Histórias antigas de Vallongo.
......A Batalha
de Ponte Ferreira.
Esta
gravura representativa da Batalha
de Ponte Ferreira, está exposta no Palácio de Queluz em Lisboa.
A
Batalha de Ponte Ferreira foi a primeira das muitas batalhas que
aconteceram durante a Guerra Civil, travou-se no dia 23 de Julho de
1832, entre o exército da facção Liberal que era liderado por D.
Pedro, e o exército da facção Absolutista, liderado pelo seu
irmão D. Miguel.
O motivo
que me levou a fazer esta publicação, para além desta batalha ter
sido travada em Vallongo, cidade onde nasci e sempre vivi, foi
quando um amigo me ofereceu umas caricaturas que devem ter sido
publicadas pouco tempo depois da batalha.
Essas
caricaturas são de uma revista de nome Charivari, e ainda se referem a esta batalha como A Batalha
de Vallongo.
Mas para
a História de
Portugal esta
batalha acabou por ficar conhecida como A Batalha de Ponte Ferreira, porque conforme
diz no livro A Villa de Vallongo:
......Quando no
dia 23 de Julho de 1832 o Imperador D. Pedro I deu ordem de
ataque ao exército Liberal, os dois
exércitos estavam separados pelo Rio Ferreira, o qual apenas podia ser
atravessado por uma antiga ponte de
granito, situada no lugar de Ponte Ferreira.
Muitos
dos textos que vou utilizar nesta publicação são do livro A Villa de
Vallongo, livro que é da autoria do padre Joaquim
Alves Lopes Reis, um cidadão de Valongo, que nasceu no ano de 1871, 39
anos depois da batalha.
Neste
livro o padre Joaquim descreve com grande pormenor todos os passos
que aconteceram antes, durante, e depois d'a Batalha de Ponte Ferreira.
A Ponte Ferreira, no ano de 2020.
Foi
à volta desta ponte que se travou a batalha, na margem direita do rio foi
erigido um Oratório em homenagem às mais de duas mil
vítimas, entre mortos e desaparecidos que aconteceram na batalha.
Como vemos na margem esquerda do rio ainda existe a antiga Casa da Portagem, onde era cobrada a portagem aos carros com cereais que faziam a travessia do rio.
No final desta publicação vou pôr fotografias actuais de todos os lugares por onde o Prº Joaquim diz que se travou A Batalha de Ponte de Ferreira.
Agora vou
começar a pôr as caricaturas da revista Charivari, que foram o que
me levou a fazer esta publicação.
Esta primeira caricatura, que tem o titulo O Ataque a Vallongo, mostra um acampamento de tropas.
Pelo contorno dos montes, e pela quantidade de tendas de campanha que se vêem nos dois lados da caricatura acima, acho que este é o Monte Alto em Vallongo.
Digo isto porque no livro A Villa de Vallongo, diz que D. Miguel quando chegou com as suas tropas ao Porto, atravessou o Rio Douro na zona de Campanhã, e acampou no Monte Alto e na Serra da Senhora das Chans, em Vallongo, de onde se conseguia avistar o Porto.
O grande numero de Regueifas que se vê nesta primeira caricatura leva-me a pensar que quem a fez devia ser de Valongo, ou então conhecia Valongo muito bem.
Porque vemos soldados com regueifas ao ombro, outros soldados com regueifas ao pescoço, vemos também regueifas nos canos das espingardas e nos canos dos canhões, e até vemos um cavalo caído, está de pernas para o ar com uma canasta com pães, e regueifas caídos no chão.
Para quem
não saiba a regueifa é um dos nossos valores, em
Valongo existe mesmo a Confraria do Pão da Regueifa e do Biscoito, que tem
como missão não deixar esquecer estes antigos valores.
Valongo foi durante muitos anos o maior fornecedor de pão da cidade do Porto, a regueifa, o pão e os biscoitos são alguns dos ex-libris do Concelho de Valongo, uma espiga de trigo faz mesmo parte do logótipo da nossa Cidade.
Uma espiga de trigo faz parte do logótipo do Município de Valongo.
Depois
desta explicação sobre a ligação que Vallongo tem com as
regueifas, vou pôr de seguida as restantes caricaturas sobre A Batalha de
Vallongo,
que foram publicadas pela revista Charivari, que foram o que me levou a fazer esta
publicação.
