Histórias antigas de Vallongo.
......A Batalha
de Ponte Ferreira.
Esta
gravura representativa da Batalha
de Ponte Ferreira, está exposta no Palácio de Queluz em Lisboa.
A
Batalha de Ponte Ferreira foi a primeira das muitas batalhas que
aconteceram durante a Guerra Civil, travou-se no dia 23 de Julho de
1832, entre o exército da facção Liberal que era liderado por D.
Pedro, e o exército da facção Absolutista, liderado pelo seu
irmão D. Miguel.
O motivo
que me levou a fazer esta publicação, para além desta batalha ter
sido travada em Vallongo, cidade onde nasci e sempre vivi, foi
quando um amigo me ofereceu umas caricaturas que devem ter sido
publicadas pouco tempo depois da batalha.
Essas
caricaturas são de uma revista de nome Charivari, e ainda se referem a esta batalha como A Batalha
de Vallongo.
Mas para
a História de
Portugal esta
batalha acabou por ficar conhecida como A Batalha de Ponte Ferreira, porque conforme
diz no livro A Villa de Vallongo:
......Quando no
dia 23 de Julho de 1832 o Imperador D. Pedro I deu ordem de
ataque ao exército Liberal, os dois
exércitos estavam separados pelo Rio Ferreira, o qual apenas podia ser
atravessado por uma antiga ponte de
granito, situada no lugar de Ponte Ferreira.
Muitos
dos textos que vou utilizar nesta publicação são do livro A Villa de
Vallongo, livro que é da autoria do padre Joaquim
Alves Lopes Reis, um cidadão de Valongo, que nasceu no ano de 1871, 39
anos depois da batalha.
Neste
livro o padre Joaquim descreve com grande pormenor todos os passos
que aconteceram antes, durante, e depois d'a Batalha de Ponte Ferreira.
A Ponte Ferreira, no ano de 2020.
Foi
à volta desta ponte que se travou a batalha, na margem direita do rio foi
erigido um Oratório em homenagem às mais de duas mil
vítimas, entre mortos e desaparecidos que aconteceram na batalha.
Como vemos na margem esquerda do rio ainda existe a antiga Casa da Portagem, onde era cobrada a portagem aos carros com cereais que faziam a travessia do rio.
No final desta publicação vou pôr fotografias actuais de todos os lugares por onde o Prº Joaquim diz que se travou A Batalha de Ponte de Ferreira.
Agora vou
começar a pôr as caricaturas da revista Charivari, que foram o que
me levou a fazer esta publicação.
Esta primeira caricatura, que tem o titulo O Ataque a Vallongo, mostra um acampamento de tropas.
Pelo contorno dos montes, e pela quantidade de tendas de campanha que se vêem nos dois lados da caricatura acima, acho que este é o Monte Alto em Vallongo.
Digo isto porque no livro A Villa de Vallongo, diz que D. Miguel quando chegou com as suas tropas ao Porto, atravessou o Rio Douro na zona de Campanhã, e acampou no Monte Alto e na Serra da Senhora das Chans, em Vallongo, de onde se conseguia avistar o Porto.
O grande numero de Regueifas que se vê nesta primeira caricatura leva-me a pensar que quem a fez devia ser de Valongo, ou então conhecia Valongo muito bem.
Porque vemos soldados
com regueifas ao ombro, outros com regueifas ao pescoço, vemos também
regueifas nos canos das espingardas, nos canos dos canhões, e até vemos um cavalo caído de pernas para
o ar, com uma canasta com pães, e regueifas caídos
no chão.
A regueifa é um dos nossos valores, em
Valongo existe mesmo a Confraria do Pão da Regueifa e do Biscoito, que tem
como missão não deixar esquecer estes antigos valores.
Valongo foi durante muitos anos o maior fornecedor de pão da cidade do Porto, a regueifa, o pão e os biscoitos são alguns dos ex-libris do Concelho de Valongo, uma espiga de trigo faz mesmo parte do logótipo da nossa Cidade.
Uma espiga de trigo faz parte do logótipo do Município de Valongo.
Depois desta minha explicação sobre a ligação que Vallongo tem com as regueifas, vou pôr de seguida as restantes caricaturas sobre A Batalha de Vallongo, que foram publicadas pela revista Charivari, que foram o que me levou a fazer esta publicação.
Todas estas caricaturas tem alguns pormenores que me levam a pensar, que elas devem ter sido publicadas pouco tempo depois d´A Batalha de Ponte Ferreira, como o tipo de escrita que é utilizado nas caricaturas.
Escrever Vallongo com
dois éles, escrever termos como, romper d'alva, béllicos sons dos
clarins, n'um momento, ordinário marche, atmosfhera, Villa, chloreto de cal,
hymno da carta, enthusiasmo, é o tipo de escrita que era utilizado no Século
XIX, é o mesmo tipo de escrita que o Padre Joaquim utilizou no ano de 1904, no
livro A Villa de Vallongo.
......Fez na
quinta-feira 8 dias que logo ao romper d'alva os bellicos sons dos clarins
chamaram as tropas às armas.
Nas 3 caricaturas desta página, é referido que o inimigo acampou na encosta norte de Vallongo, e que Vallongo devia ser um local estratégico, porque na legenda da imagem do meio o General diz:
-- Soldados!
-- Corramos pela Pátria!
-- Perca-se tudo menos Vallongo!
Pelo que se deduz desta página deve ter acontecido um surto de diarreia entre as tropas, este acontecimento até pode ter acontecido, não ponho em dúvida que seja verdade, mas acho que nunca apareceria em nenhum relato de uma batalha.
Pelo que se deduz desta 5º página, deve ter acontecido um surto de diarreia entre as tropas, este acontecimento até pode ter acontecido, não ponho em dúvida que seja verdade, mas acho que nunca apareceria em nenhum relato de uma batalha.
Na imagem da esquerda desta página 6, vemos que o surto de diarreia foi tão forte que "o Snr. general manda espalhar chloreto de cal pelo chão", depois os Soldados tomam posição e começam a fazer fogo sobre o inimigo.
Nesta 7ª página vemos o rebuliço e a fumarada que ficou depois dos soldados terem disparado sobre o inimigo, na imagem do meio vemos os soldados a dar gritos de vitória e a festejar com a bandeira.
Na imagem
da direita, vemos a população de Vallongo reconhecida a saudar os soldados
pela vitória coroando-os com coroas de regueifa, que são o ex-libris de
Vallongo.
Nas
3 imagens desta 10º e última página, continuamos a ver o que devem ser despojos de
Guerra, capturados ao
inimigo.
......Agora à minha maneira, e de uma
forma muito simplista e superficial vou fazer um resumo dos acontecimentos que na minha
opinião nos levaram até à Revolução Liberal, que durou 6 anos de 1828 até 1834, durante a
qual aconteceu A Batalha de Ponte Ferreira, que é o cerne desta publicação.
......E para mim a sucessão de acontecimentos que nos levaram até à Revolução Liberal, começam no Reinado de Dona Maria I, que ficou com o cognome de a Piedosa.
No
ano de 1792, devido a um problema de saúde a Rainha Dona Maria I foi
obrigada a abdicar do trono a favor do seu filho o Infante Dom João, que a
parti daí passou a tomar conta dos assuntos do Estado, como Príncipe Regente
Dom João VI.
......Digo
que para mim a sucessão de acontecimentos que nos levaram até à
Revolução Liberal, começaram no Reinado desta nossa primeira Rainha Dona
Maria I, porque
acho que com a sua sensatez e bondade, se não tivesse sido obrigada a abdicar
do trono a favor do filho, acho que nunca teríamos tido as Invasões Francesas
que originaram a fuga da família Real para o Brasil, que foi o que acabou por
nos conduzir até à Revolução Liberal.
Tudo o que aconteceu durante o reinado de Dona Maria I, como o ter que lidar com as maldades do seu pai, o rei Dom José I, do Marquês de Pombal, e o ter que lidar com todas as intrigas da Corte, que acabaram por a levar à loucura, podem ser lidos neste livro de Isabel Stilwell.
......E
assim no ano de 1792, devido à doença de sua mãe a rainha Dona Maria I, o Infante Dom
João é nomeado
príncipe-regente de Portugal.
......É então
que apenas com 25 anos, devido à doença de sua mãe a Rainha Dona Maria I,
o Infante Dom
João é nomeado
príncipe-regente de Portugal.
......Mas
só anos mais tarde, após a morte de sua mãe que aconteceu no Brasil, é que foi
aclamado como Rei Dom João VI.
......Dizem esses mesmos historiadores, que o Infante Dom João talvez por ter tido uma educação mais descuidada, porque não era o filho primogénito, teria pouco tacto diplomático, e que talvez por isso é viemos a sofrer aquelas 3 Invasões Francesas, que tantos horrores provocaram em Portugal.
......Mas o Reinado de Dom João VI não viria a ser nada pacifico, e apesar da nossa história ter sido sempre bastante complexa, esta talvez tenha sido das épocas mais atribuladas que o reino viveu.
