Recordações do tempo da Divisão de Elevadores da Efacec.
O Comando Triplex do edifício da Willian Graham, na Boavista.
O Comando Triplex do edifício da Willian Graham, foi desenvolvido, fabricado e instalado pela Efacec, no ano de 1970.
O quadro sinóptico na portaria do edifício da Willian Graham, neste quadro dava para controlar tudo nos elevadores.
O edifício da Willian Graham na Boavista, na década de 1970.
O edifício da Willian Graham (A1), na Boavista.
E agora vou contar as lembranças que me vieram à memória, quando adicionei um amigo à minha lista do facebook.
Não sou muito de pedir amizade, mas quando vi a fotografia do Júlio Resende não resisti a pedi-lhe amizade.
Trabalhei durante 43 anos na área dos elevadores, e ao fim desse tempo alguém decidiu que já estava velho para trabalhar, e por isso passei a funcionário publico em Dezembro de 2014.
A partir daí perdi o contacto com a
quase toda a gente que conhecia na área dos elevadores.
Um dia fui tomar café com um colega, e ele disse-me que a melhor maneira para voltar a ter contacto com as pessoas que conhecia, e até talvez encontrar muitas outras pessoas do meu passado, era aderir ao facebook.
E eu assim fiz, aderi ao facebook em Março de 2015, e tal como me tinham dito encontrei muitas pessoas que já não via
à muitos anos, e de muitas já nem sequer me lembrava.
Uma das pessoas que encontrei, de quem já mal me lembrava foi o Júlio Resende, já não via o Júlio à mais de 20 anos, desde que a Efacec Elevadores saiu da Arroteia, e se mudou para a Maia.
Já estávamos nas Instalações da Maia, quando a Efacec vendeu a Efacec Elevadores, à empresa Suiça, Schindler.
E pouco tempo depois da aquisição, a Schindler saiu das instalações na Maia, e mudou-se para umas novas instalações na Circunvalação, junto ao Monte dos Burgos.
A partir do momento em que a Schindler saiu das instalações da Efacec, na Maia, é que acabei mesmo por perder o contacto com quase todas as pessoas que conhecia na Efacec.
Mas de alguma maneira, todos os colegas que voltei a encontrar no facebook trouxeram-me recordações, mas quando vi a fotografia do Júlio Resende vieram-me à memória recordações dos meus primeiros anos na Divisão de Elevadores da Efacec, da década de 1970.
Lembrei-me de quando ouvi o nome do Júlio Resende pela primeira vez.
Os meus primeiros Cartões já como funcionário do Sector de Elevadores da Efacec, que era na Rua de Sá da Bandeira nº
706, 5º Andar no Porto.
O primeiro cartão é de 1972, está assinado pelo Srº Jorge Neves, que nesta altura chefiava todo o Sector Comercial de Elevadores da Efacec, em Sá
da Bandeira.
O segundo cartão, já é da segunda metade da década de 1970, está assinado pelo Sr. Raul Oliveira, que era quem chefiava o Sector de Manutenção de Elevadores da Efacec, em Sá da Bandeira.
Nesta altura o Sr. Jorge Neves já tinha saído de Sá da Bandeira, e tinha assumido o cargo de Chefe da Divisão de Elevadores na fábrica da Arroteia.
Mas depois, quando fui transferido de Sá da Bandeira no Porto, para a Sala de Estudos da Divisão de Elevadores, na fábrica da Efacec, na Arroteia, ainda tive mais dois cartões de identificação.
Os meus 3º e 4º cartões de identificação.
O 3º cartão é dos finais dos anos 70, é da altura em que fui trabalhar para a Sala de Estudos da Divisão Elevadores da Efacec, na Arroteia.
Os furos que
se vêem neste cartão, eram para fazer a marcação no relógio de ponto, marcava a hora de entrada às 8h00, o almoço era das
13h00 às 13h45, e a saída era às 17h24.
O 4º cartão já é com banda magnética, nesta altura já estávamos na fábrica das Guardeiras, na Maia, este foi o meu último cartão como funcionário da Efacec.
A banda magnética era para fazer a marcação de ponto, a entrada, a saída, e o intervalo para almoço
Deixei de utilizar este quarto cartão de identificação, no ano de 1997, porque foi nesse fatídico ano que a Efacec vendeu a Efacec Elevadores, à empresa Suiça, Schindler, nessa altura passei a ser encarregado, no sector de montagem da Schindler Elevadores.
Vou então contar como é que acabei por ir trabalhar para a Divisão de Elevadores da Efacec, e as
muitas mudanças, e coincidências, que foram acontecendo ao longo da minha vida:
No mês de Junho de 1971 acabei o Curso Industrial, na Escola Industrial Infante Dom Henrique, mas para ficar com o Diploma do Curso, tinha que fazer o que na altura se chamava exame de aptidão profissional.
Mas para fazer a matrícula para esse exame final do curso, tinha que fazer um estágio de 6 Meses numa empresa ligada a Electrotecnia, e ao fazer a matricula tinha mesmo que entregar essa declaração em como tinha feito esse estágio de 6 Meses.
Foi o meu pai quem tratou de tudo, para eu fazer o estagio no Sector de Elevadores da Efacec, na Rua Sá da Bandeira no Porto.
Inicialmente estava combinado que iria fazer o estágio na Fábrica da Arroteia.
Mas quando um dia com o meu pai fomos de autocarro até à Arroteia, falar com o Sr. Manuel Moreira para acertar a data de inicio do estágio, chegamos à conclusão de que a fábrica Arroteia era muito longe.
Para ir-mos de Valongo até à Arroteia tivemos que apanhar 2 autocarros, e a viagem demorou mais de 2 horas.
E foi por causa deste problema dos transportes, que acabei por ir fazer o estágio no Sector de Montagem de Elevadores da Efacec, no Porto.
O meu estágio começou no dia 15 de Dezembro de 1971.
Quando comecei o estágio, no dia 15 de Dezembro de 1971, o Sector de Montagem de Elevadores da Efacec em Sá da Bandeira, era chefiado pelo Sr. Jorge Neves.
Como se vê no reclame, o Sector de Montagem da Efacec, era no 5º andar, era logo a seguir ao Café SABAN, na entrada 706.
O Sector de montagem de elevadores também tinha um armazém com rés-do-chão e cave, na Rua Guedes de Azevedo, que era chefiado pelo Sr. João.
Este
foi o meu primeiro recibo como estagiário da Efacec, nesta altura em
1971 recebia-mos à quinzena, recebi 520 Escudos, de 16 a 31 de Dezembro de
1971.
E foi este vencimento quinzenal de 520$00 que comecei a receber, que muito contribuiu para que eu tivesse abandonado os estudos, e tivesse optado por continuar a trabalhar.
Comecei então o meu estágio no dia 15 de Dezembro de 1971, e no dia 15 de Junho de 1972 acabei o estágio de 6 Meses, pedi na Efacec a declaração em como tinha feito um estágio de 6 Meses com bom aproveitamento, e lá fui fazer o exame de aptidão profissional.
Depois de
fazer o exame de aptidão profissional, pedi o famoso Diploma do Curso, que
diga-se nunca me serviu para nada, nunca tive que o mostrar a ninguém, ficou
guardado numa gaveta a ganhar bolor.
Foi para ter este Diploma do Curso, que fui estagiar para a Efacec, perdi um ano da minha vida para o conseguir, e nunca o mostrei a ninguém, nem nunca precisei dele para nada.
Antiga fotografia da Escola Industrial Infante Dom Henrique, no Porto, esta fotografia deve ser do início do Século XX, neste tempo a Rua de Júlio Dinis ainda era tipo viaduto.
A Escola Industrial Infante Dom Henrique.
Mas agora continuando a contar as minhas memórias:
Depois de fazer o exame de aptidão profissional resolvi abandonar os estudos, nem sequer fiz a matricula para fazer o SPI, optei por começar a trabalhar.
Tomei a decisão de abandonar os estudos, e começar a trabalhar, por 3 motivos:
O primeiro motivo, foi por causa do valor mensal que comecei a receber, não era muito, mas para mim, no ano de 1971 receber 1000$00 por mês era uma fortuna, nessa altura umas calças da "Lois" custavam 400$00, portanto já podia comprar vários pares de calças por mês.