Todas estas caricaturas tem alguns pormenores que me levam a pensar, que elas devem ter sido publicadas pouco tempo depois d´A Batalha de Ponte Ferreira, como o tipo de escrita que é utilizado nas caricaturas.
Escrever Vallongo com
dois éles, escrever termos como, romper d'alva, béllicos sons dos
clarins, n'um momento, ordinário marche, atmosfhera, Villa, chloreto de cal,
hymno da carta, enthusiasmo, é o tipo de escrita que era utilizado no Século
XIX, é o mesmo tipo de escrita que o Padre Joaquim utilizou no ano de 1904, no
livro A Villa de Vallongo.
......Fez na
quinta-feira 8 dias que logo ao romper d'alva os bellicos sons dos clarins
chamaram as tropas às armas.
Nas 3 caricaturas desta página, é referido que o inimigo acampou na encosta norte de Vallongo, e que Vallongo devia ser um local estratégico, porque na legenda da imagem do meio o General diz:
-- Soldados!
-- Corramos pela Pátria!
-- Perca-se tudo menos Vallongo!
Pelo que se deduz desta página deve ter acontecido um surto de diarreia entre as tropas, este acontecimento até pode ter acontecido, não ponho em dúvida que seja verdade, mas acho que nunca apareceria em nenhum relato de uma batalha.
Pelo que se deduz desta 5º página, deve ter acontecido um surto de diarreia entre as tropas, este acontecimento até pode ter acontecido, não ponho em dúvida que seja verdade, mas acho que nunca apareceria em nenhum relato de uma batalha.
Na imagem da esquerda desta página 6, vemos que o surto de diarreia foi tão forte que "o Snr. general manda espalhar chloreto de cal pelo chão", depois os Soldados tomam posição e começam a fazer fogo sobre o inimigo.
Nesta 7ª página vemos o rebuliço e a fumarada que ficou depois dos soldados terem disparado sobre o inimigo, na imagem do meio vemos os soldados a dar gritos de vitória e a festejar com a bandeira.
Na imagem
da direita, vemos a população de Vallongo reconhecida a saudar os soldados
pela vitória coroando-os com coroas de regueifa, que são o ex-libris de
Vallongo.
Nas
3 imagens desta 10º e última página, continuamos a ver o que devem ser despojos de
Guerra, capturados ao
inimigo.
......Agora à minha maneira, e de uma
forma muito simplista e superficial vou fazer um resumo dos acontecimentos que na minha
opinião nos levaram até à Revolução Liberal, que durou 6 anos de 1828 até 1834, durante a
qual aconteceu A Batalha de Ponte Ferreira, que é o cerne desta publicação.
......E para mim a sucessão de acontecimentos que nos levaram até à Revolução Liberal, começam no Reinado de Dona Maria I, que ficou com o cognome de a Piedosa.
No
ano de 1792, devido a um problema de saúde a Rainha Dona Maria I foi
obrigada a abdicar do trono a favor do seu filho o Infante Dom João, que a
parti daí passou a tomar conta dos assuntos do Estado, como Príncipe Regente
Dom João VI.
......Digo
que para mim a sucessão de acontecimentos que nos levaram até à
Revolução Liberal, começaram no Reinado desta nossa primeira Rainha Dona
Maria I, porque
acho que com a sua sensatez e bondade, se não tivesse sido obrigada a abdicar
do trono a favor do filho, acho que nunca teríamos tido as Invasões Francesas
que originaram a fuga da família Real para o Brasil, que foi o que acabou por
nos conduzir até à Revolução Liberal.
Tudo o que aconteceu durante o reinado de Dona Maria I, como o ter que lidar com as maldades do seu pai, o rei Dom José I, do Marquês de Pombal, e o ter que lidar com todas as intrigas da Corte, que acabaram por a levar à loucura, podem ser lidos neste livro de Isabel Stilwell.
......E
assim no ano de 1792, devido à doença de sua mãe a rainha Dona Maria I, o Infante Dom
João é nomeado
príncipe-regente de Portugal.
......É então
que apenas com 25 anos, devido à doença de sua mãe a Rainha Dona Maria I,
o Infante Dom
João é nomeado
príncipe-regente de Portugal.