......Porque enquanto todas estas alteraçães iam acontecendo no trono de
Portugal, no ano de 1804 Napoleão Bonaparte é
proclamado Imperador de França.
Napoleão Bonaparte com as suas ideias megalómanas, envolve-se em guerra com as grandes potências um pouco por todo o Mundo, nas que ficaram para a história conhecidas como as Guerras Napoleónicas.
Em 1805, Napoleão Bonaparte faz uma aliança com Espanha, e, com uma armada conjunta tenta invadir Inglaterra pelo Canal da Mancha, mas os Ingleses vem ao seu encontro com uma poderosa armada comandada pelo famoso Almirante Nelson, que os derrotou na Batalha de Trafalgar.
......Portugal que nesta altura era governado pelo ainda príncipe-regente Dom João VI, não acatou essa ordem de bloqueio devido a uma aliança que tinha com a Inglaterra, e deve ser aqui que os historiadores consideraram que teria existido pouca habilidade diplomática.
......Napoleão ficou furioso por Portugal um pequeno País à beira mar plantado, não ter acatado a sua ordem de Bloqueio Continental ao comércio com a Inglaterra.
......Na página 147 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre este episódio da nossa história:
......Depois de conquistado o Reino de Portugal, devia ser riscado do numero das Nações e dividido em três partes, que seriam repartidas da seguinte maneira:
......A parte compreendida entre entre o Douro e o Minho, onde está Vallongo, pertenceria ao Rei da Etruria; o Algarve e o Alentejo ficariam para o Rei de Hespanha, e o resto ficaria em poder de França.
......Para conseguir este fim começaram aquelas invasões, que todos conhecem e que tanto mal fizeram a Portugal e a Vallongo.
......Com
a conivência de Espanha para poder atravessar o seu território, Napoleão
Bonaparte manda as suas tropas invadir Portugal.
Esta primeira Invasão Francesa foi comandada pelo General Junot.
......As
tropas Francesas comandadas por Junot, vinham com ordens para invadir Portugal
pela zona do Tejo e seguir rapidamente para Lisboa para aprisionar a família
Real.
......Mas a aridez do terreno, e as muitas dificuldades que as tropas foram encontrando pelo caminho quase acabaram com elas, e quando chegaram a Lisboa a família Real e as Cortes já tinham partido com malas e bagagem para o Brasil.
......Alguns historiadores
dizem mesmo que quando as primeiras tropas Francesas entraram em Lisboa, ainda
viram ao longe, no Mar, as velas das Caravelas mais atrasadas que seguiam para
o Brasil com as Cortes e a família Real.
......No ano de 1808 a família Real e as cortes partem para o Brasil.
......Mal chegaram a Lisboa notícias de que as tropas Francesas estavam a invadir Portugal, a família real é aconselhada a partir para o Brasil, para que não viesse a ficar aprisionada pelas tropas Francesas.
Existem muitas gravuras e pinturas, que retratam a partida da família Real, das Cortes e de toda a Governação do Reino para o Brasil, no ano de 1808.
Pela quantidade de Veleiros que se vêem em todas as gravuras, a logística para fazer o transporte de toda a família Real, das Cortes e de toda a Governação do Reino com armas e bagagens para o Brasil, deve ter sido impressionante.
Em todas
as gravuras e pinturas onde está representada a partida da família Real para o
Brasil aparece a Torre de Belém, por isso deduzo que o embarque foi por aqui
pela zona de Belém.
A Torre de Belém que aparece em todas as gravuras e pinturas, que retratam a partida da família Real para o Brasil, já existe desde o ano de 1520, desde a altura dos descobrimentos.
Uma pintura que retrata a chegada da comitiva da Família Real, das Cortes e de toda a governação do Reino ao Brasil, no dia 7 de Março de 1808.
......Apesar de toda a logística, e da enorme quantidade de Veleiros que foi necessário para fazer o transporte de toda a família Real, das Cortes, e de toda a governação com armas e bagagens para o Brasil, tudo acabou por correr bem.
......E todos se instalaram na cidade do Rio de Janeiro, que nessa altura ficou a ser a capital do Reino, que passou a chamar-se Reino Unido de Portugal do Brasil e dos Algarves.
.....Esta situação da família real ficar a governar a partir da cidade maravilhosa, que é o Rio de Janeiro, veio a manter-se até ao ano de 1820, quando o Rei foi obrigado a regressar a Portugal, porque estavam a acontecer revoltas populares um pouco por todo o Reino.
......No
ano de 1809 acontece
a segunda Invasão Francesa.
......Logo
após a retirada das tropas da primeira invasão Napoleão manda novamente invadir
Portugal, nesta segunda invasão as tropas Francesas foram comandadas pelo General
Soult.
......Na página 148 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre a Segunda Invasão Francesa:
......Mas novas desgraças nos estavam reservadas, porque em 1809 o General Soult às ordens de Napoleão vence com 30 mil soldados na Galiza o exército Anglo-Espano, toma a Corunha a 20 de Janeiro, ocupa Tuy d'aí a um mez.
......E atravessando o Minho apodera-se de Valença e Braga a 20 de Março, caindo logo sobre o Porto, que então era defendida por 24 mil soldados e 200 bocas de fogo, comandados pelo próprio Bispo, estas tropas fizeram frente ao inimigo e venceram-no nos dias 27 e 28.
......Mas
no dia 29 os Franceses redobrando as suas forças, forçaram os Portugueses já
gastos e cansados a abandonar a Cidade do Porto, retirando-se para Villa Nova
de Gaya tendo levantando os alçapões da Ponte de Barcas que havia no rio, com o
fim de oporem uma barreira ao inimigo.
......No dia 29 de Março de 1809 aconteceu o trágico acidente da Ponte das Barcas, que enlutou toda a Cidade do Porto, terão morrido mais de 4 mil pessoas, porque ao fugirem à frente das tropas Francesas, terão tentado atravessar a ponte para o lado de Vila Nova de Gaya, sem verem que os alçapões da ponte estavam levantados.
......No
ano de 1809 acontece o desastre da Ponte das Barcas.
A tela original evocativa da tragédia da Ponte das Barcas, encontra-se num altar da Igreja de São José das Taipas, junto ao Jardim do Carregal.
A tragédia da Ponte das Barcas.
Nesta antiga tela podemos ver como era a Ponte das Barcas.
Esta ponte
que era feita de Barcas, tinha um engenhoso sistema de abertura, a que o Padre Joaquim no
livro A Villa de
Vallongo chama alçapões, que eram abertos para dar passagem aos barcos que
pretendiam subir o rio.
Na Ribeira do Porto, mesmo em frente ao local onde existia a Ponte das Barcas, foi erigido um um altar em homenagem às vitimas do desastre, onde se pode fazer uma oração ou colocar uma vela, neste local existe uma placa informativa do Município que diz o seguinte:
......Alminhas da Ponte.
......Baixo relevo em
bronze realizado em 1897 pelo escultor Teixeira Lopes, representa a
Tragédia da Ponte das Barcas ocorrido aqui a 29 de Março de 1809, aquando do
cerco da Cidade pelas tropas Francesas do Marechal Soult, centenas de populares
em fuga tentaram atravessar o Rio Douro lançando-se à ponte que cedeu sob o seu
peso, este é hoje um local de crença e devoção das gentes do Porto.
É este o
baixo-relevo em bronze onde está representada a Tragédia da Ponte das
Barcas.
......Na
página 149 do livro A Villa de Vallongo, continua a narrativa sobre a
Segunda Invasão Francesa:
......Foi então que se deu esse acontecimento que encheu de luto a cidade toda, porque atras do exército correu o povo que fugia dos Franceses a quem olhava como inimigos e de quem fazia o conceito de feras, e que não podendo com a precipitação notar a ruptura da ponte se foi um ao outro empurrando para o abysmo.
......Calcula-se que terão morrido umas 5:000 pessoas, muitos senão todos os historiadores, lançam a culpa d'este desastre ao Bispo e outros dirigentes do exército a quem alcunham de ineptos e ignorantes na arte da guerra, mas a nós parece-nos serem modos de ver as coisas.
......Pois que assim como a fuga do exército e a ruptura da ponte produziram consequências tão funestas, se o povo não corresse tão doidamente atrás d'ele, o que não podia ser previsto, tal acção podia até julgar-se como grande medida estratégica, pois assim livravam-se as tropas de uma derrota certa, poupava-se ao Porto uma ruína notável e formava-se no rio uma trincheira que o inimigo com dificuldade superaria.
......Ficando senhores da cidade do Porto, os franceses conservaram-se n'ela por espaço de 45 dias, durante os quais roubaram tudo quanto encontraram de valor tanto nas Egrejas e Conventos, como nos edifícios públicos.
