quinta-feira, 5 de novembro de 2015


 Histórias do tempo da Divisão de Elevadores da Efacec, da década de 1970 e 1980.

  Nesta publicação vou contar as lembranças que me vieram à memória quando adicionei um amigo à minha lista do facebook.

 Não sou um grande utilizador do facebook, nem sou muito de estar a pedir amizade a ninguém, mas quando vi a fotografia do Júlio Resende não resisti a pedir-lhe amizade. 

 Aderi ao facebook em Março de 2015, porque me disseram que era a melhor maneira de não perder o contacto com as pessoas que conhecia, e que talvez até encontrasse algumas pessoas do meu passado.

 E efectivamente encontrei mesmo muitas pessoas que já não via à muitos anos, e confesso que de muitas já nem me lembrava.

 Uma das pessoas que encontrei no facebook de quem já mal me lembrava foi o Júlio Resende, já não o via à mais de 20 anos, desde que a Efacec Elevadores, saiu das instalações na Arroteia e se mudou para a Maia.

 Já estávamos nas Instalações da Maia quando a Efacec resolveu vender a empresa Efacec Elevadores, à multinacional Suiça, Schindler Elevadores e Escadas Rolantes.

 E acontece que pouco tempo depois da aquisição a Schindler resolveu sair das instalações da Efacec na Maia, e mudou-se para umas novas instalações na Estrada da Circunvalação, junto ao cruzamento do Monte dos Burgos.

 A partir do momento em que a Schindler saiu das instalações da Efacec na Maia, é que acabei mesmo por perder o contacto com todas as pessoas que conhecia na Efacec.

 De alguma maneira, todas as pessoas que voltei a encontrar através do facebook trouxeram-me recordações, mas quando vi a fotografia do Júlio Resende vieram-me à memória recordações dos meus primeiros anos na Divisão de Elevadores da Efacec no inícios dos anos 70, lembrei-me de quando ouvi o nome do Júlio Resende pela primeira vez.



 Estes são os meus primeiros Cartões de Identificação, já como funcionário da Divisão Comercial de Elevadores da Efacec, que era na Rua de Sá da Bandeira nº 706, 5º Andar no Porto.

 O primeiro cartão é de 1972, ainda foi assinado pelo Srº Jorge Neves que na altura estava a chefiar o Sector Comercial  de Elevadores da Efacec em Sá da Bandeira.

 O segundo cartão, é da segunda metade da década de 1970, já está assinado pelo Sr. Raul Oliveira que ficou a chefiar o Sector de Manutenção de Elevadores da Efacec em Sá da Bandeira, nesta altura o Sr. Jorge Neves já tinha assumido o cargo de Chefe da Divisão de Elevadores na fábrica da Arroteia.

 Depois ainda vim a ter mais dois cartões, quando fui transferido do Sector de Manutenção de Elevadores em Sá da Bandeira no Porto, para a Sala de Estudos da Divisão de Elevadores na fábrica da Efacec na Arroteia, Leça do Bailio. 



 Estes são o meu terceiro e quarto Cartões de Identificação já como funcionário da Divisão de Elevadores da Efacec, e foram os últimos cartões que tive.

 O terceiro cartão de identificação, é dos finais dos anos 70, é da altura em que fui transferido para a Sala de Estudos da Divisão Elevadores da Efacec, na Fábrica da Arroteia, os furos que se vêem neste Cartão, serviam para fazer a marcação no relógio de ponto, a hora de entrada era às 8h00, o almoço era das 13h00 às 13h45, e a saída era às 17h24.

  O quarto cartão de identificação já é com banda magnética, foi o meu último cartão de identificação da Efacec, a banda magnética também servia para fazer a marcação do ponto, da entrada, da saída, e do intervalo para almoço.

 Só deixei de utilizar este Cartão no ano de 1997, quando a Efacec Elevadores foi absorvida pela Schindler, e eu passei a ser encarregado no Sector de Montagem de Elevadores na Schindler. 







 Durante todos os anos que trabalhei na Divisão de Elevadores, e depois na Empresa autónoma Efacec Elevadores foi sempre este o logótipo que conheci.

 Foram estas as recordações que a fotografia do Júlio Resende me trouxeram:

 No ano de 1971 acabei o Curso Industrial, na Escola Industrial Infante Dom Henrique, mas para ficar com o Diploma do Curso, tinha que fazer o que na altura se chamava exame de aptidão profissional.

 Mas para fazer a matrícula para esse exame final do curso, era obrigatório primeiro fazer um estágio de 6 Meses numa empresa ligada a Electrotecnia, e depois quando fosse fazer a matricula tinha obrigatóriamente que entregar uma declaração em como tinha feito esse estágio de 6 Meses, com bom aproveitamento.

 O meu pai arranjou a que eu fosse estagiar para sector de montagem de Elevadores da Efacec, que era na Rua de Sá da Bandeira no Porto, de início ainda chegou a estar combinado que iria estagiar para a Fábrica da Arroteia, mas quando um dia fui com o meu pai de autocarro até lá falar com o Sr. Manuel Moreira para acertar a data de inicio do estágio, chegamos à conclusão de que era muito longe, para chegar à Arroteia era necessário apanhar 2 autocarros, e a viagem demorava mais de 2 horas.

 Comecei o meu estágio no Sector de Montagem de Elevadores da Efacec no Porto, no dia 15 de Dezembro de 1971.



 No ano de 1971, o Sector de Montagem e de Manutenção de Elevadores da Efacec era chefiado pelo Sr. Jorge Neves.

 Como se vê no reclame da Efacec na fotografia acima, o Sector da Efacec, ficava no 5º andar, na entrada 706,  ficava logo a seguir ao café.

 O Sector de montagem dos elevadores também tinha um armazém com rés-do-chão e cave, que ficava na Rua Guedes de Azevedo, era chefiado pelo Sr. João.



 Ainda tenho o primeiro recibo de vencimento como estagiário, na altura em 1971 ainda se recebia à quinzena, como se vê recebi 520 Escudos, de 16 a 31 de Dezembro de 1971.

 Foi este vencimento que comecei a receber como estagiário, que contribuiu muito para que eu tivesse abandonado os estudos e tivesse optado por continuar a trabalhar.

 Comecei o estágio em Dezembro de 1971, e em Junho de 1972 acabei o meu estágio de 6 Meses, pedi então na Efacec a declaração em como tinha feito um estágio de 6 Meses com bom aproveitamento, e lá fui fazer o exame de aptidão profissional.

 Depois de fazer o exame de aptidão profissional, pedi o famoso Diploma do Curso, que diga-se nunca me serviu para nada, nunca tive que o mostrar a ninguém, ficou guardado numa gaveta a ganhar bolor.

 Foi para conseguir este Diploma do Curso que fui estagiar para a Efacec, perdi um ano da minha vida para o conseguir, e nunca o mostrei a ninguém nem nunca precisei dele para nada.


 Uma antiga fotografia Escola Industrial Infante Dom Henrique no Porto, esta fotografia deve ser do início do Século XX, neste tempo a Rua de Júlio Dinis ainda era tipo viaduto.



 Uma fotografia actual da Escola Industrial Infante Dom Henrique no Porto.

 Continuando com as memórias: Depois de fazer o exame de aptidão profissional optei por deixar de estudar, e começar a trabalhar por 3 motivos:

 O primeiro motivo foi por causa do vencimento mensal que comecei a receber, que diga-se não era nada mau para a altura, nessa altura umas calças da "Lois" custavam entre 400 e 500 Escudos, portanto já conseguia comprar vários pares de calças por Mês.

 O segundo motivo foi que a partir do dia em que comecei a trabalhar fiquei financeiramente independente, durante o tempo que andei a estudar o dinheiro que o meu Pai me dava era para os passes do comboio e do STCP, e para almoçar na cantina da escola, quando comecei a trabalhar na Efacec deixei de ser um encargo para os meus Pais.




 Em cima está o meu último recibo de vencimento como estagiário da Efacec, é do mês de Junho de 1972, o meu vencimento mensal já era de 1.200 Escudos, ainda se continuava a receber à quinzena, mas como era estagiário ainda não fazia descontos nem para a Caixa de Previdência, nem para o Fundo de Desemprego.

 Em baixo está o meu primeiro recibo de vencimento já como funcionário da Efacec, é do mês de Julho de 1972, ainda se continuava a receber à quinzena, o meu vencimento mensal passou a ser de 2470 Escudos.

 A partir deste mês de Julho de 1972 já comecei a fazer descontos para a Caixa de Previdência, e para o Fundo de Desemprego, e também comecei a pagar a cota para a Adefacec. 

 O terceiro motivo que me levou a abandonar os estudos e começar a trabalhar no Sector de Montagem de Elevadores da Efacec, onde tinha feito o estágio de 6 Meses, foi muito por culpa da tecnologia topo de gama que a Efacec utilizava nos Elevadores, então a tecnologia dos Elevadores do Hotel Dom Henrique onde passei parte do meu estágio deixava-me fascinado.

 Os motores dos Elevadores do Hotel Dom Henrique eram em Corrente Continua, Sistema Ward Leonard, mas os motores de tracção, os geradores e os reguladores de velocidade eram da Brow Boveri (empresa Alemã).