......Mas
só anos mais tarde, após a morte de sua mãe que aconteceu no Brasil, é que foi
aclamado como Rei Dom João VI.
......Dizem esses mesmos historiadores, que o Infante Dom João talvez por ter tido uma educação mais descuidada, porque não era o filho primogénito, teria pouco tacto diplomático, e que talvez por isso é viemos a sofrer aquelas 3 Invasões Francesas, que tantos horrores provocaram em Portugal.
......Mas o Reinado de Dom João VI não viria a ser nada pacifico, e apesar da nossa história ter sido sempre bastante complexa, esta talvez tenha sido das épocas mais atribuladas que o reino viveu.
......Porque enquanto todas estas alteraçães iam acontecendo no trono de
Portugal, no ano de 1804 Napoleão Bonaparte é
proclamado Imperador de França.
Napoleão Bonaparte com as suas ideias megalómanas, envolve-se em guerra com as grandes potências um pouco por todo o Mundo, nas que ficaram para a história conhecidas como as Guerras Napoleónicas.
......Depois de conquistado, o Reino de Portugal devia ser riscado do numero das Nações e dividido em três partes, que seriam repartidas da seguinte maneira:
......A parte comprehendida entre entre o Douro e o Minho, onde está Vallongo, pertenceria ao Rei da Etruria; o Algarve e o Alentejo ficariam para o Rei de Hespanha, e o resto ficaria em poder de França.
......Com a conivência de Espanha para poder atravessar o seu território, Napoleão Bonaparte manda as suas tropas invadir Portugal.
......Mal chegaram a Lisboa notícias de que as tropas Francesas estavam a invadir Portugal, a família real é aconselhada a partir para o Brasil, para que não viesse a ficar aprisionada pelas tropas Francesas.
......No dia 29 de Março de 1809 aconteceu o trágico acidente da Ponte das Barcas, que enlutou toda a Cidade do Porto, terão morrido mais de 4 mil pessoas, porque ao fugirem à frente das tropas Francesas, terão tentado atravessar a ponte para o lado de Vila Nova de Gaya, sem verem que os alçapões da ponte estavam levantados.
Esta ponte feita de Barcas tinha um engenhoso sistema de abertura, a que o Padre Joaquim no livro A Villa de Vallongo chama alçapões, que eram abertos para dar passagem aos barcos que pretendiam subir o rio.
......Na página 149 do livro A Villa de Vallongo, publicado em 1904, continua a narrativa sobre a Segunda Invasão Francesa:
......A Majestosa Igreja de Vallongo, que então estava só em paredes e coberto, foi convertido pelas tropas Francesas em cavalariça e arsenal, os soldados, aboletados por jeito ou à força nas casas particulares, praticavam aí com uma petulância e atrevimento inaudito toda a sorte de patifarias e desordens.
Fotografia do Arquivo Histórico de Valongo, onde vemos a Estrada Velha que seguia para o Porto através do Monte Alto.
Como vemos também nesta fotografia, Valongo não passava de uma pobre povoação rural na altura em que o Marechal Soult mandou para aqui uma divisão comandada por um tal Mermet, para proteger as linhas de abastecimento entre o Porto e Amarante.
Ano de 1816, Dona Maria I, que foi a primeira rainha de Portugal faleceu no Brasil, e foi sepultada no Convento da Ajuda na Cidade do Rio de Janeiro.
......Em Portugal começam a aparecer revoltas um pouco por todo o lado, devido à forma como vínhamos a ser governados por estrangeiros desde o fim das Invasões Francesas, começa então a Revolta Constitucional de 1820, onde é exigido o regresso do Rei Dom João VI a Portugal.
......A Revolução Liberal teve o seu inicio no ano de 1820 na Cidade do Porto, um dos objectivos dos revolucionários era recuperar a governação do País, que desde o fim das Invasões Francesas era governado por Ingleses, e iam acontecendo muitas injustiças.
......Outro objectivo era lutar contra
um regime Absolutista que nessa altura ia reinando em Portugal.
......Depois da expulsão dos Franceses as simpatiias constitucionais haviam crescido, assás principalmente devido à grande influência da Inglaterra no nosso país.
......O Porto, cidade das grandes empresas e sempre nobres aspirações, entusiasmada pela aurora de uma falsa liberdade que lhe parecia surgir n'um mar de rosas por entre as negruras terroríficas e medonhas das antigas instituições, abalançava-se à realização gigantesca de um ideal sublime que há anos havia sonhado.
