à Ponte Ferreira, com a divisão do seu comando na força de 10:000 homens, quatro esquadrões de cavalaria com perto de 200 cavalos e cinco peças de Artilharia.

 ......Nas ruas de Vallongo, São Mamede, Padrão e Praça Dom Luiz I, no dia 21 acampou o regimento de cavallaria que constituía a vanguarda do exército de Dom Miguel com vedetas destacadas em vários pontos da Serra da Senhora das Chans, na Estrada Velha, e ainda mais além no fundo da collina até légua e meia do Porto.

 ......Nas vistas de reconhecer o inimigo e os seus movimentos, fez Dom Pedro sair do Porto sobre Vallongo na madrugada de 22 o batalhão de caçadores nº 5 dos voluntários da Rainha, o batalhão da marinha, o batalhão Inglez, e o regimento de infantaria nº 18, com um destacamento de 80 guias a cavalo e quatro bocas de fogo.

 ......Comandava todas estas forças o coronel do regimento 18, Henrique da Silva Fonseca, acompanhado também pelo quartel mestre General Balthazar de Almeida Pimentel, bem como por um ajudante de campo de Dom Pedro e pelo General Conde de Vila Flor.

 ......Até à página 193 no livro A Villa de  Vallongo, o Padre Joaquim continua a descrever as manobras que foram acontecendo à volta do Porto, até que no dia 23 de Julho de 1832 acontece:

 ......A Batalha de Ponte Ferreira. 



 ......O exército da facção Absolutista de Dom Miguel, era constituído por cerca de 15000 homens, e o exército do Imperador Dom Pedro, os Liberais por cerca de 8000 homens, perfazendo um total de cerca de 23.000 militares em combate.
 ......Para além dos regimentos Portugueses de Artilharia, de Infantaria, e de Cavalaria, também participaram na batalha dois batalhões de soldados mercenários ao serviço de Dom Pedro IV de Portugal, um batalhão constituído por soldados Ingleses, e outro de soldados Franceses.
 ......As escaramuças entre os dois exércitos já tinha começado dias antes a 17 de Julho, quando os dois exércitos se começaram a defrontar em pequenos combates nas ruas e nos montes à volta de  Valongo. 

 ......No dia 22 de Julho o exército Liberal recebeu ordens para atacar as forças Miguelistas, que se encontravam instaladas numa linha de batalha sobre os montes situados adiante da povoação da Granja, na Freguesia de Gandra, que fica na margem direita do Rio Ferreira, já no Concelho de Paredes.

 ......As tropas Miguelistas estavam posicionadas numa extensa formação que se estendia até Chão de Terronhas, actual lugar de Terronhas, Freguesia de Recarei, no Concelho de Paredes.

 ......O extremo direito da linha chegava à margem esquerda do Rio Ferreira, em Balselhas, e era constituída pela 3.ª brigada com dois esquadrões de cavalaria e uma peça de artilharia, a força era protegida por uma íngreme colina, tendo o seu extremo esquerdo apoiado na Serra do Raio.

 ......Os dois exércitos estavam agora separados pelo Rio Ferreira, o qual apenas podia ser atravessado por uma antiga ponte de granito situada no Lugar de Ponte de Ferreira.

 ......Na manhã do dia 23 de Julho foi dada ordem para o exército liberal transpor a ponte, e durante mais de 12 horas os dois exércitos bateram-se em torno dessa Ponte Ferreira, sem que houve-se uma vantagem clara e definitiva de qualquer das partes, provocando grande número de mortos e de feridos nos dois exércitos.

 ......Na página 177 do livro A Villa de Vallongo, o Padre Joaquim descreve em pormenor todos os passos da batalha que se travou à volta da Ponte Ferreira, ele começa assim:

 ......Seriam 11 horas, quando as colunas constitucionaes, tomaram posições e apareceram ao inimigo, começando logo o tiroteio.

 ......A divisão ligeira comandada pelo Tenente Coronel Schawalbach, que formava a testa da coluna do centro, chegando ao Monte do Outeiro, que fica à direita da velha estrada que passa na Ponte Ferreira, a Norte da Egreja.

