Histórias antigas de Valongo.
A Rua
Visconde Oliveira do Paço.
......No livro "A Villa de
Vallongo" diz
o seguinte sobre esta rua:
......Rua Visconde
Oliveira do Paço, é a rua que saindo da Praça Dom Luíz I, segue por Ilhar
Mourisco a caminho de Sobrado, donde é natural o dito
Visconde, rua que foi aberta e mais tarde reformada no ano de 1890.
O brasão do
Visconde Oliveira do Paço.
Nesta publicação
vou fazer um passeio histórico pelas ruas de Valongo, esse
passeio vai começar na rotunda da Praça Machado dos Santos, vou
seguir sempre pela Rua Visconde Oliveira do
Paço, e vou terminar na Rua de São
João de Sobrado, no palacete do citado Visconde.
Existe sempre algum
motivo que me leva a fazer uma publicação, e a escolha desta rua
não foi excepção.
Escolhi esta
rua porque ela foi a morada da minha família durante mais de 15
anos, fiquei com muitas recordações, e fiz muitos amigos durante
os anos em que lá morei.
E durante os 15
anos que morei nesta rua, foram tantas as vezes que escrevi a
minha direcção, que acabei por ter curiosidade sobre quem teria sido
este Visconde
Oliveira do Paço.
E o que é que
este Visconde teria feito de relevante, que tenha levado a Câmara a
dar-lhe a honra de ter o seu nome numa rua mesmo no centro
de Valongo.
Em meados do
século XIX, quando esta rua foi aberta foi foi muito importante para
o Concelho de Valongo.
Porque a partir daí
passou a existir uma ligação directa desde o centro de
Valongo, até à Rua de São João de Sobrado, onde fica o palacete
de família do referido Visconde.
Em meados do século
XIX, quando esta rua foi aberta as viagens ainda eram feitas em
Liteiras, a pé, a cavalo, ou em carruagens.
No século XIX,
as viagens ainda eram feitas em carruagens, a pé, a cavalo, ou em liteiras.
Antes desta
rua existir para ir de Valongo a Sobrado era necessário dar uma volta
enorme.
Estou mesmo a
ver o Visconde a vir do Porto montado no seu cavalo, e a ter que
atravessar Valongo de lés a lés, desde lá de cima do Alto da Serra até São
Martinho do Campo, pela estrada real 33.
Depois ainda tinha
que seguir pela estrada de Balselhas, até chegar ao seu palacete que
ficava na quinta do Paço, na rua de São João de Sobrado.
Mas não se
pense que este caminho desde o centro de Valongo até Sobrado era
fácil, porque de fácil ele não tinha nada, como se pode ver no mapa
mais de metade do caminho é feito pelo meio dos montes.
Mesmo actualmente
este caminho só dá para fazer a pé, de bicicleta, ou com veículos todo o
terreno.
Numa das
minhas idas a Sobrado, encontrei umas senhoras moradoras na Rua de São
João de Sobrado que todas as semanas fazem esse caminho através dos
montes, para virem até ao Continente de Valongo.
Mas antes de começar esta
minha grande viagem de Valongo até Sobrado, vou dizer o que
consegui descobrir sobre este Visconde Oliveira do Paço.
O nome próprio do Visconde
era António Martins
de Oliveira, ele
nasceu na Quinta do Paço, em Sobrado, no dia 12 de Agosto de 1835, e
faleceu no dia 23 de Junho de 1889, em Sobrado, onde está sepultado.
A vida deste
nosso conterrâneo deu muitas voltas, ainda muito novo
emigrou para o Brasil, onde se estabeleceu na cidade do Rio de
Janeiro.
E foi na cidade do Rio de Janeiro que contraiu matrimónio com uma sua prima, de seu nome Joaquina da Costa Ferreira.
O casal António Martins de
Oliveira, e Joaquina da Costa Ferreira tiveram duas filhas.
Conforme consta já no
Brasil este nosso conterrâneo terá praticado vários actos de
beneficência, e terá concedido valiosas dádivas, como a que fez ao asilo
de Dona Maria Pia.
Anos mais tarde regressou a
Portugal com a família, e voltou para a sua terra Natal, para a quinta do
Paço em Sobrado onde tinha nascido.
E tal como a maioria dos
retornados do Brasil, que na altura eram chamados torna-viagens, mandou erguer na quinta do
Paço um bonito palacete, fez restauros por toda a quinta, mandou
erguer fontanários, e fez muitas outras melhorias.
Foi este o bonito palacete, que o António Martins de
Oliveira mandou construir no ano de 1864 na Quinta do Paço, em
Sobrado, para servir como a sua moradia de
família.
Como podemos
ver neste neste tempo a Rua de São João de Sobrado, não passava de um
tosco caminho em terra batida.
Antiga fotografia da quinta do Paço na Rua de São João de Sobrado.
O estado actual do
palacete.
Em Portugal o António Martins de Oliveira também terá contribuído para muitas obras
de beneficência, por exemplo terá sido um grande benfeitor do Hospital Maria
Pia no Porto.
E assim, por relevantes serviços
prestados ao reino, o Rei D. Luíz I, no ano de 1879 agraciou-o com
o título de 1º Visconde do Oliveira do Paço.
O brasão do Visconde Oliveira
do Paço.
Na freguesia de Sobradoo António Martins de Oliveira também fez muitas benfeitorias, mandou construir a suas expensas
o novo cemitério.
O portão de entrada do cemitério de
Sobrado.
Mesmo em frente ao
portão de entrada do cemitério fica a capela de família do António Martins de Oliveira, 1º Visconde do Oliveira do Paço.
A capela de família
do António Martins de Oliveira, o 1º Visconde do Oliveira do Paço.
Na porta da capela
tem escrito Visconde Oliveira do Paço, e por cima da porta tem o
brasão do Visconde.