......O desembarque do Rei das Cortes e de toda a governação do Reino foi a 4 do mês de Julho de 1821 no Terreiro do Paço em Lisboa, mas ficou no Brasil como Regente o seu filho primogénito o Infante Dom Pedro.
......Pelo meu Sangue, minha Honra, meu Deus, eu juro dar ao Brasil a Liberdade, e terá gritado Independência ou Morte, este episódio ficou conhecido como O Grito do Ipiranga.
......Na página 154 do livro A Villa de Vallongo, o padre Joaquim escreve o seguinte sobre esta Guerra Civil, a que ele chama Guerra Fratricida:
......Pobres Loucos! A liberdade por que elles tão ansiosamente suspiraram era um mito, e aqueles que aos ingénuos falavam d'ela uns enganadores! Hoje quem ade dizer que as belezas e os bens que o novo sistema nos trouxe era aquilo por que morriam os Martires da Liberdade.
......Entretanto a inconstância de Dom João VI que então governava, ia fazendo variar de ano para ano a forma do governo chegando a mandar sair de Portugal o Infante Dom Miguel que por vezes se tinha posto à frente do movimento anti-liberal, a morte do Rei Dom João VI a 10 de Março de 1826 veio colocar o Reino em estado de maior revolução.
......Dom Miguel chegou a Bordo,
......Sua mãe lhe deu a mão,
......Vem ó filho da minha alma,
......Não queiras a Constituição,
......Rei chegou, Rei chegou,
......Em Belém desembarcou.
......Quando os passarinhos choram,
......Que não têem entendimento,
......Que fará quem não tem visto,
......Dom Miguel à tanto tempo.
......Quantos crimes e horrores que a história não conta, mas que a memória dos nossos antigos ainda recordam com tristeza! Conta-se que n'esse dia um bom padre, conhecido pelo nome de Vicente, pediu ao fim da missa na nossa Igreja Parochial, um Padre Nosso pelas almas d'aqueles padecentes que morreram no Porto.
......Entretanto no archipelago dos Açores operavam-se prodígios de valor, e a meia dúzia de bravos que ali se haviam refugiado defendiam-se com tanta coragem, valentia e fortuna que os seus contrários, embora tentassem por várias vezes conquistá-los nunca o conseguiram.
......O Conde de Villa Flor à frente de todo o movimento foi engrossando aí as suas tropas com imensos descontentes e apaixonados que todos os dias iam chegando, e, mais tarde, tendo expulsado os Realistas de todas as ilhas circunvizinhas, estabeleceu então um governo provisório para governar o Reino em nome de Dona Maria II e de Dom Pedro IV.
......Dom Pedro veio então do Brasil para a Europa, e reuniu tanto de França como de Inglaterra todos os Portugueses que ainda por lá existiam emigrados, bem como um grande número de estrangeiros engajados ao serviço da Rainha e partiu para a Ilha Terceira aonde desembarcou, tomando posse da Regência de Portugal e seus domínios a 3 de Março de 1832.
......Em quatro meses Dom Pedro pondo em prática toda a sua actividade pôde dispor de cinco navios armados e equipados, e do transporte necessário para 7:500 homens que fez embarcar na Ilha Terceira, vindo ancorar na baia do Mindelo, três léguas ao norte do Porto, a 8 de Julho de 1832.
......Soldados! lhes disse, aquelas praias são as do malfadado Portugal; ali vossos pais, mães, filhos, esposas, parentes e amigos, suspiram pela vossa vinda e confiam nos vossos sentimentos, valor e generosidade, vós vindes trazer a paz a uma nação inteira, e a guerra somente a um governo hipócrita, despótico e usurpador, a empresa é toda de glória, a causa justa e nobre, a vitória certa.
......E era assim, o governo Miguelista tinha-se tornado desconfiado e cruel, e à sua sombra os seus sequazes julgavam-se com o direito de praticar toda a sorte de crueldades e vinganças, por isso a vinda de Dom Pedro era para os Liberais suspirada como a de um Libertador, como eles lhe chamavam, pois que durante estes tempos de terror viviam atrofiados como debaixo de um jugo de ferro.
