O quadro de Comando Triplex, do edifício Willian Graham, na Boavista, comando desenvolvido, fabricado e instalado pela Efacec, no ano de 1970.
Nesta publicação vou contar as lembranças que me vieram à memória quando adicionei um amigo à minha lista do facebook.
Não sou muito de pedir amizade no facebook, mas quando vi a fotografia do Júlio Resende não resisti, e pedi-lhe amizade.
Trabalhei durante 43 anos na área dos elevadores, e ao fim desse tempo alguém decidiu que já estava velho para trabalhar, e por isso passei a funcionário publico em Dezembro de 2014.
A partir daí perdi o contacto com a
quase toda a gente que conhecia na área dos elevadores.
Um dia fui tomar café com um colega, e ele disse-me que a melhor maneira para voltar a ter contacto com as pessoas que conhecia, e até talvez encontrar muitas outras pessoas do meu passado, era aderir ao facecbook.
E eu assim fiz, aderi ao facebook em Março de 2015, e efectivamente encontrei muitas pessoas que já não via
à muitos anos, e de muitas já nem sequer me lembrava.
Uma das pessoas que encontrei no facebook, de quem já mal me lembrava foi o Júlio Resende, já não via o Júlio à mais de 20 anos, desde que a Efacec Elevadores saiu da Arroteia, e se mudou para a Maia.
Já estávamos nas Instalações da Maia, quando a Efacec resolveu vender a Efacec Elevadores, à empresa Suiça, Schindler.
E pouco tempo depois da aquisição, a Schindler saiu das instalações na Maia, e mudou-se para umas novas instalações na Circunvalação, junto ao Monte dos Burgos.
A partir do momento em que a Schindler saiu das instalações da Efacec, na Maia, é que acabei mesmo por perder o contacto com quase todas as pessoas que conhecia na Efacec.
Mas de alguma maneira, todos os colegas que voltei a encontrar no facebook trouxeram-me recordações, mas quando vi a fotografia do Júlio Resende vieram-me à memória recordações dos meus primeiros anos na Divisão de Elevadores da Efacec, da década de 1970.
Lembrei-me de quando ouvi o nome do Júlio Resende pela primeira vez.
Os meus Cartões de
Identificação, já como funcionário do Sector de Ascensores da Efacec, que era na Rua de Sá da Bandeira nº
706, 5º Andar no Porto.
O primeiro cartão é de 1972, está assinado pelo Srº Jorge Neves, que nesta altura chefiava o Sector
Comercial de Elevadores da Efacec, em Sá
da Bandeira.
O segundo cartão, já é da segunda metade da década de 1970, está assinado pelo Sr. Raul Oliveira, que era quem chefiava o Sector de Manutenção de Elevadores da Efacec, em Sá da Bandeira.
Nesta altura o Sr. Jorge Neves já tinha saído de Sá da Bandeira, e tinha assumido o cargo de Chefe da Divisão de Elevadores na fábrica da Arroteia.
Depois quando fui transferido de Sá da Bandeira no Porto, para a Sala de Estudos da Divisão de Elevadores, na fábrica da Efacec, na Arroteia, ainda tive mais dois cartões de identificação.
Os meus 3º e 4º, cartões de identificação.
O 3º cartão é dos finais dos anos 70, é da altura em que fui trabalhar para a Sala de Estudos da Divisão Elevadores da Efacec, na Arroteia.
Os furos que
se vêem neste cartão, eram para fazer a marcação no relógio de ponto, marcava a hora de entrada às 8h00, o almoço era das
13h00 às 13h45, e a saída era às 17h24.
O 4º cartão já é com banda magnética, nesta altura já estávamos na fábrica das Guardeiras, na Maia, este foi o meu último cartão como funcionário da Efacec.
A banda magnética era para fazer a marcação de ponto, a entrada, a saída, e o intervalo para almoço
Deixei de utilizar este quarto cartão de identificação, no ano de 1997, porque foi nesse fatídico ano que a Efacec vendeu a Efacec Elevadores, à empresa Suiça, Schindler, nessa altura passei a ser encarregado, no sector de montagem da Schindler Elevadores.
Vou então contar como é que acabei por ir trabalhar para a Divisão de Elevadores da Efacec, e as
muitas mudanças, e coincidências que foram acontecendo ao longo da minha vida:
No ano de 1971 acabei o Curso Industrial, na Escola Industrial Infante Dom Henrique, mas para ficar com o Diploma do Curso, tinha que fazer o que na altura se chamava exame de aptidão profissional.
Mas para fazer a matrícula para esse exame final do curso, tinha que fazer um estágio de 6 Meses numa empresa ligada a Electrotecnia, e para fazer a matricula tinha obrigatoriamente que entregar uma declaração em como tinha feito esse estágio de 6 Meses.
Foi o meu pai quem tratou de tudo, para eu fazer o estagio no Sector de Elevadores da Efacec, na Rua Sá da Bandeira no Porto.
Inicialmente estava combinado que iria fazer o estágio na Fábrica da Arroteia.
Mas quando um dia fui com o meu pai de autocarro até à Arroteia, falar com o Sr. Manuel Moreira para acertar a data de inicio do estágio, chegamos à conclusão de que a Arroteia era muito longe.
Para ir-mos de Valongo até à Arroteia tivemos que apanhar 2 autocarros, e a viagem demorou mais de 2 horas.
E foi por causa deste problema dos transportes, que acabei por ir fazer o estágio no Sector de Montagem de Elevadores da Efacec, no Porto.
O meu estágio começou no dia 15 de Dezembro de 1971.
Quando comecei o estágio, no dia 15 de Dezembro de 1971, o Sector de Montagem de Elevadores da Efacec em Sá da Bandeira, era chefiado pelo Sr. Jorge Neves.
Como se vê no reclame, o Sector de Montagem da Efacec, era no 5º andar, era logo a seguir ao Café SABAN, na entrada 706.
O Sector de montagem de elevadores também tinha um armazém com rés-do-chão e cave, na Rua Guedes de Azevedo, que era chefiado pelo Sr. João.
Este
foi o meu primeiro recibo como estagiário da Efacec, nesta altura em
1971 recebia-mos à quinzena, recebi 520 Escudos, de 16 a 31 de Dezembro de
1971.
