Uma viagem
pela história de Vallongo.
Muitos textos
e algumas fotografias que vou utilizar nesta publicação, são do
livro A Villa de Vallongo, livro publicado em 1904 pelo padre Joaquim Alves
Lopes Reis, um cidadão nascido em Vallongo no ano de 1871.
Desde à muitos
anos que coleciono fotografias e coleções de postais, que
periodicamente vão sendo emitidos pelo Arquivo Histórico de Valongo.
E quando me
ponho a olhar para essas antigas fotografias vejo que Valongo está muito
diferente, por isso resolvi fazer esta publicação onde vou fazer
uma comparação de como eram alguns dos locais, e como estão actualmente.
E já agora como sou
natural de Valongo, cidade onde nasci e sempre vivi, também vou contar um
pouco do que sei sobre a história de alguns dos locais, e de alguns edifícios
por onde vou passar.
O percurso
histórico que vou fazer é de cerca de 1 km, vou começar
na Rua de São Mamede, vou seguir pelo centro de Valongo, pela estrada nacional
15, antiga estrada real 33, e vou terminar na estação dos Caminhos-de-ferro de Valongo, e
pelo caminho vou fazendo alguns desvios, mas sem me desviar muito do
trajecto principal.
Conheço
relativamente bem, e gosto muito de cada um dos lugares por onde vou passar,
todos eles me trazem recordações da minha infância, e de muitos familiares e
amigos já desaparecidos.
Começo esta grande
viagem pela história de Vallongo
com esta fotografia, que está na página 34 do livro A Villa de Vallongo.
Nesta fotografia
vemos como era a Rua de São Mamede nos finais do Século XIX.
......Agora esmiuçando
esta fotografia começando pelo lado esquerdo vemos uma Casa Apalaçada, que infelizmente
foi demolida em 1960 para dar lugar a uma área comercial, falarei dela mais à
frente.
......A seguir
vemos o
antigo Edifício dos Paços do Concelho, nas janelas do piso térreo
ainda vemos as grades de ferro da antiga Cadeia de Valongo.
......Depois a
seguir vemos a Capela de São Bruno, que é encimada por uma Cruz.
......E se olharmos
bem, por cima do antigo edifício dos Paços do Concelho conseguimos
ver as
torres da Igreja de Valongo.
......Continuando
a esmiuçar esta fotografia mas agora começando lá no fundo, no
lado direito da rua vemos o cruzeiro que encimava a antiga Ponte
Carvalha, que foi destruída devido a uma grande inundação conforme contarei mais
à frente.
......A meio da rua
no lado direito vemos um grupo de pessoas a conversar entre o café
Ribeiro e a casa da Sra. Odete, aí começa uma rua que começou por ter o nome de Rua Oliveira Zina, nome que mais
tarde foi alterado para Avenida Dom Carlos I.
......Mas no ano de
1936, quando da passagem do primeiro Centenário da criação do Concelho de
Valongo, foi decidido que o largo que se abre no início desta rua, passasse
a ser chamado Largo do Centenário, nome que se mantém até aos dias
de hoje, também falarei dele mais à frente.
......E como podemos
ver passados que estão mais de 120 anos a varanda ainda é
a mesma.
......Vemos que
todos os edifícios deste troço da Rua de São Mamede foram preservados, à excepção
da Casa Apalaçada que ficava onde agora
existe este edifício envidraçado, que está destinado ao comércio.
......Vemos também que
lá ao fundo no lado direito já não existe a antiga Ponte Carvalha, que era encimada
por um Cruzeiro porque ela foi destruída, conforme contarei à frente.
Ano de 2019, foi da varanda deste edifício que foi tirada
a fotografia que está na pág. 34 do livro A Villa de Vallongo.
Um jovem a
pescar no Rio Simão junto à Ponte Carvalha, esta esta fotografia está na página 103 do
livro A
Villa de Vallongo.
Acho que o
objectivo de quem tirou esta fotografia deve ter sido mostrar o jovem a pescar
no rio, conforme poderemos ler num texto que porei mais à frente, nesta altura no Rio
Simão existiam muito boas enguias, e a pesca era um dos passatempos das tardes de Verão em
Valongo.
......Na página 367
do livro A
Villa de Vallongo diz o seguinte sobre a Ponte Carvalha:
......Ponte
Carvalha, ponte onde atravessa a Estrada Real na Rua de São Mamede, data
de 1758 e foi mandada fazer pelo regedor, e provedor perpétuo do Porto, Dom
Francisco de Almada e Mendonça, que também reformou e calcetou a estrada que
aqui passa do Porto a Amarante.
......E' feita de
cantaria em arco com um diâmetro de 4 metros, é encimada por uma Cruz de pedra
elegante e bem trabalhada, com sinais de em tempos ter tido na base
uma caixa onde os viandantes deitavam esmolas.
......Chama-se
Carvalha, porque n'este lugar terá existido um carvalho de desmedida grandeza e
grossura, porém antes d'esta existiu uma outra ponte mais grosseira e
pequena, de que já há memória em 1590, pois que já n'esse tempo se falava na
Ponte Carvalha.
......O facto de estar uma Cruz em cima da Ponte quer talvez significar o pensamento d'uma inscrição que em Villa Nova de Ourem está gravada n'uma Cruz alevantada nas mesmas condições, e que diz assim:
......Que quer dizer uma Cruz em uma ponte?
......Podeis crer que são duas pontes, por aquela se vai ao céu, e por esta se passa o rio.
......Na página 224
do livro A
Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre o trágico acontecimento que destruiu esta Ponte
Carvalha:
......Um
acontecimento trágico veio paralisar por algum tempo o aumento progressivo
d'esta Villa e causar a seus habitantes terríveis prejuízos, foi a
inundação de 7 de Novembro de 1876.
......Era ao cair da tarde de um dia de pesado inverno e o trovão ribombava continuo e atroador, semeando nos espíritos o horror e o medo.
......A chuva desde a manhã impertinente e grossa começou a cair a potes, fazendo lembrar a frase da escritura, quando diz que se abriram as cataratas do céu.
......Ao fim de uma
hora talvez, quando todos os caminhos já pareciam verdadeiros ribeiros,
temerosos e horrorizados os habitantes de Vallongo lamentavam tristes e aflitos
a desgraça própria e alheia, principalmente a dos padeiros, que por ser dia de
sábado ainda estavam para o Porto, e outras terras circum-vizinhas.
......O caudal do
ribeiro da Ponte Carvalha aumentando imensamente, tornava-se caudaloso, e
estendia as suas águas já pela Rua de São Mamede.
......A este tempo o forte embate da
corrente faz ruir a casa contigua, que hoje pertence ao Sr. Manuel Ferreira das
Neves, os destroços do edifício arrastados foram obstruir quase por completo o
olhal da ponte, por onde como por um sorvedouro horrendo, se sumiam com medonho
estrondo.
......O ruído que
causou esta derrocada em noite tão tempestuosa e má, juntamente com o repentino
crescer das águas, que chegaram a atingir próximo da ponte a altura de três
metros, causou um momento de temor, que ainda hoje se não pode recordar, sem
algum estremecimento, ouviram-se por muitas partes gritos lancinantes e
aflitivos.
......As grandes pedras de granito, que formavam as guardas da ponte foram arremessadas até junto dos prédios que ficam de fronte, ao outro lado da rua.
......Os prejuízos foram enormes, talvez dezenas de contos de réis, e tão lamentáveis, que foi formada no Porto uma comissão, por iniciativa de Sua Majestade a Rainha Dona Maria para angariar esmolas a fim de socorrer as vitimas das inundações, d'aquele inverno horroroso em todo o País.