 ......Em São Martinho, rompeu o fogo sobre os caçadores realistas que guardavam a Ponte Ferreira, os quais entreteve vagarosamente para dar tempo a que a coluna da esquerda se empenhasse em combate, ela era composta pelo batalhão de oficiaes, do batalhão de cavalaria armado de espingardas, pela infantaria e pelo batalhão 18.

 ......Tendo-se conservado por Balselhas toda a tropa de reserva, enquanto que na sua frente a posição inimiga foi fortemente atacada, avançando sobre ella duas companhias do 18 comandadas pelo major Francisco de Paula Miranda, o batalhão Francez comandado pelo major Chichiri, e o batalhão Inglez comandado n'esta ocasião por um official que durante o cerco do Porto se tornou illustre e valente, o major Shaw.

 ......A narrativa que o Padre Joaquim faz sobre A Batalha da Ponte Ferreira, estende-se por um capitulo inteiro, onde são descritos com grande pormenor e minúcia todos os passos da batalha, e é por essa narrativa que chego à conclusão de que os combates entre os dois exércitos se estenderam por uma larga extensão, sempre pelas margens do Rio Ferreira.

 ......Os combates terão começado na Ponte Ferreira, passaram pela Igreja de São Martinho do Campo e prolongaram-se até ao Monte do  Outeiro, que fica já no sopé da Serra de Pias. 

 ......A Batalha de Ponte Ferreira apesar de ter originada mais de 2.000 vítimas entre mortos e desaparecidos, não teve vencedor de nenhumas das partes. 

 ......Durante os 6 anos que durou esta Guerra Civil em Portugal, entre os anos de 1828 e 1832, aconteceram muitas batalhas entre os exércitos da facção Liberais e da facção Absolutista.

 ......Segundo a "Wikipédia" foram muitos os Combates e as Batalhas que aconteceram durante a Guerra Civil, as batalhas terão começado ainda nos Açores, por onde Dom Pedro passou para reunir as suas tropas e depois avançar sobre a Cidade do Porto.

 ...A 4 de Outubro de 1828, na Ilha Terceira, trava-se O Combate do Pico do Seleiro.

 ...A 11 de Agosto de 1829, também na Ilha Terceira, trava-se A Batalha da Praia da Victória.

 ...Em Abril de 1831, na Ilha de São Jorge, acontece O Recontro da Ladeira do Gato.

 ...A 3 de Agosto de 1831, na Ilha de São Miguel, trava-se O Combate da Ladeira Velha.

 ...Depois já no Continente, entre Julho de 1832 e Agosto de 1833 aconteceu O Cerco do Porto.

 ...A 23 de Julho de 1832, trava-se A Batalha da Ponte Ferreira.

 ...Mas poucos dias antes da Batalha de Ponte Ferreira, em data desconhecida já se teriam travado Combates na Formiga, e em Ermesinde.

 ...A 5 de Julho de 1833, trava-se A Batalha do Cabo de São Vicente.

 ...A 23 de Julho de 1833, trava-se A Batalha da Cova da Piedade.

 ...Em 2 de Novembro de 1833, trava-se A Batalha de Alcácer do Sal.

 ...A 30 de Janeiro de 1834, trava-se A Batalha de Pernes.

 ...A 18 de Fevereiro de 1834, trava-se A Batalha de Almoster.

 ...A 26 de Março de 1834, trava-se A Batalha de Santo Tirso.

 ...A 24 de Abril de 1834, trava-se A Batalha de Sant'Ana.

 ...Em 16 de Maio de 1834 trava-se a Batalha da Asseiceira, esta que foi a derradeira batalha da Guerra Civil travou-se na povoação de Asseiceira, que fica próximo de Tomar.

 ...E foi nesta derradeira Batalha da Asseiceira, que o exército da facção Liberal, liderado por Dom Pedro conseguiu finalmente derrotar o exército da facção Absolutista, liderado pelo seu irmão Dom Miguel, onde estes últimos além de terem tido muitos mortas e feridos na batalha, ainda terão deixado mais de 1400 prisioneiros nas mãos dos Liberais.

 A Batalha da Asseiceira pôs finalmente termo ao reinado de Dom Miguel, que se viu obrigado a fugir para Evoramonte, onde depois acabou por ser assinada a paz, e de onde depois terá partido para o exílio na Alemanha.