 O hotel tinha 4 Elevadores, 2 de clientes e 2 de serviço, com a velocidade de 2 m/s, os botões de registos de cabina e de patamar eram capacitivos.

 Na altura, 1971/72, esta tecnologia era o topo de gama dos Elevadores em Portugal, mas não era só a Instalação Eléctrica do Hotel que me fascinava, era em geral tudo o que girava à volta dos Elevadores.

 Foi aqui neste edifício do Hotel Dom Henrique no Porto, onde terminei o meu estágio de 6 Meses no Sector de Montagem de Elevadores, e foi aqui que mais tarde vim a passar de Ajudante a Pré-Oficial.

 Continuando com as memórias: Em Junho de 1972, quando acabei o estágio de 6 Meses despedi-me de toda a gente da Efacec, porque nessa altura ainda estava com a ideia de que iria continuar a estudar, mas quando me despedi do Sr. Rodrigues, que era o responsável do sector de Montagem de Elevadores em Sá da Bandeira, ele disse-me que se mudasse de ideias e resolve-se começar a trabalhar, tinha lugar no Sector de Montagem de Elevadores da Efacec.

 Mais tarde, depois de fazer o Exame de Aptidão Profissional e de ter pedido o Diploma do Curso, pensei melhor e resolvi aceitar a oferta que o Sr. Rodrigues me tinha feito, e continuei a trabalhar no Sector de Montagem de Elevadores da Efacec.

 A partir daí deixei de ser um encargo para os meus Pais, pois passei a ter o meu próprio vencimento, desde que comecei a trabalhar passei a ter a minha autonomia financeira, os meus pais nunca me pediram um cêntimo do meu vencimento, nem nunca souberam qual era o meu vencimento. 

 O Poço do Elevador nº1 do Hotel Dom Henrique no Porto.

 Os elevadores nº1, 2 e 8 do Hotel Dom Henrique tem 19 pisos, e os Elevadores nº3 e 4 tem 22 pisos, foi aqui neste Hotel onde terminei o meu estágio de 6 Meses no Sector de Montagem de Elevadores, e também foi aqui que nos finais de 1972 passei a Pré-Oficial, e comecei a trabalhar sozinho com um ajudante, o meu primeiro ajudante foi o Bessa de Campanhã.

 Continuando com as memórias: Comecei a trabalhar já como funcionário da Efacec no Mês de Julho de 1972, mandaram-me novamente trabalhar para o Hotel Dom Henrique como ajudante do Sr. Domingos, continuei lá a trabalhar até à inauguração do Hotel.

 Foi aí no Hotel Dom Henrique já nos finais de 1972 que deixei de ser ajudante e passei a Oficial, comecei então a trabalhar sozinho, o meu primeiro ajudante foi o Bessa que morava em Campanhã.

 Comecei a minha vida como Montador de Elevadores num Edifício do construtor Ferreira dos Santos, na Praceta que fica em frente à Câmara Municipal de Gaia.

 Foi aqui neste Edifício que foi construído pelo Ferreira dos Santos, na Praceta em frente à Câmara Municipal de Gaia, que comecei a minha vida como Pré-Oficial Montador de Elevadores, andei a trabalhar neste edifício durante muitos Meses, este Edifício tem 26 Elevadores, comecei pela entrada do lado direito, e terminei na torre que vê no lado esquerdo.

 Continuando com as memórias: Andei a trabalhar neste edifício em Gaia durante vários Meses, depois  continuei a trabalhar como Montador de Elevadores, passei por muitas dezenas de instalações com Elevadores, sempre na Zona Norte de Portugal.

 Andei a trabalhar em instalações no Porto, em Matosinhos, em Leça da Palmeira, na Póvoa de Varzim, em Viana do Castelo, em Barcelos, em Braga, em Guimarães, em Santa Maria da Feira, em Vale de Cambra, em Lamego, em Mirandela, no Cachão, etc..., fiquei a conhecer toda a Zona Norte do País devido aos muitos edifícios que eram equipados com Elevadores da Efacec.

 Quando andava a trabalhar em alguma localidade fora do Porto, em Braga, Guimarães, Viana, ou noutra Cidade qualquer, tinha que ficar lá alojado, recebia subsídio de deslocação, e de transportes, em algumas destas localidades fiquei hospedado durante muitos Meses.

 Por exemplo, quando estive a trabalhar na montagem dos Elevadores no Complexo Agro Industrial do Cachão, e depois em Mirandela fiquei lá hospedado durante mais de meio ano, só vinha a casa uma vez por Mês, nessa altura o subsídio que recebia era o chamado subsídio corrido, que era o Mês completo.

 Noutros locais vinha a casa de 15 em 15 dias, em Cidades como Lamego, Barcelos, Vale de  Cambra, Viana, Braga, Guimarães, etc, também fiquei lá alojado durante vários Meses mas como era mais perto já vinha a casa todos os fins de semana, fiquei a conhecer muito bem todas as Cidades por onde andei a trabalhar, sempre que havia cinema eu não falhava uma sessão.

 Como podemos confirmar por estes meus recibos de vencimento da década de 1970, quando andava a trabalhar em alguma localidade fora do Porto, fosse em Braga, Guimarães, Viana, Vale de Cambra, Mirandela, ou noutra terra qualquer ficava lá hospedado e recebia Subsídio de Deslocação, Horas de Viagem e Ajudas de Custo.

 Continuando com as memórias: Mas a minha carreira no Sector de Montagem de Elevadores não iria durar muito tempo, não estava destinado a acabar os meus dias como Montador de Elevadores. 

 Em 1974, no dia 25 de Abril acontece a que ficou conhecida como a Revolução dos Cravos, uma das consequências dessa Revolução do 25 de Abril, foi que passado algum tempo a construção civil parou em Portugal, e por arrasto a actividade de Montagem de Elevadores também parou.



 No dia 25 de Abril de 1974, acontece a que ficou conhecida como a Revolução dos Cravos.

 Continuando com as memórias: Outra consequência da paragem da Construção Civil depois do 25 de Abril de 1974, e da consequente paragem da Montagem de Elevadores, foi que passado pouco tempo, a Efacec decidiu abandonar a actividade de Venda e Montagem de Elevadores, resolveu manter a Fábrica de Elevadores na Arroteia, mas em Sá da Bandeira só foi mantido o Sector de Manutenção de Elevadores, que na altura era chefiado pelo Sr. Raul Oliveira.

 A partir dessa altura a Efacec continuou a fabricar Elevadores completos, mas eram para vender a outras Empresas, algumas dessas Empresas que começaram a comprar e montar Elevadores da Efacec, já existiam no tempo em que a Efacec ainda estava no mercado da Montagem.

 Mas com o desaparecimento da Efacec do mercado, muitas outras Empresas foram aparecendo, algumas dessas Empresas que entretanto surgiram foram criadas por ex-funcionários da Divisão de Elevadores da Efacec.







 Um antigo folheto publicitário que era utilizado pela Divisão de Elevadores da Efacec na década de 1970, é do tempo em que eu ainda trabalhava no Sector de Montagem em Sá da Bandeira no Porto.

 Continuando com as memórias: Na altura em que a Efacec abandonou o Sector de Montagem e passou a ser só fabricante de Elevadores, começou a vender Elevadores para mais de 10 Empresas, e também ainda fazia Exportação.

 Mas na altura em que a Efacec decidiu acabar com o Sector de Montagem de Elevadores em Sá da Bandeira no Porto, onde eu trabalhava, existiam algumas dezenas de Montadores de Elevadores, com o encerramento desse Sector de Montagem uma boa parte deles como o Sr. Domingos, o Bernardino, o Caldas, o Victor, e muitos outros, foram para a Venezuela trabalhar na Montagem de Elevadores.

 Só 20 anos mais tarde, em meados dos anos 90, quando a Divisão de Elevadores deu lugar a uma Empresa Autónoma dentro do Grupo Efacec, e passou a ser a Efacec Elevadores S.A. é que voltamos novamente a Vender e a Instalar Elevadores, directamente ao cliente final.


 Uma fotografia da década de 1970, de um jantar de Natal do pessoal da Secção de Elevadores de Sá da Bandeira, no Hotel Dom Henrique.

 Nesta fotografia para além de mim que estou no lado direito de pullover cinzento, estão alguns dos meus antigos colegas do Sector de Montagem, como o Victor e o Caldas, que foram  dois dos montadores que foram trabalhar para a Venezuela.

 Continuando com as memórias: Desses colegas que foram trabalhar para a Venezuela, só voltei a ter noticias de dois, um soube que teve um grave acidente e nem sei se corpo veio para cá, o outro passado pouco tempo veio embora fugido sem terminar o contracto, e acabou por ir trabalhar para a Divisão de Electrónica na Maia, dos restantes nunca mais tive noticias.


 Outra fotografia da década de 1970, é de um jantar de Natal que o pessoal da Secção de Elevadores de Sá da Bandeira, fez no Hotel Dom Henrique.

 Nesta fotografia está em primeiro plano o Victor, um dos colegas que foi trabalhar para a Venezuela e não regressou, eu sou o que estou logo a seguir com um pullover cinzento.