......O presidente dessa comissão o Cardeal D. Américo, de ilustre memória, veio em auxilio dos prejudicados com a quantia de 1.200$000 (um milhão e duzentos mil Reis), que foi distribuída pelos mais necessitados.
......E reparados
os males causados continuaram os melhoramentos da Villa.
O cruzeiro da antiga
Ponte Carvalha foi
colocado aqui no caminho perto da capela da Santa Justa.
Nesta
fotografia da primeira metade do Século XX, vemos 3 senhores em cima da
ponte que substituiu a antiga Ponte Carvalha.
Esta fotografia
foi tirada mesmo no topo da Rua de São Mamede, com vista para o antigo edifício
dos Paços do Concelho.
Ano de 2018, fotografia tirada em cima
da Ponte Carvalha, com a mesma
vista da foto anterior e como podemos ver os edifícios ainda são os
mesmos.
......Na
página 372 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre o
Rio Simão, que passa aqui na Ponte Carvalha:
......Rio
Simão é o rio que aí passa, recebe as águas do Ribeiro do Cambado, e antes da
linha férrea era o mesmo ribeiro que de Centiaes vinha a Fontelos no
Susão, donde corria por Contenças a caminho de Vallongo.
......Isto fazia com que este Rio tivesse sempre águas, e moesse em
vários moinhos quase todo o ano, e criasse muito boas enguias cuja pesca era um
dos passatempos das tardes de Verão, hoje só não seca desde o Borbulhão em
diante, é porém, no Inverno muito caudaloso e por vezes tem causado imensos
prejuízos.
Ano de 2018, no local onde existiu a Ponte Carvalha, existe agora este túnel por onde entra o Rio Simão, que só volta a ver a luz do dia 500 metros mais à frente, nas traseiras do Museu Municipal.
Ano de 2018, é esta a ponte que existe agora no local onde existiu a Ponte Carvalha.
Ano de 2018, lá ao fundo no lado esquerdo, vemos as grades verdes no local onde existia a antiga Ponte Carvalha.
Ano
de 2018, como iremos ver
na foto a seguir, até meados do Século XX, o local onde hoje existe este
jardim, com este bonito lago em forma de coração ainda estava ocupado por
casas.
Como podemos ver nesta antiga fotografia da Rua de Sousa Paupério, lá ao fundo no lado esquerdo ainda existem
casas, onde hoje existe o tal jardim que tem um lago em forma de coração.
Neste
tempo, como vemos a estrada nacional ainda não seguia pela escola do Conde
Ferreira, ainda vinha na direcção da Igreja, donde depois seguia a caminho do Porto, pela estrada velha.
Ano de 2018, como tinha dito lá atrás, o Rio Simão depois de entrar no túnel da Ponte
Carvalha só volta a ver a luz do dia, aqui nas traseiras do Museu
Municipal.
Aqui
neste local o Rio Simão começa a ter o dobro do caudal, porque como
podemos ver recebe as águas do Ribeiro da Igreja.
Agora vou
voltar para o meu trajecto principal, e vou começar a descer a Rua de São Mamede, estrada nacional 15, antiga estrada real 33.
Ano de 2018, e começando a descer a Rua de São Mamede vemos que as casas ainda são as mesmas de
antigamente.
Na
segunda casa que tem azulejos amarelos antigamente era o Registo Civil, e na terceira que tem azulejos azuis era
o Cartório Notarial.
Continuando
a descer a Rua de São Mamede, logo à frente chegamos ao cruzamento que dá
acesso ao Largo do Centenário.
Ano de 2018, este primeiro cruzamento da rua de São Mamede dá acesso ao Largo do Centenário, no lado esquerdo fica o Café Ribeiro, e no lado direito a casa da Sra. Odete Casimira.
Esta
rua que aqui começa foi aberta em meados século XIX, para fazer uma ligação directa de Valongo a Alfena.
É esta a placa existente na entrada do Largo do Centenário.
Ano de 2018, no topo do Largo do Centenário.
No topo do Largo do Centenário existe esta placa informativa que conta a sua história.
Antiga fotografia, onde vemos um grupo de jovens a descer a Avenida D. Carlos I, que actualmente se chama Largo do Centenário.
Ano de 2018, fotografia tirada exactamente no mesmo lugar e com o mesmo enquadramento da foto anterior, na entrada do Largo do Centenário.
......Na página 350 do livro A Villa de Vallongo diz o seguinte sobre a Avenida D. Carlos I, que aqui começa:
......Avenida D. Carlos I, é a avenida que saindo da Rua de São Mamede segue a estrada de Alfena.
......A
estrada de Alfena ao entrar na Villa dava tantas voltas como uma linha no
bolso, e já se ia a consumar uma obra tão desastrada, quando o Exm. Snr.
António Alves de Oliveira Zina, eleito Presidente da Câmara, mandou abrir a
nova Avenida que hoje tem este nome.
Mesmo
no topo do Largo do Centenário fica a antiga escola primária
do sexo feminino.
......Na
pág. 213 do livro A Villa de Vallongo diz
o seguinte sobre esta, e outras escolas que foram criadas em Valongo:
......Em
1851 foi criada uma aula do sexo feminino, sendo também criadas
outras escolas pelas freguesias.
Ano de 2018, a antiga escola do sexo feminino
já não funciona como escola primária.
No
início do século XX, foi decidido fazer no Largo do Centenário
um novo quartel para os Bombeiros
Voluntários de Valongo, e um teatro a que foi dado o nome de Theatro Oliveira Zina.
Um
esboço do quartel dos Bombeiros Voluntários de Valongo, e do Theatro Oliveira
Zina, que foi
edificado no Largo do Centenário.
Antiga
fotografia do Largo do Centenário, onde
vemos o quartel dos bombeiros, o Theatro Oliveira
Zina, a escola do sexo
feminino, e vemos a Cabina que foi o primeiro posto de
transformação de Valongo.
Vemos
também a casa e os campos do Messona, a casa da Sr. Odete, e o antigo edifício dos Paços do Concelho, mais
à esquerda vemos o casario da Rua Sousa Paupério, por onde seguia a Estrada
Real 33.
Nesta
imagem mais ou menos com a mesma vista da fotografia anterior, vemos a Cabina, que foi o primeiro
posto de transformação de Valongo, e o antigo quartel dos bombeiros, no Largo do
Centenário.
Ano
de 2018, a antigo Cabina
no Largo do Centenário ainda cá está.
Ano de 2018, a antigo Cabina no Largo do Centenário.
Em 1907 foi inaugurado o Theatro Oliveira Zina, no Largo do Centenário.
Antiga
fotografia, onde vemos 3 senhores a passarem na frente do quartel dos
bombeiros, no Largo do Centenário.
Antiga
fotografia onde vemos uma família na frente do quartel dos bombeiros, no Largo do
Centenário.
Outra antiga
fotografia, do Arquivo Histórico Municipal de Valongo, onde vemos um grupo de
bombeiros na frente do quartel dos bombeiros, no Largo do
Centenário.
Viaturas
dos Bombeiros na frente do quartel, no Largo do Centenário.
Viaturas dos Bombeiros na frente do quartel, no Largo do Centenário.
Fotografia
do ano de 1960, onde vemos a viatura com a matricula MN-44-81 dos Bombeiros
Voluntários de Valongo a participar num cortejo que percorreu o centro de
Valongo.
A
viatura com a matricula MN-44-81 dos
Bombeiros Voluntários de Valongo, ainda está no activo.
......No Jornal de Notícias do dia 23 de Maio de 1916, na altura da pandemia saiu uma pequena notícia sobre o quartel dos bombeiros Voluntário de Valongo, que diz o seguinte:
......A delegação da Cruz Vermelha instalada nesta Vila, pediu à direcção dos Bombeiros Voluntários a cedência do seu edifício para no caso de necessidade ser transformado em hospital, pedido a que os Bombeiros acederam.