 Dom Miguel faleceu no ano de 1866, na Alemanha onde estava exilado.

 ......O exército Liberal liderado por Dom Pedro, apesar de ter sofrido muitos revezes foi sempre resistindo, e depois de muitas escaramuças e batalhas, travadas um pouco por todo o Reino de Portugal acabou por triunfar, e no fim o Liberalismo acabou por sair vencedor.









 No dia 24 de Setembro de 1834, morre em Lisboa o Rei Dom Pedro IV.





 Dom Pedro IV, foi Rei em Portugal, mas também foi o 1º Imperador do Brasil, e o Brasil reclamou o seu corpo que está sepultado em São Paulo no Monumento da Independência do Brasil, próximo do Rio Ipiranga, onde Dom Pedro gritou a Independência do Brasil.

 No seu Mausoléu diz: Pedro I, Fundador do Império, 1º Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, 28º Rei de Portugal, 4º do nome. - 12.X 1798 - 24.IX.1834 

 ......O corpo de Dom Pedro foi para o Brasil, mas o seu coração ficou em Portugal.

 Dom Pedro faleceu muito novo com 36 anos, e estando já bastante doente, teve um gesto de grande Nobreza para com as gentes da Cidade do Porto que muito contribuíram para a vitória da causa Liberal.

 E como reconhecimento decidiu que à sua morte o seu Coração seria doado à Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto, onde se mantém até aos dias de hoje guardado num Sarcófago na Igreja da Lapa desde o ano de 1834, estando a chave à guarda da Presidência da Câmara do Porto. 



 O Sarcófago com o Coração de Dom Pedro IV, está guardado desde 1834 na Igreja da Lapa. 



 A Igreja da Lapa no Porto, onde está guardado o coração do Rei D. Pedro IV.



 A entrada principal da Igreja da Lapa. 



 O altar onde está guardado o sarcófago com o coração do Rei D. Pedro IV, na Igreja da Lapa. 

  Dom Pedro IV deixou o seu Coração na Cidade do Porto, mas também ele ficou para sempre no Coração da Cidade, porque no ano de 1866 foi-lhe erigido um Monumento no ponto mais nobre da cidade.





 O monumento em homenagem ao Rei D. Pedro IV, na antiga Praça Nova, que ficava mesmo em frente ao Palácio que albergava os Paços do Concelho.


 Anos mais tarde esta praça viu o seu nome alterado para Praça D. Pedro IV, em homenagem ao Rei.

 Mais tarde, em 1910 com a Implantação da República esta praça voltou a ver o nome alterado para Praça da Liberdade, nome que se mantém até aos dias de hoje.



 No ano de 1916, foi decidido abrir uma moderna avenida mesmo no Coração da Cidade, a que foi dado o nome de Avenida dos Aliados, em Homenagem aos Países Aliados da Primeira Guerra Mundial.  

  E assim nesse mesmo ano de 1916, como podemos ver na fotografia acima o Palácio onde até aí estavam instalados os Paços do Concelho, e todos os edifícios à sua volta tiveram que ser demolidos, para que a nova Avenida dos Aliados começasse a ser rasgada.

 Mas como podemos ver o monumento em memória a Dom Pedro IV teve sorte, porque como estava mesmo no meio da praça não interferiu com a abertura da avenida, e por isso foi mantido no mesmo lugar, a olhar para o Palácio das Cardosas que se vê ao fundo.



 O monumento em memória a Dom Pedro IV, ficou mesmo no meio da praça, no local mais nobre da cidade do Porto.



 Ano de 2020, vista de uma janela do Palácio das Cardosas, que actualmente é o Hotel InterContinental do Porto, como podemos ver o monumento em memória a Dom Pedro IV, mantém-se até aos dias de hoje no local original, na zona mais nobre da cidade do Porto.



 Ano de 2020, eu junto ao monumento erigido em memória a Dom Pedro IV, vemos lá em cima no topo da Avenida dos Aliados o novo Edifício da Câmara Municipal do Porto.



 Ano de 2020, eu junto da placa informativa do Município do Porto, que está junto ao monumento em memória a Dom Pedro IV, na Avenida dos Aliados.



 Ano de 2020, a placa informativa do Município do Porto, que está junto ao monumento em memória a Dom Pedro IV, na Avenida dos Aliados.