......Pelas duas e meia horas da tarde começaram as tropas a desembarcar, e, uma vez em terra, procuraram logo fortificar-se para estarem ao abrigo de qualquer ataque inimigo, entrando no dia seguinte, 9 de Julho no Porto.
......Ninguém intende que o Conde de Santa Marta que comandava o exército do Porto para defender a cidade dos liberais, com um exército muito grande, quando soube que o inimigo se aproximava com um punhado de homens, tivesse fugido para o sul abandonando a cidade, e o brigadeiro José Cardoso, estando com um forte exército a guardar a Praia do Mindelo, ao ver as tropas a desembarcar não mandasse dar um tiro e se retirasse cobardemente.
......Um historiador que lemos a este respeito, diz que as tropas Realistas depois d'este facto terão perdido toda a sua força moral e fisica, e com certeza parece-nos que não era preciso mais nada para ficarem a conhecer que ali havia mais que traição.
......É também um facto incontestável que, durante o cerco do Porto, os generais Miguelistas tinham de noite livre entrada na Cidade aonde iam jogar o solo, beber café e assistir a bailes e teatros, confraternizando com os seus inimigos.
......A um dos soldados de Dom Pedro encurralado dentro do Porto ouvimos dizer que quando na cidade não havia mantimentos nem munições, vinham fora da cidade dar uma corrida aos Miguelistas.
......Entre Pedro e Miguel
......Esta noticia foi conhecida em Vallongo talvez mais cedo do que em qualquer outra parte, era Juiz n'esse ano em Vallongo, Joaquim da Fonseca Dias, grande constitucional apaixonadíssimo pelas ideias Liberais, sogro do já falecido Dr. Lino Valle, que era desembargador da Relação do Porto, e dizem os velhos que já n'esse dia no Cortejo as senhoras da sua família, bem como outras correlegionárias, levavam a prender o cabelo fachadas de azul e branco.
......E por causa d'estas baralhadas, embora se fizessem as solenidades na Igreja, à noite já não houve o fogo de artificio que era costume queimar-se, e em Vallongo só voltou a haver festa em 1836.
......Quando no dia 17 pela 1 hora da manhã Dom Pedro mandou para Vallongo o Coronel Hodges com parte do Batalhão Inglês ao seu comando, o primeiro batalhão do regimento de infantaria nº 18 e um destacamento de 40 guias a cavalo para expulsar e correr os Miguelistas.
......Entretanto o Coronel Hodges foi informado em Vallongo, que os Realistas tinham passado o Douro e tinham ocupado Penafiel, dirigiu-se a Recarei para verificar essa notícia.
......Retrocedendo novamente sobre Vallongo, com vista de ser reforçado, como foi por duas peças de artilharia calibre 3 guarnecidas por uns 25 académicos de Coimbra, e mais 400 homens do batalhão de voluntários da Rainha.
......Chegando às vistas da cidade, atravessou o Rio Douro em Campanhã, e, seguindo por São Cosme e Fanzeres, entrou pelo Monte Alto em Vallongo, onde acampou com a sua gente e se conservou por espaço de dois meses hospedado com suas irmãs em casa de Bernardo Martins das Neves, casa onde hoje estão estabelecidos os Paços do Concelho.
Foi nesta casa de habitação pertença do Sr. Bernardo Martins das Neves, em Vallongo, que no ano de 1832 ficou hospedado durante mais de 2 meses o Rei Dom Miguel.
Na entrada do edifício onde ficou hospedado o Rei Dom Miguel no ano de 1832, existe esta placa do Município de Valongo, que nos conta um pouco da história da casa.
Esta
antiga casa de habitação em Vallongo, onde em 1832 ficou hospedado o Rei
Dom Miguel, é actualmente o Museu e Arquivo Histórico Municipal de Valongo.
......Dom Pedro em Vallongo - A Batalha de Ponte Ferreira.
Segundo vários testemunhos foi nesta casa brasonada ao fundo da Rua Alves
Saldanha que terá pertencido a uma família aristocrática, que ficou alojado o rei Dom
Pedro, durante o tempo que durou a Batalha de Ponte Ferreira.
E foi da varanda desta casa que depois Dom Pedro viu passar o grosso das suas tropas a caminho da Batalha de Ponte Ferreira, tropas que depois seguiu até ao campo da batalha que aconteceu um Kilometro mais à frente.