Posteriormente,
ainda na primeira metade do século XX, foi decidido ampliar o quartel dos
bombeiros, e transformar o Theatro Oliveira Zina numa Sala de Cinema.
O
esboço para a ampliação do quartel dos bombeiros, e transformação do Theatro
Oliveira Zina numa Sala de Cinema.
Esta
alteração implicou que a bonita abobada do teatro fosse demolida, para que o
lado direito ficasse igual ao lado esquerdo, com mais um piso onde ficou o
balcão e a máquina de projecção do cinema.
Esta segunda alteração efectuada no edifício dos bombeiros e no Theatro Oliveira Zina feita durante a primeira metade do século XX, constou do seguinte:
Na ala esquerda foi acrescentado um piso, onde ficaram os dormitórios e todas as outras instalações de apoio para os bombeiros.
Na ala central, ficou a porta de entrada para a Sala de Cinema, no piso térreo existia um bar de apoio ao geral e à plateia, e daí partia uma escadaria para o piso superior, onde existia um amplo bar, e a entrada para o balcão e para a sala da máquina de projecção.
A ala direita que era a mais bonita foi a que mais sofreu, a bonita abobada envidraçada do Theatro Oliveira Zina, foi substituída por um piso para poder funcionar como Sala de Cinema, no piso térreo as três primeiras filas de cadeiras eram o geral, e depois era a plateia, no piso superior ficava o balcão e a máquina de projectar.
......Mas entretanto o que foi acontecendo com este edifício dos bombeiros:
Com o passar dos anos, os Bombeiros Voluntários mudaram-se para um novo quartel na Avenida do Calvário.
A sala de cinema, e o café ainda ficaram a funcionar durante algum tempo, mas depois com o aparecimento de dezenas de salas de cinema nos centros comerciais, o cinema de Valongo também acabou por fechar portas.
Nessa altura o edifício ficou fechado e abandonado durante alguns anos, e claro entrou em decadência.
O edifício ficou abandonado e começou a ser vandalizado.
Ano de 2018, mas como se costuma dizer, não à mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, e
o novo executivo camarário no cumprimento de uma promessa eleitoral, já começou
com a restauração deste edifício, que vai ser transformado num pólo de
desenvolvimento para o Concelho de Valongo.
O
antigo edifício dos Bombeiros, e do Theatro Oliveira Zina, vai passar a
ser a Oficina da Regueifa & do Biscoito de Valongo.
Ano de 2018, e como podemos ver, as obras no antigo edifício dos bombeiros lá vão continuando a bom ritmo, já só existe a fachada que está escorada para não cair.
Ano de 2018, as obras lá vão continuando, agora já não existe o perigo da fachada desabar, o edifício já começa a tomar forma.
Ano de
2020, e finalmente
o antigo edifício dos bombeiros já está concluído, só falta ser inaugurado
parabéns.
Ano de 2020, e cá está a Oficina da Regueifa &
do Biscoito de Valongo.
Actualmente
o Largo do Centenário está destinado a todo o tipo de festas, e
eventos que se realizam em Valongo.
O Natal no Largo do Centenário.
Antiga fotografia, onde vemos um grupo de pessoas a subir o Largo do Centenário, ainda conheci este largo assim com o
fontanário que se vê no lado esquerdo.
Lá
ao fundo já na Rua de São Mamede, vemos a Capela de São Bruno, e o antigo Edifício
dos Paços do Concelho, e no topo do edifício mais à esquerda vemos
uma bonita claraboia, que conforme veremos na fotografia seguinte
infelizmente já não existe.
Ano de 2018, fotografia tirada no mesmo local e com o
mesmo enquadramento da foto anterior.
Lá
ao fundo na Rua de São Mamede vemos a Capela de São Bruno e o antigo Edifício
dos Paços do Concelho, que agora é o Museu e Arquivo Municipal de
Valongo, mas a bonita claraboia do edifício mais à esquerda já não
existe.
Agora
nesta antiga fotografia, vemos como era o movimento de pessoas na Rua de São Mamede nos finais do século XIX.
Esmiuçando esta fotografia, começando no lado direito vemos o antigo edifício dos Paços do Concelho, que hoje é o Museu e Arquivo Histórico Municipal, depois a seguir vemos uma Casa Apalaçada, de que falarei mais à frente.
No
lado esquerdo, vemos a casa da Sra. Odete
Casimira, e lá ao fundo já na Praça Machado dos Santos,
vemos a casa do Sr. João Amaro.
O
antigo edifício dos Paços do Concelho e a Capela de São Bruno, são actualmente
o Museu e Arquivo Histórico de Valongo.
......No
livro A Villa de Vallongo, o edifício
dos Paços do Concelho é citado muitas vezes, a seguir ponho um pequeno excerto de
uma dessas citações que tem o titulo:
......O Cerco
do Porto, e o Rei D. Miguel em Vallongo.
......O Rei D. Miguel a quem não tinham talvez agradado os sucessos da guerra quis com a sua presença animar suas tropas, e, planeado o cerco do Porto, vir dirigi-lo em pessoa ou conhecer mais de perto a traição de seus generais, e com este fim, deixando Lisboa para nunca mais lá entrar, veio com um grande exército sobre o Porto.
......Chegando
às vistas da cidade do Porto, atravessou o Rio Douro em Campanhã.
......Seguindo depois por São Cosme e Fanzeres, entrou pelo Monte Alto em Vallongo, onde acampou com as suas tropas a 5 de Novembro de 1832, e se conservou por espaço de 2 meses hospedado com suas irmãs em casa de Bernardo Martins das Neves, casa onde hoje estão estabelecidos os Paços do Concelho.
......O Rei Dom Miguel em Vallongo era o encanto de toda a gente, principalmente da gente Miguelista que era em maior numero e quase o adorava como um Deus, recebendo-o no meio das maiores aclamações de entusiasmo e saudações de simpatia.
......Nas ruas por onde ele passava, dizem os nossos velhos, reunia-se o povo em grandes multidões que soltavam delirantes vivas ao Snr. Dom Miguel Rei absoluto.
......E realmente, além da beleza de Príncipe, este Rei, embora muito inconstante, tornava-se simpático pelo seu caráter bondoso, afável e acessível a todos com quem tratava, as manchas da sua vida politica, estamos certos d'isso, são mais resultado das sugestões de apaixonados conselheiros do que fruto das suas intenções que eram boas......
Esta fotografia
foi tirada no ano de 2018, no mesmo local, e com a mesma vista da foto
anterior, no cruzamento da Rua de São Mamede com o Largo do
Centenário.
Esmiuçando
esta fotografia, no lado direito vemos a Capela de São Bruno, depois
a seguir temos o antigo Edifício dos Paços do Concelho, a
seguir no lugar da Casa Apalaçada infelizmente
agora vemos um edifício moderno todo envidraçado, que está destinado ao
comércio.
Na
entrada do antigo edifício dos Paços do Concelho, existe esta placa informativa que conta um
pouco da sua história.
Na
Rua de São Mamede, logo a seguir ao edifício dos Paços do Concelho existia este Edifício Apalaçado que eu ainda conheci,
mas infelizmente ele foi demolido por volta de 1960, para dar lugar a uma área
comercial, conforme mostrarei.
Antiga
fotografia de um exercício dos bombeiros, na Rua de São Mamede onde ainda
conseguimos ver o antigo Edifício Apalaçado.
Tenho
que confessar que quando comecei a escrever esta publicação, não fazia a mais
pequena ideia sobre a origem, e qual teria sido a utilização deste Edifício Apalaçado.