A capela tem um altar
onde estão os bustos do Visconde, da sua esposa, e também estão aqui
sepultados alguns dos seus descendentes.
O cemitério foi construído nuns campos que se vêem no
lado direito da Igreja.
A Igreja de Sobrado já é muito antiga foi construída durante o
século XVII, de origem era encimada por um campanário com um sino em cada um
dos lados, e manteve-se assim inalterada durante mais de 200 anos.
Mas no ano de 1873, como se pode ler,
talvez influenciado pela obra feita pelo Visconde no cemitério, um tal Comendador de nome José dos Santos Ferreira, resolveu fazer umas obras de beneficiação na Igreja.
Como ficou a Igreja de Sobrado depois das
obras de beneficiação mandadas fazer pelo Comendador
José dos Santos Ferreira.
Como era a Igreja
de Sobrado, e como ficou depois das obras mandadas
fazer pelo Comendador José dos Santos Ferreira.
No lado direito da Igreja vemos o
cemitério mandado fazer pelo Visconde
Oliveira do Paço.
Como está a Igreja de Sobrado no ano
de 2019.
Agora que já contei o que
consegui descobrir sobre este nosso conterrâneo António Martins de
Oliveira, 1º Visconde Oliveira do Paço, vou dar início à minha longa
caminhada.
A minha caminhada vai
começar na rotunda da Praça Machado dos Santos, vou
seguir pela Rua do Visconde Oliveira do Paço.
A minha caminhada vai terminar na Quinta do Paço, na Rua de São João do Sobrado, no palacete do Visconde, a distância em linha reta é de cerca de 3 km.
Nesta publicação vou utilizar passagens do livro "A Villa de Vallongo", publicado no ano de 1904, pelo nosso conterrâneo padre Joaquim Alves Lopes Reis, para descrever como eram, e por quem eram habitados, as ruas e os lugares por onde vou passar.
E também vou recorrer a fotografias antigas, e actuais para mostrar como eram, e como estão agora essas ruas e esses lugares por onde vou passar.
A Rua Visconde Oliveira do Paço começa aqui na rotunda da Praça Dom Luíz I, que actualmente se chama Praça Machado dos Santos.
Nesta antiga
fotografia vemos 4 pessoas, no local onde hoje existe a rotunda da Praça Machado dos Santos.
Foi esta a primitiva rotunda que existiu neste local, mesmo no início da Avenida do Calvário.
Nesta antiga fotografia vemos o Café Vale, o restaurante, e a Avenida do Calvário ainda em terra batida.
Saindo da Praça Machado dos Santos, temos logo o primeiro cruzamento da rua Visconde Oliveira do Paço, com a Rua Fernandes Pegas que antes se chamava Rua da Ferraria.
......Na página 375 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre esta rua:
......Rua da Ferraria, deriva o seu nome de ferreiros e ferradores que no século XVIII ali havia, com oficinas e fábricas onde se lavrava e trabalhava o ferro, às quais chamavam ferrarias.
Na esquina da Rua Visconde Oliveira do Paço com a Rua Fernandes Pegas, onde hoje vemos o Edifício Vila Tina, existia este bonito mirante e o portão dos fundos da antiga Villa Tina.
No lado direito da fotografia acima, vemos uma janela e o portão da última serralharia que existiu na Rua da da Ferraria, era a serralharia do Sr. Moreira.
Nesta antiga
fotografia vemos um grupo de jovens no portão
dos fundos da antiga Villa Tina, onde
existia o mirante.
Uma fotografia actual da Rua Fernandes Pegas que antes se chamava Rua da Ferraria, esta rua fazia parte da antiga Estrada Real 33.
Até ao ano de
1834 era por esta Rua da Ferraria que passava todo o trânsito de cavalos, carros de bois, liteiras,
e carruagens a caminho de Trás-os-Montes e Alto-Douro, Vila Real, Bragança,
Régua, Lamego.
Foi só nesse ano de 1834 que foi aberta a
ligação direta, desde a Rua do Padrão até à Rua de São Mamede.
......Na página 376 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte
sobre a abertura da Rua do Padrão até à Capela da Senhora da Luz:
......Rua da Portela, actual Rua do Padrão, era a rua que ia desde
a Rua da Ferraria até ao Padrão, tinha 60 casas, em 1834 quando a
estrada nova foi aberta e rasgou esta rua até à Capela da Senhora da Luz.
Antiga fotografia tirada no início da Rua Visconde
Oliveira do Paço.
Nesta fotografia
vemos 3 senhores com um cão no meio da rua, no lado esquerdo na entrada da drogaria do Caleiro está uma senhora com
uma criança, e no lado direito vemos uma senhora junto ao muro da antiga Villa Tina.
Agora
nesta fotografia tirada exactamente no mesmo local da anterior, vemos que no
lado esquerdo ainda existe a casa da drogaria do Cáleiro, mas no lado direito
agora temos o Edifício Villa Tina, onde antigamente existia a vivenda Villa Tina.
Nesta
antiga fotografia que é anterior à abertura da Avenida do Calvário, vemos um
grupo de pessoas no início da Rua Visconde Oliveira do Paço, ao fundo vemos a casa da
Tété, e a Drogaria do Caleiro.
Tirei
esta fotografia exatamente no mesmo local da anterior, e vemos que no local
onde estavam as pessoas e as casas existe agora o edifício da CGD.
À
direita da CGD vemos a Rua Fernandes Pegas, antiga Rua da Ferraria, depois
vemos a casa da Tété e a Drogaria do Cáleiro.
Logo
no início da Rua Visconde Oliveira do Paço existem uma série de casas restauradas, com as
antigas paredes em ardósia de que gosto muito.
O segundo cruzamento da Rua Visconde Oliveira do Paço é
com a Rua do Norte.