 Continuando com as memórias: Um dos Montadores que também foi trabalhar para a Venezuela, foi o Sr. Domingos de Barcelos, que foi meu oficial durante o estágio, e depois do estágio ainda continuei a trabalhar como ajudante dele até à conclusão da Montagem dos Elevadores do Hotel Dom Henrique no Porto, aprendi muito com ele, foi pelas mãos dele que passei a Oficial, nunca mais o vi, nem ouvi falar dele desde que foi para a Venezuela.

 Outros colegas do Sector de Montagem como o Mário Vieira da Rocha, o irmão o Sr. Luís Vieira da Rocha, o Machado, o Daniel Ferro, o Sr. Agostinho, e muitos outros, foram para Angola, também trabalhar na Montagem de  Elevadores, estes que foram trabalhar para Angola acabaram todos por regressar a Portugal, e acabaram todos por ser integrados noutros sectores da Efacec.

 Com essa decisão da Efacec de abandonar a Montagem de Elevadores, outros dos meus colegas Montadores, foram integrados noutros sectores dentro da Efacec, uns foram para a Assistência Técnica, outros foram integrados nas várias Fábricas que a Efacec tinha na Arroteia e na Maia, outros estabeleceram-se, e criaram Empresas a trabalhar no ramo de Elevadores.



 Uma antiga fotografia da Fábrica da Efacec na Arroteia, nesta altura ainda só existia o Edifício Administrativo e 3 pavilhões dos Transformadores, por trás dos pavilhões vemos a linha Férrea de Leixões. 


 Fotografia actual com o mesmo enquadramento da anterior, onde ainda conseguimos distinguir a cobertura dos 3 primitivos pavilhões da Efacec na Arroteia, porque cor da cobertura é diferente dos restantes, o antigo Edifício Administrativo também ainda cá está, e também ainda conseguimos ver a linha férrea de Leixões. 

 Continuando com as memórias: Mas no meu caso concreto, depois do 25 de Abril de 1974 ainda continuei a trabalhar no Sector de Montagem de Elevadores, porque como eu estava mais destinado a fazer a parte Eléctrica e a conclusão dos Elevadores, fui tendo sempre serviço no Sector de Montagem, ainda existiam imensos Elevadores que já estavam montados onde era necessário fazer a Conclusão, nenhum Edifício conseguia ter licença de habitabilidade sem que os Elevadores estivessem em funcionamento.


 Durante alguns pequenos períodos, ainda estive parado sem ter que fazer, na altura dizia-mos que ficava-mos "em inactividade", mas felizmente mais ou menos fui sempre tendo serviço, fui dos últimos a sair do Sector de Montagem de Elevadores em Sá da Bandeira, resisti quase até ao fim.

 Quando fui transferido do Sector de Montagem, só ficou em Montagem o Edifício Nova Póvoa, na Póvoa de Varzim, os últimos Montadores que ficaram a fazer a Montagem desses Elevadores foram o Sr. Pinto, o Carlos Santos, o Correia e o Fernando Ferreira. 



 Ainda guardo algumas fotografias dos finais dos anos 70, são da altura em que andavam a montar os Elevadores no Edifício Nova Póvoa, na Póvoa de Varzim, como vemos na altura ainda não existia nenhum edifício à sua volta. 



 Outra fotografia dos finais dos anos 70, também da altura em que andavam a montar os Elevadores no Edifício Nova Póvoa, na Póvoa de Varzim, como vemos na altura ainda não existia nenhum edifício à sua volta. 

 2018 - Uma fotografia actual do Edifício Nova Póvoa, foi tirada com o mesmo enquadramento da fotografia anterior, como podemos ver actualmente mal se vê o Edifício Nova Póvoa tal é o número de construções à sua volta. 

 Quando o Edifício Nova Póvoa foi construído, nos finais dos anos 70 era o edifício mais alto do País, e acho que ainda é, este Edifício tem 30 pisos acima do nível da Terra, tem uma Cave que funciona como garagem, depois tem o piso térreo, Rés do Chão, depois tem 28 Andares de Apartamentos, a Casa de Máquinas dos Elevadores e os depósitos de água são no 29º andar.  

 Continuando com as memórias: Mas como se costuma dizer, tudo na vida tem um fim, e o meu final no Sector de Montagem de Elevadores, acabou por acontecer, como aconteceu com todos os outros colegas.

 Mas tive sorte, não fui trabalhar para muito longe, fui transferido para o Sector de Assistência Técnica de Elevadores, que até era no mesmo edifício, na Rua de Sá da Bandeira no Porto, na altura o chefe era o Sr. Raul Oliveira.

 Durante algum tempo andei a trabalhar na Área do Grande Porto, fazia Manutenção, resolvia avarias e fazia pequenas reparações em Elevadores, andava sempre de Autocarro com a mala na mão, tinha um passe Rede Geral dos STCP.

 Mas passado pouco tempo acontece outra mudança na minha vida dentro da Efacec, o Sr. Raul Oliveira decidiu mandar-me em conjunto com o Joaquim Talaia fazer Manutenção numa nova Rota que na altura se chamava Rota da  Província, essa nova rota de Manutenção incluía toda a Zona Norte do País fora do Grande Porto, excepto Viana do Castelo onde estava o Sr. Nunes.

 Uma fotografia actual da Fábrica da Efacec na Arroteia em Leça do Bálio, de um Edifício Administrativo com 3 Pavilhões transformou-se neste Gigante.

 As memórias a que me vou referir a seguir, e que me levaram a fazer esta publicação, remontam a este tempo dos finais dos anos 70, de quando comecei com o Joaquim Talaia, a fazer Manutenção na Rota da Província. 

 Continuando com as memórias: Como dizia atrás, em meados dos anos 70, em conjunto com o Joaquim Talaia comecei a fazer a Rota da Província, andava-mos com uma carrinha Renault 4L.



 No Sector de Assistência Técnica de Elevadores que era na Rua Sá da Bandeira nº 706, 5º andar no Porto, tínhamos 2 destas carrinhas Renault 4L.


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 A Rota da Província começava em Vila do Conde, depois íamos à Póvoa de Varzim, Ofir, Esposende, Barcelos, Braga, Caldelas, Guimarães, São Torcato, Fafe, Pevidém, Vizela, Famalicão, Trofa, Santo Tirso, etc...

 Era esta a sequência que fazia-mos, esta sequência só era alterada se acontece-se alguma avaria, todos os dias tinha-mos que telefonar para o escritório, a meio da manhã, e a meio da tarde e se nos fosse comunicada alguma avaria tinha-mos que alterar a nossa sequência habitual.

 Por exemplo: se estivesse-mos a fazer manutenção na Póvoa de Varzim, e quando ligasse-mos para o escritório nos comunicassem uma avaria em Braga, lá tinha-mos nós que ir a Braga, resolver essa avaria, a carrinha Renault 4L em que andava-mos tinha um grande stock de peças de reserva, depois de resolver a avaria, continuava-mos a fazer manutenção em Braga, e só no dia seguinte regressávamos à Póvoa, e continuava-mos com a rota habitual.

 A página 1 e 2 de um folheto publicitário utilizado pela Divisão de Elevadores da Efacec, na década de 1970.

 Na página 1 deste folheto, temos o antigo Edifício da RTP na Rua 5 de Outubro, em Lisboa, este Edifício tinha Elevadores de Corrente Continua, com Sistema Ward Leonard, tal como o Hotel Dom Henrique, mas neste edifício os Motores, os Geradores e os Reguladores de Velocidade Arva, já eram de fabricação Efacec.

 Continuando com as memórias: Resumindo em conjunto com o Joaquim Talaia, eu fazendo Manutenção nuns Elevadores e ele noutros fazia-mos a Manutenção de todos os Elevadores dentro de todas essas Cidades, e ao seu redor.

 Por exemplo: na Estrada Nacional "EN105", que vai de Santo Tirso para Guimarães e na de Famalicão para Guimarães EN306, existiam dezenas de fábricas de fiação, como a Riopele, a Coelima e muitas outras, e todas essas fábricas tinham dezenas de Elevadores e de Monta-Cargas, todos os Elevadores que a Efacec tinha na sua carteira de Manutenção na Zona para Norte do grande Porto estavam incluídos nesta Rota da Província.

 Só não fazia parte desta Rota da Província a cidade de Viana do Castelo, onde a Efacec tinha uma delegação onde estava o Sr. Nunes, que fazia a manutenção em todos os Elevadores dentro da cidade de Viana, e nos arredores.



 A página 3 e 4 do folheto publicitário, que era utilizado pela Divisão de Elevadores da Efacec, na década de 1970, quando comecei a trabalhar em 1971, os botões de registo de cabina que aparecem na página 4 deste folheto já estavam fora d'uso, portanto este folheto é anterior a 1971.


 Continuando com as memórias: Mas na época a que este meu relato se reporta finais dos anos 70, aconteceu um trágico acidente que veio alterar esta nossa rotina da Rota da Província, esse acidente deixou-me muito abalado, e com vontade de sair do Sector de Manutenção.

 Conforme já contei, comecei a fazer esta Rota da Província em conjunto com o meu colega e amigo o Joaquim Talaia, mas passado algum tempo tivemos um grave acidente num elevador na Póvoa de Varzim, esse acidente atirou o Talaia para uma cama de hospital durante mais de um ano, ainda hoje acho que foi um milagre ele ter sobrevivido.