 Ano de 2020, .........



 Ano de 2020, o monumento erigido em memória a Dom Pedro IV, diz simplesmente, A Dom Pedro IV, A Cidade do Porto 1866.



 Ano de 2020, em cima do pedestal, em tamanho gigante tem uma estátua em bronze do Dom Pedro IV montado a cavalo pronto a lutar pela causa Liberal, na mão direita segura a Carta Constitucional de 1826, que ele defendeu até à sua morte.  



 Ano de 2020, no lado esquerdo do pedestal, tem incrustada uma placa de bronze em alto-relevo, onde está representada a reunião que D. Pedro teve com os seus generais quando desembarcou na Praia do Mindelo.



 ..........



 Ano de 2020, no lado direito do pedestal, tem incrustada outra placa de bronze em alto-relevo, onde está representada a entrega do Sarcófago com o Coração de Dom Pedro IV, às autoridades do Porto.

 Agora, a partir daqui, como tinha dito no início vou percorrer todos os lugares à volta da Ponte Ferreira, por onde o padre Joaquim diz que se travou A Batalha da Ponte de Ferreira.












 A Ponte Ferreira, na margem esquerda do rio vemos a antiga Casa da Portagem.



 Ano de 2020, a placa informativa do Município de Valongo que está na margem esquerda do rio, mesmo na entrada da Ponte Ferreira e da Casa da Portagem, diz:

 ......Ponte de Ferreira.

 ......Ponte de origem medieval que fazia parte da via de ligação do Porto para Penafiel e Amarante.

 ......Possui Casa de Portagem na margem esquerda do rio, datada de 1796, onde, no final do Século XVIII se cobravam impostos sobre o Pão e o Trigo.

 ......Os dinheiros obtidos eram destinados ao cofre das obras de construção da nova Igreja Matriz de Valongo e da estrada que vem do Porto até aqui à Ponte Ferreira. Na Margem direita do rio encontra-se um oratório em granito, com alminhas de invocação a Nossa Senhora do Carmo, em memória dos Mortos da Batalha de Ponte Ferreira, que opôs Liberais e Miguelistas em 23 de Julho de 1832.

 ......Esta Batalha em muito influenciou a criação do Concelho de Valongo pela Rainha Dona Maria II em 1836.

 Uma antiga fotografia do Arquivo Histórico de Valongo onde vemos um grupo de pessoas a posar para uma fotografia, em cima desta Ponte que se tornou famosa devido à batalha que aqui à volta se travou.

 Outra antiga fotografia do Arquivo Histórico de Valongo, onde vemos outro um grupo de pessoas a posar para uma fotografia, em cima desta Ponte que se tornou famosa devido à batalha que aqui à volta se travou.









 Ano de 2020, a Ponte de Ferreira, e a antiga Casa da Portagem que foi restaurada e agora é um bar restaurante.



 Ano de 2020, vou agora atravessar a Ponte de Ferreira, para ver o Oratório em memória das mais de 2 mil vítimas, entre mortos e feridos que aconteceram na batalha que por aqui à volta se travou.



 Ano de 2020, no meio do tabuleiro da Ponte de Ferreira.



 Ano de 2020, a Ponte de Ferreira, e a antiga Casa da Portagem.



 Ano de 2020, a antiga Casa da Portagem é actualmente um bar restaurante, que serve de apoio a uma praia fluvial que existe aqui ao lado que é muito frequentada no Verão.



 Ano de 2020, antiga Casa da Portagem.



 Ano de 2020, o reclame de estilo medieval na entrada da antiga Casa da Portagem.



 Ano de 2020, o tabuleiro da Ponte de Ferreira, visto do lado da Casa da Portagem.

 As pedras do chão da ponte ainda são as originais, a largura do tabuleiro é de cerca de 4 metros, que era o que bastava para o transito que aqui passava na altura, que eram carros de  bois, e carruagens que faziam o trajecto entre as Cidades de Penafiel, Amarante, Régua, Lamego, e de todo o Nordeste Transmontano para o Porto, porque esta ponte fazia parte da Estrada Real nº 33, actualmente não passa trânsito por cima.



 Ano de 2020,cá vou eu a atravessar a Ponte de Ferreira.