O segundo motivo, foi que a partir do dia em que comecei a trabalhar, e a receber vencimento mensal, fiquei financeiramente independente, nunca mais pedi 1$00 aos meus pais, nem eles me pediram nunca para entregar em casa nada do meu vencimento.
O ordenado ficava todo para mim, passei a ser eu a gerir as minhas despesas, e assim deixei de ser um encargo para os meus Pais.
Quando andava a estudar tinha que pedir ao meu Pai dinheiro, para pagar o passe do comboio, o passe do autocarro, para os livros, para o almoço na cantina da escola, para roupa, e para tudo o que precisa-se.
Este foi o último recibo, ainda como estagiário da Efacec.
É do mês de Junho de 1972, o meu vencimento mensal já era de 1.200$00, só recebi 600$00 porque ainda continuávamos a receber à quinzena, mas como era estagiário ainda não fazia descontos, para a Caixa de Previdência (CP), nem para o Fundo de Desemprego (FD).
Passei a ser funcionário da Efacec no mês de Julho de 1972, na altura ainda recebíamos à quinzena, recebi 1.235$00, mas o meu vencimento mensal já era de 2.470$00.
Agora como já era funcionário da Efacec, já comecei a fazer descontos para a Caixa de Previdência (CP), para o Fundo de Desemprego (FD), e também comecei a pagar uma cota para a Adefacec.
O terceiro motivo, que me levou a abandonar os estudos, e optar por começar a trabalhar no Sector de Montagem de Elevadores da Efacec, também foi muito por causa da tecnologia topo de gama que a Efacec utilizava nos Elevadores.
Então a tecnologia dos Elevadores do Hotel Dom Henrique, onde passei grande parte do estágio deixava-me fascinado.
Os 4 elevadores do Hotel Dom Henrique eram com motores de Corrente Continua da Brow Boveri, (Ward Leonard Sistem), 2 elevadores eram destinados aos clientes, e dois eram de serviço.
Estes 4 elevadores tinham a velocidade de 2 m/s, e os botões de registos de cabina e de patamar dos 2 elevadores de clientes eram capacitivos.
Nesta
altura, em 1971, esta tecnologia era mesmo o topo de gama dos elevadores, mas não era
só a instalação eléctrica do hotel que me fascinava, era tudo o que girava
à volta dos elevadores.
Foi aqui no Hotel Dom Henrique, que passei a maior parte do estágio de 6 Meses, que fiz no Sector de Montagem de Elevadores.
Mas agora continuando a contar as minhas memórias:
......Em Junho de 1972, quando acabei o estágio de 6 Meses, como ainda não sabia qual o destino a dar à minha vida, ainda não tinha decidido deixar de estudar, e por isso fui ao escritório para entregar a farda, e despedir-me de toda a gente da Efacec.
Nesta fotografia da década de 1970, tirada
num jantar de Natal no Hotel Dom Henrique, estão de pé o Brasiela e o
Torcato, em baixo estão o Sr. Rodrigues, e no canto direito estou eu.
......Nessa altura ainda estava com a ideia de que iria continuar a estudar, e fazer o SPI, mas quando me despedi do Sr. Rodrigues, que era mais ou menos o braço direito do Sr. Jorge Neves, ele disse-me que se mudasse de ideias e resolve-se começar a trabalhar, tinha lugar no Sector de Montagem de Elevadores da Efacec.
A partir desta altura, deixei de ser um encargo para os meus Pais, porque passei a ter o meu próprio vencimento, passei a ter autonomia financeira aos 16 anos, mas acho que fui sempre responsável, comprei o meu primeiro carro, um Fiat 600 usado aos 18 anos.
O Poço do Elevador nº1 do Hotel Dom Henrique, os elevadores 1 e 2 tem 19 pisos, e os Elevadores 3 e 4 tem 22 pisos.
Continuando com as memórias:
......Como disse atrás, depois de fazer o exame de Aptidão Profissional na Escola Industrial Infante D. Henrique, comecei a trabalhar, mas agora já como funcionário da Efacec, no Mês de Julho de 1972.
......E fui novamente trabalhar para o Hotel Dom Henrique, como ajudante do Sr. Domingos, trabalhei lá até à inauguração do hotel.
......Já estávamos nos finais de 1972, quando um dia o Sr. Pinto que era o nosso encarregado, vem ao hotel falar comigo.
......E diz-me que eu ia deixar de ser ajudante, e que ia ser lançado às feras, como Montador de Elevadores.
E assim lá comecei a minha vida como Montador de Elevadores, num edifício do Ferreira dos Santos, numa praceta em frente à Câmara de Gaia, o meu primeiro ajudante foi o Bessa de Campanhã.
A minha carreira como Montador de Elevadores, começou neste edifício do Ferreira dos Santos, que fica numa praceta em frente à Câmara de Vila Nova de Gaia.
Andei aqui a trabalhar durante vários meses, este edifício tem 26 Elevadores, comecei na entrada do lado direito, e terminei na torre do lado esquerdo.
Continuando com as memórias:
Andei a trabalhar no Porto, em Matosinhos, em Leça da Palmeira, na Póvoa de Varzim, em Viana do Castelo, em Guimarães, em Barcelos, em Braga, em Santa Maria da Feira, em Vale de Cambra, em Lamego, no Cachão, em Mirandela, etc.
Fiquei a conhecer toda a Zona Norte de Portugal, devido aos edifícios com Elevadores da Efacec.
Quando andava a trabalhar fora do Porto, por exemplo em Braga, em Guimarães, em Viana, ou noutra cidade qualquer, tinha que ficar lá alojado porque não havia transportes, nessa altura recebia subsídio de deslocação, e subsídio de transporte, e em algumas destas localidades fiquei lá hospedado durante muitos Meses.
Por exemplo, quando estive a trabalhar no Cachão, no Complexo Agro Industrial, fiquei lá hospedado mais de meio ano, só vinha a casa uma vez por Mês, nessa altura recebia subsídio completo.
Noutros locais mais perto como Lamego, já dava para vir a casa de 15 em 15 dias.
Em cidades como Barcelos, Vale de Cambra, Viana, Braga, Guimarães, também tinha que ficar lá alojado, mas como eram mais perto, já dava para vir a casa todos os fins de semana.
Fiquei a conhecer muito bem todas estas cidades, por causa dos elevadores, sempre que havia cinema eu não falhava uma sessão.
Recibos de vencimento da década de 1970, como se vê, quando andava a trabalhar fora do Porto, ficava lá hospedado, mas recebia, Subsídio de Deslocação, Horas de Viagem e Ajudas de Custo.
Agora continuando com as minhas memórias:
Mas a minha carreira como Montador de Elevadores, não viria a durar muito tempo, eu não estava destinado a acabar os meus dias como Montador de Elevadores.
No dia 25 de Abril de 1974, aconteceu a revolução, que ficou conhecida como a revolução dos cravos.
Uma das consequências da revolução, foi que passado pouco tempo a construção civil parou, e por arrasto a actividade de Montagem de Elevadores também parou.
No dia 25 de Abril de 1974, aconteceu a revolução, que ficou conhecida
como a Revolução dos Cravos.
Continuando com as memórias:
Outra consequência do 25 de Abril de 1974, com a paragem da construção civil, e depois com paragem da montagem de elevadores, foi que passado pouco tempo, a Efacec decidiu abandonar a actividade de venda e montagem de elevadores.
A Efacec abandonou toda a actividade de venda e montagem de elevadores, mas manteve a fábrica de elevadores na Arroteia.
Em Sá da Bandeira só foi mantido o Sector de Manutenção de Elevadores, que era chefiado pelo Sr. Raul Oliveira.
A partir dessa altura a Efacec continuou a fabricar elevadores, mas eram para vender a outras Empresas.
Algumas das Empresas que começaram a comprar e montar elevadores da Efacec, já existiam no tempo em que a Efacec ainda estava no mercado.
Mas com a saída da Efacec do mercado, surgiram muitas novas empresas, algumas delas criadas por ex-funcionários da Divisão de Elevadores da Efacec.
Antigo folheto publicitário da década de 1970, ainda do tempo da Divisão de Elevadores da Efacec, nesta altura eu ainda trabalhava no Sector de Montagem em Sá da Bandeira.