Para mim a origem deste edifício era uma grande
incógnita, não sabia se ele teria sido a casa de habitação de alguém
importante, ou se teria sido sempre um edifício destinado ao comércio, por isso
resolvi investigar, para ver se alguém saberia qual a sua origem.
......Claro
que só perguntei a pessoas mais velhas do que eu, e de cada uma das pessoas a
quem perguntei fui sabendo mais coisas sobre esse antigo edifício.
......Por
exemplo através do Francisco Pires fiquei a saber, que o seu tio Manuel tanoeiro, tinha a tanoaria nesse
edifício, e só depois por volta de 1960 é que se mudou lá para baixo, para
a reta do Araújo.
......O
Zé Alves disse-me que havia lá um sapateiro, que era o Sr. Pardal.
......O
Zé Alves também me disse que a loja de fruta do pai do
Sr. Rocha era nesse edifício, só depois, por volta de 1960 é que se
mudou para o outro lado da rua.
......Mas não estava a ser uma tarefa fácil saber qual a origem deste edifício apalaçado, estava quase a desistir, já estava a ficar cansado de fazer perguntas.
......Mas
como costumo dizer não à mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, e
aconteceu aquilo com que eu já não esperava, no mesmo dia duas pessoas
disseram-me sem qualquer hesitação, esse edifício era a Casa das Carruagens.
Antiga alquilaria de carruagens.
A
partir do momento que me disseram que aquele edifício era a casa das carruagens, a minha tarefa tornou-se fácil
porque no livro A Villa de Vallongo, diz
que em Valongo tinham existido duas Alquilarias com boas Carruagens.
......Na
página 396 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre os serviços que existiam em Valongo no século XIX:
......Vallongo
possui de tudo, tem estabelecimentos de primeira ordem, mercearia, lojas de
fazendas, de panos e de ferragens.
......Vallongo
possui restaurantes,
hotéis, cafés elegantemente montados, possui depósitos, armazéns de trigo e
farinhas, possui duas pharmácias, ourivesarias, louçarias, bijuterias, e duas
Alquilarias com boas Carruagens.
Antiga alquilaria de carruagens.
......Uma
das pessoas que me deu a informação sobre a Casa das Carruagens foi o meu tio António, ele nasceu em Valongo no
ano de 1924, ele sabe esta, e muitas outras coisas sobre como era Valongo
noutros tempos.
......Era
o pai quem lhe contava essas coisas, segundo ele o pai era das poucas pessoas
que tinha uma edição do livro A Villa de Vallongo ainda escrita em fascículos separados, antes do
Padre Joaquim ter reunido tudo e ter publicado o livro.
......O
meu tio António contou-me que o ultimo dono do edifício
da Casa das Carruagens era conhecido em Valongo como o Zé dos cães, e
ainda me contou muito mais coisas sobre este senhor, que seria muito mau.
Antiga alquilaria de carruagens.
O
piso superior da alquilaria de carruagens na Rua de São Mamede era uma
hospedaria, onde os viajantes vindos de Trás-os-Montes e Alto-Douro pernoitavam
antes de partirem para o destino final da viagem, que seria a cidade do Porto,
ou Vila Nova de Gaia.
Antiga alquilaria de carruagens.
No tempo em que as
carruagens passavam pelo centro de Valongo, com a azáfama de carregar e
descarregar bagagens, com a chegada e partida das carruagens, Valongo
devia ser muito movimentado.
Antiga alquilaria de carruagens.
Na
altura uma viagem de carruagem de Valongo até ao Porto, seguindo pela
estrada velha devia levar um dia, por isso os viajantes faziam uma última
paragem aqui em Valongo, para descansarem, comerem alguma coisa e vestirem uma
roupinha melhor, para a chegada ao destino final, que seria o Porto e Vila Nova
de Gaia.
Antiga alquilaria de carruagens.
Antiga alquilaria
de carruagens.
Outra
antiga alquilaria de carruagens.
Mas
depois em 1875, a passagem dos Comboios da Linha do Douro por Valongo, veio
acabar com todo esse movimento e azafama, que existia devido à passagem
das Carruagens mesmo pelo centro da vila.
......Na
página 223 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre a passagem da linha férrea do Douro por Valongo:
......A
29 de Julho de 1875 inaugura-se a linha férrea do Douro entre Ermesinde e
Penafiel, a qual passados alguns anos até tem contribuído para um grande
desenvolvimento de Valongo, embora por algum tempo tenha sido um golpe de
morte para o nosso comércio e industria.
......Porque
até ao aparecimento do Comboio, era por Vallongo que passavam todas as
mercadorias e passageiros que do Alto Douro e terras de Trás-os-Montes desciam
para o Porto, seguiam a estrada real nº 33, que d’essa cidade ia a Penafiel, Amarante,
Régua, Chaves e Bragança até à Hespanha.
......E
todos os dias n’esta terra atravessava uma multidão imensa de povo de todas as
condições e estados, almocreves, estafetas, carroças, liteiras com malas
postais, que aqui descansavam, comiam, compravam e vendiam, constituindo aqui
um centro de comercio que muitas vezes fez a felicidade de bastantes
famílias.
......Era
o que fazia dizer aos nossos pais, que à beira da estrada vendendo iscas de dez
réis e meios quartilhos de vinho, pode-se arranjar bem a vida.
......E
podia, porque a primeira estância para refresco dos viandantes, depois da saída
do Porto, era Vallongo, onde também os transeuntes se muniam do afamado pão,
quando iam para aquela cidade.
......A
passagem do caminho de ferro por Vallongo com tudo isto acabou, e, se não
fossem os elementos de vida que esta terra possuía em si, graças ao seu
comércio e exploração das riquezas do seu solo, talvez estivéssemos a registar
na história o decréscimo ou desaparecimento de uma povoação importante, vitima
das maravilhas do progresso.
......Mais
tarde as coisas começaram melhorar, e hoje, (1904), já o caminho de ferro é
fonte de bastantes bens para esta terra, sendo o seu movimento dos de maior
escala que se realizam em toda a linha do Douro.
......A
estação de Vallongo tem quatro vias, duas para passagem dos comboios
ordinários, e outras duas para resguardo dos wagons, que continuamente ali
demoram a carregar e descarregar mercadorias.
......Para
depósito e arrecadação dessas mercadorias à dois cais, um coberto e fechado e
outro descoberto, bem como um crescido numero de empregados para bom desempenho
do serviço.
Mas
agora voltando novamente para o meu trajecto histórico, para a Rua de São Mamede, EN 15, antiga estrada real 33.
Ano
de 2018, onde agora
vemos este edifício envidraçado, antigamente ficava o Edifício Apalaçado
que era uma das duas Alquilarias de Carruagens que existiam em Vallongo.
Ano de 2018, uma família de Valongo guardou algumas pedras, do
edifício da antiga Alquilaria de Carruagens, que
depois utilizou para fazer uns bancos de jardim.
Pelo
bonito trabalhado das pedras com volutas que existiam nos
corrimãos, dá para imaginar a beleza que o edifício devia ter.
Escadarias em granito com volutas.
Escadarias em granito com volutas.
Mas
agora continuando a descer a Rua de São Mamede, logo a seguir à Alquilaria de
Carruagens, ficava o Hotel Central.
Este edifício
do antigo Hotel Central foi
preservado até aos dias de hoje, ainda o conheci como pensão e restaurante,
cheguei a almoçar lá algumas vezes.
Ano
de 2018, como está o
antigo Hotel
Central na
Rua de São Mamede, actualmente está destinado ao comércio.
Ano
de 2018, nesta fotografia
vemos a procissão de São Mamede, que é o Santo padroeiro de Valongo, a passar
no edifício do antigo Hotel Central, na Rua de São Mamede.
Mesmo
em frente ao Hotel Central, no outro lado da rua existia a loja da Fábrica de Bolachas
e Biscoitos Paupério.