 Ano de 2020, o Rio Ferreira visto de cima do tabuleiro da Ponte para o lado montante.



 Ano de 2020, o tabuleiro da Ponte de Ferreira, mas agora visto da margem contrária da Casa da Portagem, como vemos, nos dois lados da ponte ainda existem os pilares em granito das cancelas onde antigamente era feita a cobrança da Portagem.



 Ano de 2020, na margem direita do rio em memória das mais de 2 mil vitimas, entre mortos e desaparecidos que aconteceram na batalha que aqui à volta se travou no dia 23 de Julho de 1832, foi erigido este Oratório em granito com Alminhas de Invocação a Nossa Senhora do Carmo.





 Fotografia do Arquivo Histórico de Valongo, onde vemos 3 pessoas ao lado do Oratório.


 Ano de 2020, junto à Ponte Ferreira, a montante do rio existe esta bonita praia fluvial que é muito frequentada no Verão, a presa que vemos ao fundo no rio é para fazer o desvio da água para um moinho que existe na margem direita do rio.



 Ano de 2020.



 Ano de 2020



 Ano de 2020, na margem direita do rio vemos o antigo moinho que moía com 6 mós.



 Ano de 2020, as Comportas por onde passa a água da represa, que entra no moinho, e que antigamente fazia girar as 6 mós.



 Ano de 2020, as saídas da água deste Moinho de 6 mós, actualmente este moinho é um núcleo museológico da panificação.



 ..........



 Ano de 2020, uma colecção de mós dos antigos moinhos do Rio Ferreira.



 Ano de 2020, mós dos antigos moinhos do Rio Ferreira. 
 Vou agora fazer o percurso da batalha, vou começar na Ponte Ferreira, vou passar pela Igreja de São Martinho, e vou acompanhar o percurso do rio até ao Monte do Outeiro, que fica no Sopé da Serra de Pias, por onde o padre Joaquim diz que se estendeu a Batalha.





 Como podemos ver nesta imagem da Google, o Rio Ferreira atravessa São Martinho e vai até ao Monte do Outeiro sempre a serpentear, mas em linha recta a distância entre a Ponte Ferreira e o Monte do Outeiro é de 1 km



 Ano de 2020, saindo da Ponte Ferreira logo à frente temos a Igreja de são Martinho de Campo, segundo o Padre Joaquim a batalha de Ponte Ferreira também passou por aqui, o Rio Ferreira passa mesmo por trás desta Igreja.



 Ano de 2020, junto à igreja tem uma placa informativa do Município de Valongo.



 Uma antiga fotografia do Arquivo Histórico de Valongo, onde vemos o interior da Igreja Matriz de Campo, com o seu tecto feito em Caixotões de madeira pintados com Mistérios do Rosário.

 Agora saindo da Igreja, e seguindo o curso do Rio Ferreira logo à frente vamos encontrar outra antiga ponte de origem Romana, que também deve ter sido utilizada pelos exércitos para fazer a travessia do rio, é a Ponte de Luriz 



  Ano de 2020, o Município de Valongo diz o seguinte sobre esta ponte:

 ......Ponte de Luriz.

......Ponte granítica de origem Romana, com reconstrução Medieval, possui um tabuleiro em cavalete que assenta em três arcos desiguais, dois de volta perfeita e um central que é ogival.

 ......Possui um Talha-Mar triangular entre os dois arcos maiores e tem guardas em cantaria, tem uma pequena escadaria que permite o acesso ao leito do rio.

 ......Na tradição Popular antiga era conhecida como a Ponte da Morte, provavelmente por corrupção de uma antiga denominação de Ponte Norte, o caminho que sobre ela passava ia de Valongo até Penafiel. 



 Ano de 2020, a Ponte de Luriz, tem um tabuleiro sensivelmente com mesma largura do tabuleiro da Ponte Ferreira, que era o suficiente para o trânsito que na altura aqui passava, que eram os carros de bois, e as carruagens que antigamente faziam este caminho entre o Porto e Penafiel. 

 Saindo da Ponte de Luriz, um pouco mais à frente ainda existe outra antiga ponte, é a Ponte Aqueduto dos Arcos, esta ponte embora tenha um tabuleiro muito estreito, inferior a 1 metro, porque a principal função para que foi construída foi para ser um Aqueduto.