......Na
página 376 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre a Rua do Norte, que
antigamente se chamava Rua das Cruzinhas:
......Rua
das Cruzinhas, hoje é a Rua do Norte, tomou o nome de cruzinhas de várias
cruzes que n'ella e nas ruas vizinhas havia para a Via Sacra, que seguia da
Capela da Senhora da Luz para a Capela do Calvário......
No cruzamento da Rua Visconde Oliveira do Paço com a Rua do Norte, que antes se chamava Rua das Cruzinhas existe hoje o Edifício Vila Tina, onde morei durante mais de 16 anos.
No lugar onde hoje
vemos o edifício Vila Tina, antes existia a vivenda Villa Tina.
A antiga vivenda Villa Tina nasceu como casa de habitação, depois por algum tempo foi o Centro de Saúde de Valongo, e terminou os seus dias na década de 1980 como casa de habitação.
Da antiga vivenda Villa Tina foi preservado o painel de azulejos que estava na fachada voltada para a Rua do Norte, que depois foi aplicado no novo edifício construído no seu lugar, para ficar como recordação.
Também
da fachada da antiga vivenda Villa Tina, foi retirado o painel de azulejos com
a imagem de Santo António, da famosa Fábrica do Carvalhinho, fundada no Porto no ano de
1841, painel esse que foi
restaurado e está hoje na casa de um particular de Valongo.
Antigamente o Santo António era muito venerado em
Valongo, tenho algumas notícias publicadas em jornais antigos, que descrevem os
deslumbrantes festejos que se realizavam em sua honra.
As
festividades realizadas em Valongo em honra de Santo António, eram tão
importantes que foram notícia de primeira página no jornal O Comércio do Porto,
de quarta-feira, dia 13 de Julho de 1892.
Mas agora vou
voltar para o meu percurso principal, que é a Rua Visconde Oliveira do Paço.
E
cá estou eu novamente na Rua Visconde Oliveira do Paço, a caminho do palacete do Visconde, em Sobrado.
O
terceiro cruzamento da Rua Visconde Oliveira do Paço, é com a Rua da
Lameira Ferreira.
......Na
página 372 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre o Ribeiro da Lameira Ferreira, que deu origem
ao nome da Rua da Lameira Ferreira.
......O Ribeiro da Lameira Ferreira, nasce na Serra do Castelo, passa na Fontinha e vem a Fatelgas, d'onde depois desce para Remolhas, seguindo depois para a Lameira Ferreira, para o Ilhar Mourisco e para a ponte da Presa.
Agora
vou seguir pela Rua da Lameira Ferreira até ao ribeiro da Lameira Ferreira, a maioria das
casas desta rua foram sendo restauradas, mas ainda mantém a traça original.
Na Rua
da Lameira Ferreira.
Quando a linha férrea do Douro foi modernizada, a passagem de nível sem guarda que existia aqui neste local foi eliminada, agora para atravessar para o outro lado da rua temos que ir por cima, pelo viaduto que aqui foi construído.
Antes
da passagem de nível ter sido suprimida era por aqui que seguia a Rua da Lameira
Ferreira.
Na
fachada desta casa ainda está a antiga placa da Rua Lameira Ferreira, mas desde que
foi eliminada a passagem de nível deixou de se poder passar por aqui.
Depois
de atravessar o viaduto chego à Lameira Ferreira, e ao Ribeiro da Lameira
Ferreira.
Por
baixo da ramada que se vê à esquerda corre o Ribeiro da Lameira
Ferreira, que segue na direcção da Fonte Mourisca, e para a Ponte da Presa, indo
por fim desaguar no Rio Simão no fundo do Lugar da Ilha.
Foi
neste local que terá existido a Lameira Ferreira, que acabou por dar o nome à Rua da Lameira, agora no lugar da
Lameira existem estes campos de cultivo.
Um
Lameiro ou Lameira é um local onde existe muita lama, é um local onde a terra é
muito húmida devido à proximidade de um rio, também pode ser chamado de
Lamaçal, local onde cresce muito pasto, também se pode dizer que é um pântano.
Agora
vou sair da Lameira Ferreira, e vou voltar novamente para a Rua Visconde
Oliveira do Paço.
E
cá estou eu novamente na Rua Visconde Oliveira do
Paço, a caminho do palacete do Visconde, em Sobrado.
Como
vemos as casas foram sendo restauradas mas ainda mantém a traça original, ainda
me lembro do tempo em que todas estas casas tinham quintais na frente, quintais
esses que eram vedados com grandes pedras de ardósia.
O quarto cruzamento da Rua Visconde Oliveira do Paço é com
a Travessa Visconde Oliveira do Paço.
A Travessa
Visconde Oliveira do Paço dá acesso à Rua das Pedreiras.
......Na
página 363 e 376 do livro A Villa de Vallongo diz
o seguinte sobre a Rua das Pedreiras.
......Rua das Pedreiras é o Bairro Oriental, é um lugar de
Vallongo que tem diversas ruas, divide-se em Pedreiras de Cima que formam hoje
o Bairro Oriental, e Pedreiras de Baixo.
......Também é
chamado Lugar das Pedreiras, talvez por n'elle habitarem muitos operários das minas de pedra, assim
como os artistas que faziam vários objectos d'aquele material.
Casas na Rua das Pedreiras.
Agora vou voltar novamente para a Rua Visconde Oliveira do Paço.
E vou
passar na Fonte do Ilhar Mourisco, ou como nós em Valongo lhe chamamos a Fonte
Mourisca.
E
cá estou eu novamente na Rua Visconde Oliveira do Paço, quase a chegar à Fonte do Ilhar Mourisco.
Na Rua Visconde Oliveira do Paço, quase a chegar à Fonte do Ilhar
Mourisco.
Lá
ao fundo, no meio do monte já vemos as casas da Quinta da
Queimada, por onde também irei passar.