No
piso superior deste edifício ainda está o Clube
Recreativo de Valongo, que já fez 117 anos, depois à direita
ainda continua a ser uma loja de fruta, mas já não pertence ao Sr. Rocha, no
piso superior já não existe o Sindicato dos Mineiros, e no último edifício
ainda continua a ser o Café Vale.
Ano de 2018, a loja de biscoitos
Paupério agora fica no mesmo edifício
da fábrica, na Rua Sousa Paupério.
Antiga
fotografia da Rua Sousa Paupério, onde vemos a Fábrica de Bolachas
e Biscoitos Paupério.
A
fábrica Paupério publicou um livro onde é contada toda a história da formação
da sociedade Paupério & Companhia, no ano de 1874.
Neste
livro da fábrica Paupério, é contada a história da vida dos dois sócios
fundadores da Paupério & Companhia.
Fábrica Paupério a fazer bolachas e biscoitos desde o ano de
1874.
No
mesmo edifício onde existia a loja de biscoitos Paupério, abriu a loja de bolachas e
biscoitos Aguiar.
Ano de 2018, a loja de bolachas e biscoitos Aguiar manteve-se no mesmo lugar até hoje, só desapareceu a balança que estava no lado esquerdo.
Antiga
fotografia da Rua de São Mamede, onde vemos o grande movimento de pessoas neste
troço de rua, era aqui neste local que paravam as carruagens antes de ter
sido inaugurada a linha férrea do Douro.
Ano
de 2018, como está a Rua de São Mamede na actualidade, vemos que o movimento de
pessoas é quase inexistente, existem é muitos carros, os edifícios foram sendo
restaurados, mas como vemos ainda são quase todos os mesmos de antigamente.
Considero
esta fotografia muito importante, porque é anterior à abertura da Avenida do
Calvário.
Ano de 2018, fotografia tirada no mesmo local e com a
mesma vista da foto anterior.
Podemos
ver o inicio da Avenida do Calvário, que
como contarei mais à frente estava projectada desde 1894, mas só ficou
concluída em 1960.
Ano
de 2018, é nesta rotunda que
começa a Avenida do Calvário.
O
Café Vale e o restaurante Vale, foram os primeiros edifícios construídos quando
foi aberta a Avenida do Calvário, que como podemos ver nesta fotografia ainda
estava em terra batida.
Quando
em 1960, comecei a frequentar a escola primária do Calvário, a avenida tinha
acabado de ser aberta, ainda estava assim em terra batida.
Durante
muitos anos os terrenos no início da Avenida do Calvário estiveram a monte, era
aí que era montado o Circo, e os carrosséis em dias de festa.
Ainda
me lembro bem da actuação do trapezista Carlos
Avelino, aqui
no início da Avenida do Calvário.
Nessa
altura montaram duas torres muito altas, uma lá em cima, mais ou menos onde
hoje é a rotunda da câmara, e a outra cá em baixo em frente ao café Vale,
depois ele em conjunto com o irmão faziam o percurso entre elas em cima de um
cabo d’aço, fazendo o equilíbrio com uma vara, primeiro faziam o percurso com
os pés, e depois com uma mota.
Mas
depois como este local era muito valioso em termos construtivos, acabaram por
fazer aqui um centro comercial, onde está instalada a Caixa Geral de Depósitos, e perdemos este
magnifico espaço de diversão.
Nesta
antiga fotografia vemos como era o local onde agora temos a Caixa Geral de
Depósitos, antes da abertura da Avenida do Calvário, no lado direito vemos a
casa da Teté e a Drogaria do Cáleiro.
Nesta
antiga fotografia vemos como era sombria a rotunda do Café Vale, onde começa a
Avenida do Calvário.
Ano de 2018, vou agora subir a Avenida do Calvário, até lá acima à Capela do Calvário.
......Na página 266 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre a Capela do
Calvário e sobre o início da construção desta Avenida do Calvário:
......Em
1894 a expensas do Exm. Sr. José Gonçalves de Oliveira Reis, foi esta Capella
do Senhor do Calvário transformada n'um magnifico santuário dourado, pintado a
fresco, e cercada por um jardim vedado por um gradeamento de ferro, sendo
também aberta uma avenida arborizada que, quando completa, virá sair à Praça
Dom Luiz I, e dará ao lugar enorme importância.....
Como
podemos ler nesta passagem do livro A Villa de Vallongo, a Avenida do Calvário terá começado a ser construída em 1894, mas só
foi concluída em 1960.
Ano de 2018, sensivelmente a meio da Avenida do
Calvário temos uma segunda rotunda, que dá acesso ao edifício da Câmara
Municipal de Valongo.
Esta avenida tem
menos de 1 km, mas na altura em que foi aberta foi uma obra muito importante
para Valongo, a obra terá começado em 1894, depois como conto a
seguir a obra foi reactivada em 1936, mas na realidade a Avenida do Calvário só
ficou foi concluída em 1960.
......No Jornal
Comemorativo do 1º Centenário da Fundação do Concelho de Valongo tem uma entrevista sobre a realização desta obra da Avenida do
Calvário, que fazia parte de um grandioso programa
de obras que a Câmara de Valongo pretendia levar a cabo no ano de 1936.
......A
seguir ponho um excerto dessa extensa entrevista concedida pelo Administrador do Concelho de Valongo, Exº Sr. João Lino de Castro
Neves, que
na Câmara ocupava o lugar de vereador de obras na sede do concelho, e
era um dos mais acérrimos defensores do novo plano de melhoramentos, que a
Câmara de Valongo pretendia levar a cabo:
......Pergunta o jornalista: para quando está prevista a abertura da Avenida do Calvário?
......Resposta: a Avenida do Calvário muito em breve deve
ser um facto consumado, já se procedeu ao levantamento da sua planta, afim de
pedir a comparticipação do Estado para essa grande obra, que é o sonho de todos
os Valonguenses.
......Pergunta: saberá Vossa Exª dizer-nos há quantos anos
se pensa nela?
......Resposta: com rigorosa precisão não poderei dizer,
mas já foi planeada pelo Sr. Oliveira Zina, muitos anos antes da Grande Guerra,
(primeira guerra Mundial, de 1914 a 1918).
......Pergunta: e a planta que Vossa Exª mandou levantar
segue o mesmo traçado que planeou Oliveira Zina, ou foi modificado?
......Resposta: nunca conheci planta alguma desse projecto
de Oliveira Zina, nem mesmo depois de a haver procurado pelos arquivos da
Câmara a encontrei, pelo que me leva a pensar que tal planta nunca existiu.
......Pergunta: como será a futura Avenida do Calvário?
......Resposta: pela planta agora levantada, trata-se de
uma Avenida de 22 metros de largura, devidamente arborizada, terá uma placa
central com jardins, duas ruas paralelas de 7 metros de largura, com pavimento
alcatroado, uma para o sentido ascendente, e outra para o sentido descendente,
com os respectivos passeios em granito e cimento quadriculado.
......Pergunta: deve ficar uma obra muito linda, mas, de
realização muito dispendiosa!
......Resposta: assim é de facto, deve ser de futuro a
sala de visitas desta Vila e será o passeio favorito de todos os Valonguenses,
quanto à realização, tenho esperanças de a conseguir com a comparticipação do
Estado. Principiarei por pedir a comparticipação para o seu rompimento naquela
largura, desde a Praça Machado dos Santos até à Capela do Nosso Senhor do
Calvário. Depois mais tarde, procederemos à respectiva pavimentação, passeios,
arborização, etc, etc.
......Pergunta: quando poderemos ver concluída essa
obra?