Continuando com as memórias:
Na altura em que a Efacec acabou com o sector de montagem de elevadores, e passou a ser só fabricante, começou a vender elevadores para mais de 10 empresas, e continuou a fazer exportação.
Mas na
altura em que a Efacec decide acabar com o sector de montagem de elevadores, em Sá da Bandeira no Porto, onde eu trabalhava, ainda existiam algumas dezenas
de Montadores de Elevadores.
Só em meados de 1990, quando a Divisão de
Elevadores deu lugar a uma empresa autónoma, a Efacec Elevadores S.A., é que voltamos novamente a vender
e a montar elevadores directamente ao cliente final.
Década de 1970, um jantar de Natal no Hotel Dom Henrique, com todo o pessoal da Secção de Elevadores de Sá da Bandeira.
Nesta fotografia para além de mim, que estou no lado direito de pullover cinzento, estão alguns dos meus antigos colegas de Sá da Bandeira, a seguir a mim está o Victor, depois o Carvalho, o Caldas, o Emílio, o Lima, etc, muitos deles foram trabalhar para a Venezuela.
Continuando com as memórias:
Dos colegas que foram trabalhar para a Venezuela, só voltei a ter noticias de três.
Soube que o meu amigo Victor teve um acidente fatal, quando montava um elevador.
Outro que regressou foi o Bernardino, e estabeleceu-se como montador de elevadores.
Outro que também regressou foi o Caldas, e foi trabalhar para a Divisão de Electrónica na
Maia, dos restantes nunca mais tive notícias.
Um dos montadores que foram trabalhar para a Venezuela, foi o Sr. Domingos de Barcelos, que foi meu oficial durante o estágio, aprendi muito com ele, nunca mais o vi, nem ouvi falar mais dele.
Outra fotografia da década de 1970, de um jantar de Natal no Hotel Dom Henrique, com o pessoal de Sá da Bandeira.
Nesta fotografia em primeiro plano está o meu grande amigo, o Victor, um dos colegas que foi trabalhar para a Venezuela e não regressou, eu estou logo a seguir com um pullover cinzento.
Continuando com as memórias:
Outros colegas do sector de montagem, de Sá da Bandeira, como o Mário Vieira da Rocha, o Sr. Luís Vieira da Rocha, o Machado, o Daniel Ferro, o Sr. Agostinho, foram trabalhar na montagem de elevadores para Angola.
Mas estes colegas que foram para Angola, acabaram todos por regressar, e foram integrados noutros sectores da Efacec.
Antiga fotografia da Fábrica da Efacec na Arroteia, nesta altura só existia o Edifício Administrativo e 3 pavilhões, ao fundo vemos a linha Férrea de Leixões.
Nesta fotografia
actual, ainda conseguimos distinguir
a cobertura dos 3 primeiros pavilhões da Efacec na Arroteia, a cor da
cobertura é diferente da dos restantes, o antigo edifício administrativo também
ainda cá está, e também ainda conseguimos ver a linha férrea de Leixões.
Continuando com as memórias:
Como disse acima, quando a Efacec abandonou a montagem de elevadores, alguns dos meus colegas imigraram, outros foram integrados noutros sectores, outros foram trabalhar para o Sector de Manutenção, outros estabeleceram-se a trabalhar no ramo dos Elevadores.
Mas agora falando no meu caso concreto, depois do 25 de Abril de 1974, continuei no Sector de Montagem de Elevadores, porque eu estava mais destinado a fazer a parte eléctrica, e a conclusão de elevadores.
E por isso fui tendo sempre serviço, porque nessa altura ainda existiam imensos elevadores montados só com guias e portas, onde era necessário fazer a 2ª, e a 3ª fase, a parte eléctrica, e a conclusão.
Nenhum Edifício conseguia obter licença de habitabilidade, sem que os elevadores estarem em funcionamento.
Durante alguns períodos ainda estive parado, nessa altura ficava em inactividade, mas mais ou menos, fui tendo sempre serviço, fui dos últimos a sair do Sector de Montagem de Elevadores em Sá da Bandeira, consegui resistir quase até ao fim.
Quando fui mesmo obrigado a sair do Sector de Montagem, só ficaram no sector o Sr. Pinto, o Carlos Santos, o Correia e o Fernando Ferreira, na altura andavam a montar elevadores no Edifício Nova Póvoa, na Póvoa de Varzim.
Esta fotografia da década de 1970, é da altura em que andávamos a montar os elevadores no Edifício Nova Póvoa, na Póvoa de Varzim, na altura ainda não existia mais nenhum edifício à volta.
Fotografia da década de 1970, é da altura em que andávamos a montar os elevadores no Edifício Nova Póvoa, na Póvoa de Varzim.
2018 – actualmente mal se vê o edifício Nova Póvoa, tal é o número de construções à volta.
Quando este edifício Nova Póvoa foi construído, na década de 1970, era o edifício mais alto do País, e acho que ainda é, tem 30 pisos acima do nível da Terra, tem uma Cave, que funciona como garagem, depois tem o piso térreo, Rés do Chão, e tem 28 andares de apartamentos, a Casa de Máquinas dos Elevadores, e os depósitos de água são no 29º andar.
Continuando com as memórias:
Mas tudo na vida tem um fim, e o meu fim no Sector de Montagem de Elevadores, acabou por acontecer, como aconteceu com todos os outros meus colegas.
Mas eu acabei por ter sorte, porque não fui trabalhar para muito longe, fui para o Sector de Manutenção, que até era no mesmo edifício, e no mesmo andar.
O Sector de Manutenção de Elevadores, também era no 5º andar, do nº 706, na Rua de Sá da Bandeira no Porto, nessa altura o chefe era o Sr. Raul Oliveira.
Durante alguns meses andei a trabalhar na Área do Grande Porto, fazia Manutenções, ia resolver avarias em elevadores, fazia pequenas reparações, andava de autocarro, sempre com a mala na mão, tinha um passe dos STCP.
Mas passado pouco tempo acontece nova mudança na minha vida, o Sr. Raul Oliveira ligou-me, a mim e ao Joaquim Talaia, para ir falar com ele ao escritório.
E qual era o assunto, disse-nos que íamos começar a trabalhar numa nova Rota de Manutenção, a que chamou Rota da Província.
Esta nova Rota da Província em que iríamos trabalhar, incluía todos Elevadores Efacec em Manutenção, da Zona a Norte do Rio Douro, excepto o Grande Porto, e Viana do Castelo, onde estava o Sr. Nunes.
As memórias que vou contar a seguir, foram o que me levou a fazer esta publicação, elas remontam a este tempo, finais de 1970, de quando em conjunto com o Talaia, comecei a fazer Manutenção nesta Rota da Província.
Esta Rota da Província, onde começamos a trabalhar, iniciava em Vila do Conde, depois íamos para a Póvoa de Varzim, depois para Ofir, depois Esposende, Barcelos, Braga, Caldelas, Guimarães, São Torcato, Fafe, Pevidém, Vizela, Famalicão, Trofa, Santo Tirso, etc...
Esta nossa sequência só era alterada no caso de acontecer alguma avaria.
Todos os dias ligávamos para o escritório, a meio da manhã, e a meio da tarde, e se nos fosse comunicada alguma avaria, aí tinha-mos que alterar a nossa sequência habitual.
Por exemplo: se estivéssemos a trabalhar na Póvoa de Varzim, e nos mandassem resolver uma avaria em Braga, lá tinha-mos nós que arrumar a ferramenta, pegar na carrinha, e ir para Braga resolver a avaria.
Depois de resolvida a avaria, aí continuava-mos a fazer manutenções em Braga, e só no dia seguinte voltávamos para a rota habitual.
A nossa Carrinha Renault 4L, tinha um grande stock de peças de reserva.
A página 1 e 2 de um dos folheto publicitário da Divisão de Elevadores da Efacec, na década de 1970.
Na página 1 deste folheto está o antigo edifício da RTP, na Rua 5 de Outubro, em Lisboa, os elevadores eram com motores de Corrente Continua, Sistema Ward Leonard, tal como no Hotel Dom Henrique, e no edifício Nova Póvoa, mas neste edifício os motores, os geradores, e os reguladores de velocidade Arva, já eram de fabricação Efacec.