 Esta ponte também deve ter sido utilizada pelos exércitos, para fazerem a travessia do Rio Ferreira que aqui neste local é bastante largo.



 Ano de 2020, a Ponte, Aqueduto dos Arcos



 Antiga fotografia do Arquivo Histórico de Valongo, onde vemos algumas pessoas a posar para uma fotografia em cima da Ponte, Aqueduto dos Arcos.



 Ano de 2020, O Município de Valongo diz o  seguinte sobre esta Ponte, Aqueduto dos Arcos.

 ......Fazia parte do Regadio que captava água em Ponte Ferreira, sendo já referenciada como existente em documentos de 1631, numa provisão de 30 de Maio desse ano é dada autorização para a utilização das águas dela provenientes para o Regadio.

 ......Esta Ponte Aqueduto, era destinada a transportar a água de uma margem para a outra, para a irrigação dos férteis terrenos envolventes, o Aqueduto actual é de construção Oitocentista, posterior à "provisão" de 1631.

 ......Esta Ponte associava à função de passagem de água a passagem de peões.

 ......Apesar de actualmente já não servir como Aqueduto função para a qual foi construída, à pouco tempo foi alvo de recuperação e valorização para integrar o percurso pedestre do regadio da Ponte Ferreira.



 Ano de 2020, a Ponte, Aqueduto dos Arcos sobre o Rio Ferreira em São Martinho do Campo. 



 Ano de 2020, como podemos ver a largura do tabuleiro da Ponte, Aqueduto dos Arcos é inferior a 1 metro, mas tem mais de 125 metros de comprimento.



 Ano de 2020, o tabuleiro da Ponte, Aqueduto dos Arcos, tem mais de 125 metros de comprimento.



 Ano de 2020, a fazer a travessia do tabuleiro da Ponte, Aqueduto dos Arcos, no sentido de São Martinho para Valongo, o tabuleiro é tão estreito que mal dá para que duas pessoas se cruzem.



 Ano de 2020, o tabuleiro de 125 metros da Ponte, Aqueduto dos Arcos, visto do lado de São Martinho para Valongo.



 Ano de 2020, fotografia tirada de cima do tabuleiro da Ponte, Aqueduto dos Arcos.

 Vemos o rio para jusante, o Rio Ferreira aqui neste local é bastante largo, também vemos a nova ponte da Rua do Padre Américo, que dá acesso o Lugar das Vinhas.



 Ano de 2020, outra fotografia também tirada de cima do tabuleiro da Ponte, Aqueduto dos Arcos, agora com vista para montante do rio, onde vemos os campos verdejantes que existem nas margens do rio.



 Ano de 2020, os campos verdejantes que existem nas margens do rio.



 Ano de 2020, o tabuleiro desta ponte aqueduto é tão estreito que mal dá para duas pessoa se cruzarem.



 Ano de 2020, o Aqueduto dos Arcos actualmente já não serve a função para que foi construído, mas à pouco tempo foi alvo de recuperação e valorização, para integrar o percurso pedestre do regadio da Ponte Ferreira.



 Ano de 2020, fotografia foi tirada a meio do tabuleiro da Ponte, Aqueduto dos Arcos, lá ao fundo vemos ver a Serra de Pias no Sopé da qual fica o Monte do Outeiro, onde segundo o Padre Joaquim se terão travado encarniçados combates.



 Ano de 2020, nesta imagem da Google, podemos ver o Rio Ferreira a serpentear por São Martinho na direcção do Monte do Outeiro, e do Vale entre as Serras de Pias e de Santa Justa por onde corre até que vai desaguar no Rio Sousa.

 Quando fazemos uma busca sobre A Batalha de Ponte Ferreira, esta é a gravura que logo nos aparece.





 Quando olho para esta gravura, acho as serras que os montes que estão representados são as Montes de Santa Justa e de Pias, até porque conforme diz o padre Joaquim no livro A Villa de Vallongo, foi no Monte do Outeiro que se travaram os combates mais encarniçados.

 Nos finais do Século XIX, toda esta zona do Outeiro que fica no sopé das Serras de Santa Justa e de Pias, foi tomada por explorações mineiras, por isso está toda minada, até é muito perigoso andar por lá.