E foi este vencimento mensal de 1.000$00, que comecei a receber, que muito contribuiu para que eu tivesse abandonado os estudos, e tivesse optado por continuar a trabalhar.
Comecei então o meu estágio no dia 15 de Dezembro de 1971, e no dia 15 de Junho de 1972 acabei o estágio de 6 Meses, pedi na Efacec a declaração em como tinha feito um estágio de 6 Meses com bom aproveitamento, e lá fui fazer o exame de aptidão profissional.
Depois de
fazer o exame de aptidão profissional, pedi o famoso Diploma do Curso, que
diga-se nunca me serviu para nada, nunca tive que o mostrar a ninguém, ficou
guardado numa gaveta a ganhar bolor.
Foi para ter este Diploma do Curso, que fui estagiar para a Efacec, perdi um ano da minha vida para o conseguir, e nunca o mostrei a ninguém, nem nunca precisei dele para nada.
Antiga fotografia da Escola Industrial Infante Dom Henrique, no Porto, esta fotografia deve ser do início do Século XX, neste tempo a Rua de Júlio Dinis ainda era tipo viaduto.
A Escola Industrial Infante Dom Henrique.
Mas agora continuando a contar as minhas memórias:
Depois de fazer o exame de aptidão profissional resolvi abandonar os estudos, nem sequer fiz a matricula para fazer o SPI, optei por começar a trabalhar.
Tomei a decisão de abandonar os estudos, e começar a trabalhar, por 3 motivos:
O primeiro motivo, foi por causa do valor mensal que comecei a receber, não era muito, mas para mim, no ano de 1971 receber 1000$00 por mês era uma fortuna, nessa altura umas calças da "Lois" custavam 400$00, portanto já podia comprar vários pares de calças por mês.
O segundo motivo, foi que a partir do dia em que comecei a trabalhar, e a receber vencimento mensal, fiquei financeiramente independente, nunca mais pedi 1$00 aos meus pais, nem eles me pediram nunca para entregar em casa nada do meu vencimento.
O ordenado ficava todo para mim, passei a ser eu a gerir as minhas despesas, e assim deixei de ser um encargo para os meus Pais.
Quando andava a estudar tinha que pedir ao meu Pai dinheiro, para pagar o passe do comboio, o passe do autocarro, para os livros, para o almoço na cantina da escola, para roupa, e para tudo o que precisa-se.
Este foi o último recibo, ainda como estagiário da Efacec.
É do mês de Junho de 1972, o meu vencimento mensal já era de 1.200$00, só recebi 600$00 porque ainda continuávamos a receber à quinzena, mas como era estagiário ainda não fazia descontos, para a Caixa de Previdência (CP), nem para o Fundo de Desemprego (FD).
Passei a ser funcionário da Efacec no mês de Julho de 1972, na altura ainda recebíamos à quinzena, recebi 1.235$00, mas o meu vencimento mensal já era de 2.470$00.
Agora como já era funcionário da Efacec, já comecei a fazer descontos para a Caixa de Previdência (CP), para o Fundo de Desemprego (FD), e também comecei a pagar uma cota para a Adefacec.
O terceiro motivo, que me levou a abandonar os estudos, e optar por começar a trabalhar no Sector de Montagem de Elevadores da Efacec, também foi muito por causa da tecnologia topo de gama que a Efacec utilizava nos Elevadores.
Então a tecnologia dos Elevadores do Hotel Dom Henrique, onde passei grande parte do estágio deixava-me fascinado.
Os 4 elevadores do Hotel Dom Henrique tinham motores de Corrente Continua da Brow Boveri, (Ward Leonard Sistem), dois eram destinados aos clientes, e dois eram de serviço.
Estes 4 elevadores tinham a velocidade de 2 m/s, e os botões de registos de cabina e de patamar dos 2 elevadores de clientes eram capacitivos.
Nesta
altura, em 1971, esta tecnologia era mesmo o topo de gama dos elevadores, mas não era
só a instalação eléctrica do hotel que me fascinava, era tudo o que girava
à volta dos elevadores.
Foi aqui no Hotel Dom Henrique, que passei a maior parte do estágio de 6 Meses, que fiz no Sector de Montagem de Elevadores.
Mas agora continuando a contar as minhas memórias:
......Em Junho de 1972, quando acabei o estágio de 6 Meses, como ainda não sabia qual o destino a dar à minha vida, ainda não tinha decidido deixar de estudar, e por isso fui ao escritório para entregar a farda, e despedir-me de toda a gente da Efacec.
......Nessa
altura ainda estava com a ideia de que iria continuar a estudar, e fazer o SPI, mas quando me
despedi do Sr. Rodrigues, que era mais ou menos o braço direito do Sr. Jorge Neves, ele disse-me que se mudasse de ideias e
resolve-se começar a trabalhar, tinha lugar no Sector de Montagem de Elevadores
da Efacec.
A partir desta altura, deixei de ser um encargo para os meus Pais, porque passei a ter o meu próprio vencimento, passei a ter autonomia financeira aos 16 anos, mas acho que fui sempre responsável, comprei o meu primeiro carro, um Fiat 600 usado aos 18 anos.
O Poço do Elevador nº1 do Hotel Dom Henrique, os elevadores 1 e 2 tem 19 pisos, e os Elevadores 3 e 4 tem 22 pisos.
Continuando com as memórias:
......Como disse atrás, depois de fazer o exame de Aptidão Profissional na Escola Industrial Infante D. Henrique, comecei a trabalhar, mas agora já como funcionário da Efacec, no Mês de Julho de 1972.
......E fui novamente trabalhar para o Hotel Dom Henrique, como ajudante do Sr. Domingos, continuei lá a trabalhar até à inauguração do hotel.
......Já estávamos nos finais de 1972, quando um dia o Sr. Pinto que era o nosso encarregado, vem ao hotel falar comigo.
......E diz-me que eu ia deixar de ser ajudante, e que ia ser lançado às feras, como Montador de Elevadores.
E assim lá comecei a minha vida como Montador de Elevadores, num edifício do Ferreira dos Santos, numa praceta em frente à Câmara de Gaia, o meu primeiro ajudante foi o Bessa de Campanhã.
Comecei a minha curta carreira como Montador de Elevadores, neste edifício do Ferreira dos Santos, que fica numa praceta em frente à Câmara de Vila Nova de Gaia.