Continuando com as memórias:
Resumindo, eu, em conjunto com o Talaia, eu nuns elevadores, e ele noutros, fazia-mos manutenção em todos os Elevadores, dentro de todas estas cidades, e ao seu redor.
Por exemplo na estrada que vai de Santo Tirso para Guimarães, e na estrada de Famalicão para Guimarães, existiam dezenas de fábricas de fiação, como a Riopele, a Coelima, e todas elas tinham elevadores, e monta-cargas.
Como já disse só não fazia parte da nossa Rota da Província, a cidade de Viana do
Castelo, onde a Efacec tinha uma delegação, com o Sr. Nunes.
A página 3 e 4 do folheto publicitário da Divisão de Elevadores da Efacec, na década de 1970.
Quando comecei a trabalhar, em 1971, os botões de registo de cabina que aparecem na página 4 deste folheto já estavam fora d'uso, portanto este folheto é anterior a 1971.
Continuando com as memórias:
Mas na época a que este meu relato se reporta, segunda metade da década de 1970, aconteceu um acidente que veio alterar esta nossa rotina.
Esse acidente
deixou-me muito abalado e com vontade de sair do Sector de Manutenção, e até
mesmo com vontade de abandonar a área dos elevadores.
Como já disse, comecei a fazer esta Rota da Província em conjunto com o meu amigo Joaquim Talaia, mas passado algum tempo aconteceu-nos um acidente num elevador na Póvoa de Varzim.
E esse acidente atirou o Talaia para uma cama do Hospital de Santa Maria, ainda hoje acho que foi um milagre ele ter sobrevivido.
Depois do acidente o Talaia ficou internado durante mais de dois anos, primeiro no Hospital de Santa Maria no Porto, depois foi para o Hospital de Alcoitão fazer reabilitação, ficou com mazelas para toda a vida, ficou com um grau de incapacidade muito alto.
Com a saída forçada do Talaia por causa do acidente, continuei sózinho na Rota da Província, cheguei a ter alguns técnicos a andar comigo, mas os técnicos alteravam todos os meses, era como costumo dizer, andava com o técnico que estivesse mais à mão, e isso deixava-me muito desanimado.
Ainda por cima tinha que ir buscar os técnicos a casa, um ao Porto, outro a Arca D`agua, outro a São Mamede, outro a Matosinhos.
Depois eles chegavam atrasados, às vezes eram 9h00 e 9h30, e eles ainda não tinham chegado, parecia que andavam a gozar comigo, diziam que o despertador não tinha tocado, ou que tinham adormecido.
Faziam-me isto sabendo que tínhamos que estar às 8h30 no local de trabalho, quer fosse em Braga, na Póvoa, em Guimarães, ou noutro sitio qualquer.
Nesta fase da minha vida andava muito desmoralizado, e com muita vontade de me ir embora da Efacec.
E é então no meio desta fase atribulada, que acontece uma grande volta, que alterou o resto da minha vida.
Esta grande volta que aconteceu na minha vida, começou assim:
Quando era necessário ir à fábrica na Arroteia, levar, ou levantar materiais para reparações, como Rodas de Cabos, Rodas de Desvio, Rodas de Coroa, ou Senfins para Máquinas, Placas Electrónicas, para os Quadros de Comando QCN, e QS, etc.
Como quem andava com a Carrinha Renault 4L era eu, era eu quem ia à fábrica, levar, ou levantar esses materiais, e depois ia entrega-los no armazém em Guedes de Azevedo, ou então ia entrega-los nas instalações em causa.
Sempre que ia à fábrica, levar ou levantar materiais, primeiro tinha que ir falar com o Sr. Ferreira à Sala de Preparação dos Elevadores.
Tantas
vezes fui à fábrica da Arroteia, que acabei por ficar a conhecer, e ganhei mesmo confiança com
muita gente que lá trabalhava.
Um
folheto publicitário da Máquina RXII-III, da Divisão de Elevadores da Efacec.
No tempo em que trabalhava no sector de Montagem de Elevadores, na década de 1970, todas as máquinas eram deste tipo, ainda não existiam as Máquinas Monobloco.
As Máquinas mais utilizadas eram
as RVIII, as RXII, as RXX, e as TXXVI que eram utilizadas em
grandes Monta-Cargas, as máquinas podiam ter vários tipos de engrenagens, e rodas
de tracção de diversos diâmetros, conforme a velocidade do elevador, a potência
dos motores também variava conforme a carga.
Continuando com as minhas memórias:
E nesta altura de que estou a falar, segunda metade da década de 1970, na mesma nave da Divisão de Elevadores, também estava instalada a Divisão da Electrónica Industrial.
E quando eu ia à Divisão de Elevadores, entrava por uma porta que existia ao fundo, junto ao armazém da Electrónica, e passava mesmo pelo meio do sector de fabricação da Divisão de Electrónica.
Passava pela Zona do VQ, onde trabalhavam o Álvaro, o Campinho, o Vale, o Eugénio, o Lopes, depois passava pela zona de fabricação das Placas de Electrónica.
Depois passava pela zona de fabricação dos Quadros de Comando QS, e QCN para os Elevadores, que era chefiada pelo Sr. Jales.
Depois passava pela zona de ensaio dos Quadros para os Elevadores, onde trabalhavam o Júlio, o Guedes, e o Martins.
E tantas vezes fui à fábrica, que acabei por ficar com vontade de ir trabalhar para a Divisão de Electrónica, e sair do sector de Manutenção dos Elevadores.
Um
dia ganhei coragem, e pedi ao Eng Vasco Costa, para ver se ele conseguia que eu fala-se com o Eng. Renato Morgado, que era o Chefe da
Divisão de Electrónica Industrial, para ver se ele me deixava ir para lá
trabalhar.
O Eng. Vasco Costa foi impecável, conseguiu que o Eng. Renato me recebesse logo nesse dia.
Levou-me até ao gabinete do Eng. Renato, que ficava ao lado da Divisão de Elevadores.
Ao entrar no gabinete do Eng. Renato fiquei um bocado intimidado, ainda me
lembro que por trás da secretária, tinha um quadro do Albert
Einstein, e uma enorme lâmpada com muitos filamentos.
A página 1 e 2 de outro folheto publicitário da Divisão de Elevadores da Efacec, este já é mais recente, é da década de 1980/90, é da altura dos Comandos "QCP".
Na página 1 está o Hotel Sheraton no Porto, que agora é o Porto Palácio, este hotel foi equipado com elevadores Efacec.
Na página 2 está o esquema do Sistema de Gestão de Baterias de Elevadores, MUX-88 que era baseado num CLP 40.
Continuando com as minhas memórias:
-Disse-lhe que tinha o curso de Montador Electricista da Escola Industrial Infante Dom Henrique, que sabia ler esquemas, que sabia resolver avarias
em qualquer tipo de elevadores, e que percebia um bocadinho de tudo o que estivesse relacionado com electricidade.
-Disse-me para ir falar com o Sr. Jorge Neves, que era o meu chefe de Divisão, que por ele tudo bem, podia de imediato começar a trabalhar na Divisão de Electrónica.
-Saí do
gabinete do Eng. Renato Morgado com um sorriso de orelha a orelha, era só falar
com o Sr. Jorge Neves que era o chefe da Divisão de Elevadores,
o gabinete até era mesmo ao lado na mesma nave, e estava resolvido, mas enganei-me redondamente.
A página 3 e 4 do folheto publicitário da Divisão de Elevadores Efacec, é dos anos de 1980/90, é da altura em que foram lançados os Comandos QCP, e o Sistema de Gestão de Baterias de Elevadores MUX-88.
Continuando com as minhas memórias:
Como dizia lá atrás, saí do gabinete do Eng. Renato, e fui directo para o gabinete o Sr. Jorge Neves, que era o meu chefe de Divisão
Mas ia com a firme convicção de que não haveria qualquer problema com a minha transferência, porque eu já conhecia o Sr. Jorge Neves desde o meu primeiro dia de trabalho na Efacec, em 15 de Dezembro de 1971.
Mas enganei-me redondamente.
Nunca me passaria pela cabeça que o Sr. Jorge Neves, uma pessoa que sempre considerei meu amigo, fosse travar a minha transferência.
Até porque já conhecia o Sr. Jorge Neves desde o meu primeiro dia de trabalho, e desde aí, tinha sido sempre ele o meu chefe, por isso não imaginava que ele se opusesse à minha transferência para a Divisão de Electrónica.