Agora estou a descer a Rua Visconde Oliveira do Paço, e no lado direito, antes do viaduto da linha férrea vemos a Fonte do Ilhar Mourisco.
A Fonte do Ilhar
Mourisco.
......Na página 361 e 362 do livro A Villa de Vallongo diz o seguinte sobre o Ilhar Mourisco:
......Ilhar Mourisco, nome simpático relíquia da habitação dos árabes n'esta terra, este lugar trás ao pensamento recordações imensas e mostra pela beleza do local que os sectários do Alcorão não tinham mau gosto.
......Era junto da
fonte que aí abundantemente corre que os nossos antigos criam terem ficado as
Mouras encantadas, o que até terá merecido do escritor Thomás Ribeiro uns belos
versos......
......Ainda hoje
(1904), grande parte do povo que se entrega aos festejos da noite de São
João, durante a madrugada aí vão, voltando depois cantando e dançando ao som de
instrumentos, dizem que vão às orvalhadas.....
No interior
da Fonte do Ilhar Mourisco.
......Na página
359 do livro A Villa de Vallongo diz o seguinte sobre a Fonte do Ilhar
Mourisco:
......Fonte do Ilhar Mourisco, é uma riquíssima fonte de água com duas bicas, quase junto ao ribeiro que aí passa, a jusante do caminho de ferro......
E
passados que estão mais de 1300 anos desde que os Mouros se estabeleceram
neste lugar, no ano de 716, as duas bicas da Fonte Mourisca ainda continuam a
deitar água.
Na
Fonte Mourisca.
Vou pôr
a seguir um texto que está na página 90 do livro A Villa de Vallongo, onde diz que este Lugar da Fonte Mourisca começou a ser habitado pelos Mouros no ano de 716 dc:
......Os
Mouros entraram na Hespanha entusiasmados pela Guerra Santa com o alfange n'uma
mão, (alfange é um sabre de origem árabe de folha larga
e curva), e o Alcorão na outra, (Alcorão é o livro Sagrado do Islão), levando
de vencida com o seu numeroso exército todos os lugares por onde passavam......
......A
Batalha de Guadalete que foi ganha pelos árabes travou-se no ano de 711, e foi a partir daí que começou o
domínio dos árabes na Península Ibérica, domínio que se manteve
durante vários Séculos......
......Na página
91 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre a chegada dos árabes a Vallongo no ano de 716, e sobre o
local onde se estabeleceram.
......Os habitantes
de Vallongo, poucos e sem meios de defesa, só temerariamente podiam
abalançar-se a impedir a passagem a um inimigo tão poderoso, diante do qual
sabiam que tinha fugido espavorido um exército de bravos.
......Por
isso é que chegados a Vallongo no ano de 716, os árabes deixaram os
seus habitantes em paz sem o escravizarem, e mediante um certo tributo
deram-lhe a liberdade de viver como até aí.
......Indo
os árabes estabelecer-se longe da povoação goda que ocupava o Susão, e a parte
mais ocidental da Villa, estabeleceram-se numa planície à beira de um
regato, num lugar que mais tarde se veio a chamar Ilhar Mourisco.
......Há
ainda outros lugares próximos que também são de origem árabe como o Lugar da
Rabilla, ou Rabil, e o Lugar de Donelha.
......Situado
n'uma planície extensa e exposta ao Sol, em lugar enxuto este lugar do Ilhar
Mourisco, primeira habitação dos árabes por estes sítios, foi no passado muito
florescente.
......Hoje
obedecendo ao triste destino das coisas que o tempo derruba, nada resta dos
vestígios antigos, senão o nome e a beleza natural do lugar onde está um dos
bairros mais importantes e populosos de Vallongo.
......O
resto tudo acabou, talvez devido à guerra de extermínio que os Cristãos mais
tarde, já fortes, moveram à gente moura que pouco a pouco se foi
retirando destes sítios.
......Mas
estes novos dominadores, os mouros, que por aqui se mantiveram por vários
séculos, não perderam a ocasião que se lhe oferecia de explorarem as nossas
riquezas, e levados pela fama das nossas minas, começaram a explora-las.
......Continuando
agora os mouros n'estes montes as explorações começadas pelos Romanos, mas à
muitos anos interrompidas.
......Sobre
a riqueza das minas de ouro da Serra de Santa Justa, que
antigamente se chamava Serra da Cuca-ma-Cuca, existe
uma quadra que o povo de Valongo antigamente cantava:
......Serra da Cuca-ma-Cuca
......Grande pena me deixais
......Atirais com o ouro às cabras
......Não sabeis com o que atirais
......Esta
quadra sobre o Ouro da Serra da Cuca-ma-Cuca ainda é conhecida nos dias de hoje
pelos naturais de Valongo.
Uma
das bocas de entrada para as minas de Ouro do Fojo das Pombas, que começaram
por ser exploradas pelos Romanos, e depois mais tarde pelos Mouros.
......Na página
91 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre as antigas minas de ouro da Serra de Santa Justa:
......É
admirável ainda hoje contemplar esse labirinto de catacumbas subterrâneas, onde
centenas de caminhos, n'uma grande profundidade se cruzam em diferentes
direcções, abrindo em imensas bocas que vem sair à superfície, e são um perigo
para os viandantes descuidados.
......Quantos
pensamentos não nos trás a vista de tão gigantescas obras, por ali passou o
génio de homens grandes empreendedores que deixaram o seu nome sem memória
ligado a uma obra imorredoura.
......E
o livro A Villa de Vallongo continua
a narrativa sobre as minas da Serra da Santa Justa, ou
Serra da Cuca-Ma-Cuca, até ao final do Capitulo II.
Mas
agora vou voltar novamente para a Rua do Visconde Oliveira do
Paço, e
vou continuar o meu caminho até ao
palacete do Visconde, em Sobrado.