Andei aqui a trabalhar durante vários meses, este edifício tem 26 Elevadores, comecei na entrada do lado direito, e terminei na torre do lado esquerdo.
Continuando com as memórias:
Andei a trabalhar no Porto, em Matosinhos, em Leça da Palmeira, na Póvoa de Varzim, em Viana do Castelo, em Guimarães, em Barcelos, em Braga, em Santa Maria da Feira, em Vale de Cambra, em Lamego, no Cachão, em Mirandela, etc.
Fiquei a conhecer toda a Zona Norte de Portugal, devido aos edifícios com Elevadores da Efacec.
Quando andava a trabalhar fora do Porto, por exemplo em Braga, em Guimarães, em Viana, ou noutra cidade qualquer, tinha que ficar lá alojado porque não havia transportes, nessa altura recebia subsídio de deslocação, e subsídio de transporte, e em algumas destas localidades fiquei lá hospedado durante muitos Meses.
Por exemplo, quando estive a trabalhar no Cachão, no Complexo Agro Industrial, fiquei lá hospedado mais de meio ano, só vinha a casa uma vez por Mês, nessa altura recebia subsídio completo.
Noutros locais mais perto como Lamego, já dava para vir a casa de 15 em 15 dias.
Em cidades como, Barcelos, Vale de Cambra, Viana, Braga, Guimarães, também tinha que ficar lá alojado, mas como eram mais perto, já dava para vir a casa todos os fins de semana.
Fiquei a conhecer muito bem todas estas cidades, por causa dos elevadores, sempre que havia cinema eu não falhava uma sessão.
Recibos de vencimento da década de 1970, como se vê, quando andava a trabalhar fora do Porto, ficava lá hospedado, mas recebia, Subsídio de Deslocação, Horas de Viagem e Ajudas de Custo.
Agora continuando com as minhas memórias:
Mas a minha carreira como Montador de Elevadores, não viria a durar muito tempo, eu não estava destinado a acabar os meus dias como Montador de Elevadores.
No dia 25 de Abril de 1974, aconteceu a revolução, que ficou conhecida como a revolução dos cravos.
Uma das consequências da revolução, foi que passado pouco tempo a construção civil parou, e por arrasto a actividade de Montagem de Elevadores também parou.
No dia 25 de Abril de 1974, acontece a revolução, que ficou conhecida
como a Revolução dos Cravos.
Continuando com as memórias:
Outra consequência do 25 de Abril de 1974, com a paragem da construção civil, e depois com paragem da montagem de elevadores, foi que passado pouco tempo, a Efacec decidiu abandonar a actividade de venda e montagem de elevadores.
A Efacec abandonou toda a actividade de venda e montagem de elevadores, mas manteve a fábrica de elevadores na Arroteia.
Mas em Sá da Bandeira só foi mantido o Sector de Manutenção de Elevadores, que era chefiado pelo Sr. Raul Oliveira.
A partir dessa altura a Efacec continuou a fabricar elevadores, mas eram para vender a outras Empresas.
Algumas das Empresas que começaram a comprar e montar elevadores da Efacec, já existiam no tempo em que a Efacec ainda estava no mercado.
Mas com a saída da Efacec do mercado, surgiram muitas novas empresas,
algumas delas criadas por
ex-funcionários da Divisão de Elevadores da Efacec.
Antigo folheto publicitário, ainda do tempo da Divisão de Elevadores da Efacec, da década de 1970, do tempo em que eu ainda trabalhava no Sector de Montagem em Sá da Bandeira no Porto.
Continuando com as memórias:
Na altura em que a Efacec acabou com o sector de montagem de elevadores, e passou a ser só fabricante, começou a vender elevadores para mais de 10 empresas, e continuou a fazer exportação.
Mas na
altura em que a Efacec decide acabar com o sector de montagem de elevadores, em Sá da Bandeira no Porto, onde eu trabalhava, ainda existiam algumas dezenas
de Montadores de Elevadores.
Só em meados de 1990, quando a Divisão de
Elevadores deu lugar a uma empresa autónoma, a Efacec Elevadores S.A., é que voltamos novamente a vender
e a montar elevadores directamente ao cliente final.
Década de 1970, um jantar de Natal no Hotel Dom
Henrique, com todo o pessoal da Secção de Elevadores de Sá da Bandeira.
Nesta fotografia para além de mim, que estou no lado direito de pullover cinzento, estão alguns dos meus antigos colegas de Sá da Bandeira, a seguir a mim está o Victor, depois o Carvalho, o Caldas, o Emílio, o Lima, etc, muitos deles foram trabalhar para a Venezuela.
Continuando com as memórias:
Dos colegas que foram trabalhar para a Venezuela, só voltei a ter noticias de três.
Soube que o meu amigo Victor teve um acidente fatal, quando montava um elevador.
Outro que regressou foi o Bernardino, e estabeleceu-se a trabalhar na montagem de elevadores.
Outro que também regressou foi o Caldas, e foi trabalhar para a Divisão de Electrónica na
Maia, dos restantes nunca mais tive notícias.
Um dos montadores que foram trabalhar para a Venezuela, foi o Sr. Domingos de Barcelos, que foi meu oficial durante o estágio, aprendi muito com ele, nunca mais o vi, nem ouvi falar mais dele.
Outra fotografia da década de 1970, de um jantar de Natal no Hotel Dom Henrique, com o pessoal de Sá da
Bandeira.
Nesta
fotografia está em primeiro plano o meu grande amigo, o Victor, um dos colegas
que foi trabalhar para a Venezuela e não regressou, eu estou logo a
seguir com um pullover cinzento.
Continuando com as memórias:
Outros colegas do sector de montagem, de Sá da Bandeira, como o Mário Vieira da Rocha, o Sr. Luís Vieira da Rocha, o Machado, o Daniel Ferro, o Sr. Agostinho, foram trabalhar na montagem de elevadores para Angola.
Mas estes que foram para Angola, acabaram todos por regressar, e foram todos integrados noutros sectores da Efacec.
Antiga fotografia da Fábrica da Efacec na Arroteia, nesta altura só existia o Edifício Administrativo e 3 pavilhões, ao fundo vemos a linha Férrea de Leixões.