......Na página 150 do livro A Villa de Vallongo, continua a dizer sobre a Segunda Invasão Francesa, e sobre uma Divisão Francesa que foi enviada para Valongo:
......Depois
de 45 dias no Porto o exército Francês avança sobre Lisboa, mas foi vencido em
Grijó pelo exército Alliado, Soult recolheu novamente ao Porto, e
mandou logo a divisão comandada por Mermet para Vallongo, afim de
conservar as comunicações entre o Porto e Amarante para onde tinha transportado
a sua artilharia e bagagens.
......Foi quando essa divisão Francesa comandada por Mermet chegou a Vallongo, que esta terra começou a sentir verdadeiramente os effeitos horrorosos désta guerra invasora e iniqua, feita por soldados desmoralizados, e de fé perdida pelas ideias revolucionárias em que viviam há muitos anos.
......A Majestosa
Igreja de Vallongo, que então estava só em paredes e coberto, foi
convertido pelas tropas Francesas em cavalariça e arsenal, os soldados,
aboletados por jeito ou à força nas casas particulares, praticavam aí com uma
petulância e atrevimento inaudito toda a sorte de patifarias e desordens.
Valongo
era assim na altura em
que o Marechal Soult mandou para aqui uma divisão comandada por um tal Mermet,
para proteger as linhas de abastecimento entre o Porto e Amarante.
Como se vê Valongo nesse tempo não passava de uma pobre povoação rural, por isso é que no livro A Villa de Vallongo diz:
A Majestosa
Igreja de Valongo, porque ela é mesmo imponente comparada com tudo o que se vê
à volta, esta antiga fotografia abarca toda a cidade de Valongo, e o Lugar do
Susão.
Nesta fotografia actual do ano 2020, com o mesmo enquadramento da anterior, vemos que passados que estão 211 anos a Igreja de Valongo já não nos parece tão imponente, até temos alguma dificuldade em a localizar dado o número de edifícios à sua volta.
......Na página 150 do livro A Villa de Vallongo, continua a dizer sobre a Segunda Invasão Francesa, e sobre a Divisão Francesa que foi enviada para Valongo:
......Durante a permanência das tropas Francesas em Vallongo, aconteceram factos que a titulo de curiosidade não podemos deixar de relatar, e nas páginas 150, 151 e 152 o Prº Joaquim faz alguns relatos sobre as patifarias que as tropas Francesas faziam à população de Valongo, que não são nada abonatórios.
......Segundo o Prº Joaquim, terão morrido em Vallongo muitos Franceses, como podemos deduzir por este pequeno excerto que está na página 152, onde ele diz o seguinte sobre um proprietário de uma habitação em Valongo que tinha sido ocupada por soldados Franceses:
......A sua paciência esgotou-se, e n'um repente com um murro fez voar pelos ares a luz que os alumiava, e, acto continuo, enquanto a tropa Francesa estupefacta estava a ver o que seria aquelle estrondo, deita a mão a um machado que tinha perto e começou a descarregar pancadaria.
......Enquanto
houve em casa sinais de vida Francesa descarregou sempre, mas a sua habitação
ficou em paz, dizia ele, na madrugada do dia seguinte com o mesmo cinismo e
tranquilidade enterrou-os a todos no quintal e já foi honra de mais, porque
n'esta terra muitos encheram deles os seus poços.
Fotografia
do Arquivo Histórico de Valongo, onde vemos a Estrada Velha
que seguia para o Porto através do Monte Alto.
Como
vemos nesta fotografia, Valongo não passava de uma pobre povoação
rural na altura em que o Marechal Soult mandou para aqui uma divisão comandada
por um tal Mermet, para proteger as linhas de abastecimento entre o Porto e
Amarante.
Ano de 2020, nesta fotografia mais ou menos com a mesma vista da anterior, vemos que se fosse hoje passados que estão 211 anos, as tropas Francesas teriam que ir acampar para outro lado.
......Na página 152 do livro A Villa de Vallongo, continua a dizer sobre a Segunda Invasão Francesa, e sobre a Divisão Francesa que foi enviada para Valongo:
......Dias
de paz não tiveram os invasores Franceses durante o tempo que estiveram n'esta
terra, mas também foram imensas as desgraças por eles causadas em mortes
violências e rapinas, não somente levaram tudo quanto encontraram de riqueza
nas casas particulares.
......Na página 153
do livro A Villa de Vallongo, continua a dizer sobre a
Segunda Invasão Francesa, e termina esta parte da ocupação de Valongo pelas
tropas Francesas:
......E
esta Segunda Invasão Francesa comandada por Junot, termina após uma batalha
travada no Porto nesse mesmo ano de 1809, em que as tropas Francesas sofrem uma
pesada derrota e batem em retirada para Espanha com muitas baixas e muitos
feridos.
......No
ano de 1810 acontece a terceira Invasão Francesa.
......Napoleão
Bonaparte não se dando por vencido, manda novamente as suas tropas invadir o
Reino de Portugal.
A
terceira Invasão Francesa começou em 1810, e prolongou-se até meados de 1811,
foi comandada pelo marechal Massena, a quem Napoleão Bonaparte
chamava o filho querido da vitória.
......Mas
esta Terceira Invasão também estava condenada ao fracasso, também desta vez o
exército de Napoleão acabou por sair derrotado, para essa derrota muito
contribuiu o General Wellington que comandou as tropas Anglo-Lusas, devido às
estratégias que terá utilizadas no campo de batalha.
......E
assim depois das tropas Francesas comandadas pelo General Massena terem sido
derrotadas, e terem regressado definitivamente a França, depois de três
tentativas de invasão fracassadas Napoleão Bonaparte desiste, e abandona em
definitivo a ideia de conquistar Portugal.
......No
ano de 1816 morre no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro a Rainha
Dona Maria I, mãe do Príncipe Regente Dom João VI.
Ano
de 1816, Dona Maria I, que foi a
primeira rainha de Portugal faleceu
no Brasil, e foi sepultada no Convento da Ajuda na Cidade do Rio de Janeiro.
......Anos
mais tarde, em 1821 já após o regresso da Família Real a Portugal, os restos
mortais de Dona Maria I foram transladados para Portugal e foram
depositados na Basílica da Estrela em Lisboa.
Curiosamente a construção da Basílica da Estrela em Lisboa, começou no ano de 1779 por ordem da Rainha Dona Maria I, em cumprimento de uma promessa, mal sabia ela que os seus restos mortais iriam aqui ser depositados.
......O
Mausoléu onde estão depositados os restos mortais da Rainha Dona Maria I,
na Basílica da Estela.
......No
ano de 1818, após a morte de sua Mãe a Rainha Dona Maria I, Dom João
VI é aclamado como Rei na cidade do Rio de Janeiro no Brasil.
Ano de
1818, a cerimónia
de aclamação de Dom João VI como Rei, do Reino Unido de Portugal do
Brasil e dos Algarves, e tomou o cognome de o Clemente.
......Ano
de 1820, o Rei Dom João VI, as cortes e toda a governação continuam a
governar Portugal a partir do Brasil.
......Em Portugal começam a aparecer revoltas um pouco por todo o lado, devido à forma como vínhamos a ser governados por estrangeiros desde o fim das Invasões Francesas, começa então a Revolta Constitucional de 1820, onde é exigido o regresso do Rei Dom João VI a Portugal.
......Agora à minha maneira e também de uma forma muito simplista, vou fazer um pequeno resumo de como começou a Revolução Liberal, durante a qual aconteceu A Batalha de Ponte Ferreira que é o cerne desta minha publicação.
......No
ano de 1820, rebenta no Porto a Revolução Liberal.
......A Revolução
Liberal teve
o seu inicio no ano de 1820 na Cidade do Porto, um dos objectivos dos
revolucionários era recuperar a governação do País, que desde o fim das
Invasões Francesas era governado por Ingleses, e iam acontecendo muitas
injustiças.
......Outro
objectivo era lutar contra um Regime Absolutista que nessa
altura ia reinando em Portugal.
......Toda
a população Portuguesa, e muito em especial o povo do Porto que sempre foi
muito revoltado contra as injustiças andava muito descontente, porque
desde as Invasões Francesas que originaram a fuga para o Brasil do Rei
João VI, com as Cortes e toda a governação, para que não viessem a ser feitos
prisioneiros pelas tropas Francesas, Portugal estava a ser governado por
estrangeiros.
......Mas o
objectivo principal desta Revolução que começou no Porto e que depois se alastrou
um pouco a todo o País, era fazer que o Rei Dom João VI e a governação regressassem do
Brasil, e
voltassem a tomar as rédeas do poder em Portugal que tão mal andava.
......O
Rei Dom João VI e as Cortes acabaram por regressar a Portugal um ano mais
tarde, em 1821, mas o seu filho mais velho o Infante Dom Pedro, que era quem estava na
linha directa de sucessão ao trono de Portugal ficou no Brasil, e acabou
mesmo por declarar a Independência do Brasil no ano de 1822, vindo mais tarde a
ser aclamado como Dom Pedro I, o primeiro Imperador do Brasil.