 Depois do acidente o Talaia ficou internado durante muitos Meses primeiro no Hospital de Santa Maria no Porto, depois foi para o Hospital de Alcoitão fazer reabilitação, ficou com mazelas do acidente para toda a vida, ficou mesmo com um grau de incapacidade muito alto.

 Com a saída forçada do Talaia continuei eu a fazer Manutenção nos Elevadores da Rota da Província, andei com vários técnicos a acompanhar-me, alteravam quase todos os meses, era como se costuma dizer mandavam-me andar com o técnico que estivesse mais à mão, e isso deixava-me muito desanimado.

 Como andava com a carrinha Renault 4L, e como passava muitas vezes pela Fábrica da Efacec na Via Norte, sempre que era necessário ir à Fábrica levantar materiais para reparações, tais como Rodas de CabosRodas de DesvioRodas de CoroaSenfinsEncravamentosPlacas de Electrónica para os Quadros de Comando, ou qualquer outro tipo de materiais, era eu quem ia lá levanta-los com a carrinha, e depois levava-os ou para o armazém que era na Rua Guedes de Azevedo, ou muitas vezes até ia levar os materiais directamente para as instalações.

 Tantas vezes fui à fábrica, que acabei por ficar a conhecer, e ganhei mesmo confiança com muitos dos funcionários da Fábrica da Arroteia.



 O folheto publicitário da máquina RXII-III da Efacec Elevadores.

 Nos anos 70 no tempo em que trabalhei no sector de Montagem de Elevadores todas as máquinas eram deste tipo, ainda não existiam as chamadas Máquinas Monobloco, as Máquinas mais utilizadas eram as RVIII, as RXII, as RXX e as TXXVI, que eram utilizadas em grandes Monta-Cargas, as máquinas podiam ter vários tipos de engrenagens e de rodas de tracção de diversos diâmetros, conforme a velocidade do Elevador, a Potência dos motores também variava conforme a Carga.

 Continuando com as memórias: Nos anos 70 na mesma Nave da Fábrica de Elevadores da  Efacec na Arroteia, também estava Divisão da Electrónica Industrial, e quando eu ia à Divisão de Elevadores tinha que passar mesmo pelo meio do sector de fabrico da Divisão de Electrónica.

 Ao passar na Zona de Fabricação da Divisão de Electrónica, via a Zona do "VQ", onde trabalhava o Álvaro e o Campinho, via a zona onde estavam a fabricar as Placas de Electrónica e os Quadros de Comando dos Elevadores, que era chefiada pelo Sr. Jales, via toda a zona de Montagem e ensaio dos Quadros para os Elevadores, onde trabalhava o Júlio o Guedes e o Martins.

 Quando ia à fábrica levar materiais para reparar, ou levantar materiais ia primeiro falar com o Sr. Ferreira à Sala de Preparação dos Elevadores, e tantas vezes fui à Fábrica levar e levantar materiais, que fiquei com vontade de ir trabalhar para a Divisão de Electrónica, e deixar a Manutenção dos Elevadores.

 Então um dia ganhei coragem e falei com o Eng Vasco Costa, pedi-lhe para ver se consegui-a que eu falasse com Eng. Renato Morgado, que era o Chefe da Divisão de Electrónica Industrial, para ver se ele me deixava ir para lá trabalhar.

 O Eng. Vasco Costa foi impecável, conseguiu que o Eng. Renato me recebesse nesse mesmo dia, levou-me ao gabinete do Eng. Renato que ficava paredes meias com os gabinetes da Divisão dos Elevadores, ao entrar no gabinete do Eng. Renato fiquei um bocado intimidado, ainda me lembro que por trás da secretária, ele tinha um quadro com a fotografia do Albert Einstein, e uma grande lâmpada com muitos filamentos.


 A página 1 e 2 de outro folheto publicitário  da Efacec Elevadores, este já é mais recente, é dos anos 80 e 90, da altura dos Comandos "QCP".

 Na página 1 de 4 deste folheto temos o antigo Hotel Sheraton no Porto, que actualmente é o Hotel Porto Palácio, na página 2 de 4 vemos o Sistema de Gestão de Baterias de Elevadores, MUX-88, que era baseado num CLP 40.

 Continuando com as memórias: Como estava a dizer fiquei um bocado intimidado quando entrei no gabinete do Eng. Renato, mas lá ganhei coragem e perguntei-lhe se haveria possibilidade de ir trabalhar para a sua Divisão de Electrónica, ele perguntou-me as habilitações, e o que sabia fazer:

 --Eu disse-lhe que tinha o curso Industrial da Escola Industrial Infante Dom Henrique, e que percebia de Elevadores, de Comandos de Elevadores, e um bocadinho de tudo o que estivesse relacionado com electricidade.

 O Eng. Renato disse-me de imediato que sim, que por ele eu podia ser transferido da Divisão de Elevadores para a de Electrónica, ainda me lembro que até me disse que até era uma ocasião muito oportuna, pois tinha uma grande encomenda de quadros de Corrente Continua (Sistema Ward Leonard), para a Divisão de Elevadores.

 --Disse-me para falar com o Sr. Jorge Neves que era o meu chefe de Divisão, que por ele tudo bem, podia de imediato começar a trabalhar na Divisão de Electrónica.

 Saí do gabinete do Eng. Renato com um sorriso de orelha a orelha, era só falar com o Sr. Jorge Neves que era o chefe da Divisão de Elevadores, o gabinete até era mesmo ao lado na mesma nave, e estava o assunto resolvido, mas enganei-me redondamente.

 A página 3 e 4 do folheto publicitário da Efacec Elevadores, utilizado nos anos 80 e 90 da altura em  que foram introduzidos os Comandos QCP, e o Sistema de Gestão de Baterias de  Elevadores MUX-88.

 Continuando com as memórias: Saí do gabinete do Eng. Renato e fui direitinho para o gabinete do meu chefe de Divisão, que era o Sr. Jorge Neves mas ia com a firme convicção de que não ia ter qualquer problema com a minha transferência, porque já conhecia o Sr. Jorge Neves desde o meu primeiro dia de trabalho na Efacec, mas estava redondamente enganado.

 Nunca me passaria pela cabeça, que fosse o Sr. Jorge Neves uma pessoa que sempre considerei meu amigo, que fosse travar a minha transferência da Divisão de Elevadores, para a Divisão de Electrónica do Eng. Renato, porque quem arranjou a que eu fosse estagiar para a Efacec foi o meu Pai através da Delegação da Efacec em Valongo, na altura falou com o Sr. Manuel Moreira de Gondomar, que trabalhava na fábrica da Efacec na Arroteia, no Sector do "FS" ou "FM". 

 E para ficar tudo acertado para eu começar o estágio no princípio de Dezembro de 1971, o meu Pai foi comigo de autocarro à Fábrica da Efacec na Arroteia falar pessoalmente com o Sr. Manuel Moreira, ainda me lembro desse dia, foi a primeira vez que vi a Fábrica da Efacec, e achei-a enorme, ele veio falar connosco na portaria do Edifício da Aparelhagem Eléctrica, "AE".

 E mesmo à nossa frente o Sr. Manuel Moreira, ligou com o Sr. Jorge Neves que era o chefe do Sector de Elevadores da Efacec em Sá da Bandeira, para combinar a data de início do meu estágio.



 Na página 1 do folheto publicitário acima, aparece a foto do antigo Hotel Sheraton no Porto, ponho aqui uma fotografia actual desse Hotel que actualmente é o Hotel Porto Palácio.

 Continuando com as memórias: O Sr. Manuel Moreira lá combinou com o Sr. Jorge Neves, e disse para eu me apresentar no dia 15 de Dezembro de 1971, às 8h30, na Rua de Sá da Bandeira, nº 706, 5º andar, no Porto, e que fosse ter com o Sr. Jorge Neves, que ele que já tinha combinado tudo com ele.

 Em 1971 quando comecei a trabalhar, o Sr. Jorge Neves era o chefe da Secção Comercial de Elevadores, que a Efacec tinha na Rua de Sá da Bandeira no Porto, mais tarde quando a Efacec acabou com o Sector de Montagem de Elevadores o Sr. Jorge Neves foi para a fábrica, e passou ser o Chefe da Divisão de Elevadores, esse antigo cargo de Chefe de Divisão que existia na Efacec é o equivalente actual a Director de Empresa.  





 Na página 1 do folheto publicitário acima, aparece a foto do antigo Hotel Sheraton no Porto, ponho aqui uma fotografia antiga, do interior de uma das cabinas da Bateria de Elevadores Triplex da zona de clientes, a botoneira de cabina era em latão.

 Continuando com as memórias: Como dizia acima no dia 15 de Dezembro de 1971, às 8h30, lá me apresentei ao Sr. Jorge Neves para começar o meu estágio, ainda me lembro que ele me mandou ir ter com o Sr. Rodrigues, que seria ele quem me ia dizer para onde iria trabalhar.

 Por todas estas razões, e como conhecia o Sr. Jorge Neves desde o meu primeiro dia de trabalho, pois foi a ele que me fui apresentar no primeiro dia, e como tinha sido sempre ele o meu chefe, não estava a ver que fosse ele a criar qualquer dificuldade, à minha transferência para a Divisão de Electrónica.