A botoneira de cabina de um elevador da Bateria Triplex, do antigo Hotel Sheraton no Porto, que agora é o Hotel Porto Palácio.
A Bateria de elevadores Triplex, do antigo Hotel Sheraton no Porto, de origem os comandos destes elevadores era tudo com electrónica convencional, os Micro Processadores ainda não eram utilizados nos elevadores.
Mais tarde este triplex foi modernizado, e foram montados uns novos comandos Multi-Mic, já com Micro Processadores.
Lembro-me bem desta MOD, porque fui eu quem tratei da preparação em fábrica, e depois em conjunto com o Sr. Manuel Pereira do Pinto & Cruz, fizemos a MOD no hotel.
Esta modernização foi muito complicada, porque tivemos que trocar os comandos que eram com electrónica convencional, pelos novos comandos Multi Mic, mas foram mantidos os grupos geradores, os motores Gearless que eram da Bull, e os Reguladores de Velocidade da Times Valey.
Antigos motores CC Gearless.
Enfim esta modernização no Hotel Sheraton foi mesmo muito complexa, porque
só podíamos parar um elevador de cada vez, o hotel manteve-se sempre em
funcionamento, fiquei com muitos cabelos brancos.
Continuando com as minhas memórias:
Mas como disse lá atrás enganei-me redondamente, porque da parte do Sr. Jorge Neves recebi um rotundo não, e ainda me disse:
-Almeida para a Divisão de Electrónica não vais.
Mas depois como deve ter visto a minha cara de desilusão, não sei, mas se calhar até me devem ter vindo as lágrimas aos olhos, lá acabou por me dizer assim tipo desabafo:
-Olha se surgir alguma vaga aqui nos Elevadores, eu transfiro-te para cá.
Nos finais de 1970 a Efacec lançou os Comandos QS e os QCN.
Depois na década de 1980, já eu trabalhava na Sala de Estudos na Arroteia, a Efacec lançou o Comando QCP, com o Micro Processador 8085.
Ainda me lembro dos primeiros protótipos do Comando QCP, o primeiro foi instalado num elevador que existia no edifício da Aparelhagem Eléctrica, ficava próximo da portaria do AE.
As primeiras cartas de micro do Comando QCP, eram em fibra de vidro numa cor Bege, os circuito impressos eram de dupla face, com furos metalizados, ainda foram fabricados algumas centenas de cartas de micro nessa cor beije.
Mas depois saiu uma nova Carta de Micro para o Comando QCP de cor verde, que se manteve até hoje, foram fabricados milhares de Comandos QCP, este Comando só deixou de se fabricar quando anos mais tarde surgiu o Comando CPU.
Esta já foi a segunda versão da Placa de Micro, MAP 4021 para o Comando QCP, na cor Verde.
Esta segunda versão de Placas de Micro na cor verde, continuou a ser fabricada pela Divisão de Electrónica da Efacec, mas o Softwear começou a ser desenvolvido na Divisão de Elevadores.
Actualmente esta Placa de Comando QCP na cor verde, ainda continua a ser fabricada como "spare parts".
Ainda tenho os esquemas eléctricos das versões dos Comandos QCP, com placas na cor Bege, e na cor Verde.
Um Quadro de Comandos QCP Duplex.
Mais ou menos na altura dos Comandos QCP, a Efacec lançou uma nova geração de Máquinas Monobloco:
A máquina RM140, a RM140E, a RM150, a RM150E, a RM175, a RM175E, e lançou também uma nova máquina para pequenos monta-cargas até 125 Kg de carga, a máquina T-IIC.
A Máquina RM-140 E, era utilizada para elevadores de 2 velocidades, tinha uma capacidade de carga de 300 Kg, ou 4 Pessoas, com a Velocidade de 1,00 m/s.
A Máquina RM150, era utilizada para elevadores de 1 velocidade, tinha uma capacidade de carga de 450 Kg, ou 6 Pessoas, com a Velocidade de 0,63 m/s.
A Máquina RM-150 E, era utilizada para elevadores de 2 velocidades, tinha uma capacidade de carga de 450 Kg, ou 6 Pessoas, com a Velocidade de 1,00 m/s.
A Máquina RM-175, era utilizada para Elevadores de 1 velocidade, tinha uma capacidade de carga de 600 Kg, ou 8 Pessoas, com a Velocidade de 0,63 m/s.
A Máquina RM-175 E, era utilizada para Elevadores de
2 velocidades, tinha uma capacidade de carga de 600 Kg, ou 8 Pessoas, com a
Velocidade de 1,00 m/s.
A Máquina Monobloco T-II C, era utilizada para pequenos monta cargas até 125 Kg de carga, era uma máquina de 1 Velocidade de 0,40 m/s, com tambor de enrolamento de cabos, esta máquina também podia ser fornecida com Roda de Cabos, para casos com curso superior ao permitido pelo tambor de enrolamento de cabos.
Continuando com as minhas memórias:
Como dizia lá atrás, depois de o Sr. Jorge Neves me ter dito, que se surgi-se alguma vaga na Divisão de Elevadores, me transferia para lá, eu fui-me embora um bocado mais animado, mas com a ideia de que o assunto era para cair no esquecimento.
Depois deste episódio falhado, do meu pedido de transferência para a Divisão de Electrónica da Efacec, continuei com a minha vida, a trabalhar no sector de Manutenção de Elevadores, na Rua Sá da Bandeira, no Porto.
Continuei com a andar com a carrinha Renault 4L, a fazer manutenção na Rota da Província que era fora do grande Porto.
Passaram-se vários Meses, e já mal me lembrava de ter ido falar com o Eng. Renato, e com o Sr. Jorge Neves, para pedir a minha transferência para a fábrica da Arroteia.
Pensei que o assunto já estive-se esquecido, até porque já tinha pensado melhor no assunto, e já não estava interessado em ser transferido para a fábrica da Arroteia.
Modernização da Bateria de Elevadores Quadruplex, com velocidade de 2 m/s, do Banco Fonsecas & Burney, em Lisboa.
Nesta Modernização montamos uns novos Comandos QCP, com Reguladores de Velocidade Dinalift, da Loher, as Máquinas foram mantidas, mas foram montados novos motores de tracção também da Loher.
Também me lembro bem desta Modernização, porque tratei da preparação e do ensaio em fábrica, do Comando QCP, e do CLP40.
E depois em conjunto com o Raposo e o Loução, acompanhei a posta em marcha, em Lisboa, falo desta instalação porque também montamos o famoso Sistema de Gestão de Baterias de Elevadores MUX-88, que aparece num folheto acima.
Continuando com as minhas memórias:
Conforme dizia lá atrás, até já não estava interessado em ser transferido para a Fábrica da Arroteia, por várias razões:
A primeira dessas razões, é que já estava a gostar de andar fazer Manutenção na Rota da Província, embora como já disse, por vezes fazer essa rota fosse um bocado desgastante, porque andava sempre de lado para lado.
Ligava para o escritório, e mandavam-me ir com urgência resolver uma avaria a um sitio qualquer, e lá tinha eu que arrancar, parecia o INEM, mas já estava a ficar habituado, a andar sempre de um lado para o outro a mexer em elevadores com comandos diferentes como gostava, não dava para cair na rotina.
Outra razão, porque já não estava interessado em ser transferido para a fábrica da Arroteia, era por causa do horário, que era das 8h00 às 17h24.
E embora na fábrica a hora de entrada fosse só meia hora mais cedo, para eu cumprir esse horário era mais complicado do que parece à primeira vista, porque eu morava e ainda moro em Valongo.
Se fosse trabalhar para a fábrica da Arroteia, para chegar lá às 8h00, tinha que apanhar 2 autocarros.
Tinha que apanhar em Valongo o autocarro 94, das 6h15 que chegava ao Porto às 7h00, e depois no Porto tinha que apanhar o autocarro 95, das 7h15, para chegar à Fábrica da Arroteia na Via Norte às 8h00.
Portanto se fosse trabalhar para a fábrica da Arroteia teria que começar a levantar-me antes das 6h00 da manhã, e ia chegar a casa tardíssimo, ainda por cima nesta altura, até andava com a carrinha Renault 4L, que levava todos os dias para casa.