Nesta fotografia
actual, ainda conseguimos distinguir
a cobertura dos 3 primeiros pavilhões da Efacec na Arroteia, a cor da
cobertura é diferente da dos restantes, o antigo edifício administrativo também
ainda cá está, e também ainda conseguimos ver a linha férrea de Leixões.
Continuando com as memórias:
Como disse acima, quando a Efacec abandonou a montagem de elevadores, alguns dos meus colegas imigraram, outros foram integrados noutros sectores, outros foram trabalhar para o Sector de Manutenção, outros estabeleceram-se a trabalhar no ramo dos Elevadores.
Mas agora falando no meu caso concreto, depois do 25 de Abril de 1974, continuei no Sector de Montagem de Elevadores, porque eu estava mais destinado a fazer a parte eléctrica, e a conclusão de elevadores.
E por isso fui tendo sempre serviço, porque nessa altura ainda existiam imensos elevadores montados só com guias e portas, onde era necessário fazer a 2ª, e a 3ª fase, a parte eléctrica, e a conclusão.
Nenhum Edifício conseguia obter licença de habitabilidade, sem que os elevadores estarem em funcionamento.
Durante alguns períodos ainda estive parado, nessa altura ficava em inactividade, mas mais ou menos, fui tendo sempre serviço, fui dos últimos a sair do Sector de Montagem de Elevadores em Sá da Bandeira, consegui resistir quase até ao fim.
Esta fotografia é da década de 1970, é da altura em que andavamos a montar os elevadores no Edifício Nova Póvoa, na Póvoa de Varzim, na altura ainda não existia mais nenhum edifício à volta.
Esta fotografia também é da década de 1970, é da altura em que andávamos a montar os elevadores no Edifício Nova Póvoa, na Póvoa de Varzim.
2018 – actualmente mal se vê o edifício Nova Póvoa, tal é o número de construções à volta.
Quando este edifício Nova Póvoa foi construído, na década de 1970, era o edifício mais alto do País, e acho que ainda é, tem 30 pisos acima do nível da Terra, tem uma Cave, que funciona como garagem, depois tem o piso térreo, Rés do Chão, e tem 28 andares de apartamentos, a Casa de Máquinas dos Elevadores, e os depósitos de água são no 29º andar.
Continuando com as memórias:
Mas tudo na vida tem um fim, e o meu fim no Sector de Montagem de Elevadores, acabou por acontecer, como aconteceu com todos os outros meus colegas.
Mas eu acabei por ter sorte, porque não fui trabalhar para muito longe, fui para o Sector de Manutenção, que até era no mesmo edifício, e no mesmo andar.
O Sector de Manutenção de Elevadores, também era no 5º andar, do nº 706, na Rua de Sá da Bandeira no Porto, nessa altura o chefe era o Sr. Raul Oliveira.
Durante alguns meses andei a trabalhar na Área do Grande Porto, fazia Manutenções, ia resolver avarias em elevadores, fazia pequenas reparações, andava de autocarro, sempre com a mala na mão, tinha um passe dos STCP.
Mas passado pouco tempo acontece nova mudança na minha vida, o Sr. Raul Oliveira ligou-me, a mim, e ao Joaquim Talaia, para ir falar com ele ao escritório.
E qual era o assunto, disse-nos que íamos começar a trabalhar numa nova Rota de Manutenção, a que chamou Rota da Província.
Esta nova Rota da Província em que iríamos trabalhar, incluía todos Elevadores Efacec em Manutenção, da Zona a Norte do Rio Douro, excepto o Grande Porto, e Viana do Castelo, onde estava o Sr. Nunes.
As memórias que vou contar a seguir, foram o que me levou a fazer esta publicação, elas remontam a este tempo, finais de 1970, de quando em conjunto com o Talaia, comecei a fazer Manutenção nesta Rota da Província.
E assim,
em meados de 1970, eu, em conjunto com o Talaia, lá começamos a fazer a Rota da
Província, com uma carrinha Renault 4L.
A Carrinha Renault 4L da Rota da Província.
Esta Rota da Província, onde começamos a trabalhar, iniciava em Vila do Conde, depois íamos para a Póvoa de Varzim, depois para Ofir, depois Esposende, Barcelos, Braga, Caldelas, Guimarães, São Torcato, Fafe, Pevidém, Vizela, Famalicão, Trofa, Santo Tirso, etc...
Esta nossa sequência só era alterada no caso de acontecer alguma avaria.
Todos os dias ligávamos para o escritório, a meio da manhã, e a meio da tarde, e se nos fosse comunicada alguma avaria, aí tinha-mos que alterar a nossa sequência habitual.
Por exemplo: se estivéssemos a trabalhar na Póvoa de Varzim, e nos mandassem resolver uma avaria em Braga, lá tinha-mos nós que arrumar a ferramenta, pegar na carrinha, e ir para Braga resolver a avaria.
Depois de resolvida a avaria, aí continuava-mos a fazer manutenções em Braga, e só no dia seguinte voltávamos para a rota habitual.
A nossa Carrinha Renault 4L, tinha um grande stock de peças de reserva.
Na página 1 deste folheto, tem o antigo edifício da RTP, na Rua 5 de Outubro, em Lisboa, os elevadores eram com motores de Corrente Continua, Sistema Ward Leonard, tal como no Hotel Dom Henrique, e no edifício Nova Póvoa, mas neste edifício os motores, os geradores, e os reguladores de velocidade Arva, já eram de fabricação Efacec.
Continuando com as memórias:
Resumindo, eu, em conjunto com o Talaia, eu nuns elevadores, e ele noutros, fazia-mos manutenção em todos os Elevadores, dentro de todas estas cidades, e ao seu redor.
Por exemplo na estrada que vai de Santo Tirso para Guimarães, e na estrada de Famalicão para Guimarães, existiam dezenas de fábricas de fiação, como a Riopele, a Coelima, e todas elas tinham elevadores, e monta-cargas.
Como já disse só não fazia parte da nossa Rota da Província, a cidade de Viana do
Castelo, onde a Efacec tinha uma delegação, com o Sr. Nunes.
A página 3 e 4 do folheto publicitário da Divisão de Elevadores da Efacec, na década de 1970.
Quando comecei a trabalhar, em 1971, os botões de registo de cabina que aparecem na página 4 deste folheto já estavam fora d'uso, portanto este folheto é anterior a 1971.