......Entretanto Santa Marta com a sua marcha para o Norte, tinha acampado em Recarei, e no dia 21 d'este mêz de Julho tomava posições em frente à Ponte Ferreira, com a divisão do seu comando na força de 10:000 homens, quatro esquadrões de cavalaria com perto de 200 cavalos e cinco peças de Artilharia.
......A narrativa que o Padre Joaquim faz sobre A Batalha da Ponte Ferreira, estende-se por um capitulo inteiro, onde são
descritos com grande pormenor e minúcia todos os passos da batalha, e é por
essa narrativa que chego à conclusão de que os combates entre os dois
exércitos se estenderam por uma larga extensão, sempre pelas margens do Rio
Ferreira.
...A 4 de Outubro de 1828, na Ilha Terceira, trava-se O Combate do Pico do Seleiro.
...A 11 de Agosto de 1829, também na Ilha Terceira, trava-se A Batalha da Praia da Victória.
...Em Abril de 1831, na Ilha de São Jorge, acontece O Recontro da Ladeira do Gato.
...A 3 de Agosto de 1831, na Ilha de São Miguel, trava-se O Combate da Ladeira Velha.
...Depois já no Continente, entre Julho de 1832 e Agosto de 1833 aconteceu O Cerco do Porto.
...A 23 de Julho de 1832, trava-se A Batalha da Ponte Ferreira.
...Mas poucos dias antes da Batalha de Ponte Ferreira, em data desconhecida já se teriam travado Combates na Formiga, e em Ermesinde.
...A 5 de Julho de 1833, trava-se A Batalha do Cabo de São Vicente.
...A 23 de Julho de 1833, trava-se A Batalha da Cova da Piedade.
...Em 2 de Novembro de 1833, trava-se A Batalha de Alcácer do Sal.
...A 30 de Janeiro de 1834, trava-se A Batalha de Pernes.
...A 18 de Fevereiro de 1834, trava-se A Batalha de Almoster.
...A 26 de Março de 1834, trava-se A Batalha de Santo Tirso.
...A 24 de Abril de 1834, trava-se A Batalha de Sant'Ana.
...Em 16 de Maio de 1834 trava-se a Batalha da Asseiceira, esta que foi a derradeira batalha da Guerra Civil travou-se na povoação de Asseiceira, que fica próximo de Tomar.
...E foi nesta derradeira Batalha da Asseiceira, que o exército da facção Liberal, liderado por Dom Pedro conseguiu finalmente derrotar o exército da facção Absolutista, liderado pelo seu irmão Dom Miguel, onde estes últimos além de terem tido muitos mortas e feridos na batalha, ainda terão deixado mais de 1400 prisioneiros nas mãos dos Liberais.
A Batalha da Asseiceira pôs finalmente termo ao reinado de Dom Miguel, que se viu obrigado a fugir para Evoramonte, onde depois acabou por ser assinada a paz, e de onde depois terá partido para o exílio na Alemanha.
Dom Miguel faleceu no ano de 1866, na Alemanha onde estava exilado.
No seu Mausoléu diz: Pedro I, Fundador do Império, 1º Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, 28º Rei de Portugal, 4º do nome. - 12.X 1798 - 24.IX.1834
......O corpo de Dom Pedro foi para o Brasil, mas o seu coração ficou em Portugal.
O monumento em homenagem ao Rei D. Pedro IV, na antiga Praça Nova, que ficava mesmo em frente ao palácio que albergava os Paços do Concelho.
......Ponte de Ferreira.
Uma antiga fotografia do Arquivo Histórico de Valongo onde vemos um grupo de pessoas a posar para uma fotografia, em cima desta Ponte que se tornou famosa devido à batalha que aqui à volta se travou.
Ano de 2020, vou agora atravessar a Ponte de Ferreira, para ver o Oratório em memória das mais de 2 mil vítimas, entre mortos e feridos que aconteceram na batalha que por aqui à volta se travou.
......Na tradição Popular antiga era conhecida como a Ponte da Morte, provavelmente por corrupção de uma antiga denominação de Ponte Norte, o caminho que sobre ela passava ia de Valongo até Penafiel.