 Como na página 1 do folheto publicitário acima aparece o antigo Hotel Sheraton no Porto, também ponho aqui esta antiga fotografia do Hall da Bateria Triplex de Elevadores de Clientes, inicialmente os Comandos destes Elevadores eram com Electrónica Convencional tudo projectado pelo Francisco Parracho, na altura ainda não se utilizavam Micro-Processador nos Elevadores.

 Posteriormente estes Elevadores foram Modernizados, tratei da preparação dessa Modernização em fábrica, e depois em conjunto com o Sr. Manuel Pereira do Pinto & Cruz fizemos a Modernização desta Bateria de Elevadores Triplex, trocamos os Quadros de Comando que eram com Electrónica convencional, por uns novos Comandos Multi-Mic, mas mantivemos as máquinas Gearless da Bull Motors, e os Reguladores de Velocidade que eram da Times Valey. 

 Continuando com as memórias: Como dizia atrás, enganei-me redondamente da parte do Sr. Jorge Neves recebi um rotundo não, disse-me ele, Almeida para a Divisão de Electrónica não vais.

 Mas como deve ter visto a cara de desilusão com que devo ter ficado, não sei, mas se calhar até me devem ter vindo as lágrimas aos olhos, ficou a pensar um bocado e lá acabou por me dizer assim tipo desabafo, olha se surgir alguma vaga aqui na Divisão de Elevadores, eu transfiro-te para cá.

 Nos final dos anos 70 a Efacec Elevadores deixou de fabricar os Comandos que ficaram conhecidos como QAS, e lançou os Comandos QCN e QS.

 Posteriormente nos anos 80 já eu trabalhava na fábrica, acabou com os Comandos QCN e QS, e lançou o Comando QCP, com o Circuito Integrado Micro-Processador 8085.


 Era este o folheto publicitário do Comando QCP da Efacec Elevadores.

 Ainda me lembro da Montagem dos primeiros protótipos deste Comando QCP para ensaio, o primeiro foi instalado num Elevador que existia no Edifício da Aparelhagem Eléctrica (AE), ficava próximo da Portaria do AE, foi o Carlos Teixeira quem fez a montagem, depois também para ensaio montamos um Comando QCP-Duplex, num Edifício em frente à Escola Secundária de Gondomar, onde morava o Sr. Eduardo Monteiro.

  As primeiras cartas de Micro do Comando QCP já eram em fibra de vidro, eram numa cor Beije, mas já tinham circuito impresso dupla face com furos de passagem entre faces metalizados, foram fabricados algumas centenas de Comandos QCP nessa cor beije.

 Mas pouco depois saiu uma nova Carta de Micro para o Comando QCP de cor verde, que se manteve até hoje, foram fabricados milhares de Comandos QCP, este Comando só deixou de se fabricar quando surgiu o Comando CPU.



 Foi esta a segunda versão da Placa de Micro, MAP 4021 para o Comando QCP, na cor Verde.

 Esta segunda versão de Placas na cor verde, continuou a ser fabricada pela Divisão de Electrónica da Efacec, mas o Softwear passou a ser desenvolvido na Divisão de Elevadores, esta Placa de Comando QCP na cor verde actualmente ainda continua a ser fabricada na Efacec Electrónica para Manutenção. 



 Ainda guardo desde os anos 80 uma pasta com todos os esquemas eléctricos das duas gerações de Cartas de Micro para os Comandos QCP, da versão Beije e da versão Verde, também tenho guardados todas as versões de esquemas de todos os Comandos QCP.  


 Comandos QCP.

 Na mesma altura dos Comandos QCP, a Efacec Elevadores também lançou uma nova geração de Máquinas.

 Foram as Máquinas Monobloco: RM140, a RM140E, a RM150, a RM150E, a RM175, a RM175E, e também uma nova máquina para pequenos Monta-cargas até 125 Kg de carga, a T-IIC.


 A Máquina Monobloco RM-140, era utilizada para Elevadores de 1 Velocidade, com uma capacidade de carga de 300 Kg, ou 4 Pessoas, Velocidade de 0,63 m/s.





 A Máquina Monobloco RM-140 E, era utilizada para Elevadores de 2 Velocidade, tinha uma capacidade de carga de 300 Kg, ou 4 Pessoas, com a Velocidade de 1,00 m/s.





 A Máquina Monobloco RM150, era utilizada para Elevadores de 1 Velocidade, tinha uma capacidade de carga de 450 Kg, ou 6 Pessoas, com a Velocidade de 0,63 m/s.




 A Máquina Monobloco RM-150 E, era utilizada para Elevadores de 2 Velocidade, tinha uma capacidade de carga de 450 Kg, ou 6 Pessoas, com a Velocidade de 1,00 m/s.


 A Máquina Monobloco RM-175, era utilizada para Elevadores de 1 Velocidade, tinha uma capacidade de carga de 600 Kg, ou 8 Pessoas, com a Velocidade de 0,63 m/s, e a Máquina Monobloco RM-175 E, era utilizada para Elevadores de 2 Velocidade, tinha uma capacidade de carga de 600 Kg, ou 8 Pessoas, com a Velocidade de 1,00 m/s. 





  A Máquina Monobloco T-II C, era utilizada para pequenos Monta-Cargas até 125 Kg de carga, era uma máquina de 1 Velocidade de 0,40 m/s, com tambor de enrolamento de cabos, esta máquina também podia ser fornecida com Roda de Cabos para casos com curso superior ao permitido pelo tambor de enrolamento de cabos.

 Continuando com as memórias: Depois de o Sr. Jorge Neves me ter dito que se surgi-se alguma vaga na Fábrica da Divisão de Elevadores me transferia para lá, eu lá fui embora um bocado mais animado, mas fiquei com a ideia de que o assunto era para cair no esquecimento.

 Depois deste episódio falhado do meu pedido de transferência para a Divisão de Electrónica da Efacec, continuei com a minha rotina habitual, a trabalhar no sector de Assistência Técnica de Elevadores, que era na Rua de Sá da Bandeira, no Porto.

 Continuei com a andar com a carrinha Renault 4L, a fazer manutenção na Rota da Província que era fora do grande Porto.

 Passaram-se vários Meses, e para ser franco já nem me lembrava do assunto de ter ido falar com o Eng. Renato e com o Sr. Jorge Neves, para pedir a minha transferência para a fábrica da Arroteia, pensei que o assunto já estive-se esquecido.

 Até já tinha pensado melhor, e já nem estava interessado em ser transferido para a Fábrica da Arroteia.



 Fotografia também de um Catálogo da Efacec Elevadores, é de uma Modernização feita numa Bateria de Elevadores Quadruplex, com Velocidade Nominal de 2 m/s, no Banco Fonsecas & Burney, em Lisboa.

 Nesta Modernização foram montados novos Comandos QCP, com Reguladores de Velocidade Dinalift, da Loher, as Máquinas foram aproveitadas mas foram montados novos Motores de tracção também da Loher.

 Lembro-me bem desta Modernização, porque tratei da preparação e do ensaio em fábrica de todo o Comando e do CLP40, depois em conjunto com o Raposo e o Loução acompanhei  a posta em marcha na instalação em Lisboa, só falo desta instalações porque foi uma instalação onde foi montado o famoso Sistema de Gestão de Baterias de Elevadores MUX-88, que aparece num Catálogo acima. 

 Continuando com as memórias: conforme dizia atrás, até já não estava nada interessado em ser transferido para a Fábrica da Arroteia, por duas razões:

 A primeira razão é que até já estava a gostar de fazer Manutenção nessa Rota da Província, embora por vezes fazer essa rota fosse um bocado desgastante, por exemplo num dia podia andar a fazer manutenção nuns Elevadores em Guimarães, ligava para o escritório e mandavam-me com urgência ir resolver uma avaria à Póvoa de Varzim, e lá tinha que ir eu para a Póvoa, mas já estava a ficar habituado, andava sempre de um lado para o outro, a mexer em Elevadores e Comandos diferentes como gostava, não dava para cair na rotina.

 A segunda razão porque já não estava interessado em ser transferido para a fábrica da Arroteia, era por causa do horário, no sector de manutenção onde estava a trabalhar o horário que fazia era das 8h30 às 18h20, e o horário na Fábrica de Elevadores na Arroteia era das 8h00 às 17h24, embora na fábrica a hora de entrada só fosse meia hora mais cedo mas cumprir esse horário era mais complicado do que parece à primeira vista, porque eu morava e ainda moro em Valongo.

 Enquanto trabalhava na Assistência Técnica para chegar ao Porto às 8h30 podia apanhar em Valongo o autocarro 94, das 7h45 e chegava ao Porto a horas, mas se fosse trabalhar para a fábrica da Efacec na Arroteia para chegar lá às 8h00, tinha que apanhar 2 autocarros, tinha que apanhar o autocarro 94, das 6h15 que chegava ao Porto às 7h00, e depois no Porto tinha que apanhar o autocarro 95, das 7h15, para chegar à Fábrica da Arroteia na Via Norte às 8h00.

 Portanto se fosse trabalhar para a fábrica da Arroteia teria que passar a levantar-me antes das 6h00 da manhã, e ia começar a chegar a casa tardíssimo, ainda por cima na altura em que este episódio se passa, como fazia a Rota da Província, até andava com uma carrinha Renault 4L, que levava todos os dias para casa.