Continuando com as memórias:
Mas na época a que este meu relato se reporta, segunda metade da década de 1970, aconteceu um acidente que veio alterar esta nossa rotina.
Esse acidente
deixou-me muito abalado e com vontade de sair do Sector de Manutenção, e até
mesmo com vontade de abandonar a área dos elevadores.
Como já disse, comecei a fazer esta Rota da Província em conjunto com o meu amigo Joaquim Talaia, mas passado algum tempo aconteceu-nos um acidente num elevador na Póvoa de Varzim.
E esse acidente atirou o Talaia para uma cama do Hospital de Santa Maria, ainda hoje acho que foi um milagre o Talaia ter sobrevivido.
Depois do acidente o Talaia ficou internado durante mais de dois anos, primeiro no Hospital de Santa Maria no Porto, depois foi para o Hospital de Alcoitão fazer reabilitação, ficou com mazelas para toda a vida, ficou com um grau de incapacidade muito alto.
Com a saída forçada do Talaia por causa do acidente, continuei sózinho na Rota da Província, cheguei a ter alguns técnicos a andar comigo, mas os técnicos alteravam todos os meses, era como costumo dizer, andava com o técnico que estivesse mais à mão, e isso deixava-me muito desanimado.
Ainda por cima tinha que ir buscar os técnicos a casa, um ao Porto, outro a Arca D`agua, outro a São Mamede, outro a Matosinhos.
Depois eles chegavam atrasados, às vezes eram 9h00 e 9h30, e eles ainda não tinham chegado, parecia que andavam a gozar comigo, diziam que o despertador não tinha tocado, ou que tinham adormecido.
Faziam-me isto sabendo que tínhamos que estar às 8h30 no local de trabalho, quer fosse em Braga, na Póvoa, em Guimarães, ou noutro sitio qualquer.
Nesta fase da minha vida andava muito desmoralizado, e com muita vontade de me ir embora da Efacec.
E é então no meio desta fase atribulada, que acontece uma grande volta, que alterou o resto da minha vida.
Esta grande volta que aconteceu na minha
vida, começou assim:
Quando era necessário ir à fábrica
na Arroteia, levar, ou levantar materiais para reparações, como Rodas de Cabos, Rodas de Desvio, Rodas de Coroa, ou Senfins para
Máquinas, Placas
Electrónicas, para os Quadros de Comando QCN, e QS, etc.
Era eu quem ia à fábrica, levar, ou
levantar esses materiais, porque andava com a Carrinha
Renault 4L, e depois entregava esses materiais no
armazém, em Guedes de Azevedo, ou então ia entrega-los nas instalações em causa.
Sempre que ia à fábrica, levar ou levantar materiais, tinha primeiro que ir falar com o Sr. Ferreira à Sala de Preparação dos Elevadores.
Tantas
vezes fui à fábrica da Arroteia, que acabei por ficar a conhecer, e ganhei mesmo confiança com
muita gente que lá trabalhava.
Um
folheto publicitário da Máquina RXII-III, da Divisão de Elevadores da Efacec.
No tempo em que trabalhava no sector de Montagem de Elevadores, na década de 1970, todas as máquinas eram deste tipo, ainda não existiam as Máquinas Monobloco.
As Máquinas mais utilizadas eram
as RVIII, as RXII, as RXX, e as TXXVI que eram utilizadas em
grandes Monta-Cargas, as máquinas podiam ter vários tipos de engrenagens, e rodas
de tracção de diversos diâmetros, conforme a velocidade do elevador, a potência
dos motores também variava conforme a carga.
Continuando com as memórias:
E nesta altura de que estou a falar, segunda metade da década de 1970, na mesma nave da Divisão de Elevadores, também estava instalada a Divisão da Electrónica Industrial.
E quando eu ia à Divisão de Elevadores, entrava por uma porta que existia ao fundo, junto ao armazém da Electrónica, e passava mesmo pelo meio do sector de fabricação da Divisão de Electrónica.
Passava pela Zona do VQ, onde trabalhavam o Álvaro, o Campinho, o Vale, o Eugénio, via a zona de fabricação das Placas de Electrónica.
Passava pela zona de fabrico de Quadros de Comando QS, e QCN para os Elevadores, que era chefiada pelo Sr. Jales.
Depois passava pela zona de montagem e ensaio de Quadros para Elevadores, onde trabalhavam o Júlio, o Guedes, e o Martins.
E tantas vezes fui à fábrica, que acabei por ficar com vontade de ir trabalhar para a Divisão de Electrónica, e sair do sector de Manutenção dos Elevadores.
Um
dia ganhei coragem, e pedi ao Eng Vasco Costa, para ver se ele conseguia que eu fala-se com o Eng. Renato Morgado, que era o Chefe da
Divisão de Electrónica Industrial, para ver se ele me deixava ir para lá
trabalhar.
O Eng. Vasco Costa foi impecável, conseguiu que o Eng. Renato me recebesse nesse mesmo dia.
Levou-me até ao gabinete do Eng. Renato, que ficava ao lado da Divisão de Elevadores.
Ao entrar no gabinete do Eng. Renato fiquei um bocado intimidado, ainda me
lembro que por trás da secretária, tinha um quadro do Albert
Einstein, e uma enorme lâmpada com muitos filamentos.
A página 1 e 2 de outro folheto publicitário da Divisão de Elevadores da Efacec, este já é mais recente, é da década de 1980/90, é da altura dos Comandos "QCP".
Na página 1 está o Hotel Sheraton no Porto, que agora é o Porto Palácio, este hotel foi equipado com elevadores Efacec.
Na página 2 está o esquema do Sistema de Gestão de Baterias de Elevadores, MUX-88, que era baseado num CLP 40.
Continuando com as memórias:
-Disse-lhe que tinha o curso de Montador Electricista da Escola Industrial Infante Dom Henrique, disse que sabia ler esquemas, que sabia ver avarias
em qualquer tipo de elevadores, e que percebia mais ou menos de tudo relacionado com electricidade.
-Disse-me para ir falar com o Sr. Jorge Neves, que era o meu chefe de Divisão, que por ele tudo bem, podia de imediato começar a trabalhar na Divisão de Electrónica.