Aqui
neste local depois da linha férrea, ainda existe um troço antigo da Rua do Visconde
Oliveira do Paço.
Continuando
pela Rua
Visconde Oliveira do Paço, passo para montante do viaduto da Linha Férrea do Douro.
A
montante do viaduto do comboio passa o Ribeiro da Lameira Ferreira, foi à volta
deste local que os árabes se terão estabelecido quando chegaram a Valongo no
ano de 716, conforme diz no livro A Villa de Vallongo.
Aqui
neste local o Ribeiro da Lameira Ferreira entra num túnel, passa por baixo do viaduto,
e só volta a ver a luz do dia nuns campos já próximo da Ponte da Presa.
Agora
vou seguir pelo antigo caminho na direcção da Quinta da Queimada, este antigo caminho é
muito bonito mas agora já ninguém passa por aqui.
Agora
vou pelo antigo caminho na direcção da Quinta da Queimada.
No antigo caminho na direcção da Quinta da Queimada.
No antigo caminho na direcção da Quinta da Queimada.
A chegar à Quinta da Queimada.
Ponho
muitas fotografias da Quinta da Queimada, porque se olharmos para uma
antiga fotografia de Valongo vemos que antigamente só existiam casas à volta da
estrada nacional, tudo o resto à volta eram quintas de cultivo.
Ainda
conheci muitas dessas antigas quintas, mas actualmente só existe mesmo a Quinta da Queimada, e mesmo essa não sei quanto tempo mais irá
resistir.
Se
olharmos bem para esta antiga fotografia de Valongo, vemos que antigamente só
existiam casas à volta da Estrada Nacional 15, antiga Estrada Real 33, e tudo o
resto à volta eram quintas de cultivo.
Mas agora vou continuar o meu caminho até ao meu destino final,
que é a casa do Visconde, em Sobrado.
Com
a passagem da auto estrada A4, todos os antigos caminhos que seguiam
na direcção dos montes para o lado de Quinta Rei foram cortados.
Agora
para passar para montante da A4 só existe este túnel, que dá acesso à
Biblioteca e ao Continente de Valongo, que foram construídos nos terrenos das antigas Minas do
Galinheiro.
É este o túnel dá acesso à Biblioteca e ao Continente de Valongo, que foram construídos nos terrenos das antigas Minas do Galinheiro.
As antigas Minas do Galinheiro ocupavam uma àrea enorme, conhecia bem este local, íamos para lá muitas vezes, íamos pescar e nadar para uma cratera a que chamávamos o arrasamento.
O arrasamento com lhe chamávamos era uma enorme cratera com mais de 300 metros de diâmetro, que foi o resultado do aluimento de vários poços de minas que aconteceu no ano de 1905.
No
fundo do arrasamento existia um lago com o mais variado tipo de
peixes, desde Carpas, até peixes de aquário, os meus colegas mais corajosos iam
nadar, mas eu nunca meti um pé na água porque aquilo metia medo, o lago para
além de ser muito fundo, também era muito perigoso, porque tinha pedras muito
afiadas.
Mas
a passagem da autoestrada por este local acabou com todo este património
histórico, que nos tinha sido deixado pelos nossos antepassados, onde muitos
terão morrido devido a acidentes ou a doenças profissionais, tudo foi destruído
sem ter sido feito nenhum registo vídeo ou fotográfico, como se tivessem
vergonha da nossa história.
A
seguir vou pôr algumas notícias de acidentes publicadas nos Jornais da
época.
......No jornal O Primeiro de Janeiro de 27 de Abril de 1869, vem publicada
uma crónica enviada pelo correspondente de Valongo, cujo titulo é:
......Mais um morto.
......A exploração de lousa continua a fazer-se como se fazia antes, o operário é colocado perante a rocha, maneja as ferramentas segundo o seu instinto e morre ingloriamente, sem sequer ter conhecimento da sua falta de formação.
......O trabalho abunda, não faltarão novos braços para substituir os que caíram exangues, vitimados por acidentes estúpidos.
......No passado dia 23, por volta das sete horas da manhã aconteceu nesta vila um desastre nas minas de Lousa do Galinheiro, que causou a morte repentina dum trabalhador.
......A
falta de cautela e as facilidades são a causa de acontecerem estas
desgraças.
......O que aconteceu foi o seguinte:
......Os homens que conduziam pelo caminho de ferro um carro vazio de tirar o entulho da mina, deram-lhe mais força do que a precisa, e a espera que era pequena não pode com o embate, e deixou saltar o carro, caindo este dentro da mina, apanhando um desgraçado, que procurando os meios para ganhar a vida honradamente pelo trabalho, encontrou a morte instantaneamente.
......A
falta de cuidado e de prevenção são a causa de acontecer estes sinistros,
torna-se por isso necessário que a autoridade cumpra o dever humanitário de
inspeccionar estas obras e remediar quando possa esses males, que quando
prevenidos podem evitar-se.
......No
Jornal O Primeiro de Janeiro, do dia
4 de Julho de 1884, vem a notícia de mais um acidente que deixa qualquer
pessoa comovida, o titulo da notícia é:
......A Morte nas Louseiras.
......No dia um do corrente mês, era uma terça-feira, quando pelas 3 horas da tarde, desabou no Alto Sobrido em Valongo, parte de uma padieira de Lousa, ficando sepultados sob as ruínas os operários Manuel da Silva Correia e um filho de 15 anos.
......Tirou-se debaixo das pedras os cadáveres dos dois infelizes, o primeiro com a cabeça decepada, o crânio a pouca distância do tronco estava completamente esmigalhado, o segundo estava com os intestinos de fora.
......O chefe de família deixa na miséria a mulher e mais cinco filhos.
......No Jornal de Noticias do dia 24 de Abril de 1926, vem a notícia da morte de mais um Mineiro, o titulo da notícia é:
......Minas de Lousa, a Morte de mais um Mineiro.