......Na página 153
do livro A Villa de Vallongo, é descrito em grande pormenor esse tempo conturbado,
que medeia entre o fim das Invasões Francesas, e o inicio da Revolta Popular:
......Depois da expulsão dos Franceses as simpatiias constitucionais haviam crescido, assás principalmente devido à grande influência da Inglaterra no nosso país.
......O
Porto, cidade das grandes empresas, e das sempre nobres aspirações,
entusiasmada pela aurora de uma falsa liberdade que lhe parecia surgir n'um mar
de rosas por entre as negruras terroríficas e medonhas das antigas
instituições, abalançava-se à realização gigantesca de um ideal sublime que há
anos havia sonhado.
......E,
no auge do seu entusiasmo, a população do Porto revoltou-se contra a Regência
do Reino, que tinha sido nomeada por Dom João VI quando fugiu dos Franceses
para o Brasil, atraindo ao seu movimento todo o Norte e Sul do País e
terminando por lançar as bases de uma nova Constituição que acabaria por ser
jurada por Dom João VI em Setembro de 1822.
......O desembarque do Rei das Cortes e de toda a governação do Reino, foi a 4 do mês de Julho de 1821 no Terreiro do Paço em Lisboa, mas ficou no Brasil como Regente o seu filho primogénito do Rei Dom João VI, o Infante Dom Pedro.
......E
no ano de 1822, o Infante Dom Pedro que tinha ficado no Brasil como Regente,
declara a Independência do Brasil.
......Pelo
meu Sangue, minha Honra, meu Deus, eu juro dar ao Brasil a Liberdade, e
terá gritado Independência ou Morte, este episódio ficou conhecido
como O Grito do Ipiranga.
......No
ano de 1824, Dom Pedro é aclamado como Imperador do Brasil.
No dia 12 de Outubro de 1824, no dia em que fazia 24 anos, Dom Pedro foi aclamado como Imperador do Brasil.
A coroação de Dom Pedro I, como
Imperador da Brasil só veio a acontecer a 1 Dezembro do ano de
1824, foi o primeiro Imperador do Brasil, e manteve-se como tal até à sua
abdicação no ano de 1831, vindo depois durante um pequeno período de tempo, entre
Março e Maio de 1826 a ser Rei de Portugal e dos Algarves, como Dom Pedro
IV.
......No ano de
1823 começam a
acontecer em Portugal as primeiras revoltas do movimento Absolutista, que
antecederam os 6 anos que durou a Guerra Civil.
......Na página 154 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre esta Guerra Civil, a que ele chama Guerra Fratricida:
......Começou
então em Portugal aquela desastrosa Guerra Civil que tanto mal causou a
Vallongo, que estando muito perto do Porto centro de todo o movimento
revolucionário, por muitas vezes serviu de campo para as suas operações
militares, chegando mesmo a partilhar das suas alegrias e tristezas.
......Tempos
de luto e morte, os nossos avós que julgavam viver debaixo de um jugo de ferro
a quererem soltar o grito dos povos livres, e alcançarem uma victória cujos
louros não gozaram, matam-se uns aos outros n’uma Guerra Fraticida!...
......Pobres Loucos! A liberdade por que
elles tão ansiosamente suspiraram era um mito, e aqueles que aos ingénuos
falavam d'ela uns enganadores! Hoje quem ade dizer que as belezas e os bens que
o novo sistema nos trouxe era aquilo por que morriam os Martires da
Liberdade.
A 27
de Maio de 1823 acontece uma insurreição em Vila Franca de Xira, que ficou
conhecida como Vilafrancada.
......Devido a alguns acontecimentos, o ano de 1823 trouxe ao Movimento Absolutista a ocasião porque muitos estavam à espera, e liderados pelo Infante Dom Miguel começaram a fazer frente às investidas dos revoltosos Liberais do Norte, foram mesmo dados vivas ao regresso a uma Monarquia Absoluta, e que a nova constituição que tinha sido jurada pelo Rei Dom João VI, fosse posta de lado.
......Em 1824, o Rei Dom
João VI apesar de já doente consagra o último ano do seu reinado a tentar
resolver o problema suscitado após a independência do Brasil, e antes de morrer
ainda chega a nomear Dom Pedro como seu sucessor, na tentativa de voltar a unir
os dois Reinos......
......No
mês de Março de 1826 morre o Rei Dom João VI.
No dia 10
de Março de 1826 morre o Rei Dom João VI.
......Na página 159
do livro A Villa de Vallongo, é descrito assim este tempo conturbado, que
medeia entre a morte de Dom João VI, e o regresso de Dom Pedro a Portugal:
......Entretanto
a inconstância de Dom João VI que então governava, ia fazendo variar de ano
para ano a forma do governo chegando a mandar sair de Portugal o Infante Dom
Miguel que por vezes se tinha posto à frente do movimento anti-liberal, a morte
do Rei Dom João VI a 10 de Março de 1826 veio colocar o Reino em estado de
maior revolução.
......Quando
Dom Miguel, havendo em Viena de Áustria jurado a Carta Constitucional foi
nomeado Regente do Reino e voltou para Portugal, os Realistas julgaram-se
vencedores, porque viam deixar o exílio o seu muito Amado Rei, e por
isso cantavam:
......Dom Miguel chegou a Bordo,
......Sua mãe lhe deu a mão,
......Vem ó filho da minha alma,
......Não queiras a Constituição,
......Rei chegou, Rei chegou,
......Dissemos que Dom Miguel era para este povo o muito amado Rei, porque até lhe cantavam:
......Quando os passarinhos choram,......Que não têem entendimento,
......Que fará quem não tem visto, ......Dom Miguel à tanto tempo.
......A mãe de Dom Miguel, a Rainha Dona Carlota Joaquina era inimiga de morte da Constituição.
.......Chegando
a Portugal, Dom Miguel foi eleito Rei, e para abafar uma revolta do partido
Liberal no Porto, mandou fazer a execução no meio da Praça Nova
de seis chefes em quem a politica ou a intriga fez cair a responsabilidade
d'aquele crime de leza-Magestade.
......Não
sabemos de que lado estava a razão, nem pertence a nós averigua-lo, mas aquele
acto manchou o Reinado de um Rei de tão bom coração, que tão pouco tempo
governou e encheu de luto o Porto, e Portugal todo, em Vallongo segundo
dizem alguns velhos, com tamanha tristeza pela execução o Sol até não terá
nascido n'aquele dia.
......A
maioria da população era Realista, mas os restantes tremendo de medo,
vestiam-se de luto ao lembrarem-se de que a eles poderia acontecer o mesmo,
porque tinham um inimigo que lhes queria mal e aproveitava a ocasião de se
vingar cruelmente.
......Quantos
crimes e horrores que a história não conta, mas que a memória dos nossos
antigos ainda recordam com tristeza! Conta-se que n'esse dia um bom padre,
conhecido pelo nome de Vicente, pediu ao fim da missa na nossa Igreja
Parochial, um Padre Nosso pelas almas d'aqueles padecentes que morreram no
Porto.
......Logo os mais facciosos tomando-o por conivente no crime perseguiram-n'o de tal maneira, que logo que acabou a missa o Padre Vicente nunca mais tornou a ser visto, dizem uns que o mataram, e outros que vendo elle o perigo em que andava metido, se terá retirado para o Porto, onde terá vivido escondido com a sua família......
No dia 8 de Julho de
1832, a armada de Dom Pedro desembarca três Léguas a norte do Porto, na Praia do Mindelo, 15 dias antes da
Batalha de Ponte Ferreira.
......Na página 163 do
livro A Villa de Vallongo, é
descrita assim a reunião das forças Liberais nos Açores, e o regresso de Dom Pedro a
Portugal:
......Entretanto no archipelago dos Açores operavam-se prodígios de valor, e a meia dúzia de bravos que ali se haviam refugiado defendiam-se com tanta coragem, valentia e fortuna que os seus contrários, embora tentassem por várias vezes conquistá-los nunca o conseguiram.
......O Conde de Villa Flor à frente de todo o movimento foi engrossando aí as suas tropas com imensos descontentes e apaixonados que todos os dias iam chegando, e, mais tarde, tendo expulsado os Realistas de todas as ilhas circunvizinhas, estabeleceu então um governo provisório para governar o Reino em nome de Dona Maria II e de Dom Pedro IV.
......Dom Pedro veio então do Brasil para a Europa, e reuniu tanto de França como de Inglaterra todos os Portugueses que ainda por lá existiam emigrados, bem como um grande número de estrangeiros engajados ao serviço da Rainha e partiu para a Ilha Terceira aonde desembarcou, tomando posse da Regência de Portugal e seus domínios a 3 de Março de 1832.
......Em quatro meses Dom Pedro pondo em prática toda a sua actividade pôde dispor de cinco navios armados e equipados, e do transporte necessário para 7:500 homens que fez embarcar na Ilha Terceira, vindo ancorar na baia do Mindelo, três léguas ao norte do Porto, a 8 de Julho de 1832.