-Saí do
gabinete do Eng. Renato Morgado com um sorriso de orelha a orelha, era só falar
com o Sr. Jorge Neves que era o chefe da Divisão de Elevadores,
o gabinete até era mesmo ao lado na mesma nave, e estava resolvido, mas enganei-me redondamente.
A página 3 e 4 do folheto publicitário da Divisão de Elevadores Efacec, é dos anos de 1980/90, é da altura em que foram lançados os Comandos QCP, e o Sistema de Gestão de Baterias de Elevadores MUX-88.
Continuando com as memórias:
Como dizia lá atrás, saí do gabinete do Eng. Renato, e fui directo para o gabinete o Sr. Jorge Neves, que era o meu chefe de Divisão
Mas ia com a firme convicção de que não haveria qualquer problema com a minha transferência, porque eu já conhecia o Sr. Jorge Neves desde o meu primeiro dia de trabalho na Efacec, em 15 de Dezembro de 1971.
Mas enganei-me redondamente.
Nunca me passaria pela cabeça, que o Sr. Jorge Neves, uma pessoa que sempre considerei meu amigo, fosse travar a minha transferência.
Até porque como já disse, conheci o Sr. Jorge Neves no meu primeiro dia de trabalho, e desde aí, tinha sido sempre ele o meu chefe, por isso não imaginava que ele se opusesse à minha transferência para a Divisão de Electrónica.
O antigo Hotel Sheraton no Porto, que agora é o Hotel Porto Palácio.
A botoneira de cabina dum elevador da Bateria Triplex, do antigo Hotel Sheraton no Porto, que agora é o Hotel Porto Palácio.
A Bateria de elevadores Triplex, do antigo Hotel Sheraton no Porto, de origem os comandos destes elevadores era tudo com electrónica convencional, os Micro Processadores ainda não eram utilizados nos elevadores.
Mais tarde este triplex foi modernizado, e foram montados uns novos comandos Multi-Mic, já com Micro Processadores.
Lembro-me desta MOD, porque fui eu quem tratei da preparação em fábrica, e depois em conjunto com o Sr. Manuel Pereira do Pinto & Cruz, fizemos a MOD no hotel.
Lembro-me bem desta MOD, porque foi tudo muito complicado, tivemos que trocar os antigos comandos, com electrónica convencional, pelos novos comandos Multi-Mic.
Mas foram mantidos os grupos geradores, os motores Gearless, da Bull, e os Reguladores de Velocidade da Times Valey.
Enfim foi uma MOD muito complexa, fiquei com muitos cabelos brancos, também porque só podíamos parar um elevador de cada vez, o hotel manteve-se sempre em funcionamento.
Continuando com as memórias:
Como dizia lá atrás, enganei-me redondamente porque da parte do Sr. Jorge Neves recebi um rotundo não, e disse-me Almeida para a Divisão de Electrónica não vais.
Mas depois como deve ter visto a minha cara de desilusão, não sei, mas se calhar até me devem ter vindo as lágrimas aos olhos, lá acabou por me dizer assim tipo desabafo, olha se surgir alguma vaga aqui nos Elevadores, eu transfiro-te para cá.
Nos
finais dos anos 70 a Efacec lançou os Comandos QS e QCN.
Posteriormente
na década de 1980, já eu trabalhava na Sala de Estudos, na Arroteia, a Efacec lançou o Comando QCP, com o Micro Processador 8085.
Ainda me lembro da montagem dos primeiros protótipos do Comando QCP para ensaio, o primeiro foi instalado num elevador que existia no edifício da Aparelhagem Eléctrica (AE), ficava próximo da portaria do AE.
As primeiras cartas de micro do Comando QCP, eram em fibra de vidro numa cor Beije, os circuito impressos eram de dupla face, com furos metalizados, foram fabricados algumas centenas de cartas de micro nessa cor beije.
Mas depois saiu uma nova Carta de Micro para o Comando QCP de cor verde, que se manteve até hoje, foram fabricados milhares de Comandos QCP, este Comando só deixou de se fabricar quando surgiu o Comando CPU.
Esta já foi a segunda versão da Placa de Micro, MAP 4021 para o Comando QCP, na cor Verde.
Esta segunda versão de Placas de Micro na cor verde, continuou a ser fabricada pela Divisão de Electrónica da Efacec, mas o Softwear começou a ser desenvolvido na Divisão de Elevadores.
Actualmente esta Placa de Comando QCP na cor verde, ainda continua a ser fabricada como "spare parts".
Ainda guardo os esquemas eléctricos, das duas gerações de Comandos QCP, com placas da versão Beije, e placas da versão Verde.
Um Quadro de Comandos QCP Duplex.
Na mesma altura dos Comandos QCP, a Efacec também lançou uma nova geração de Máquinas Monobloco:
Foram as máquinas RM140, a RM140E, a RM150, a RM150E, a RM175, a RM175E, e
lançou também uma nova máquina para pequenos monta-cargas até 125 Kg de carga,
a T-IIC.
A Máquina RM-140 E, era para elevadores de 2 velocidade, tinha uma capacidade de carga de 300 Kg, ou 4 Pessoas, com a Velocidade de 1,00 m/s.
A Máquina RM150, era para elevadores de 1 velocidade, tinha uma capacidade de carga de 450 Kg, ou 6 Pessoas, com a Velocidade de 0,63 m/s.
A Máquina
RM-150 E, era
para elevadores de 2 velocidade, tinha uma capacidade de carga de 450 Kg, ou 6
Pessoas, com a Velocidade de 1,00 m/s.
A Máquina Monobloco T-II C, era utilizada para pequenos monta cargas até 125 Kg de carga, era uma máquina de 1 Velocidade de 0,40 m/s, com tambor de enrolamento de cabos, esta máquina também podia ser fornecida com Roda de Cabos, para casos com curso superior ao permitido pelo tambor de enrolamento de cabos.
Continuando com as memórias:
Como dizia lá atrás, depois de o Sr. Jorge Neves me ter dito, que se surgi-se alguma vaga na Divisão de Elevadores, me transferia para lá, eu fui-me embora um bocado mais animado, mas com a ideia de que o assunto era para cair no esquecimento.
Depois deste episódio falhado, do meu pedido de transferência para a Divisão de Electrónica da Efacec, continuei com a minha vida, a trabalhar no sector de Manutenção de Elevadores, na Rua Sá da Bandeira, no Porto.