......Resposta: tenho fé que há-de ser muito brevemente. O
nosso concelho contribui com uma verba importante para o Fundo de Desemprego e
poucos benefícios tem recebido.
......Apenas
a freguesia de Ermezinde tem realizado algumas obras com a comparticipação do
Estado, por isso, Valongo tem direito e confiança no auxílio do Estado Novo
para a realização destas obras.
......Além
da planta desta Avenida seguem juntamente a das ruas transversais, uma
paralela ao Teatro e a outra a partir das novas casas da Avenida 10 de Outubro,
que terão 10 metros de largura e que pelo seu pequeno dispêndio devem ter
execução imediata.
Ao
ler esta entrevista do Administrador de Valongo, no ano de 1936, ficamos
com uma ideia da importância que a execução desta obra da Avenida do Calvário
tinha para a Vila de Valongo.
Mas
apesar do Administrador de Valongo ter dito em 1936,
que tinha fé que a Avenida do Calvário estaria para breve, a
obra só foi concluída no ano de 1960.
Ano
de 2018, quase no cimo da
Avenida do Calvário fica a terceira rotunda, que dá acesso à que era a única
escola primária masculina de Valongo.
Andei
nesta escola primária do Calvário de 1960 até 1965, da 1ª à 4ª classe.
Ano de 2018, mesmo no topo da Avenida do Calvário
fica a Capela do Senhor do Calvário.
......Na
página 265 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre esta Capela do Senhor do Calvário:
......A
Capella do Senhor do Calvário existe desde tempos antigos no Lugar de Valga, um
monte com o nome de Calvário, como se encontra em muitas freguesias, sobre o
qual repousavam três cruzes.
......Essas
cruzes descobertas e nuas viram passar os séculos, abençoando os povos que de
longe as saudavam com fé, e carcomidas pela acção do tempo, ficavam silenciosas
e tristes cheias de poesia e encanto a estender os braços para as povoações de
Vallongo e do Susão, no meio das quais se encontravam adoradas e amadas pelos
crentes de todas as idades......
Ano de 2018, a Capela do Senhor do Calvário.
......Na
página 266 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre esta Capela do Senhor do Calvário:
......Quando
em 1809 aqui estiveram os Francezes, foi tão grande o horror com que os
habitantes de Vallongo lhes ficaram que, ouvindo-se falar da terceira invasão,
um individuo chamado João Monteiro Maia prometeu fazer n'esse lugar uma Capela,
se esta terra não fosse assolada pelos estrangeiros e o reino de Portugal
restaurado dos invasores.
……Deus
terá aceitado este pedido, pois que perseguidos e vencidos os soldados de
Massena tiveram de fugir vergonhosamente derrotados, sem que chegassem a
Vallongo.
......Pelo
que em 1813 foram lançados os fundamentos d'esta capelinha, que foi depois
ampliada e restaurada em 1871, por uma subscrição aberta entre os nossos
patrícios do Brasil, e esforços incansáveis do Exm. Sr. Cypriano de Castro
Neves, que desde essa época até hoje exerceu com muito zelo as funções de
tesoureiro......
Ano de 2018, a Capela do Senhor do Calvário.
......Na
página 267 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre esta Capela do Senhor do Calvário:
......A
Capella possui uma imagem de Jesus Crucificado de rara perfeição, as imagens de
São Roque e São Francisco em ponto mais pequeno e n'ella está instalada a
confraria de Nosso Senhor da Restauração que já em tempo teve grande brilho e
explendor.
......Os
irmãos apresentavam-se nas procissões com seus hábitos, que eram vermelhos e de
capa azul, levando na frente um estandarte na forma de triângulo, que ainda
existe e abre a procissão da festa que se faz no quarto Domingo de Agosto de
cada anno.
......Há muitos anos,
dizem que desde o tempo dos Francezes aparece nas vizinhanças d'esta Capella
uma luz que tem sido vista por muita gente e até contam já dera bofetadas e
praticara outras cousas de meter medo.
......Ora
amortecida, ora brilhante, corre, levanta-se em fogueira iluminando a grande
distancia, acerca d'ella vogam entre o povo disparatadas crendices,
chamando-se-lhe alma do outro Mundo......
Continuando
a fazer a minha viagem histórica pelo centro de Valongo, saindo da Avenida
do Calvário, chego à Praça Machado dos
Santos, que no século XIX ainda se chamava Praça Dom Luiz I.
Ano de 2018 a rotunda da Praça Machado dos Santos.
A primeira
casa no lado esquerdo é do Sr. João Amaro, casa que actualmente pertence
ao filho o Dr. João Loureiro.
Nesta
antiga fotografia da Praça Dom Luiz I em
dia de festa, vemos o grande movimento de pessoas que existia nesse tempo no
centro de Valongo, a casa que se vê no lado esquerdo é do Sr. João Amaro.
Esta
é das fotografias mais antigas de Valongo, porque conforme podemos
ler em várias passagens, no ano de 1890 esta
praça foi objecto de obras, onde foram removidas as casas, as cercas, e a
Capela da Senhora das Neves, que ainda se vêem no meio da praça.
A
casa do Sr. João Amaro deve ser muito antiga, porque aparece em todas essas fotografias, no piso térreo desta casa existia uma
taberna, café, onde os viajantes paravam para comer.
O
João Loureiro, filho do Sr. João Amaro lembra-se de quando ainda criança
ver as cadeireiras pararem aqui ainda de madrugada, para
tomarem o pequeno almoço, e depois seguirem a caminho do Porto, carregadas com
as cadeiras à cabeça.
Fotografia
da primeira metade do século XX, da casa do Sr. João Amaro, na Praça Machado
dos Santos.
Antiga
fotografia, onde vemos uma procissão a passar na Praça Machado dos
Santos.
Ano
de 2018, a
casa do Sr. João Amaro na Praça Machado dos Santos.
Durante
o Século XIX a Praça Machado dos Santos chamava-se Praça Dom Luiz I, este nome terá sido atribuído à praça em
homenagem ao Rei Dom Luiz I, por dois motivos:
......O
primeiro motivo, terá sido porque foi por autorização do Rei Dom Luiz I que foi
adquirido pela quantia de três contos e quatrocentos
mil réis, o edifício onde foram instalados os Paços do
Concelho.
......O
segundo motivo, foi porque o próprio Rei Dom
Luiz I, em companhia da Rainha
Dona Maria Pia, vieram fazer uma visita a Vallongo no ano de
1871.
......Na
página 222 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre a visita que o Rei D. Luiz I, fez a Valongo no ano de 1871:
......Pouco
depois veio aqui Sua Majestade D. Luiz I com a Rainha Dona Maria Pia, facto que
deu a Vallongo uma grande importância e ficou gravada na memória de toda a
gente, pelos grandiosos festejos que por essa ocasião se realizaram.
......A
câmara municipal e demais autoridades foram esperar o Rei à Serra, e nos Paços
do Concelho houve sessão solene em honra dos soberanos.
......Fala-se
ainda com grande espanto dos gigantescos e embelezados arcos que em muitos
lugares da passagem do cortejo foram feitos, e deram aos festejos um admirável
esplendor......
Esta
visita do rei D. Luiz I, e da Rainha Dona Maria Pia, aconteceu 4 anos antes da
inauguração da linha férrea do Douro, por isso eles terão vindo de carruagem
pelo Alto da Serra de Valongo, para onde o povo de Valongo os foi
esperar.
......Na
página 368 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre a praça D. Luiz I:
.....Praça
D. Luiz I, é a antiga Praça de Nossa Senhora das Neves que já existia em 1594
com o nome de Campo de Nossa Senhora da Luz, documentos existentes no
Archivo Parochial de Penafiel já falam neste Campo de Nossa Senhora das Neves a
10 de Março de 1594.