Ainda a Modernização da Bateria de Elevadores Quadruplex, com velocidade de 2 m/s, do Banco Fonsecas & Burney, em Lisboa.
Na altura deste comando Isostop eu já trabalhava na Sala de Estudos na Arroteia, e o Francisco Parracho já tinha saído da Divisão de Elevadores.
Fui eu que fiz a preparação, e depois o ensaio deste comando, fui eu que tirei esta fotografia que ainda guardo como recordação.
Este comando fazia parte de uma Bateria de Elevadores Duplex, que montamos
no edifício de Escritórios da Efacec Oriente em Macau, mais
tarde em conjunto com o Sr. João Tavares fizemos a sua
Montagem, e a posta em marcha, estive em Macau mais de 4
Meses.
Continuando com as minhas memórias:
Como dizia lá atrás, passaram-se vários Meses sobre o episódio do meu pedido para ser transferido para a fábrica da Arroteia.
Passou tanto tempo que eu pensava que o assunto já estive-se esquecido.
Mas não foi isso que aconteceu, certo dia o meu chefe directo, o Sr. Raul Oliveira, disse-me para passar na fábrica, que o Sr. Jorge Neves queria falar comigo.
Nesse mesmo dia como ficava em caminho passei pela fábrica da Arroteia na Via-Norte, e fui à Divisão de Elevadores falar com o Sr. Jorge Neves, e quando entro no gabinete diz-me ele:
-Almeida, surgiu aqui uma vaga na Sala de Estudos, o Júlio Resende saiu dos Elevadores e foi trabalhar para os Estudos Gerais, (o Júlio Resende tinha acabado de se formar como Eng. Civil no ISEP), portanto conforme tínhamos combinado, no princípio do próximo Mês sais do Sector de Manutenção, e vens para cá trabalhar.
Afinal o Sr. Jorge Neves não se tinha esquecido do meu pedido para ser transferido para a Fábrica da Arroteia, eu fiquei sem palavras, apetecia-me pedir-lhe por favor para não ir, mas tinha sido eu a pedir a transferência, engoli em seco, agradeci e lá fui à minha vida.
O hall de entrada do Hotel Solverde na Granja, em Espinho, este hotel tem uma Bateria de Elevadores Triplex com Comandos QCP, com um Sistema de Gestão de Baterias de Elevadores MUX-88, com um CLP-40.
Todos os Elevadores deste
Hotel Solverde são da Efacec, mas foram instalados pela empresa Pinto &
Cruz, que foi uma das várias empresas, que passou a ser nosso cliente, e
começou a comprar e a instalar Elevadores Efacec, quando a Efacec acabou com o
Sector de Montagem.
Continuando com as minhas memórias:
O Sr. Jorge Neves disse-me para no princípio do mês seguinte me apresentar na fábrica, para começar a trabalhar na Sala de Estudos do Eng. Mário Ribeiro, mas eu fiz-me esquecido, e evitei durante algum tempo ir à fábrica para ele não me ver.
Passaram-se mais alguns dias, mas depois ele acabou por me ver na Fábrica, e disse-me que no dia seguinte tinha que entregar a carrinha Renault 4L no Porto, e tinha que me apresentar na Fábrica da Arroteia, porque a minha transferência já estava tratada, e que eu já não fazia parte do Sector de Manutenção.
E ainda me disse:
-Almeida, quando decidimos ir para um lado vamos com os dois pés, não deixamos um pé em cada lado, deve-se ter apercebido de que eu já não tinha muita vontade de ir para a fábrica.
Catálogos Publicitários da Efacec, nesta altura a Divisão de Elevadores já tinha dado lugar a uma Empresa autónoma, que era a Efacec Elevadores S.A.
Na altura destes catálogos, o nosso Director era o Eng. Andrade Ferreira, e já tínhamos começado
novamente com o negócio de Venda e Montagem de Elevadores, o primeiro
encarregado desse Sector de Montagem foi o Manuel Francisco.
E pronto conforme o Sr. Jorge Neves me ordenou, no dia seguinte entreguei a carrinha Renault 4L, e a mala de ferramenta no Sector de Manutenção em Sá da Bandeira, e lá me fui apresentar ao Eng. Mário Ribeiro, para começar a trabalhar na Sala de Estudos da Divisão de Elevadores, na Fábrica da Efacec, na Arroteia em Leça do Bailio.
Conforme
me fui apercebendo ao longo do tempo ao trabalhar na Sala de Estudos, era nesta
sala que era feito todo o desenvolvimento que era aplicado nos Elevadores da
Efacec, desde os Comandos, e toda a sua parte eléctrica, às Máquinas de
Tracção, às Portas Automáticas, às Cabinas, etc.
Mais um Catálogo da Efacec Elevadores, é da altura em que já tinha-mos voltado novamente para o mercado de Venda e Montagem de Elevadores para o cliente final.
Na fotografia acima do lado esquerdo, temos mais um dos Edifícios do edifício Mota e Galiza, na Praça da Galiza no Porto, no lado direito temos uma fotografia da Botoneira de Cabina que foi utilizada em todos os Elevadores, os indicadores de posição da cabina, e de patamar já eram feitos com uma Matriz de Led's.
O empreendimento Mota e Galiza, na Praça da Galiza no Porto, foi uma das grandes encomendas da Efacec Elevadores S.A.
Este empreendimento
tem mais de trinta elevadores, os elevadores principais tem a Velocidade de 1,2
m/s, Comandos Multi-Mic, com Regulador de Velocidade Revac, tudo de
fabricação Efacec, os monta-cargas tem a Velocidade de 1 m/s, e tem
Comandos QCP, todas as cabinas dos elevadores tem um
"design" próprio, escolhido pelo cliente.
Só
como curiosidade, ponho aqui esta fotografia das antigas instalações da CUFP, que
ficavam na Praça da Galiza, no local onde agora existe o Empreendimento Mota e
Galiza.
Ainda
me lembro deste Edifício, ele ainda existia quando andei a estudar na Escola
Industrial Infante Dom Henrique na Praça da Galiza, a história deste Edifício
da CUFP, está contada no Blogue Monumentos Desaparecidos.
Continuando com as minhas memórias:
Na altura em que comecei a trabalhar na sala de Estudos da Divisão de Elevadores na Arroteia, o Chefe da Sala era o Eng. Mário Ribeiro, e trabalhavam na sala o Sr. Jorge Machado, que tratava de projectos de parte mecânica, ao seu lado no fundo da sala à direita estava o Fernando Duarte que também tratava de projectos de mecânica e de máquinas.
Depois estava o Eng. José António, que também tratava de projectos de parte mecânica, ao lado estava o Sr. Mário Delgadinho, que tratava mais de projectos de Portas Automáticas.
Depois estava a Maria Arminda que tratava um bocado de tudo, depois estava o Francisco Parracho, que era quem tratava do desenvolvimento da parte Eléctrica relacionada com o Comando dos Elevadores, passou a ser o meu ídolo, aprendi muito com ele.
Esta fotografia é dos finais dos anos 70, foi tirada na da Sala de Estudos da Divisão de Elevadores, é da altura em que fui para lá trabalhar, estamos todos reunidos no meu estirador.
Nesta fotografia acima a começar da esquerda, estou eu, depois o Fernando Duarte, depois o Francisco Parracho, depois o Eng. Rui Filipe Melo, depois o chefe da sala o Eng. Mário Ribeiro, depois o Eng. Caldeira da Silva, e lá atrás encostado ao estirador de barba está o Eng. José António.
Na fotografia acima não estão a Maria Arminda, o Sr. Mário Delgadinho, e o Sr. Jorge Machado, que nesta altura também trabalhavam na sala
......Continuando com as minhas memórias:
Quando comecei a trabalhar na Sala de Estudos, de início era olhado e tratado como um menino, também era o mais novo, comecei por fazer pequenas coisas, primeiro comecei a reparar as placas dos Comandos QCN e QS da Efacec.
Depois comecei a reparar as Células Foto Eléctricas, que nesta altura ainda eram compradas em Espanha à MAC Puarsa, depois comecei a reparar todo o tipo de placas que aparecia.
Depois comecei a fazer alterações nos Esquemas Eléctricos dos Comandos QAS, dos QCN, dos QS, depois comecei a desenhar alguns Circuitos Impressos de Placas de Electrónica.