Continuei com a andar com a carrinha Renault 4L, a fazer manutenção na Rota da Província que era fora do grande Porto.
Passaram-se vários Meses, e já mal me lembrava do de ter ido falar com o Eng. Renato, e com o Sr. Jorge Neves, para pedir a minha transferência para a fábrica da Arroteia.
Pensei que o assunto já estive-se esquecido, até porque já tinha pensado melhor no assunto, e já não estava interessado em ser transferido para a fábrica da Arroteia.
Outro folheto publicitário da Efacec
Elevadores, é de uma Modernização que
fizemos numa Bateria de Elevadores Quadruplex, com velocidade de 2 m/s, no Banco Fonsecas & Burney, em Lisboa.
Nesta Modernização foram montados uns novos Comandos QCP, com Reguladores de Velocidade Dinalift, da Loher, as Máquinas foram mantidas, mas foram montados novos motores de tracção também da Loher.
Também me lembro bem desta Modernização, porque tratei da preparação e do ensaio em fábrica, do Comando QCP, e do CLP40.
E depois em conjunto com o Raposo e o Loução, acompanhei a posta em marcha, em Lisboa, falo desta instalações porque foi uma das instalação onde foi montado o famoso Sistema de Gestão de Baterias de Elevadores MUX-88, que aparece num folheto acima.
Continuando com as memórias:
Conforme dizia lá atrás, até já não estava interessado em ser transferido para a Fábrica da Arroteia, por várias razões:
A primeira dessas razões, é que já estava a gostar de andar fazer Manutenção na Rota da Província, embora como já disse, por vezes fazer essa rota fosse um bocado desgastante, porque andava sempre de lado para lado.
Ligava para o escritório, e mandavam-me ir com urgência resolver uma avaria a um sitio qualquer, e lá tinha eu que arrancar, parecia o INEM, mas já estava a ficar habituado, a andar sempre de um lado para o outro, e a mexer em elevadores e comandos diferentes como gostava, não dava para cair na rotina.
Outra razão, porque já não estava interessado em ser transferido para a fábrica da Arroteia, era por causa do horário, que era das 8h00 às 17h24.
E embora na fábrica a hora de entrada fosse só meia hora mais cedo, para eu cumprir esse horário era mais complicado do que parece à primeira vista, porque eu morava e ainda moro em Valongo.
Se fosse trabalhar para a fábrica da Arroteia, para chegar lá às 8h00, tinha que apanhar 2 autocarros.
Tinha que apanhar em Valongo o autocarro 94, das 6h15 que chegava ao Porto às 7h00, e depois no Porto tinha que apanhar o autocarro 95, das 7h15, para chegar à Fábrica da Arroteia na Via Norte às 8h00.
Portanto se fosse
trabalhar para a fábrica da Arroteia teria que começar a levantar-me antes
das 6h00 da manhã, e ia chegar a casa tardíssimo, ainda por cima
nesta altura, até andava com a carrinha Renault 4L, que
levava todos os dias para casa.
Só como curiosidade, porque não tem nada que ver com a Efacec, ponho aqui esta fotografia das antigas instalações da CUFP, que ficavam na Praça da Galiza no local onde agora existe o Empreendimento Mota e Galiza.
Procurei no meu baú das memórias, e encontrei uma pasta com decalco-manias e todo o material para desenhar Circuitos Impressos, tal como se fazia na década de 1970 quando fui trabalhar para a Sala de Estudos.
Estas são algumas
das muitas Instruções para a posta em marcha do Comando QCP Hidráulico, em 1987 tinha que fazer todos estes planos e
instruções à mão.
Uma entrevista do Sr. Jorge Neves ao Jornal Infor da Efacec, já como director da Empresa Efacec Automação e Robótica.
...Dos anos 70, tenho planos de Comandos QAS, assinados pelo Eng. Mário Ribeiro, que foi o meu chefe na Sala de Estudos.
...Dos anos 70, tenho planos de Comandos QAS e QCN, assinados pelo Eng. Ramos, conheci o Eng. Ramos quando ainda andava na montagem de elevadores, conheci-o quando andei a montar um protótipo do Quadro de Comando QCN, na Avenida da República em Matosinhos.
...Era
o Eng. Ramos que ia à instalação ver como estava o
andamento da obra, e era ele quem me dava as instruções para a montagem.
…Por
isso deduzo que o Comando QCN, deve ter sido desenvolvido por ele, anos mais
tarde voltei a cruzar-me com o Eng. Ramos, já na Schindler, quando acompanhei a
minha colega Raquel a uma reunião nas instalações da Sonae, na Via
Norte, sobre os elevadores da Quinta das Sedas em Matosinhos.
...Dos anos 70, tenho planos de Comandos QAS e QCN, assinados pelo Júlio Resende, são de quando ele ainda trabalhava na sala de Estudos da Fábrica de Elevadores da Efacec.
...Dos anos 80, tenho planos de Comandos QCN e QS, assinados pelo Francisco Parracho.
Mas como costumo dizer muitas vezes, a vida dá muitas voltas, e é feita de muitos ses.
E embora não esteja arrependido por ter trabalhado durante toda a minha vida, sempre ligado aos elevadores, não sei se fui eu que escolhi esse caminho, ou se foi pura coincidência:
-Porque como também costumo dizer muitas vezes, se isto não me tivesse acontecido, ou se eu não tivesse feito aquilo:
......Se por acaso, quando terminei o curso Industrial, não tivesse ido estagiar para a Divisão de Elevadores da Efacec, e tivesse optado continuar a estudar.
......Se calhar, poderia ter feito o SPI, e se calhar, poderia ter entrado no ISEP, ou mesmo na FEUP, e poderia nunca ter ouvido falar de Elevadores.
......Se, não tivesse ido fazer o estágio final do Curso Industrial na Efacec, e tivesse ido fazer o estágio para os TLP, como chegou a estar combinado, se calhar, poderia ter ficado a trabalhar nos TLP, e poderia nunca ter ouvido falar de Elevadores.
......Se, não tivesse acontecido o 25 de Abril de 1974, e a construção civil não tivesse parado, se calhar, tinha continuado no sector de montagem, e talvez tivesse terminado os meus dias como Montador de Elevadores.