 Outra fotografia também de um Catálogo da Efacec Elevadores, da modernização que fizemos na Bateria de Elevadores, Quadruplex com velocidade Nominal de 2 m/s, no Banco Fonsecas & Burney, em Lisboa, onde foi montado o famoso Sistema de Gestão de Baterias de Elevadores MUX-88, que aparece num Catálogo acima. 



  Outra fotografia também de um Catálogo da Efacec Elevadores, foi neste Edifício do Banco Fonsecas & Burney em Lisboa, que foi feita a modernização na Bateria de  Elevadores Quadruplex com velocidade nominal de 2 m/s, onde foi montado o famoso Sistema de Gestão de Baterias de Elevadores MUX-88, que aparece num Catálogo acima. 



 Fotografia de um Comando QCP Isostop,  com Regulador de Velocidade Dinalift da Loher, ainda na banca de ensaios da Efacec Elevadores.

 Na altura deste comando já trabalhava na Sala de Estudos da Divisão de Elevadores na Arroteia, o Francisco Parracho já tinha saído, já fui eu quem fiz a preparação e o ensaio em banca, fui eu que tirei esta fotografia que ainda guardo como recordação.

 Este Comando fazia parte de uma Bateria de Elevadores Duplex, que foram montados na Torre de Escritórios da Efacec Oriente em Macau, mais tarde fui para Macau e em conjunto com o Sr. João Tavares fizemos a sua Montagem e Posta em Marcha, estive nesta instalação em Macau mais de 4 Meses.

 Continuando com as memórias: Dizia atrás que pensava o assunto da minha transferência para a fábrica da Arroteia já estive-se esquecido, mas não foi isso que aconteceu, certo dia o meu chefe directo o Sr. Raul Oliveira, ligou-me e disse-me para passar pela fábrica, que o Sr. Jorge Neves queria falar comigo.

 Nesse mesmo dia passei pela fábrica da Arroteia na Via-Norte, e fui à Divisão de Elevadores falar com o Sr. Jorge Neves, e quando entro no gabinete diz-me ele:

 Almeida, surgiu aqui uma vaga na Sala de Estudos do Eng. Mário Ribeiro, o Júlio  Resende saiu dos Elevadores e foi trabalhar para os Estudos Gerais, (o Júlio Resende tinha acabado de se formar como Eng. Civil no ISEP), portanto conforme estava combinado tu no princípio do próximo Mês sais do Sector de Assistência Técnica, e vens para cá trabalhar.

 Afinal o Sr. Jorge Neves não se tinha esquecido do meu pedido para ser transferido para a Fábrica da Arroteia, eu fiquei sem palavras, apetecia-me pedir-lhe por favor para não ir, mas tinha sido eu a pedir a transferência, engoli em seco, agradeci e lá fui à minha vida.



 Outra fotografia também de um Catálogo da Efacec Elevadores, é do Hall do Hotel Solverde na Granja, este hotel uma Bateria de Elevadores Triplex com Comandos QCP, e tem um Sistema de Gestão de Baterias de Elevadores MUX-88, feita com um CLP-40.

 Todos os Elevadores deste Hotel Solverde na Granja, são da Efacec, mas foram instalados pela empresa Pinto & Cruz, que foi uma das muitas empresas, que quando a Efacec acabou com o Sector de Montagem, passou a ser nosso cliente, e começou a comprar e a instalar Elevadores Efacec.

 Na altura desta instalação no Hotel Solverde eu já trabalhava na Sala de Estudos da Divisão de Elevadores na Arroteia, e em conjunto com o pessoal do Pinto & Cruz acompanhei a posta em Marcha dos Elevadores. 



 O Hotel Solverde na Granja.

 Continuando com as memórias: O Sr. Jorge Neves disse-me para no princípio do mês seguinte me apresentar na Fábrica, para começar a trabalhar na Sala de Estudos do Eng. Mário Ribeiro, mas eu fiz-me esquecido e evitei durante algum tempo ir à fábrica para ele não me ver, ainda se passaram mais alguns dias, mas um dia ele viu-me na Fábrica e disse-me que no dia seguinte tinha que entregar a carrinha Renault 4L no Porto, e tinha que me apresentar na Fábrica da Arroteia, porque a minha transferência já estava tratada, e que eu já não fazia parte do Sector de Manutenção.

 E não sei porquê ainda me disse:

 Almeida, quando decidimos ir para um lado vamos com os dois pés, não deixamos um pé em cada lado, deve-se ter apercebido de que eu já não tinha muita vontade de ir para a fábrica.



 Duas primeiras páginas de Catálogos Publicitários da Efacec, nesta altura a Divisão de Elevadores já tinha dado lugar a uma Empresa totalmente autónoma, que era a Efacec Elevadores S.A., e já tinha começado novamente com o negócio de Venda e Montagem de Elevadores, o primeiro encarregado desse Sector de Montagem foi o Manuel Francisco.

 Na fotografia do lado esquerdo do Catálogo acima, temos um dos Edifícios do Empreendimento Mota & Galiza, na Praça da Galiza, no Catálogo do lado direito aparece o interior da cabina do Elevador Panorâmico da Lada, na Ribeira do Porto. 

 Continuando com as memórias: E pronto conforme o Sr. Jorge Neves me ordenou, no dia seguinte entreguei a carrinha Renault 4L e a minha mala com ferramenta no Sector de Assistência em Sá da Bandeira, e lá me fui apresentar ao Eng. Mário Ribeiro, para começar a trabalhar na Sala de Estudos da Divisão de Elevadores, que ficava na Fábrica da Efacec na Arroteia em Leça do Bailio.

 Conforme me fui apercebendo ao longo do tempo era nesta Sala de Estudos, que era feito todo o desenvolvimento que era aplicado nos Elevadores, desde os Comandos e toda a sua parte eléctrica, às Máquinas de Tracção, às Portas Automáticas, às Cabinas, etc.



 Mais um Catálogo da Efacec Elevadores S.A., já da altura em tinha-mos voltado novamente para o mercado de Venda e Montagem de Elevadores para o cliente final.

 Na fotografia acima do lado esquerdo, temos mais um dos Edifícios do empreendimento Mota e Galiza, na Praça da Galiza no Porto, no lado direito temos uma fotografia da Botoneira de Cabina que foi utilizada em todos os Elevadores desse empreendimento, os indicadores de posição da cabina, e também os de patamar já eram feitos com uma Matriz de Led's.



 O Empreendimento Mota e Galiza, na Praça da Galiza no Porto, foi uma das grandes encomendas de Elevadores que foi ganha pela Efacec Elevadores S.A.

 Este empreendimento tem perto de trinta Elevadores, os Elevadores principais tem a Velocidade de 1,2 m/s, com Comandos Multi-Mic, com Regulador de Velocidade Revac de fabricação Efacec, os Monta-Cargas tem a Velocidade de 1 m/s, com Comandos QCP, as cabinas dos Elevadores deste empreendimento tem um "design" próprio, escolhido pelo cliente.



 Só como curiosidade, porque não tem nada que ver com a Efacec, ponho aqui esta fotografia das antigas instalações da CUFP, que ficavam na Praça da Galiza no local onde agora existe o Empreendimento Mota e Galiza.

 Ainda me lembro deste Edifício, ele ainda existia quando andei a estudar na Escola Industrial Infante Dom Henrique na Praça da Galiza, a história deste Edifício da CUFP, está contada no Blogue Monumentos Desaparecidos.  

 Continuando com as memórias: Na altura em que comecei a trabalhar na sala de Estudos, da Divisão de Elevadores na Arroteia, o Chefe da Sala era o Eng. Mário Ribeiro, e para além dele trabalhavam na sala o Sr. Jorge Machado, que tratava de projectos de parte mecânica, ao seu lado no fundo da sala à direita estava o Fernando Duarte que também tratava de projectos de mecânica e de máquinas.

 Depois estava o Eng. José António, que também tratava de projectos de parte mecânica, ao lado estava o Sr. Mário Delgadinho, que tratava mais de projectos de Portas Automáticas, depois ficava a Maria Arminda que tratava um bocado de tudo, depois estava o Francisco Parracho, que tratava de todo o desenvolvimento da parte Eléctrica relacionada com os Comandos dos Elevadores, passou a ser o meu ídolo, aprendi muito com ele.



 Uma fotografia dos finais dos anos 70, da Sala de Estudos da Divisão de Elevadores, da altura em que fui para lá trabalhar, estamos todos reunidos no meu estirador.

 Nesta fotografia a começar da esquerda estou eu, depois está o Fernando Duarte, depois o Francisco Parracho, depois o Eng. Rui Filipe Melo, depois o Eng. Mário Ribeiro, depois o Eng. Caldeira da Silva, e lá atrás encostado ao estirador de barba está o Eng. José António, nesta fotografia não aparecem 3 pessoas da sala, são a Maria Arminda o Sr. Mário Delgadinho, e o Sr. Jorge Machado.



 Fotografia de um Comando Multi-Mic com Regulador de Velocidade REVAC desenvolvido e fabricado pela Efacec Elevadores S.A., ainda está na banca de ensaios, este comando é do Empreendimento Mota e Galiza, nesta altura era eu que fazia a Preparação e o Ensaio destes Comandos, e depois a sua Posta em Marcha na instalação. 