......São memoráveis
as palavras que Dom Pedro dirigiu aos seus soldados antes do desembarque na
Baía do Mindelo:
......Soldados! lhes disse, aquelas praias são as do malfadado Portugal; ali vossos pais, mães, filhos, esposas, parentes e amigos, suspiram pela vossa vinda e confiam nos vossos sentimentos, valor e generosidade, vós vindes trazer a paz a uma nação inteira, e a guerra somente a um governo hipócrita, despótico e usurpador, a empresa é toda de glória, a causa justa e nobre, a vitória é certa.
Foi
aqui nesta Baía do Mindelo, 3 léguas a norte da cidade do Porto, que no
dia 8 de Julho de 1832 Dom Pedro IV desembarcou com o seu Exército Liberal de
7500 homens, no ano de 1840 foi aqui erigido este Obelisco, em
homenagem ao desembarque das forças libertadoras, e tomou o nome de Praia da
Memória.
......O Mistério
desta Guerra Fratricida.
......E era assim, o governo Miguelista tinha-se tornado desconfiado e cruel, e à sua sombra os seus sequazes julgavam-se com o direito de praticar toda a sorte de crueldades e vinganças, por isso a vinda de Dom Pedro era para os Liberais suspirada como a de um Libertador, como eles lhe chamavam, pois que durante estes tempos de terror viviam atrofiados como debaixo de um jugo de ferro.
......Pelas
duas e meia horas da tarde começaram as tropas a desembarcar, e, uma vez em
terra, procuraram logo fortificar-se para estarem ao abrigo de qualquer ataque
inimigo, entrando no dia seguinte, 9 de Julho no Porto.
......Aqui
é que começa o mistério desta Guerra Fratricida de cem contra dez, e estes cem deixaram-se prender
e matar pelos dez sem ao menos se defenderem! Pois como cabe na cabeça de
alguém que tenha juízo, que a não ser por razões misteriosas.
......Ninguém entende que o Conde de Santa Marta que comandava o exército do Porto para defender a cidade dos liberais, com um exército muito grande, quando soube que o inimigo se aproximava com um punhado de homens, tivesse fugido para o sul abandonando a cidade, e o brigadeiro José Cardoso, estando com um forte exército a guardar a Praia do Mindelo, ao ver as tropas a desembarcar não mandasse dar um tiro e se retirasse cobardemente.
......Um
historiador que lemos a este respeito, diz que as tropas Realistas depois
d'este facto terão perdido toda a sua força moral e fisica, e com certeza
parece-nos que não era preciso mais nada para ficarem a conhecer que ali havia
mais que traição.
O
Obelisco erigido na Praia da Memória.
......Na página 165 do livro A Villa de Vallongo, continua a narrativa desta misteriosa guerra fraticida, entre os irmãos Dom Miguel e Dom Pedro:
......A
um dos soldados de Dom Pedro encurralado dentro do Porto, ouvimos dizer que
quando na cidade não havia mantimentos nem munições, vinham fora da cidade dar
uma corrida aos Miguelistas.
......Entre Pedro e Miguel
......Quando as
tropas Liberais entraram no Porto ficaram admirados, o exército Realista tinha
abandonado a cidade, porque os seus Generais terão pensado, que os Liberais
tinham desembarcado no Mindelo com um enorme exército, e por isso terão
resolvido retirar da cidade para não serem aí derrotados.
......Na página 165 do
livro A Villa de Vallongo, é descrita assim a chegada de Dom Pedro à
Cidade do Porto:
......Esta noticia foi conhecida em Vallongo talvez mais cedo do que em qualquer outra parte, era Juiz n'esse ano em Vallongo, Joaquim da Fonseca Dias, grande constitucional apaixonadíssimo pelas ideias Liberais, sogro do já falecido Dr. Lino Valle, que era desembargador da Relação do Porto, e dizem os velhos que já n'esse dia no Cortejo as senhoras da sua família, bem como outras correlegionárias, levavam a prender o cabelo fachadas de azul e branco.
......E por causa d'estas baralhadas, embora se fizessem as solenidades na Igreja, à noite já não houve o fogo de artificio que era costume queimar-se, e em Vallongo só voltou a haver festa em 1836.
......Na página 167
do livro A Villa de Vallongo, é descrita assim a chegada de Dom Pedro
à Cidade do Porto, e as manobras militares que antecederam A Batalha da
Ponte Ferreira:
......Quando
no dia 17 pela 1 hora da manhã Dom Pedro mandou para Vallongo o Coronel Hodges
com parte do Batalhão Inglês ao seu comando, o primeiro batalhão do regimento
de infantaria nº 18 e um destacamento de 40 guias a cavalo para expulsar e
correr os Miguelistas.
......Entretanto
o Coronel Hodges foi informado em Vallongo, que os Realistas
tinham passado o Douro e tinham ocupado Penafiel, dirigiu-se
a Recarei para verificar essa notícia.
......Retrocedendo
novamente sobre Vallongo com vista de ser reforçado, como foi com duas peças de
artilharia calibre 3, guarnecidas por uns 25 académicos de
Coimbra, e mais 400 homens do batalhão de voluntários da Rainha.
Soldados na
Serra do Pilar em Vila Nova de Gaia, com peças de Artilharia.
......Na página 185
do livro A Villa de Vallongo, é contada a chegada de Dom Miguel ao Porto, no
dia 5 de Novembro de 1832, ficando as tropas que o acompanhavam acampadas
no Monte Alto em Vallongo, esse texto tem o titulo:
......Dom
Miguel em Vallongo - O Cerco do Porto.
......O Rei Dom Miguel, a quem não tinham talvez agradado os sucessos da guerra, quis com a sua presença animar suas tropas, e, planeado o Cerco do Porto, vir dirigi-lo em pessoa, ou conhecer mais de perto a traição de seus generais, e com este fim, deixando Lisboa para nunca mais lá entrar, veio com um grande exército sobre o Porto.
......Chegando
às vistas da cidade do Porto, atravessou o Rio Douro em Campanhã, e, seguindo por São
Cosme e Fanzeres, entrou pelo Monte Alto em Vallongo, onde
acampou com a sua gente e se conservou por espaço de dois meses hospedado com
suas irmãs em casa de Bernardo Martins das Neves, casa onde hoje
estão estabelecidos os Paços do Concelho.
......O
Rei Dom Miguel em Vallongo era o encanto de toda a gente, principalmente
da gente Miguelista que era em maior numero e quase o adorava como um Deus,
recebendo-o no meio das maiores aclamações de enthusiasmo e saudações de
sympatia.
Foi nesta casa de habitação pertença do Sr. Bernardo Martins das Neves, em Vallongo, que no ano de 1832 ficou hospedado durante mais de 2 meses o Rei Dom Miguel.
Na
entrada deste edifício onde ficou hospedado o Rei Dom Miguel no ano de 1832,
existe esta placa do Município de Valongo, que nos conta um pouco da
história da casa.
Esta
antiga casa de habitação em Vallongo, onde em 1832 ficou hospedado o Rei Dom
Miguel, é actualmente o Museu e Arquivo Histórico Municipal de Valongo.
......Durante
a Guerra Civil, na altura em que estava a acontecer o Cerco do Porto, as ruas e
os montes à volta de Valongo serviram de palco a inúmeras escaramuças que foram
travadas entre os exércitos da facção Liberal e da facção Absolutista.
......Na página 176
do livro A Villa de Vallongo, conta a passagem do Imperador Dom Pedro
pela Rua da Portellinha em Vallongo, quando ia a caminho da Batalha
de Ponte Ferreira, esta passagem tem o título:
......Dom
Pedro em Vallongo - A Batalha de Ponte Ferreira.
......Quando,
pelas 8 horas da manhã o Imperador Dom Pedro passava à
frente do seu exército pelas ruas de Vallongo, o entusiasmo entre os
apaixonados do seu partido chegou até ao delírio.
......E' ainda a mesma "mis eu sceue" que sempre se repete à queda de todos os partidos, hoje exultam com vivas, morras e foguetório ao som do "fungagá" para amanhã ouvirem o mesmo d'aqueles a quem o fizeram.
......Foi
da casa d'um seu admirador onde almoçou, já ao fim da Rua da
Portellinha, que o Imperador Dom Pedro viu desfilar as suas tropas, tropas
que depois seguiu até ao campo de batalha um kilometro mais distante.
Segundo
vários testemunhos foi nesta casa brasonada ao fundo da Rua Alves Saldanha que
terá pertencido a uma família aristocrática, que ficou
alojado o rei Dom Pedro, durante o tempo que durou a Batalha de Ponte
Ferreira.
E
foi da varanda desta casa que depois Dom Pedro viu passar o grosso das suas tropas
a caminho da Batalha da Ponte Ferreira, tropas que depois seguiu até ao campo da
batalha que aconteceu um Kilometro mais à frente.