......Esta
praça seria pouco habitada então, estendia-se desde as casas da Rua da Ferraria
até à Capela da mesma denominação, que ocupava pouco mais ou menos o ângulo
sudoeste do recinto, que está actualmente fechado pelas grades.
......Em
1864 a Câmara Municipal resolveu retirar a Capela do centro do largo para uma
das extremidades, e, construir aí uma praça fechada e um chafariz,
para o que pediu a quantia de 2000 mil réis com a condição de amortizar pelo
menos 200 réis por ano, ver sessão da Câmara de 3 de Novembro de 1864.
......Mas
essa obra acabou por só ser realizada no ano 1878, continuando porém o largo a
chamar-se Largo de Nossa Senhora das Neves.
Antiga
fotografia que está na página 178 do livro A Villa de
Vallongo, onde vemos como era grande o movimento
na Praça Dom Luiz I em dia de feira.
Como
vemos nesta altura ainda existiam casas no meio da praça, existia uma fonte com chafariz, e
cercas metálicas, no tempo desta fotografia o traçado da Estrada Real nº 33 ainda não se fazia por aqui.
Neste
tempo esta ainda era uma praça fechada, o traçado da Estrada Real nº 33 era pela Rua de São Mamede, depois seguia
pela Rua da Ferraria, e continuava depois pela Rua do Padrão.
Quando das obras na praça no ano de 1890 a fonte de água com chafariz foi desmontada, e depois montada nas
traseiras da Capela de Santo Sabino, na Santa Justa, mas
entretanto como estava mesmo no meio do caminho acabou por ser retirada, e não
sei qual o seu destino.
Na
fotografia da Praça D. Luiz I acima, que é do livro A Villa De
Vallongo, podemos
ver na segunda casa a começar da esquerda um reclame.
Esse
reclame é da drogaria Noé, portanto posso dizer com alguma certeza que
esta drogaria já vai a caminho de um século e meio.
Nesta
fotografia anterior a 1903, vemos uma procissão a passar pela drogaria do Noé, na
Praça Machado dos Santos.
Nesta
antiga fotografia já podemos ver perfeitamente o reclame da drogaria Noé, que diz, Loja de Tabacos, de Ferragens e Manufacturados, podemos
ver também que o edifício da ainda
tem o pé direito mais baixo do que o edifício à sua direita.
Digo
que a fotografia
acima é anterior a 1903, porque foi nesse ano que foram feitas umas grandes obras no
edifício, e só a partir daí ele passou a ter o pé direito igual ao dos
edifícios à sua direita, como se pode ver na fotografia abaixo.
Ano
de 2018, como se pode ver
nesta fotografia a drogaria do Noé agora já tem o pé direito igual aos edifícios à sua direita.
Ano
de 2018, como vemos
actualmente a drogaria do Noé tem o pé direito igual aos edifícios à sua direita.
Ano
de 2018, todo o
mobiliário, expositores, balcões e soalho da drogaria do Noé, ainda são os
mesmos desde 1903.
Ano
de 2018, a drogaria do
Noé mantém-se inalterada desde 1903.
Ano de 2018, ainda a drogaria do Noé.
O
centro da Praça Machado dos Santos, que antigamente se chamava
Praça D. Luiz I, foi sofrendo diversas alterações ao longo
dos anos, mas os edifícios à volta da praça embora tenham sido restaurados, mas
ainda são praticamente os mesmo.
Nesta
antiga fotografia da Praça Machado dos
Santos, que é posterior às alterações feitas na praça no
ano de 1890, vemos que todas as casas já foram removidas do meio da praça, e
que a Capela da Senhora das Neves também
já foi removida do meio da praça.
Nesta
altura foram plantadas árvores no centro da praça, essas árvores foram
crescendo e já estavam gigantes, mas como veremos, com as várias alterações
que foram acontecendo ao longo dos anos, as árvores foram sendo abatidas, e
actualmente já não resta nenhuma das árvores originais.
Lá
ao fundo por trás das árvores vemos a casa que para mim é a mais bonita da
praça.
Ano de 2018, fotografia tirada na entrada da Praça Machado dos Santos, com a mesma vista da fotografia anterior.
Actualmente
a praça está bastante mais ocupada, tem paragens de autocarro, tem um quiosque,
voltou a ter uma fonte de água, e bancos de jardim.
Mas
os edifícios que rodeiam a praça ainda são os mesmos de sempre, e muitos ainda
pertencem às mesmas famílias de antigamente, lá ao fundo vemos a casa que
considero mais bonita da praça.
Outra
antiga fotografia da Praça Machado dos Santos, que
estimo seja de 1950.
Digo
que a fotografia acima deve ser de 1950, porque no meio das árvores vemos
o rinque de patinagem, e foi nesse ano de 1950 que nasceu a
equipa de hóquei em patins do Valongo, a Associação
Desportiva de Valongo, ainda conheci esta praça assim toda em terra
batida com o rinque no meio.
Anos
mais tarde, na década de 1970 a Câmara de Valongo fez um pavilhão lá em cima no
Calvário, nessa altura foi retirado o rinque de patinagem do meio da praça, e
no seu lugar fizeram um bonito lago com peixes e
patos.
Como era bonita a Praça Machado dos Santos na década de 1970, com o lago no meio.
Década de 1970, como era bonito o lago dos patos
na Praça Machado dos Santos.
Mais
tarde foi adjudicado pela Câmara de Valongo ao Sr. Belchior, o projecto e montagem de uma fonte
luminosa no meio do lago.
Ainda
o ajudei a fazer a montagem desta fonte, mas a fonte como todos os projectos
veio a dar alguns problemas, ainda me lembro de todos os problemas da fonte, e
como foram resolvidos.
O
Sr. Belchior era um indivíduo muito inteligente, ele morava com o irmão na casa
ao lado do Café Bela Cruz, na Praça Machado dos santos.
Eu
era amigo do Sr. Belchior, parávamos ambos no café Bela Cruz, e trocávamos
opiniões sobre muitos projectos que ele tinha em mente, ele andava sempre a
mil, andava sempre a trabalhar em algum projecto, ele
desenvolveu inúmeras máquinas para a indústria da Ardósia.
Por
exemplo na minha opinião esta máquina de afiar penas para a indústria da ardósia,
totalmente desenvolvida e fabricada pelo Sr. Belchior era digna de
estar no Museu da Lousa.
Gostava
muito do Sr. Belchior, ele foi um grande projectista, projectou inúmeras
máquinas para a Industria da Ardósia.
Esta
fotografia que estimo tenha sido tirada por volta de 1960, na Praça Machado dos Santos, para mim é muito importante, pela
quantidade de informações que consigo retirar, e pelas muitas recordações que
me trás.
Nesta
fotografia vemos à porta da sua casa, a dona Rosa Maria (a Mi) que vivia por
cima da taberna do Verdinho, depois estão 4 meninas que são a Isabel Maria (a
Bé), depois está a Dilma do Noé, depois a Maria das Dores (a Dores) e seguir a
Maria Antónia (a Tona).
Por
trás das meninas estão as bancas da loja de fruta da Sra.
Eulália, depois
vemos um cão parado junto à Loja da Singer, onde
trabalhava a Teresa da Singer.
Por
cima da Singer ficava a Foto Veneza, vemos
o reclame da máquina fotográfica ADOX, depois vemos várias pessoas na entrada do Café Bela Cruz, café que eu frequentava, a seguir ficava a
casa onde morava o Sr. Belchior, e depois era a casa e a taberna do Pires.
Ano de 2022, actualmente a Praça Machado dos
Santos está totalmente diferente, já não existe o rinque, nem o lago dos
patos, e também já não existe uma única das antigas árvores, está uma tristeza,
até tenho pena do estado a que chegou.