......Eduardo Moreira, era conhecido pela alcunha Eduardo Sardinheiro, casado, faleceu ontem, terça-feira pelas 18 horas, um calhau desprendeu-se e bateu-lhe no peito.
......O acidente ocorreu pelas 18 horas do passado dia 21, o trabalhador estava num banco de lousa fazendo-lhe um corte inferior.
......A Empresa era a Companhia Inglesa.
......Apesar
de pobre, o trabalhador era um homem muito considerado na região.
Antiga moto-serra que está em exposição na Empresa de Lousas
de Valongo.
......A
seguir vou pôr um excerto de uma entrevista, dada por um mineiro das minas de
ardósia, que me deixou comovido.
......O mineiro começa a contar a sua história assim:
......O
meu pai trabalhava de agricultor e a minha mãe ajudava-o na lida da casa, como
é de ver comecei a minha vida naquilo, ajudando-o.
......Durante
uns tempos andei a correr os montes, andei a cortar mato e a segar penso para o
gado, pois então.
......Quando
deitei asas abalei para as pedreiras, tinha eu 18 anos, fui mineiro, andei no
fundo das louseiras, fiz isso durante uns vinte e três anos, fiquei gasto, mas
nunca me aleijei, tive sorte.
......A
minha mulher também era das lousas, era das lousas para a escola, trabalhava na
fábrica da Catarina, junto à estação dos comboios de Valongo, ela era conhecida
como a Maria Bolota.
......O
nosso casamento feito ao pobre, foi na Igreja Matriz de São Martinho, tivemos 3
filhos.
......O
meu sogro também era da mina, trabalhava na Louseira
da Milhária, era aplainador, morreu do coração.
......Coitado
morreu como os outros, morreu atacado do pó, mas
não sei o que escreveram na certidão de óbito, nem a sentença que depois
ditaram, porque a história não reza assim.
......Olhe
amigo do pó morremos todos, morreu o Zé Cascalho, o Zé Vinte e Oito, o Tone
Marques, o João Gadelho, a maioria dos mineiros tem um fim idêntico.
......A vida de Louseiro era feita de perigos, uma
vez andávamos a cortar a fraga, um colega estava a aliviar a pedra que estava
entrancada, meteu-lhe a panca, soltou-se uma lasca muito grossa que lhe veio
bater na nuca, nas frontes e ele tombou logo.
......Eu
estava perto, mas nada adiantou, ficou como um passarinho, foi só levantá-lo,
mete-lo no caixão do entulho, e a vida na mina continuou, como se nada tivesse
acontecido.
......Sabe
como é, foi por volta do meio-dia, fizeram um truque como se tivesse saído vivo
de dentro da mina, e daí levaram-no para o hospital, havia aquela treta entre
os patrões e o seguro, também era o dia do pagamento.
......A
féria mal dava para comer, era à certa, havia entre o pessoal muita indiferença
perante os acontecimentos, aceitava-se tudo como um fatalismo dos pobres.
......Mas
houveram muitos mais que tombaram, que morreram, o pai do Loureiro caiu lá
abaixo, perdão minto, foi ele e o filho.
......Às
vezes dizia cá para mim, qualquer dia acontece-me o mesmo.
......O
meu amigo está a escrever tudo que estou a dizer, mas olhe que embora eu
gostasse não lhe posso dar um relato de tudo o que lá vivi, mas posso dizer-lhe
que de 100 homens podia morrer um por dia, de desastre, do pó, de doença, ou de
outra coisa qualquer provocada pela Lousa.
Antiga
fotografia da pedreira da Sociedade Louzífera do
Outeiro, onde
vemos as correntes do guindaste a retirar um cepo de ardósia do fundo mina.
......O mineiro continua a contar a sua história:
......Desse
batalhão não escapava um, e sabe porquê, por cima da gente passavam umas
correntes agarradas às pedras, que eram puxadas da superfície pelo cabo dum
guindaste.
......Naquele
tempo haviam umas macacas, e ia tudo suspenso pelo ar, bastava partir-se a corrente ou o cabo do guindaste, e
a pedra vinha por ali abaixo, se apanhasse algum desgraçado esmagava-o.
......Mas
o que nos valia era que a gente já conhecia o mal e punha-se de guarda, de
atalaia, e quando acontecia algum rompimento do cabo ou da corrente a gente
dava um grito de desespero, "guarda", e
cada um acautelava-se como podia.
......Mas
mesmo assim aconteciam muitos acidentes, era uma vida ruim, poucos eram os
homens que chegavam aos cinquenta anos.
......As
pessoas de fora quando passavam por aqui até costumavam dizer, caramba em
Valongo só se vêem mulheres vestidas de negro.
As minas do
Galinheiro acabaram por tomar este nome, porque de tempos a tempos no meio de um
bloco de ardósia aparecia uma pedra em forma de ovo.
Como
dá para entender se no meio de algum destes enormes paralelepípedo de ardósia,
que eram tirados do fundo da mina aparecer uma pedra em forma
de ovo, até
deve ser uma coisa engraçada, mas a pedra fica completamente desperdiçada.
......Na página 332 do livro A Villa de Vallongo,
publicado em 1904, diz o seguinte sobre as minas do Galinheiro:
......Desde
tempos imemoriais a Louza era
aqui, e pelas freguesias vizinhas aproveitada para os mais diversos usos.
......A Louza é utilizada para fazer soletos usados na cobertura de casas, para fazer algerozes e ladrilhos, é utilizada nas eiras e nos enfaixamentos.
......Mas
a sua extracção é feita de um modo muito custoso, pouco aperfeiçoado, e
até cheio de perigos, e assim continuava a ser, quando em meados do século
passado, em 1865 se formou a companhia inglesa The Vallongo Slate
& Marbles Quarries Company, Limited.