 Continuando com as memórias: Comecei então a trabalhar na Sala de Estudos, de início era olhado e tratado como um menino, também era o mais novo, comecei por fazer pequenas coisas, como reparar as placas dos Comandos QCN e QS, também reparava as Células Foto Eléctricas, que na altura eram compradas em Espanha à MAC, depois comecei a reparar todo o tipo de placas que aparecia.

 Depois comecei a fazer alterações em Esquemas Eléctricos de Elevadores QAS, de QCN e dos QS, depois comecei a desenhar alguns Circuitos Impressos para Placas de Electrónica, na altura o desenho de Placas de Electrónica ainda era feito com decalco-manias, depois também comecei a fazer pequenos projectos, de algumas Placas de Electrónica, e de alguns comandos mais simples.

 Mais ou menos por esta altura surgiram no mercado os Elevadores Hidráulicos.



 Algumas placas, como a Placa de Relés do Comando Hidráulico e outras que foram projectadas e desenhadas por mim.

 Nos anos 70 e princípio dos anos 80 os Circuitos Impressos ainda eram desenhados com decalco-manias, para isso utilizava-mos uma caixa com o topo em vidro e com iluminação por baixo, utilizava-mos uma folha de vegetal com um quadriculado com as medidas exactas para a furação dos Circuitos Integrados.

 Mas antes de existirem decalco-manias, os Circuitos-Impressos como os desta imagem, eram desenhados à mão com uma Eding-3000, depois eram mergulhadas em per-cloreto de ferro que comia todo o cobre da placa que não estivesse pintado, estes Circuitos-impressos acima que foram desenhadas pelo Mário Ribeiro e pelo Júlio Resende nos anos 70, ainda utilizaram esse processo.

 Continuando com as memórias: Em meados dos anos 80 surgem no mercado os Elevadores Hidráulicos, e a Efacec acompanhou a onda e também aderiu à nova moda dos Elevadores Hidráulicos, ainda chegamos a comprar 3 Elevadores completos à Empresa Italiana GMV, ainda tenho os Esquemas Eléctricos desses primeiros Comandos comprados à GMV.

 Mas logo de seguida o Eng. Mário Ribeiro, encarregou-me de desenvolver um Comando para esses Elevadores Hidráulicos, a partir daí, para os Elevadores Hidráulicos passamos a comprar só a parte Hidráulica, os Pistões, as Mangueiras e  as Centrais, tudo o resto, Cabinas, Guias, Fixacções, Botoneiras, Comandos e toda a parte Eléctrica era de fabricação Efacec.

 Fotografia de um Elevador Hidráulico Panorâmico, com Suspensão diferencial de 2 para 1, podemos ver no lado direito o Pistão Hidráulico ligado à Arcadinha.



 Um dos Elevadores Hidráulicos panorâmicos mais bonitos que a Efacec Elevadores montou foi na Cadeia da Relação no Porto, tanto a cabina como a caixa de protecção são cilíndricos, a sua construção é toda panorâmica, tem um pistão central telescópico de ataque directo enterrado, que amarra por baixo da cabina.

 Qualquer dia vou pedir autorização para fotografar os Elevadores da Cadeia da Relação e vou fazer uma publicação sobre eles, todos os Elevadores da Cadeia da Relação são da Efacec Elevadores, excepto o último que já é da Schindler, mas que também tive o prazer de acompanhar.

 Continuando com as memórias: O primeiro Comando Hidráulico que projectei foi baseado em Relés e Contactores, era um QAS Hidráulico, o quadro era de cor azul para se diferenciar dos QAS Eléctricos, tinha uma porta de abrir pela frente, ainda existem alguns destes primitivos Comandos Hidráulicos a trabalhar, ainda existe um desses primitivos comandos QAS Hidráulico, no elevador da cantina da Fábrica da Efacec na Maia, e outro num edifício perto das Fontainhas no Porto.

 Fotografia de uma Casa de Máquinas de um Elevador Hidráulico, com uma Central da GMV.

 Outra Casa de máquinas de um Elevador Hidráulico, também com uma Central da GMV.

 Fotografia de um Poço de um Elevador Hidráulico, com suspensão diferencial de 2 para 1, vemos o Pistão Hidráulico ligado à Arcadinha.

 Continuando com as memórias: Posteriormente em 1987, criei de raiz um novo Comando QCP Hidráulico, utilizando a Placa de Micro MAP 4021, que já era utilizada nos Comandos QCP Eléctricos, a partir de 1987 passamos a utilizar o Comando QCP, para Elevadores Eléctricos e Hidráulicos, com a Placa de Micro MAP 4021.



 Fotografia de alguns dos Comandos QCP Hidraúlicos, ainda existem muitos destes Comandos a trabalhar por esse País fora.





 Um  Comando QCP Hidraúlicos que acabou de ser substituído.

 Continuando com as memórias: Entretanto nos finais dos anos 80, o Francisco Parracho que na altura era o homem por detrás de todo o desenvolvimento da parte Eléctrica da Divisão de Elevadores, é transferido para a recém criada Divisão de Robótica.

 O Francisco Parracho foi trabalhar em conjunto com o Sr. Arlindo Ribeiro, no Sector de Manutenção da Divisão de Robótica da Efacec, mas o Francisco não ficou muito tempo a trabalhar na Divisão de Robótica, passado algum tempo acabou por se despedir da Efacec.





 Procurei no meu baú das memórias, e encontrei uma pasta com decalco-manias e todo o material para desenhar Circuitos Impressos, tal como se fazia na década de 1970 quando fui trabalhar para a Sala de Estudos.

 Ainda tenho o papel vegetal com o quadriculado com a medida para Circuitos Integrados, e todos os tipos de decalco-manias, existiam todo o tipo de letras, pistas de todas as espessuras, todos os tipos de bolinhas que depois serviam para efectuar as furações para montar os materiais as resistências, os condensadores, os circuitos integrados, etc...

 Continuando com as memórias: A partir do momento em que o Francisco Parracho se despediu da Efacec, senti que perdi muito do apoio que tinha na Sala de Estudos, porque mesmo com ele a trabalhar na Divisão de Robótica que era mesmo ao nosso lado, sempre que tinha alguma dúvida era com ele que ia falar, mas quando ele se despediu da Efacec senti muito, perdi o meu grande apoio.

 Mas desde que o Francisco Parracho tinha saído da Divisão de Elevadores, para a Divisão de Robótica, era eu quem tratava de todos os Comandos Especiais, e da Assistência Pós Venda, por exemplo passei a ser eu fazer a revisão antes do Verão, em todos os Elevadores de Corrente Continua da Zona Norte do País, sempre que acontecia alguma avaria num destes Elevadores, era sempre bastante complicado, em algumas destas avarias cheguei a passar mais do que um dia, e algumas vezes fui auxiliado pelo Eng. Teixeira Dias.

 Mas já desde que o Francisco Parracho tinha saído da Divisão dos Elevadores, sempre que era necessário ir a alguma instalação resolver uma avaria, ou acompanhar a Posta em Marcha de algum Elevador, lá tinha eu que arrancar, para qualquer ponto do País ou no Estrangeiro.



 Algumas Instruções para a posta em marcha do Comando QCP Hidráulico, em 1987 tinha que fazer todos estes Planos e Instruções à mão.



 Esquemas Eléctricos e Instruções para a posta em marcha do Comando QCP Hidráulico, em 1987 tinha que fazer todos estes Planos e Instruções à mão.

 Continuando com as memórias: Em algumas das instalações que tinha que acompanhar a Posta em Marcha dos Elevadores, passei semanas e às vezes Meses seguidos, comecei a andar sempre por fora.

 Tinha que ir a todos os lados, quer a instalação dos Elevadores fosse no Porto, em Braga, em Guimarães, em Coimbra, em Lisboa, no Algarve, em Madrid, em Luanda, em Macau, nas  Ilhas Maurícias, na Bélgica ou qualquer outro sítio, lá tinha eu que fazer a mala e lá ia de viagem, pelo menos fiquei a conhecer muitos lugares, que se não fosse por causa dos Elevadores nunca iria conhecer.

 Conclusão, posso dizer que evolui muito enquanto trabalhei com o Francisco Parracho, mas por força das circunstâncias com a sua saída primeiro da Divisão dos Elevadores e depois quando se despediu da Efacec, fui obrigado a evoluir muito mais rápidamente.

 Mas também tenho que admitir que evolui muito devido à confiança que o meu chefe, o Eng. Mário Ribeiro depositava em mim.

 Ainda me lembro como se fosse hoje, todos os meses o Eng. Mário Ribeiro fazia um apanhado de todos os elevadores especiais, dava-me essa listagem para a mão, e a partir daí a responsabilidade passava a ser minha, tinha que analisar os Projectos das Instalações, ver o numero de pisos, as Máquinas, a Potência dos Motores, o Tipo de Portas Automáticas, enfim tudo que tivesse a ver com a Instalação Eléctrica desse Elevadores Especiais, eu já tinha uma folha especial onde não me falhava nenhum dado.

 Depois tinha que fazer os Esquemas Eléctricos de acordo com as especificações de cada instalação, depois tinha que desenhar as "pátines" para os quadros, depois tinha que comprar todos os materiais ao exterior, como contactores, temporizadores, disjuntores, calhas, passa fios, bornes, etc..., depois fazia um envelope dessa preparação com todos os documentos para fabricação desses Comandos Especiais.