......Fazia parte do Regadio que captava água em Ponte Ferreira, sendo já referenciada como existente em documentos de 1631, numa provisão de 30 de Maio desse ano é dada autorização para a utilização das águas dela provenientes para o Regadio.
O Monte do Outeiro, foi todo tomado por explorações mineiras, por isso ainda está todo minado e cheio de entulhos que eram retirados das Minas de Ardósia.
Também
fui à Praia
da Memória, ver
o Obelisco que foi erguido em 1840 em memória ao desembarque de Dom Pedro com
as suas tropas.
Ano de 2020, no Obelisco da Praia da Memória, onde Dom Pedro IV desembarcou com o seu Exército Liberal de 7500 homens, no dia 8 de Julho de 1832.
Ano de 2020, junto ao Obelisco da Memória.
Junto ao Obelisco da Memória existe esta placa informativa.
Nos 4 lados do
Obelisco tem embutidos painéis em mármore, com inscrições em referência a quem
teve a iniciativa da sua construção no ano de 1840, com os nomes de alguns dos
comandantes do exército Liberal, e também tem escritas as palavras que Dom Pedro
IV disse aos seus soldados antes do desembarque.
2020, neste primeiro painel tem escrito um texto em homenagem a Dom Pedro.
......Em Honra de sua Magestade Imperial Dom Pedro, Duque de Bragança, primeiro Imperador do Brasil e quarto Rei deste nome em Portugal, comandante em chefe do exército libertador aqui desembarcado em oito de Julho de Mil Oitocentos e Trinta e Dous, para restituir o Throno a sua augusta filha a Rainha Reinante Dona Maria segunda, e a liberdade aos Portuguezes se erigiu este padrão para perpétua memória.
Ano de 2020, este segundo painel tem a escrita muito deteriorada, mal se consegue ler devido ao passar dos anos, já tem 156 anos, mas pelo que se percebe tem escrito os nomes dos Generais do exército Liberal que aqui desembarcaram.
Ano
de 2020, neste terceiro painel tem
escritas as palavras de incentivo que Dom Pedro disse às suas tropas antes do desembarque.
Ano de 2020, este quarto painel também tem a escrita muito deteriorada, mas pelo que se percebe tem escrito a data da construção do Obelisco, e o nome das pessoas que tiveram a iniciativa de fazerem dele um Monumento Nacional.
Ano de 2020, no topo do Obelisco tem duas Coroas metálicas com o ano do desembarque.
Em memória pela passagem de Dom Pedro IV, e de Dom Miguel por Valongo, na altura do Cerco do Porto e da Batalha de Ponte Ferreira, a Câmara Municipal de Valongo decidiu atribuir os seus nomes a duas ruas da Cidade.
E para o efeito em reunião ordinária, a Câmara Municipal de Valongo decidiu atribuir o nome de Dom João IV, à rua mais longa de Valongo, acta nº 41, de 19 de Outubro de 1982.
E dois
anos depois, talvez
fazendo fé nas palavras que o padre Joaquim escreveu no livro A Villa de
Vallongo, onde
diz que "as manchas na vida política de Dom Miguel, foram mais por
sugestão dos seus conselheiros do que fruto das suas intenções que seriam
boas", a Câmara Municipal de Valongo também em reunião
ordinária, decidiu atribuir o nome de Dom Miguel a uma rua de Valongo, acta nº
4, de 24 de Janeiro de 1984.
E assim, os dois Irmãos Dom Pedro e Dom Miguel, que embora por pouco tempo ambos foram Reis de Portugal, ficarão para sempre lado a lado em duas ruas que se cruzam na Cidade de Valongo.
E como costumo dizer prontus, terminei, mas gostei muito de fazer esta publicação, onde gastei algumas centenas horas da minha vida, e percorri a maioria dos lugares por onde o padre Joaquim diz que se travou A Batalha de Ponte Ferreira.
E falar
de Valselhas,
Grandra, Recarei, Terronhas, São Martinho do Campo, Outeiro, Monte Alto,
Estrada Velha, Serra da Senhora das Chans, que são tudo lugares
familiares para mim, é como se estive-se a falar da minha rua, que por acaso
até é a Rua Dom Pedro
IV.
Fernando Almeida
Boa noite Fernando gostei muito da História sobre as batalhas travadas em Valongo, e como diz o teu sobrinho J,Alves estas crak a editar Historias,Parabéns Abraço.
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