......Esta companhia inglesa The Vallongo Slate & Marbles Quarries Company, Limited, montada com um grande e valioso capital, deu desde logo um grande desenvolvimento aos seus trabalhos, tornou muito conhecidos os produtos que explorava.
......Produtos esses que devido a aparelhos poderosos, aperfeiçoava e polia, que, conhecidos os magníficos resultados da laboração da Louza, muitos começaram a explora-la com grande empenho e esforço, tendo-se nessa altura multiplicado o número de minas, minas essas que mais tarde em grande parte foram sendo absorvidas pela mesma Companhia.
......Esta Companhia trás em circulação hoje, 1904, cerca de mil contos de Reis, possui as Minas do Galinheiro, as Minas dos Cardosos, as Minas do Valle de Amores, e as Minas do Susão.
......Exporta por dia mais de quarenta toneladas de ardózias que vende por 8$000, oito mil réis, a tonelada, emprega para cima de quinhentos operários, só nas Minas do Galinheiro gasta por quinzena 1.180$000, um milhão cento e oitenta mil réis em remunerações, 120$000, cento e vinte mil réis em madeiras, e 170$000, cento e setenta mil réis em combustível para as caldeiras das máquinas.
......Na página 333 do livro A Villa de
Vallongo, de 1904, continua a dizer sobe a mina do Galinheiro:
......A mina do Galinheiro começou em 1865, como
consta da escritura de emprazamento, feito a 15 de Março do mesmo ano, sendo
pagos 225$000, duzentos e vinte e cinco mil reis à Câmara Municipal por Eduardo
Ennor, membro da respeitável família Ennor, cujo representante hoje é o ilustre
cavalheiro comendador Carlos Ennor cujo nome está ligado a Vallongo por muitos
actos de benemerência.
......Pela
mesma época essa companhia trazia para mestre e director da mina o excel. Snr.
João Welch conhecido por mestre João, que pode dizer-se tem sido o pai dos
operários d’esta mina, e também devido à sua fina inteligência e sábia
direcção.
......Os
trabalhos iniciados tomaram tal desenvolvimento, que em 1880 já a Lousa era
exportada em grande quantidade para o estrangeiro.
......Consultando
a estatística da Alfândega do Porto desse ano, verificamos que a exportação de
Lousa ocupa 13º lugar.
......Tendo
sido exportados para o Brasil, para a Dinamarca, para o Grã Bretanha, e para a
Rússia, um total de 214,482 toneladas de lousa, com um valor de 1720$000, um
milhão setecentos e vinte mil Réis.
Nos
terrenos onde existiram as Minas do Galinheiro existem hoje duas
rotundas, e para ficar como recordação para as gerações vindouras, na primeira
rotunda foi uma máquina e um guindaste das antigas minas, e na segunda foi
mantida a antiga chaminé dos fornos das minas.
E cá está em todo o seu esplendor a chaminé das antigas minas do Galinheiro.
A base da chaminé das antigas minas do Galinheiro.
A
máquina de um guindaste das antigas minas, que também foi montada na
primeira rotunda do Continente.
A
máquina e o guindaste das antigas minas do Galinheiro, na
primeira rotunda do Continente.
E agora vou começar a subir o monte do Alto Sobrido, para ir até
à Rua de São João de Sobrado, onde está o palacete do Visconde Oliveira do
Paço.
Logo
no início da subida ainda existem os muros, de algumas casas das antigas
Minas do Galinheiro.
Nesta
zona do Alto Sobrido, ainda existem algumas minas escavadas na
horizontal do monte, antigamente essas minas serviam como reservatórios de água
para abastecer Valongo.
De entre essas várias minas destaco, e vou mostrar a Mina do
Saldanha pela sua dimensão.
E
cá está a entrada da Mina do Saldanha no Alto Sobrido.
E
cá estou eu na entrada da Mina do Saldanha.
Sempre
que venho a esta Mina do Saldanha, e já foram muitas vezes, seja no Inverno ou no
Verão, encontro-a sempre tal como hoje, com água até ao topo, com mais de 2
metros de altura de água.
E
agora falando pela voz de um colega, que em conjunto com os Bombeiros de Valongo já
explorou esta mina várias vezes, ela é digna de ser visitada.
Ainda
segundo esse colega que é espeleólogo, esta mina tem 50 metros de cumprimento
por 10 de largura, tem um tecto muito alto, ao fundo tem uma espécie de altar,
e no lado direito tem uma galeria que segue pelo interior do
monte.
Fazendo
fé no que este meu colega, esta mina do Saldanha é um enorme reservatório de
1000 m3 de água, 50 x 10 x 2 = 1000 m3.
E
cá está a Mina do Saldanha com mais de 2 metros de altura de água.
A
mina do Saldanha era privada, ela servia para abastecer de água a Quinta
do Saldanha, que fica na Rua Alves Saldanha, a cerca de 1,5 km.
A
família Alves Saldanha dona da quinta do Saldanha deve ter sido uma família
muito importante em Valongo, para lhe ter sido atribuída o nome de uma
rua.
Da
base da mina sai este tubo metálico com 70 m/m de diâmetro, que percorria
mais de 1,5 km para abastecer de água a quinta, e o fontanário da Rua Alves
Saldanha.
O
tubo metálico da Mina do Saldanha.
As
casas da quinta do Saldanha, na Rua Alves Saldanha.
O
fontanário da quinta do Saldanha, na Rua Alves Saldanha, que também era
abastecido pela mina desde o Alto Sobrido a 1,5 Km.
Mas agora vou começar a subir o monte, e prometo que só vou parar
no palacete do Visconde, na Rua de São João de Sobrado.
A subir o monte, a caminho do palacete do Visconde.
A subir o monte.