 Nesta altura a Divisão de Elevadores tinha um sector para fabricação desses Comandos Especiais, que eram os  Comandos QCP Hidráulicos, os Comandos Multi-Mic, os Comandos para Monta Papéis, e todo o tipo de Quadros Suplementares, como Quadro de Registos de Patamar, Quadros de Portas Automáticas, etc..., esse sector era chefiado pelo Sr. José Neves.

 A forma como o Eng. Mário Ribeiro delegava as responsabilidades foi muito importante para o meu desenvolvimento profissional, pois ele passava-me para as mãos, desde um simples quadro suplementar para comandar umas Portas Automáticas, ou um quadro para um Monta Papéis, até aos Comandos mais complexos, como os Comandos Multi-Mic de dezenas de Edifícios importantes, como o empreendimento Mota e Galiza,, ou o Edifício Espaço Leopoldo em Bruxelas, no novo Edifício do Parlamento Europeu.

 Do meu baú de memórias, vou colocar agora alguns Esquemas da parte Eléctrica de Elevadores, de pessoas que passaram pela Sala de Estudos da Divisão de Elevadores da Efacec.

 Todos os planos que vou pôr a seguir são de pessoas que trabalharam na parte eléctrica dos Elevadores, e são mencionadas nesta minha publicação.



 Do ano de 1961, tenho este antigo plano do Sr. Jorge Neves, é da altura em que a Empresa de Elevadores Soprel foi incorporada na Efacec, como já disse quando comecei a trabalhar no dia 15 de Dezembro de 1971, o Sr. Jorge Neves já era o chefe do Sector de Elevadores, que a Efacec tinha na Rua de Sá da Bandeira, no Porto.

 Quando a Efacec encerrou o Sector de Montagem de Elevadores em Sá da Bandeira, o Sr. Jorge Neves foi para a Fábrica da Arroteia, onde assumiu o lugar de Chefe da Divisão dos Elevadores da Efacec, mais tarde também foi o Sr. Jorge Neves que arrancou com a Empresa Efacec Automação e Robótica, empresa da qual foi Director até ao final da sua carreira.

 Uma entrevista do Sr. Jorge Neves ao Jornal Infor da Efacec, já como director da Empresa Efacec Automação e Robótica.



 ...Dos anos 70 tenho guardados muitos planos dos chamados Comandos QAS, feitos pelo Eng. Mário Ribeiro, de quando ele ainda não era o chefe da Sala de Estudos. 

 ..Também dos anos 70 tenho guardados muitos planos de Comandos QAS e QCN, feitos pelo Eng. Ramos, conheci o Eng. Ramos quando andei a montar o protótipo do Comando QCN na Avenida da República em Matosinhos, era ele que ia à instalação ver como estava o andamento da obra, e era ele quem me dava as Instruções para a Montagem, deduzo que o Comando QCN deve ter sido desenvolvido por ele, muitos anos mais tarde voltei a cruzar-me com ele já quando trabalhava na Schindler, quando acompanhei a minha colega Raquel a numa reunião nas instalações da Sonae na Via Norte, sobre os Elevadores da Quinta das Sedas em Matosinhos.

 ..Também dos anos 70 tenho guardados muitos planos de Comandos QAS e QCN, feitos pelo Júlio Resende, de quando ele ainda trabalhava na sala de Estudos da Fábrica de Elevadores da Efacec.

 ..Já mais recentes dos anos 80 também tenho guardados muitos planos de Comandos QCN e QS, feitos pelo meu amigo Francisco Parracho.

 Mas como podemos constatar por esta minha publicação, a vida é feita de muitos Ses,  e muito embora  não esteja arrependido por ter trabalhado durante 43 anos sempre ligado aos Elevadores, não sei se fui eu que escolhi esse caminho, ou se foi pura coincidência.

 ......Se, quando terminei o curso Industrial, não tivesse ido estagiar para a Divisão de Elevadores da Efacec e tivesse continuado a estudar, Se calhar poderia ter feito o SPI e teria entrado no ISEP ou na FEUP, e talvez nunca tivesse ouvido falar de Elevadores.

 ......Se, não tivesse ido fazer o estágio final do Curso Industrial na Efacec, e tivesse ido fazer o estágio para os TLP como esteve para  ser, Se calhar teria continuado a trabalhar nos telefones, e talvez também nunca tivesse ouvido falar de Elevadores.

 ......Se, não tivesse acontecido o 25 de Abril de 1974, e a construção civil não tivesse  parado, Se calhar não teria sido transferido do sector  de Montagem de Elevadores, para o de Assistência Técnica, e poderia ter terminado os meus dias como Montador de Elevadores.

 ......Se, o Sr. Jorge Neves quando lhe pedi tive-se autorizado a minha transferência para a Divisão de Electrónica, Se calhar como aconteceu com muitos dos meus colegas teria terminado os meus dias a trabalhar na Divisão Electrónica, e talvez também nunca mais tivesse ouvido falar de Elevadores.

 ......Se, não tivesse surgido uma vaga na Sala de estudos na Divisão de Elevadores na Arroteia, e Se o Sr. Jorge Neves não se tivesse lembrado da promessa que me tinha feito, Se calhar tal como o Mário Vieira da Rocha, o Joaquim Talaia, o Machado, e muitos outros meus colegas teria terminado os meus dias a trabalhar no Sector de Assistência Técnica, e nunca teria ido parar à tal Sala de Estudos da Divisão de Elevadores da Efacec, que acho que me alargou os horizontes, e me permitiu adquirir muitos conhecimentos, que possivelmente se tivesse continuado como técnico de  manutenção, Se calhar nunca alcançaria.

 ......Como Técnico de Elevadores da Efacec fiquei a conhecer Portugal desde o Minho até ao Algarve, fiquei a conhecer bem os Açores e a Madeira.

 ......Também fiquei a conhecer muitos Países:

 ......Por duas vezes estive a trabalhar em Espanha em Madrid, para onde vendemos Comandos QCP Duplex, fiquei a conhecer mais ou menos Madrid.

 ......Estive na Bélgica primeiro na Cidade de Saint Niklaas, e depois estive durante muitos Meses a trabalhar em Bruxelas na Montagem dos Elevadores do novo Edifício do Parlamento Europeu, fiquei a conhecer Bélgica de Lés a Lés.

 ......Passei duas vezes por Hong Kong a caminho de Macau, onde estive a trabalhar durante vários Meses na Montagem dos Elevadores da Fábrica da Efacec, fiquei a conhecer bem Macau, e as Ilhas da Taipa e de Coloane, e também fiz várias  incursões pelo interior da China.

 ......Estive a trabalhar 2 semanas nas Ilhas Maurícias, também fiquei a conhecer a Ilha de Lés a Lés.

 ......Estive em Angola, a trabalhar em Luanda durante 2 semanas, também fiquei a conhecer mais ou menos a Cidade.

 ......E estive em mais alguns lados que agora não me lembro, que se não fosse por causa da Efacec nunca teria conhecido.

 Depois de mim, sem Formação Superior na Sala de Estudos, só alguns anos mais tarde entraram mais 2 colegas, que foram primeiro o Belmiro Madeira, e depois o Francisco Certo, ambos através de estágios do Fundo Social Europeu.

 Ainda hoje, 30 anos depois do fim da Efacec Elevadores S.A. fico triste sempre que penso no seu fim, porque na minha opinião Empresas como a Efacec Elevadores, eram autênticas incubadoras de pessoas e verdadeiros motores de  desenvolvimento, foi da Divisão de Elevadores da Efacec que nasceram primeiro a Efacec Electrónica Industrial, depois a Efacec Automação e Robótica, e depois todo o desenvolvimento para as Barreiras  das Passagens de Nível da CP, e muito mais coisas de que agora não me lembro.   



 Na altura em que a empresa Efacec Elevadores S.A. foi incorporada na Schindler Elevadores, já estávamos aqui nestas instalações da Maia, ocupávamos as Naves 1, 2, 3, 4 e o edifício administrativo 5,  o edifício 6 era o  refeitório, o edifício 7 era da Empresa de Motores  e o Edifício 8 era da Empresa de Electrónica Industrial. 

 Assim um bocado por alto já contei esta história de como fui trabalhar para a sala de estudos da Divisão de Elevadores da Efacec na Arroteia, ao Eng. Renato Morgado, numa reunião em que acompanhei a minha colega Raquel Marques, por causa de um antigo Elevador da Schindler do edifício onde ele mora.

 Como gostei muito desse encontro inesperado com o Eng. Renato passados mais de 40 anos, e como também gostei muito do antigo Elevador Schindler que está montado no seu edifício, que é do tempo da II Guerra Mundial, qualquer dia vou fazer uma publicação sobre ele, entretanto já me encontrei com o Eng. Renato no edifício, e tiramos algumas fotografias em conjunto para utilizar nessa publicação.   

 E mesmo para terminar:

 ......Se em Dezembro de 2014 talvez por ter o cabelo todo branco, não me tivessem considerado velho para trabalhar em  Elevadores, Se calhar em vez de estar a escrever este extenso texto, sobre os meus primeiros anos de trabalho na Divisão de Elevadores da Efacec, ainda poderia andar mais uns aninhos a trabalhar nos Elevadores.   

 Fernando Almeida