Depois comecei a fazer pequenos projectos, de algumas Placas de Electrónica, e de alguns comandos mais simples.
Na década de 1970, inicio dos anos 80, os Circuitos Impressos ainda eram desenhados com decalcomanias, para isso utilizava-mos uma caixa com o topo em vidro com retro-iluminação, utilizava-mos uma folha de papel vegetal com um quadriculado com a medida exacta dos Circuitos Integrados.
Tenho uma pasta com todo o tipo de decalco-manias, e todo o material que era utilizado para desenhar Circuitos Impressos, tal como se fazia na década de 1970, quando fui trabalhar para a Sala de Estudos.
Até ainda tenho o papel vegetal com a medida das quadriculas para os Circuitos Integrados, nesse tempo existiam todo o tipo de letras, pistas de todas as espessuras, e todo o tipo de bolinhas, que serviam para fazer a furação onde depois se montavam os Integrados, as Resistências, os Condensadores, etc, bons tempos.
Circuitos impressos dos anos 70, desenhadas pelo Mário Ribeiro e pelo Júlio Resende.
Antes de existirem as decalco-manias os circuitos impressos eram desenhados assim com uma Eding-3000, depois eram mergulhadas numa solução de Cloreto de Ferro, que comia todo o cobre da placa que não estivesse pintado.
......Continuando com as minhas memórias:
Em meados dos anos 80 surgiram no mercado os Elevadores Hidráulicos, e a Efacec acompanhou a onda, e também aderiu à nova moda dos Elevadores Hidráulicos, primeiro compramos 3 elevadores completos à Empresa Italiana GMV, ainda tenho os Esquemas desses primeiros elevadores comprados à GMV.
Mas depois o Eng. Mário Ribeiro, encarregou-me de fazer um Comando para os Elevadores Hidráulicos, e a partir daí passamos a comprar só a parte Hidráulica.
Comprávamos os
Pistões, as Mangueiras, as Centrais Hidráulicas, e depois tudo o resto Cabinas, Fixacções, Botoneiras, Comandos, e toda a parte Eléctrica era fabricado pela
Efacec.
Elevador Hidráulico, com suspensão diferencial de 2 para 1, vemos no lado direito o Pistão Hidráulico ligado à Arcadinha.
Todos os elevadores da Cadeia da Relação são hidráulicos, qualquer dia vou pedir autorização para os fotografar e vou fazer uma publicação,
......Continuando com as minhas memórias:
O primeiro Comando Hidráulico que fiz era todo com Relés de 3 inversores e com Contactores, e depois tinha algumas modernices, como a placa PTP e outras coisas, digamos que era mais ou menos um QAS Hidráulico.
O
quadro era de cor azul, para se diferenciar dos QAS Eléctricos, tinha uma porta
de abrir pela frente, ainda existem alguns destes primitivos Comandos Hidráulicos
a trabalhar, um está montado na cantina
da Fábrica da Efacec na Maia, outro na Câmara de Paredes de Coura e tem outro no Lar das
Fontainhas no Porto.
Uma Central Hidráulico da GMV.
O poço de um elevador hidráulico, com suspensão diferencial de 2 para 1, vemos o pistão hidráulico ligado à arcadinha.
......Continuando com as minhas memórias:
Mais tarde desenvolvi um novo Comando Hidráulico, já com a Placa de Micro MAP 4021, que já era utilizada nos Comandos QCP Eléctricos, e a partir daí passamos a utilizar o Comando QCP tanto para Elevadores Eléctricos, como para Elevadores Hidráulicos, com a Placa de Micro MAP 4021.
Um Comando QCP Hidraúlico.
......Continuando com as minhas memórias:
Mas entretanto foram acontecendo muitas alterações na Efacec, a Divisão de Elevadores partiu-se em duas, e nasceram a Efacec Elevadores, que passou a ter como director o Eng. Andrade Ferreira, e a Efacec Automação e Robótica, que passou a ter como director o Sr. Jorge Neves.
E com todas estas alterações, aconteceram muitas coisas boas, e outras de que não gostei nada, muitas pessoas foram
transferidas dos elevadores para a nova empresa de Robótica.
Por
exemplo, uma das coisas de que não gostei nada, foi que o Francisco Parracho, que até aí era o homem por trás do desenvolvimento da parte
eléctrica da Divisão dos Elevadores, foi transferido para essa nova
Divisão de Robótica.
O Francisco Parracho foi então trabalhar com o Sr. Arlindo Ribeiro, para o novo Sector de Manutenção da Divisão de Robótica da Efacec.
Mas o Francisco não ficou muito tempo a trabalhar na Divisão de Robótica, passado algum tempo acabou por se despedir da Efacec.
E foi a partir do momento que o Francisco Parracho se despediu da Efacec, que senti ter perdido muito do apoio que tinha na Sala de Estudos.
Porque mesmo com ele a trabalhar na Divisão de Robótica, sempre que tinha alguma dúvida era com ele que ia falar, mas quando ele se despediu da Efacec senti muito, perdi um grande amigo, e o meu grande apoio.
Desde que o Francisco Parracho tinha saído para a Divisão de Robótica, comecei a tratar de todos os Comandos Especiais, e da Assistência Pós Venda.
Também comecei a fazer a revisão em todos os Elevadores de Corrente Continua da Zona Norte do País, sempre que acontecia alguma avaria num destes elevadores, era sempre bastante complicado, em algumas destas avarias cheguei a passar mais do que um dia, e algumas vezes fui auxiliado pelo Eng. Teixeira Dias.
Enfim sempre que era necessário ir a alguma instalação resolver uma avaria, ou
fazer a posta em marcha de algum elevador, lá tinha eu que arrancar, para
qualquer ponto do País ou no Estrangeiro.
Esquemas eléctricos e instruções para a posta em marcha do Comando
QCP Hidráulico, em 1987 tinha que
fazer todos estes Planos e Instruções à mão.
......Continuando com as minhas memórias:
Em algumas das instalações em que ia fazer a posta em marcha dos elevadores, passei semanas, e às vezes Meses seguidos, comecei a andar sempre por fora.
Comecei a ter que ir a todos os lados, quer a instalação dos elevadores fosse no Porto, em Braga, em Guimarães, em Coimbra, em Lisboa, no Algarve, em Madrid, em Luanda, em Macau, nas Ilhas Maurícias, na Bélgica ou qualquer outro sítio, lá tinha eu que fazer a mala, e lá ia de viagem.
Enfim, pelo menos fiquei a conhecer lugares, que se não fosse por causa dos elevadores nunca teria conhecido.
Conclusão, posso dizer que evolui muito durante o tempo que trabalhei com o Francisco Parracho, mas com a sua saída primeiro para a Robótica, e depois quando se despediu da Efacec, fui obrigado a evoluir muito mais rápidamente.
Mas também tenho que admitir que evolui muito devido à confiança que o meu chefe, o Eng. Mário Ribeiro depositava em mim.
Ainda me lembro como se fosse hoje, que todos os meses o Eng. Mário Ribeiro fazia um apanhado de todos os elevadores especiais.
Depois dava-me essa listagem para a mão, e a partir daí era comigo, era eu que tinha que analisar os projectos das instalações.
Eu já tinha uma folha especial, onde apontava todos os dados da instalação, e assim não me falhava nada.
Tinha que ver o numero de pisos, o tipo de Máquinas, a Potência dos Motores, o tipo de Portas Automáticas, enfim tinha que apontar tudo que tivesse a ver com a instalação eléctrica desses elevadores especiais.
Depois tinha que fazer os esquemas eléctricos de acordo com as especificações de cada instalação, tinha que desenhar as "pátines" para os quadros.
Tinha que comprar todos os materiais ao exterior, os contactores, os temporizadores, os disjuntores, as calhas passa fios, os bornes, etc.
Depois fazia um envelope com todos os documentos para fabricação desses Comandos Especiais.
Nesta altura a Divisão de Elevadores tinha um sector próprio, onde eram fabricados todos os comandos especiais, os Comandos QCP Hidráulicos, os Comandos Multi-Mic, os Comandos para Monta Papéis, e todo o tipo de quadros suplementares, como os Quadros de Portas Automáticas, os Quadros de Registos de Patamar, etc..., este sector era chefiado pelo Sr. Neves.