A placa
do Município de Valongo existente na antiga Rua da Portelinha, diz que
esta Rua do Padrão juntou as antigas Rua da Portelinha, a Rua da Portela,
e o Largo do Padrão, e diz que o Padrão que lá existe passou a ser Monumento
Nacional em 1910.
......Na página 166
do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre a
Rua do Padrão:
......Rua
do Padrão, é a Portella e a Portellinha antiga.
Uma antiga fotografia da Rua da Portelinha onde o Imperador Dom Pedro almoçou na casa de um seu admirador, e donde terá visto as suas tropas passar, que depois seguiu até ao campo de batalha um kilometro mais distante.
Outra
antiga fotografia da Rua da Portelinha.
......Entretanto Santa Marta com a sua marcha para o Norte, tinha acampado em Recarei, e no dia 21 d'este mêz de Julho tomava posições em frente à Ponte Ferreira, com a divisão do seu comando na força de 10:000 homens, quatro esquadrões de cavalaria com perto de 200 cavalos e cinco peças de Artilharia.
......Nas ruas de Vallongo, São Mamede, Padrão e Praça Dom Luiz I, no dia 21 acampou o regimento de cavalaria que constituía a vanguarda do exército de Dom Miguel com vedetas destacadas em vários pontos da Serra da Senhora das Chans, na Estrada Velha, e ainda mais além no fundo da collina até légua e meia do Porto.
......Nas vistas de reconhecer o inimigo e os seus movimentos, fez Dom Pedro sair do Porto sobre Vallongo na madrugada de 22 o batalhão de caçadores nº 5 dos voluntários da Rainha, o batalhão da marinha, o batalhão Inglez, e o regimento de infantaria nº 18, com um destacamento de 80 guias a cavalo e quatro bocas de fogo.
......Comandava todas estas forças o coronel do regimento 18, Henrique da Silva Fonseca, acompanhado também pelo quartel mestre General Balthazar de Almeida Pimentel, bem como por um ajudante de campo de Dom Pedro e pelo General Conde de Vila Flor.
......Até à página 193 o livro A Villa de Vallongo, continua a descrever as manobras que foram acontecendo à volta do Porto, até que no dia 23 de Julho de 1832 acontece:
......A Batalha de Ponte Ferreira.
......Para além dos regimentos Portugueses de
Artilharia, de Infantaria, e de Cavalaria, também participaram na batalha dois
batalhões de soldados mercenários ao serviço de Dom Pedro IV de Portugal, um
batalhão constituído por soldados Ingleses, e outro de soldados Franceses.
......As escaramuças entre os dois exércitos já tinha começado dias antes a 17 de Julho, quando os dois exércitos se começaram a defrontar em pequenos combates nas ruas e nos montes à volta de Valongo.
......No dia 22 de Julho o exército Liberal recebeu ordens para atacar as forças Miguelistas, que se encontravam instaladas numa linha de batalha sobre os montes situados adiante da povoação da Granja, na Freguesia de Gandra, que fica na margem direita do Rio Ferreira, já no Concelho de Paredes.
......As tropas Miguelistas estavam posicionadas numa extensa formação que se estendia até Chão de Terronhas, actual lugar de Terronhas, Freguesia de Recarei, no Concelho de Paredes.
......O extremo direito da linha chegava à margem esquerda do Rio Ferreira, em Balselhas, e era constituída pela 3.ª brigada com dois esquadrões de cavalaria e uma peça de artilharia, a força era protegida por uma íngreme colina, tendo o seu extremo esquerdo apoiado na Serra do Raio.
......Os dois exércitos estavam agora separados pelo Rio Ferreira, o qual apenas podia ser atravessado por uma antiga ponte de granito situada no Lugar de Ponte de Ferreira.
......Na manhã do dia 23 de Julho foi dada ordem para o exército liberal transpor a ponte, e durante mais de 12 horas os dois exércitos bateram-se em torno dessa Ponte Ferreira, sem que houve-se uma vantagem clara e definitiva de qualquer das partes, provocando grande número de mortos e de feridos nos dois exércitos.
......Na página 177 do livro A Villa de Vallongo, continua a descrição em pormenor de todos os passos da batalha que se travou à volta da Ponte Ferreira, começa assim:
......Seriam 11 horas, quando as colunas constitucionais tomaram posições, e apareceram ao inimigo, começando logo o tiroteio.
......A divisão ligeira comandada pelo Tenente Coronel Schawalbach, que formava a testa da coluna do centro, chegando ao Monte do Outeiro, que fica à direita da velha estrada que passa na Ponte Ferreira, a Norte da Egreja.
......Em São
Martinho, rompeu o fogo sobre os caçadores realistas que guardavam
a Ponte Ferreira, os quais entreteve vagarosamente para dar
tempo a que a coluna da esquerda se empenhasse em combate, ela era composta
pelo batalhão de oficiaes, do batalhão de cavalaria armado de espingardas, pela
infantaria e pelo batalhão 18.
......Tendo-se
conservado por Balselhas toda a tropa de reserva, enquanto que na sua frente
a posição inimiga foi fortemente atacada, avançando sobre ela duas companhias
do 18 comandadas pelo major Francisco de Paula Miranda, o batalhão Francez
comandado pelo major Chichiri, e o batalhão Inglez comandado n'esta ocasião por
um oficial que durante o cerco do Porto se tornou ilustre e valente, o major
Shaw.
......A
narrativa que o Padre Joaquim faz sobre A Batalha da Ponte Ferreira, estende-se por
um capitulo inteiro, onde são descritos com grande pormenor e minúcia todos os
passos da batalha, e é por essa narrativa que chego à conclusão de que os
combates entre os dois exércitos se estenderam por uma larga extensão, sempre
pelas margens do Rio Ferreira.
......Os combates terão começado na Ponte Ferreira, passaram pela Igreja de São Martinho do Campo e prolongaram-se até ao Monte do Outeiro, que fica já no sopé da Serra de Pias.
......A Batalha de Ponte Ferreira apesar de ter originada mais de 2.000 vítimas entre mortos e desaparecidos, não teve vencedor de nenhumas das partes.
......Durante
os 6 anos que durou esta Guerra Civil em Portugal, entre os anos de 1828 e
1832, aconteceram muitas batalhas entre os exércitos da facção Liberais e da
facção Absolutista.
......A 4 de Outubro de 1828, na Ilha Terceira, trava-se O Combate do Pico do Seleiro.
……A 11 de Agosto de 1829, também na Ilha Terceira, trava-se A Batalha da Praia da Victória.
…...Em Abril de 1831, na Ilha de São Jorge, acontece O Recontro da Ladeira do Gato.
…...A 3 de Agosto de 1831, na Ilha de São Miguel, trava-se O Combate da Ladeira Velha.
…...Depois já no Continente, entre Julho de 1832 e Agosto de 1833 aconteceu O Cerco do Porto.
…...A 23 de Julho de 1832, trava-se A Batalha da Ponte Ferreira.
…...Mas poucos dias antes da Batalha de Ponte Ferreira, em data desconhecida já se teriam travado Combates na Formiga, e em Ermesinde.
…...A 5 de Julho de 1833, trava-se A Batalha do Cabo de São Vicente.
…...A 23 de Julho de 1833, trava-se A Batalha da Cova da Piedade.
…...Em 2 de Novembro de 1833, trava-se A Batalha de Alcácer do Sal.
…...A 30 de Janeiro de 1834, trava-se A Batalha de Pernes.
…...A 18 de Fevereiro de 1834, trava-se A Batalha de Almoster.
…...A 26 de Março de 1834, trava-se A Batalha de Santo Tirso.
…...A 24
de Abril de 1834, trava-se A Batalha de Sant'Ana.
…...Em 16
de Maio de 1834 trava-se a Batalha da Asseiceira, esta que foi
a derradeira batalha da Guerra Civil travou-se na na povoação de
Asseiceira, que
fica próximo de Tomar.
...E foi
nesta derradeira Batalha da Asseiceira, que o exército da facção
Liberal, liderado
por Dom Pedro conseguiu finalmente derrotar o exército da facção
Absolutista, liderado
pelo seu irmão Dom Miguel, onde estes últimos além de terem tido muitos mortas
e feridos na batalha, ainda terão deixado mais de 1400 prisioneiros nas mãos
dos Liberais.
A
Batalha da Asseiceira pôs finalmente termo ao reinado de Dom Miguel, que se viu
obrigado a fugir para Evoramonte, onde depois acabou por ser assinada
a paz, e de onde depois terá partido para o exílio na Alemanha.
Dom Miguel faleceu no ano de 1866, na Alemanha
onde estava exilado.
......O
exército Liberal liderado por Dom Pedro, apesar de ter sofrido muitos revezes foi
sempre resistindo, e depois de muitas escaramuças e batalhas, travadas um pouco
por todo o Reino de Portugal acabou por triunfar, e no fim o Liberalismo
acabou por sair vencedor.
No dia 24 de Setembro de 1834, morre em Lisboa o Rei Dom Pedro IV.