 E para além das minas, o Monte do Outeiro que fica no sopé das Serras de Santa Justa e de Pias, no ano de 1875 foi atravessado pela linha férrea do Douro.



 O Monte do Outeiro, foi todo tomado por explorações mineiras, por isso ainda está todo minado e cheio de entulhos que eram retirados das Minas de Ardósia.  

 Também fui à Praia da Memória, ver o Obelisco que foi erguido em 1840 em memória ao desembarque de Dom Pedro com as suas tropas.



 Ano de 2020, o Obelisco da Praia da Memória, onde Dom Pedro IV desembarcou com o seu Exército Liberal de 7500 homens, no dia 8 de Julho de 1832. 



 .........


 Junto ao Obelisco da Memória existe esta placa informativa. 

 Nos 4 lados da base do Obelisco tem embutidos painéis em mármore, com inscrições em referência a quem teve a iniciativa da sua construção no ano de 1840, com os nomes de alguns dos comandantes do exército Liberal, e também tem escritas as palavras que Dom Pedro IV disse aos seus soldados antes do desembarque.



 2020, neste primeiro painel tem escrito um texto em homenagem a Dom Pedro. 

 ......Em Honra de sua Magestade Imperial Dom Pedro, Duque de Bragança, primeiro Imperador do Brasil e quarto Rei deste nome em Portugal, commandante em chefe do exército libertador aqui desembarcado em oito de Julho de Mil Oitocentos e Trinta e Dous, para restituir o Throno a sua augusta filha a Rainha Reinante Dona Maria segunda, e a liberdade aos Portuguezes se erigio este padrão para perpétua memória.    



 Ano de 2020, este segundo painel tem a escrita muito deteriorada, mal se consegue ler devido ao passar dos anos, já tem 156 anos, mas pelo que se percebe tem escrito os nomes dos Generais do exército Liberal que aqui desembarcaram.


 Ano de 2020, neste terceiro painel tem escritas as palavras de incentivo que Dom Pedro disse às suas tropas na altura do desembarque.  



 Ano de 2020, este quarto painel também tem a escrita muito deteriorada, mas pelo que se percebe tem escrito a data da construção do Obelisco, e o nome das pessoas que tiveram a iniciativa de fazerem dele um Monumento Nacional.



 Ano de 2020, no topo do Obelisco tem duas Coroas metálicas com o ano do desembarque.



 Ano de 2020, no topo do Obelisco tem duas Coroas metálicas com o ano do desembarque.

 Em memória pela passagem de Dom Pedro IV, e de Dom Miguel por Valongo, na altura do Cerco do Porto e da Batalha de Ponte Ferreira, a Câmara Municipal de Valongo decidiu atribuir os seus nomes a duas ruas da Cidade.  



 E para o efeito, em reunião ordinária a Câmara Municipal de Valongo decidiu atribuir o nome dDom João IV à rua mais longa de Valongo, acta nº 41, de 19 de Outubro de 1982.

 E dois anos depois, talvez fazendo fé nas palavras que o padre Joaquim escreveu no livro A Villa de Vallongo, onde diz que "as manchas na vida política de Dom Miguel, foram mais por sugestão dos seus conselheiros do que fruto das suas intenções que seriam boas", a Câmara Municipal de Valongo também em reunião ordinária, decidiu atribuir o nome de Dom Miguel a uma rua de Valongo, acta nº 4, de 24 de Janeiro de 1984.

 E assim, os dois Irmãos Dom Pedro e Dom Miguel, que embora por pouco tempo ambos foram Reis de Portugal, ficarão para sempre lado a lado em duas ruas que se cruzam na Cidade de Valongo.    

 E como costumo dizer prontus, terminei, mas gostei muito de fazer esta publicação, onde gastei algumas centenas horas da minha vida, e percorri a maioria dos lugares por onde o padre Joaquim diz que se travou A Batalha de Ponte Ferreira.

 E falar de Valselhas, Grandra, Recarei, Terronhas, São Martinho do Campo, OuteiroMonte Alto, Estrada Velha, Serra da Senhora das Chans, que são tudo lugares familiares para mim, é como se estive-se a falar da minha rua, que por acaso até é a Rua Dom Pedro IV.




 Fernando Almeida