Nesta
antiga fotografia tirada na encosta em frente, da Senhora das Chans,
conseguimos ver o caminho que subia o monte pelo Alto Sobrido a caminho de
Sobrado.
Valongo
lá ao fundo.
Valongo
lá ao fundo.
Valongo
lá ao fundo.
Estou
mesmo a chegar ao topo do monte.
No
topo do monte com Valongo lá ao fundo.
Agora
só falta fazer este percurso numero 5, até à Quinta do Paço, na Rua
de São João de Sobrado, onde está o palacete do Visconde Oliveira do
Paço.
Sempre
que passo o cume do monte para o lado de Sobrado, digo que vou para Quintarrei, não sabia qual a origem desse nome.
......Procurei no livro A Villa de Vallongo, e na
página 370 encontrei a explicação do porquê de este lado do monte se
chamar Quintarrei:
......Quintarrei, esta palavra é a corrupção de Quinta do Rei, porque a tapada que tem este nome, situada
desde o alto dos montes ao norte do Susão com a altura de 306 metros até
Sobrado e Agrella, é um prazo antigo feito ao Capitão Alexandre José Ferreira
Porto, da Villa de Vallongo, datado de 1768, com autorização do Rei, d'onde lhe
viria o nome.
Agora
já estou a descer, a caminho da Rua de São João de Sobrado.
Lá
ao fundo já vemos a auto-estrada A41.
Continuo
a descer a caminho de Sobrado.
No
fim desta descida chego à Rua de São João de Sobrado, que é o meu
objectivo, e vou visitar o palacete do Visconde.
E já estou na Rua de São João de Sobrado, na Quinta do Paço, ali à frente já vemos o palacete do Visconde.
Nesta
antiga fotografia onde podemos ver como era o palacete no tempo em que era
habitado pelo Visconde, este palacete foi construído no ano de 1864.
Espalhados
pela quinta do Paço existem várias obras de arte, como este tanque de água onde
estão gravadas as letras VOP, Visconde Oliveira do Paço.
Nesta
fonte de água tem gravado VOP, Visconde Oliveira do Paço, 1888.
Na
quinta existem vários edifícios tipo espigueiros, que deviam servir para
armazenar cereais.
Como
as portas do palacete estavam abertas, e como me disseram que a quinta foi
adquirida pela Câmara Valongo, resolvi entrar para tirar umas fotografias do
interior.
A seguir vou por essas fotografias que tirei no interior do
palacete.
Como seria de
esperar o interior do palacete está todo em ruínas.
No piso térreo existem alguns quartos, que deviam servir para os trabalhadores, tem 2 lagares e 2 prensas, que deviam servir para pisar e espremer uvas ou azeitonas.
Existem também algumas divisões com prateleiras, que deviam servir para armazenar
batatas, cebolas, milho, etc.
Ainda no piso térreo.
Uma divisão com
prateleiras que deviam servir para armazenar batatas, cebolas, ou outra coisa
qualquer.
Um dos lagares, que devia servir para pisar uvas, para vinho.
Duas
prensas de fuso, que deviam servir para espremer uvas para vinho, para fazer bagaço
ou jeropiga, ou também podiam servir para espremer azeitonas para fazer azeite.
Ainda
as colunas de granito onde está apoiado o primeiro andar.
O palacete tem 3 pisos.
......No piso térreo ficavam os lagares, as prensas, os quartos para os trabalhadores, e as divisões com prateleiras, que deviam
servir para armazenar batatas, cebolas, etc.
......No segundo piso, que tem uma escada interior, e outra
directa da rua, era o piso principal, onde o Visconde habitava com a família,
tem quartos, sala, cozinha, quarto de banho, etc.
......No terceiro piso, nas águas furtadas deviam ficar os
alojamentos das empregadas internas da casa.
......Mesmo a meio do palacete, por
cima das águas furtadas, tem uma enorme clarabóia, que ilumina os 3 pisos, por
isso deduzo que na casa só devia ser necessário acender as velas à
noite.
Nesta fotografia vemos a escada interior que vai do piso térreo ao segundo piso, onde devia ser a habitação do Visconde.
......Nesta fotografia podemos ver no topo do
palacete, a clarabóia, que iluminava os 3 pisos.
A clarabóia no topo que iluminava os 3 pisos do palacete.
No segundo piso, por baixo da clarabóia existe esta abertura protegida por uma balaustrada de madeira, que deixava passar a luz para os três pisos da casa.
As fotografias do segundo piso e das águas furtadas, que ponho a seguir foram tiradas cá de baixo, porque como se pode ver é impossível ir até lá acima, está tudo a ruir.
Nesta fotografia vemos as molduras em gesso do tecto, e a porta de uma divisão do primeiro andar, onde seriam os aposentos da família do Visconde.
Vemos as molduras em gesso do tecto no primeiro andar, onde seriam os aposentos da família do Visconde.
Nesta fotografia vemos as guarnições das portas e a moldura em gesso do tecto de uma divisão do segundo piso, onde seriam os aposentos da família do Visconde.
O primeiro andar visto de cá de baixo.
O primeiro andar visto de cá de baixo.
O primeiro andar visto de cá de baixo.
Nesta fotografia vemos as escadas de acesso às águas furtadas, ou sótão, onde deviam ficar os aposentos das empregadas da casa.
Este palacete faz-me lembrar a casa da Luísa, que o Eça de Queiroz descreve com grande pormenor no romance "O Primo Basílio".
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O 1º Visconde d'Oliveira do Paço
António Martins Oliveira
Nasceu a 12-08-1835
Faleceu a 23-06-1889
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A 1ª Viscondessa d'Oliveira do Paço
Dona Joaquina da Costa Ferreira Oliveira
Nasceu a 27-02-1843
Faleceu a 11-11-1887
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Para além de um belo trabalho, passei a conhecer coisas que desconhecia. Parabens e obrigado
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