No seu Mausoléu diz: Pedro I, Fundador do Império, 1º Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, 28º Rei de Portugal, 4º do nome. - 12.X 1798 - 24.IX.1834
......O
corpo de Dom Pedro foi para o Brasil, mas o seu coração ficou em Portugal.
Dom Pedro faleceu muito novo com 36 anos, e estando já bastante doente, teve um gesto de grande Nobreza para com as gentes da Cidade do Porto que muito contribuíram para a vitória da causa Liberal.
E como
reconhecimento decidiu que à sua morte o seu Coração seria doado à Mui Nobre,
Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto, onde se mantém até aos dias de hoje guardado num
Sarcófago na Igreja da Lapa desde o ano de 1834, estando a chave à guarda da
Presidência da Câmara do Porto.
A Igreja da Lapa no Porto, onde está guardado o coração do Rei D. Pedro IV.
A entrada principal da Igreja da Lapa.
O altar onde está guardado o sarcófago com o coração do Rei D. Pedro IV, na Igreja da Lapa.
Dom
Pedro IV deixou o seu Coração na Cidade do Porto, mas também ele ficou
para sempre no Coração da Cidade, porque no ano de 1866 foi-lhe erigido um
Monumento no ponto mais nobre da cidade.
O monumento em homenagem ao Rei D. Pedro IV, na antiga Praça Nova, mesmo em frente ao palácio que albergava os antigos Paços do Concelho.
Anos mais tarde o nome da praça foi alterado para Praça D. Pedro IV, em homenagem ao Rei.
Mais
tarde, em 1910 com a Implantação da República esta praça voltou a ver o nome
alterado para Praça da Liberdade, nome que se mantém
até aos dias de hoje.
No ano de 1916, foi decidido abrir uma moderna avenida mesmo no Coração da Cidade, a que foi dado o nome de Avenida dos Aliados, em homenagem aos Países Aliados da Primeira Guerra Mundial.
E assim nesse mesmo ano de 1916, como podemos ver na fotografia acima o Palácio onde até aí estavam instalados os Paços do Concelho, e todos os edifícios à sua volta tiveram que ser demolidos, para que a nova Avenida dos Aliados começasse a ser rasgada.
Mas como
podemos ver o monumento em memória a Dom Pedro IV teve sorte, porque
como estava mesmo no meio da praça não interferiu com a abertura da avenida, e
por isso foi mantido no mesmo lugar, a olhar para o Palácio das
Cardosas que se vê
ao fundo.
O monumento em memória a Dom Pedro IV ficou mesmo no meio da praça, no local mais nobre da cidade do Porto.
Ano de 2020, vista de uma janela do Palácio das Cardosas, que actualmente é o Hotel InterContinental do Porto, como podemos ver o monumento em memória a Dom Pedro IV, mantém-se até aos dias de hoje no local original, na zona mais nobre da cidade do Porto.
Ano de 2020, eu junto ao monumento erigido em memória a Dom Pedro IV, vemos lá em cima no topo da Avenida dos Aliados o novo Edifício da Câmara Municipal do Porto.
Ano de 2020, eu junto da placa informativa do Município do Porto, que está junto ao monumento em memória a Dom Pedro IV, na Avenida dos Aliados.
Ano de 2020, a placa informativa do Município do Porto, que está junto ao monumento em memória a Dom Pedro IV, na Avenida dos Aliados.
Ano de 2020, o monumento erigido em memória a Dom Pedro IV, diz simplesmente, A Dom Pedro IV, A Cidade do Porto 1866.
Ano de 2020, em cima do pedestal, em tamanho gigante tem uma estátua em bronze do Dom Pedro IV montado a cavalo pronto a lutar pela causa Liberal, na mão direita segura a Carta Constitucional de 1826 que ele defendeu até à morte.
Ano de 2020, no lado esquerdo do pedestal, tem incrustada uma placa de bronze em alto-relevo, onde está representada a reunião que D. Pedro teve com os seus generais quando desembarcou na Praia do Mindelo.
Ano de 2020, no lado direito do pedestal, tem incrustada outra placa de bronze em alto-relevo, onde está representada a entrega do Sarcófago com o Coração de Dom Pedro IV, às autoridades do Porto.
A partir
daqui, como tinha dito no início vou percorrer todos os lugares à volta
da Ponte Ferreira, por onde o padre Joaquim diz que se travou A
Batalha da Ponte de Ferreira.
Ano de 2020, a placa informativa do Município de Valongo que está na margem esquerda do rio, mesmo na entrada da Ponte Ferreira e da Casa da Portagem, diz o seguinte:
......Ponte de Ferreira.
......Ponte de origem medieval que fazia parte da via de ligação do Porto para Penafiel e Amarante.
......Possui Casa de Portagem na margem esquerda do rio, datada de 1796, onde, no final do Século XVIII se cobravam impostos sobre o Pão e o Trigo.
......Os dinheiros obtidos eram destinados ao cofre das obras de construção da nova Igreja Matriz de Valongo e da estrada que vem do Porto até aqui à Ponte Ferreira. Na Margem direita do rio encontra-se um oratório em granito, com alminhas de invocação a Nossa Senhora do Carmo, em memória dos Mortos da Batalha de Ponte Ferreira, que opôs Liberais e Miguelistas em 23 de Julho de 1832.
......Esta
Batalha em muito influenciou a criação do Concelho de Valongo pela Rainha Dona
Maria II em 1836.
Uma
antiga fotografia do Arquivo Histórico de Valongo, onde vemos um grupo de
pessoas a posar para uma fotografia, em cima desta ponte, que se tornou
famosa devido à batalha que aqui à volta se travou.
Ano de 2020, agora vou atravessar a Ponte Ferreira, para ver o Oratório em memória das mais de 2 mil vítimas, entre mortos e feridos que aconteceram na batalha que por aqui à volta se travou.
Ano de 2020, no meio do tabuleiro da Ponte de Ferreira.
Ano de 2020, a Ponte de Ferreira, e a antiga Casa da Portagem.
Ano de 2020, a Ponte de Ferreira, e a antiga Casa da Portagem.
Ano de 2020, a antiga Casa da Portagem é actualmente um bar restaurante, que serve de apoio a uma praia fluvial que existe aqui ao lado que é muito frequentada no Verão.
Ano de 2020, o reclame de estilo medieval na entrada da antiga Casa da Portagem.
Ano de 2020, o tabuleiro empedrado da Ponte Ferreira.
As pedras
do chão ainda são as originais, a largura do tabuleiro é de cerca de 4 metros,
que era o que bastava para o transito que aqui passava na altura, que
eram carros de bois, e carruagens que faziam o trajecto desde
as Cidades de Penafiel, Amarante, Régua, Lamego, e de todo o Nordeste
Transmontano para o Porto, porque esta ponte fazia parte da Estrada Real
nº 33, actualmente não passa trânsito por cima.
Ano de 2020, e cá vou eu a atravessar a Ponte Ferreira.
Ano de 2020, o Rio Ferreira visto do tabuleiro da ponte para o lado montante.
Ano de 2020, o tabuleiro da Ponte de Ferreira, mas agora visto da margem contrária da Casa da Portagem, como vemos, nos dois lados da ponte ainda existem os pilares em granito das cancelas onde antigamente era feita a cobrança da Portagem.
Ano de 2020, na margem direita do rio em memória das mais de 2 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos que aconteceram na batalha que aqui à volta se travou no dia 23 de Julho de 1832, foi erigido este Oratório em granito com Alminhas de Invocação a Nossa Senhora do Carmo.
Antiga fotografia do Arquivo Histórico de Valongo, onde se veem 3 pessoas ao lado do Oratório.
Ano de 2020, junto à Ponte Ferreira, a montante do rio existe esta bonita praia fluvial que é muito frequentada no Verão, a presa que vemos ao fundo no rio é para fazer o desvio da água para um moinho que existe na margem direita do rio.
Ano de 2020, na margem direita do rio vemos o antigo moinho que moía com 6 Mós.
Ano de 2020, as comportas por onde passa a água da represa, que entra no moinho, e que antigamente fazia girar as 6 Mós.
Ano de 2020, vemos as saídas da água deste Moinho de 6 Mós, actualmente este moinho é um núcleo museológico da panificação.
Ano de 2020, uma colecção de Mós dos antigos moinhos do Rio Ferreira.
Ano de
2020, Mós de
antigos moinhos do Rio Ferreira.
Como disse lá
atrás, agora vou fazer o
percurso da batalha, vou começar na Ponte Ferreira, vou passar
pela Igreja de São Martinho, e vou acompanhar o curso do rio até ao Monte do
Outeiro, que fica no Sopé da Serra de Pias, por onde o padre Joaquim diz que se
estendeu a Batalha.
Como podemos ver nesta imagem, o Rio Ferreira atravessa São Martinho, e vai até ao Monte do Outeiro sempre a serpentear, em linha recta a distância entre a Ponte Ferreira e o Monte do Outeiro é de 1 km.