A forma como o Eng. Mário Ribeiro delegava em mim, também foi muito importante para o meu desenvolvimento, pois ele passava-me para as mãos, desde um simples quadro para comandar umas Portas Automáticas, ou um quadro para um Monta Papéis, até aos comandos mais complexos.
Como os Comandos Multi-Mic, de dezenas de Edifícios importantes, como o empreendimento Mota e Galiza, ou o Edifício Espaço Leopoldo em Bruxelas, novo Edifício do Parlamento Europeu.
Agora a seguir vou pôr alguns esquemas eléctricos, de colegas que passaram antes de mim pela Sala de Estudos da Divisão de Elevadores da Efacec, e são mencionadas nesta minha publicação.
Do ano de 1961, tenho este antigo plano do Sr. Jorge Neves, ainda foi desenhado na Divisão AE, é da altura em que a Empresa Soprel foi incorporada na Efacec.
Quando comecei a trabalhar em Dezembro de 1971, o Sr. Jorge Neves era o chefe do Sector de Elevadores da Efacec, na Rua Sá da Bandeira, no Porto.
Depois quando a Efacec encerrou o Sector de Montagem de Elevadores, em Sá da Bandeira, o Sr. Jorge Neves assumiu o lugar de Chefe da Divisão de Elevadores da Efacec, na fábrica da Arroteia.
Mais tarde foi o Sr. Jorge Neves que arrancou com a Empresa Efacec Automação e
Robótica,
empresa da qual foi Director até ao final da sua carreira.
Uma
entrevista do Sr. Jorge Neves ao Jornal Infor da Efacec, já como director da Empresa
Efacec Automação e Robótica.
Como disse tenho muitos planos eléctricos antigos de pessoas que trabalharam muito antes de mim, na Sala de Estudos da Divisão de Elevadores da Efacec.
...Da década de 1970, tenho planos dos Comandos QAS, assinados pelo Eng. Mário Ribeiro, que foi o meu chefe na Sala de Estudos.
...Da década de 1970, tenho planos de Comandos QAS e QCN, assinados pelo Eng. Ramos, conheci o Eng. Ramos quando ainda trabalhava na montagem de elevadores, andei a montar um protótipo do Quadro de Comando QCN, na Avenida da República em Matosinhos.
...E era
o Eng. Ramos quem ia à instalação ver como estava o
andamento da obra, e quem me dava as instruções para a montagem.
…Por
isso deduzo que o Comando QCN, deve ter sido desenvolvido por ele, anos mais
tarde voltei a cruzar-me com o Eng. Ramos, já na Schindler, quando fui com a minha colega Raquel a uma reunião nas instalações da Sonae, sobre os elevadores da Quinta das Sedas, em Matosinhos.
...Da década de 1970, tenho planos de Comandos QAS e QCN, assinados pelo Júlio Resende, são do tempo em que ele ainda
trabalhava na sala de Estudos da Fábrica de Elevadores da Efacec.
...Da década de 1980, tenho planos de Comandos QCN e QS, assinados pelo Francisco Parracho.
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Mas como costumo dizer, a vida dá muitas voltas, e é feita de muitos ses, e embora não esteja arrependido por ter trabalhado toda a minha vida sempre ligado aos elevadores, não sei se fui eu que fiz essa escolha, ou se foi pura coincidência:
......Se por acaso, quando terminei o curso Industrial, não tivesse ido estagiar para a Divisão de Elevadores da Efacec, e tivesse continuado a estudar.
......Se calhar, poderia ter feito o SPI, e poderia ter entrado no ISEP, ou mesmo na FEUP, e podia nunca ter ouvido falar de Elevadores.
......Se, não tivesse ido fazer o estágio final do Curso Industrial na Efacec, e tivesse ido estagiar para os TLP, como chegou a estar combinado, se calhar podia ter continuado a trabalhar nos TLP, e podia nunca ter ouvido falar de Elevadores.
......Se, não tivesse acontecido o 25 de Abril de 1974, e a construção civil não tivesse parado, se calhar tinha continuado a trabalhar no sector de montagem, e talvez tivesse terminado os meus dias como Montador de Elevadores.
......Se o Sr. Jorge Neves, não tivesse dito não à minha transferência, dos Elevadores, para a Divisão de Electrónica do Eng. Renato, se calhar como aconteceu com muitos dos meus colegas, podia ter terminado os meus dias a trabalhar na Divisão Electrónica, e talvez também nunca mais tivesse ouvido falar de Elevadores.
......Se por causa, da saída do Júlio Resende não tivesse surgido uma vaga na Sala de Estudos, da Divisão de Elevadores na Arroteia, e se o Sr. Jorge Neves não se tivesse lembrado da promessa que me tinha feito, se calhar tal como o Mário Vieira da Rocha, o Joaquim Talaia, o Machado, e tantos outros colegas poderia ter terminado os meus dias a trabalhar no Sector de Manutenção.
......E talvez, nunca tivesse ido para a tal Sala de Estudos da Divisão de Elevadores da Efacec, que me permitiu adquirir conhecimentos, que se tivesse continuado a trabalhar como técnico no sector manutenção não teria.
......Como Técnico de Elevadores da Efacec fiquei a conhecer Portugal, desde o Minho até ao Algarve, também fiquei a conhecer os Açores e a Madeira.
......Também fiquei a conhecer muitos Países: ......Por duas vezes estive em Espanha, estive a em Madrid, onde em
colaboração com uma empresa espanhola, montamos 4
elevadores com Comandos QCP, Duplex da Efacec, fiquei a conhecer mais ou menos
Madrid.
......Por duas vezes estive a trabalhar na Bélgica, estive primeiro na Cidade de Saint Niklaas.
......Passei duas vezes por Hong Kong a caminho de Macau, onde estive a trabalhar durante 4 Meses, em conjunto com o Sr. tavares e o Tsí, na montagem dos elevadores do novo edifício, e da nova Fábrica de transformadores da Efacec.
......Estive 2 semanas a trabalhar nas Ilhas Mauricias, também fiquei a conhecer a Ilha de lés a lés.
......Estive 2 semanas a trabalhar em Angola, em Luanda, também fiquei a conhecer mais ou menos a Cidade.
......E devo ter estado em mais algum lado, de que agora não me lembro, que se não fosse por causa dos elevadores da Efacec nunca teria conhecido.
Ainda hoje, 40 anos depois do fim da Efacec Elevadores, fico triste sempre que penso no seu fim, porque na minha opinião, empresas como a Efacec Elevadores, eram grandes incubadoras de pessoas, e verdadeiros motores de desenvolvimento.
Na altura em que a empresa Efacec Elevadores, foi absorvida
pela Schindler, já estávamos aqui
nestas instalações na Maia.
Nas naves 1, 2, 3, 4, estavam a fábrica, a recepção e a expedição de elevadores.
O edifício 5 era onde estava todo o pessoal de mão d'obra indirecta, a Direcção, a Sala de Preparação, a Sala de Estudos, as compras, a contabilidade, etc.
O edifício 6 era o refeitório, depois o edifício 7 era da Empresa de Motores, e o Edifício 8 era da Empresa de Electrónica Industrial.
Já contei esta história de como fui trabalhar para a Sala de Estudos da Divisão de Elevadores, da Efacec na Arroteia, ao Eng. Renato Morgado, numa reunião em que acompanhei a minha colega Raquel Marques, por causa de um antigo Elevador Schindler.

Gostei muito desse encontro inesperado com o Eng. Renato Morgado, passados mais de 40 anos, e também gostei muito do antigo Elevador Schindler, do tempo da II Guerra Mundial, que está montado no edifício onde mora.
E como gostei muito deste encontro inesperado com o Eng. Renato Morgado, passados mais de 40 anos, quando tiver tempo vou fazer uma publicação, sobre o antigo Elevador Schindler, do edifício onde mora o Eng. Renato Morgado.
E mesmo para terminar, se em Dezembro de 2014, talvez por ter o cabelo todo branco, não me tivessem considerado velho para trabalhar nos elevadores, se calhar, em vez de estar a escrever este extenso texto, sobre a antiga Divisão de Elevadores da Efacec, ainda poderia andar mais uns anos a trabalhar nos Elevadores.
Fernando
Almeida