......Se o Sr. Jorge Neves, quando lhe pedi, não se tivesse oposto à minha transferência, da Divisão de Elevadores, para a Divisão de Electrónica, do Eng. Renato, se calhar, como aconteceu com muitos dos meus colegas, poderia ter terminado os meus dias a trabalhar na Divisão Electrónica, e talvez também nunca mais tivesse ouvido falar de Elevadores.
......Se por causa, da saída do Júlio Resende, não tivesse surgido uma vaga na Sala de Estudos, da Divisão de Elevadores na Arroteia, e se o Sr. Jorge Neves, não se tivesse lembrado da promessa que me tinha feito.
……Se calhar, tal como
o Mário Vieira
da Rocha, o Joaquim
Talaia, o Machado, e tantos outros colegas poderia ter terminado os meus dias a trabalhar no Sector de Manutenção.
......E talvez, nunca tivesse ido para a tal Sala de Estudos da Divisão de Elevadores da Efacec, que acho que me alargou os horizontes, e me permitiu adquirir conhecimentos, que não teria, se tivesse continuado como Técnico de Manutenção.
......Como Técnico de Elevadores da Efacec fiquei a conhecer Portugal, desde o Minho até ao Algarve, também fiquei a conhecer os Açores e a Madeira.
......Também fiquei a conhecer muitos Países:......Por duas vezes estive a trabalhar em Espanha, estive em Madrid, a trabalhar em colaboração com uma empresa espanhola, na montagem de Comandos QCP, Duplex, fiquei a conhecer mais ou menos Madrid.
......Por duas vezes estive a trabalhar na Bélgica, primeiro na Cidade de Saint Niklaas.
......Passei duas vezes por Hong Kong a caminho de Macau, onde estive a trabalhar durante 4 Meses, em conjunto com o Sr. tavares e o Tsí, na Montagem dos elevadores da nova Fábrica de transformadores da Efacec, fiquei a conhecer muito bem Macau, e as Ilhas da Taipa e de Coloane, e também fiz várias incursões pelo interior da China.
......Estive durante 2 semanas a trabalhar nas Ilhas Maurícias, também fiquei a conhecer a Ilha de lés a lés.
......Também estive em Angola, estive a trabalhar em Luanda durante 2 semanas, também fiquei a conhecer mais ou menos a Cidade.
......E estive em mais alguns lados, de que agora não me lembro, que se não fosse por causa dos elevadores da Efacec nunca teria conhecido.
Na Sala de Estudos da fábrica de elevadores da Efacec, sem formação superior, depois de mim, só alguns anos mais tarde entraram mais 2 colegas, que foram primeiro o Belmiro Madeira, e depois o Francisco Certo, ambos através de estágios do Fundo Social Europeu.
Ainda hoje, 40 anos depois do fim da Efacec Elevadores, fico triste sempre que penso no seu fim, porque na minha opinião, Empresas como a Efacec Elevadores, eram grandes incubadoras de pessoas, e verdadeiros motores de desenvolvimento.
Na altura em que a empresa Efacec Elevadores, foi absorvida pela Schindler, já estávamos aqui aqui nestas instalações na Maia.
As naves 1, 2, 3, 4, eram a fábrica, a recepção, e a expedição de elevadores.
O edifício 5 era onde estava todo o pessoal de mão d'obra indirecta, a Direcção, a Sala de Preparação, a Sala de Estudos, as compras, a contabilidade, etc.
O edifício 6 era o refeitório, depois o edifício 7 era da Empresa de Motores, e o Edifício 8 era da Empresa de Electrónica Industrial.
Um bocado por alto, já contei esta história, de como fui trabalhar para a sala de estudos da Divisão de Elevadores, da Efacec na Arroteia, ao Eng. Renato Morgado.
Estive numa reunião com ele, quando acompanhei a minha colega Raquel Marques, por causa de um antigo Elevador Schindler.

E como gostei muito deste encontro inesperado com o Eng. Renato Morgado, passados mais de 40 anos, e como gostei muito do antigo Elevador Schindler, do tempo da II Guerra Mundial, que está montado no edifício onde mora.
Prometo que quando tiver tempo vou fazer uma publicação, sobre este antigo Elevador Schindler, do edifício onde mora o Eng. Renato Morgado.
E mesmo para terminar:
......Se em Dezembro de 2014, talvez por ter o cabelo branco, não me tivessem considerado velho para trabalhar em Elevadores, se calhar, em vez de estar a escrever este extenso texto, sobre a antiga Divisão de Elevadores da Efacec, ainda poderia andar mais uns aninhos a trabalhar nos Elevadores.
Fernando
Almeida
Interessante !!!
ResponderEliminarSerá de referir que trabalhei como ajudante do Jorge Machado.O homem que tinha e tem uma paixão por comboios.Tratavam por Mário Ferreira.Comecei na Arroteia passei para Sá da Bandeira,desenho e a seguir vendas.A seguir as remodelações,quando entrou o novo regulamento.Quqndo a Efacec deixou de fazer instalações fui para o Pinto&Cruz.Está a fazer anos que com o 25 de Abril tivemos,todos,um aumento de 1000 esc.o que à época era o dobro do meu vencimento.A administração da Efacec sempre teve uma grande visão.Apesar disso também não escaparam à onda de violência.Se viveu nessa época.A minha grande referência será sempre Sr.Jorge Neves,que muito contribuiu para o meu crescimento como homem e profissional.Mas foi o sr.Jorge Machado que mais me marcou,pelo método e rigor que punha em todos os trabalhos que executava.Grandes amigos tinha na Efacec.Ainda hoje tenho alguns com quem mantenho contacto.Um abraço.
ResponderEliminarBoa tarde,
ResponderEliminarTenho lido as suas publicações no blog as quais achei muito interessantes e o seu percurso de vida.
Cheguei ao seu blog através da procura de informação sobre os elevadores EFACEC que temos instalados nosso prédio em Setúbal. Como tenho muito interesse em saber como funcionam e como não tenho os esquemas vi no seu blog uma possibilidade de os obter, visto que ainda os guarda em seu poder.
Será que poderia facilitar uma cópia dos referidos esquemas?
O modelo do comando é do tipo QPC versão verde, exactamente como o da foto que pôs numa página do seu blog.
Se por acaso for possível fico dede já muito agradecido
José Gameiro