Ano de 2020, saindo da Ponte Ferreira logo à frente chegamos à Igreja de são Martinho de Campo, segundo o Padre Joaquim a batalha de Ponte Ferreira também passou por aqui, o Rio Ferreira passa mesmo por trás desta Igreja.
Ano de 2020, junto à igreja tem uma placa informativa do Município de Valongo.
Uma antiga
fotografia do Arquivo Histórico de Valongo, onde vemos o interior
da Igreja Matriz de Campo, com o seu tecto feito em Caixotões de madeira
pintados com Mistérios do Rosário.
Ano de 2020, o Município de Valongo diz o seguinte sobre esta ponte:
......Ponte de Luriz.
......Ponte
granítica de origem Romana, com reconstrução Medieval, possui um tabuleiro em
cavalete que assenta em três arcos desiguais, dois de volta perfeita e um
central que é ogival.
......Na
tradição Popular antiga era conhecida como a Ponte da Morte, provavelmente por
corrupção de uma antiga denominação de Ponte Norte, o caminho que sobre ela passava
ia de Valongo até Penafiel.
Ano de 2020, a Ponte de Luriz, tem um tabuleiro sensivelmente com mesma largura do tabuleiro da Ponte Ferreira, que era o suficiente para o trânsito que na altura aqui passava, que eram os carros de bois, e as carruagens que antigamente faziam este caminho entre o Porto e Penafiel.
Saindo da Ponte de Luriz, um pouco mais à frente ainda existe outra antiga ponte, é a Ponte Aqueduto dos Arcos, esta ponte embora tenha um tabuleiro muito estreito, inferior a 1 metro, porque a principal função para que foi construída foi para ser um Aqueduto.
Esta
ponte também deve ter sido utilizada pelos exércitos, para fazerem a travessia
do Rio Ferreira que aqui neste local é bastante largo.
Ano de 2020, a Ponte Aqueduto dos Arcos.
Antiga fotografia do Arquivo Histórico de Valongo, onde vemos algumas pessoas a posar para uma fotografia em cima da Ponte, Aqueduto dos Arcos.
Ano de 2020, o Município de Valongo diz o seguinte sobre esta Ponte, Aqueduto dos Arcos.
......Fazia parte do Regadio que captava água em Ponte Ferreira, já é referenciado como existente em documentos de 1631, numa provisão de 30 de Maio desse ano é dada autorização para a utilização das águas dela provenientes para o Regadio.
......Esta Ponte Aqueduto, era destinada a transportar a água de uma margem para a outra, para a irrigação dos férteis terrenos envolventes, o aqueduto actual é de construção oitocentista posterior à "provisão" de 1631.
......Esta Ponte associava à função de passagem de água a passagem de peões.
......Apesar
de actualmente já não servir como aqueduto função para a qual foi construída, à
pouco tempo foi alvo de recuperação e valorização para integrar o percurso
pedestre do regadio da Ponte Ferreira.
Ano de 2020, a Ponte, Aqueduto dos Arcos sobre o Rio Ferreira em São Martinho do Campo.
Ano de 2020, como podemos ver a largura do tabuleiro da Ponte, Aqueduto dos Arcos é inferior a 1 metro, mas tem mais de 125 metros de comprimento.
Ano de 2020, como vemos o tabuleiro da Ponte, Aqueduto dos Arcos, tem mais de 125,34 metros de comprimento.
Ano de 2020, agora vou fazer a travessia do tabuleiro da Ponte, Aqueduto dos Arcos, no sentido de São Martinho para Valongo, o tabuleiro é tão estreito que mal dá para que duas pessoas se cruzem.
Ano de 2020, o Aqueduto dos Arcos, visto do lado de São Martinho para Valongo, o tabuleiro tem 125 metros de comprimento.
Ano de 2020, fotografia tirada de cima do tabuleiro da Ponte, Aqueduto dos Arcos.
Vemos o
rio a correr para jusante, o Rio Ferreira aqui neste local é bastante largo,
também vemos a nova ponte da Rua do Padre Américo, que dá acesso o Lugar das
Vinhas.
Ano de 2020, outra fotografia também tirada de cima do tabuleiro da Ponte, Aqueduto dos Arcos, agora com vista para montante do rio, onde vemos os campos verdejantes que existem nas margens do rio.
Ano de 2020, os campos verdejantes que existem nas margens do rio.
Ano de 2020, nesta imagem da Google, podemos ver o Rio Ferreira a serpentear por São Martinho na direcção do Monte do Outeiro, e do Vale entre as Serras de Pias e de Santa Justa por onde corre até que vai desaguar no Rio Sousa.
Como já disse lá atrás, quando fazemos uma busca sobre A Batalha de Ponte Ferreira, esta é a gravura que nos aparece.
E quando olho para esta gravura, pelo contorno dos montes, acho que estes são os Montes de Santa Justa e da Serra Pias, até porque conforme diz no livro A Villa de Vallongo, foi por aqui pelo Monte do Outeiro que se travaram os combates mais encarniçados.
Ano de 2020, o Monte do Outeiro, foi todo tomado por explorações mineiras, por isso ainda está todo minado e cheio de entulhos que eram retirados das Minas de Ardósia.
Também
fui à Praia
da Memória, ver
o Obelisco que foi erguido em 1840, em memória ao desembarque de Dom Pedro com
as suas tropas.
Ano de 2020, no Obelisco da Praia da Memória, onde Dom Pedro IV desembarcou com o seu Exército Liberal de 7500 homens, no dia 8 de Julho de 1832.
Ano de 2020, junto ao Obelisco da Memória.
Ano de 2020, Junto ao Obelisco da Memória existe esta placa informativa.
Nos 4 lados do
Obelisco tem embutidos painéis em mármore, com inscrições em referência a quem
teve a iniciativa da sua construção no ano de 1840, com os nomes de alguns dos
comandantes do exército Liberal, e também tem escritas as palavras que Dom Pedro
IV disse aos seus soldados antes do desembarque.
Ano de 2020, neste primeiro painel tem escrito um texto em homenagem a Dom Pedro.
......Em Honra de sua Magestade Imperial Dom Pedro, Duque de Bragança, primeiro Imperador do Brasil e quarto Rei deste nome em Portugal, comandante em chefe do exército libertador aqui desembarcado em oito de Julho de Mil Oitocentos e Trinta e Dois, para restituir o Trono a sua augusta filha a Rainha Reinante Dona Maria segunda, e a liberdade aos Portugueses se erigiu este padrão para perpétua memória.
Ano de 2020, este segundo painel tem a escrita muito deteriorada, mal se consegue ler devido ao passar dos anos, já tem 156 anos, mas pelo que se percebe tem escrito os nomes dos Generais do exército Liberal que aqui desembarcaram.
Ano
de 2020, neste terceiro painel tem
escritas as palavras de incentivo que Dom Pedro disse às suas tropas antes do desembarque.
Ano de 2020, este quarto painel também tem a escrita muito deteriorada, mas pelo que se percebe tem escrito a data da construção do Obelisco, e o nome das pessoas que tiveram a iniciativa de fazerem dele um Monumento Nacional.
Ano de 2020, no topo do Obelisco tem duas Coroas metálicas com o ano do desembarque.
Em memória pela passagem de Dom Pedro IV, e de Dom Miguel por Valongo, na altura do Cerco do Porto e da Batalha de Ponte Ferreira, a Câmara Municipal de Valongo decidiu atribuir os seus nomes a duas ruas da Cidade.
E para o efeito em reunião ordinária, a Câmara Municipal de Valongo decidiu atribuir o nome de Dom João IV, à rua mais longa de Valongo, acta nº 41, de 19 de Outubro de 1982.
E dois
anos depois, talvez
fazendo fé nas palavras que o padre Joaquim escreveu no livro A Villa de
Vallongo, onde
diz que "as manchas na vida política de Dom Miguel, foram mais por
sugestão dos seus conselheiros do que fruto das suas intenções que seriam
boas", a Câmara Municipal de Valongo também em reunião
ordinária, decidiu atribuir o nome de Dom Miguel a uma rua de Valongo, acta nº
4, de 24 de Janeiro de 1984.
E assim, os dois Irmãos Dom Pedro e Dom Miguel, que embora por pouco tempo ambos foram Reis de Portugal, ficarão para sempre lado a lado em duas ruas que se cruzam na Cidade de Valongo.
E como costumo dizer prontus, terminei, mas gostei muito de fazer esta publicação, onde gastei algumas centenas horas da minha vida, e percorri a maioria dos lugares por onde o padre Joaquim diz que se travou A Batalha de Ponte Ferreira.
E falar
de Valselhas,
Grandra, Recarei, Terronhas, São Martinho do Campo, Outeiro, Monte Alto,
Estrada Velha, Serra da Senhora das Chans, que são tudo lugares
familiares para mim, é como se estive-se a falar da minha rua, que por acaso
até é a Rua Dom Pedro
IV.
Fernando Almeida