Só
mesmo os edifícios que rodeiam a praça é que ainda são os mesmos, no
lado esquerdo vemos o edifício do Sr. João Amaro, e no lado direito vemos a
cruz da Capela de Nossa Senhora das Neves.
Ano
de 2018, para
mim este é o edifício mais bonito da Praça Machado dos Santos.
Ainda
me lembro que na década de 1960, era aqui na Praça Machado dos Santos que
parava a carrinha
da biblioteca itinerante da Calouste Gulbenkian.
Foi
nesta carrinha da Gulbenkiam que comecei a requisitar os primeiros livros para
ler, a carrinha ficava guardada na garagem do Varela.
Mais
tarde a biblioteca
da Calouste Gulbenkian passou a ter instalações fichas, foi instalada na Capela de São Bruno, também aí requisitei muitas dezenas de
livros.
Foi
nesta Capela de São Bruno, na
Rua de São Mamede que foi instalada a biblioteca fixa da Calouste Gulbenkian, o
responsável era o Francisco Pires, actualmente esta capela faz parte do Museu e
Arquivo Histórico de Valongo.
......Na
página 264 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre a Capela de São Bruno:
......A
Capela de São Bruno, de cuja fundação não se pode bem precisar a data, não
parece ser muito antiga, porque o Padre Carvalho no tomo primeiro que ofereceu a El-Rey D. Pedro II, no
ano de 1706 não faz mensão d'ella.
......Sabe-se
que existiu em ponto mais pequeno um pouco para a retaguarda do lugar que agora
ocupa, quase junto ao ribeiro, e que, quando em 1825 foi construída a casa,
onde hoje estão os Paços do Concelho, Bernardo Martins da Nova a reedificou ficando
transformada n'um magnifico e elegante oratório consagrado mais tarde por sua
filha, dona Helena Martins das Neves, ao Sagrado Coração de Maria.
......Uma
inscripção que está na parede do lado do evangelho diz assim,
"Esta ermida consagrada a São Bruno, foi reedificada em 1825 por
Bernardo Martins da Nova e concluída em 1842 pelo Padre Bernardo Martins das
Neves".
......E
nesta Capela de São Bruno por muitos anos se celebrou festa estrondosa
precedida de novena na qual todos os dias havia prática, cânticos e musica.
......Hoje,
como recordação de todo esse explendor, ainda se celebra a festa, embora de um
modo modesto, com musica, sermão e novena em que se canta um hino de prodigioso
efeito cuja letra é obra inspirada do Padre João de Castro Neves e a musica do
maestro José Alves......
......Mas agora voltando novamente para a Praça Machado dos
Santos.
Antigo
postal dos correios, onde vemos um grande número de pessoas a sair da Capela da Senhora
das Neves, esta capela também é conhecida como Capela da Senhora da Luz, fica na Praça
Machado dos Santos.
Ano
de 2022, como está
actualmente a Capela da Senhora das Neves, na Praça Machado dos
Santos.
Ano de 2022, na entrada da Capela da Senhora das Neves existe
esta placa informativa que conta a sua história.
Na revista Comemorativa da passagem do 1º
Centenário da Fundação do Concelho de Valongo, no
ano de 1936, o vereador responsável pelas obras públicas deu uma extensa
entrevista, sobre as obras que estavam programadas para fazer na Praça
Machado dos Santos.
......Diz
o Sr. Vereador:
......A
actual Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Valongo, que tem sabido
agradar inteiramente a todos os seus munícipes, elaborou um vasto programa de
melhoramentos em todo o concelho, alguns dos quais, muito em breve veremos
realizados.
......O
Sr. Admistrador do Concelho de Valongo, Exº Sr.
João Lino de Castro Neves, que na Câmara ocupa o lugar de vereador de
obras na sede do concelho, é um dos mais acérrimos defensores do novo plano de
melhoramentos, por isso quisemos ouvir S. Exª acerca das realizações das obras
que dizem respeito ao seu pelouro.
......E
obtivemos de S. Exª todas as elucidações sobre esse grandioso programa que a
Câmara de Valongo pretende levar a cabo.
......Concretamente
sobre as obras a realizar na Praça Machado dos Santos, pergunta o jornalista:
......Diz
S. Exª que está indicado o novo Mercado Municipal, que será construído perto do
lugar onde primitivamente funcionou, ou seja, na Praça Machado dos Santos,
é na parte ajardinada, perguntamos?
......Resposta: o jardim será ainda ampliado, o mercado
será construído sobre os terrenos que vão ser expropriados com a
comparticipação do Estado.
......Pergunta: trata-se dum mercado coberto?
......Resposta: por enquanto ainda não será, contudo, fica
desde já estudado a forma de poder vir a ser mais tarde, se nisso houver
conveniência. Por agora ficará um mercado de linhas modernas, dotado de todas
as condições e exigências sanitárias, vedado com um elegante muro gradeado com
quatro edifícios, um em cada canto, que servirão para estabelecimentos de
qualquer espécie, três grandes portões que facilitem livremente a entrada e
saída do público, o interior dividido em amplos tabuleiros, para exposição e
venda de géneros, cercados por ruas de quatro metros de largura, devidamente
cimentadas, etc. etc.
......Pergunta: quando poderemos ver concluída essa obra?
......Resposta: espero que muito brevemente teremos esse
prazer, uma vez entregue a planta em Lisboa, e logo que seja concedida a
comparticipação, iniciaremos os trabalhos.
......Pergunta: em Lisboa costumam demorar muito essa
comparticipação?
......Resposta: ainda não sei bem, apenas mandei a planta
e brevemente mandarei também o projecto da restauração dos Paços do Concelho,
que já está concluído, mas, segundo estou informado deve demorar uns dois ou
três meses.
Este
Mercado Municipal na Praça Machado dos Santos que constava no plano de obras de
1936, nunca chegou a ser feito, não passou da fase de projecto, a
obra não deve ter sido aprovado em Lisboa.
Mas agora continuando a percorrer a antiga Estrada Real nº 33.
Saindo da Rua de São
Mamede a Estrada Real seguia pela Rua da Ferraria, que
foi rebaptizada e se chama actualmente Rua Fernandes Pegas.
......Na
página 375 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre a Rua da Ferraria:
......Rua
da Ferraria, o seu nome deriva de ferreiros e ferradores, que no Século
XVIII ali havia, com oficinas e fábricas em que se lavrava e trabalhava o
ferro, às quais chamavam ferrarias, segundo o elucidário de Viterbo......
Na esquina
da Rua da Ferraria existia este Mirante e o portão de entrada para a
Vila Tina, a
janela e o portão que se vêem à direita são da Serralharia
Moreira, que foi a
única serralharia que resistiu até à década de 1970.
Conheci
muito bem esta rua, assim com a serralharia do Sr. Moreira.
Quanto à Villa Tina, ela foi construída para servir como casa de habitação, mais tarde foi o posto de saúde de Valongo, e terminou os seus dias novamente como casa de habitação, também conheci esta casa.
No
lugar da antiga Villa Tina, foi construído este centro comercial, a que foi dado o nome de Edifício Vila Tina, em homenagem à antiga
vivenda, morei neste edifício durante mais de 10 anos.
O construtor deste edifício da antiga VILLA TINA, que foi o Sr. Pereira Gomes, mandou
retirar os painéis de azulejo, mandou restaurá-los, e depois aplicou-os no
interior do Centro Comercial, que tomou o nome de Vila Tina.
Também da fachada da
antiga vivenda Villa Tina, foi retirado o painel de azulejos com a imagem de
Santo António, que foi restaurado e está hoje na casa de um particular de
Valongo.
Este painel com a imagem
de Santo António, que estava aplicado na fachada da Villa Tina,
voltada para a Rua do Norte foi feito pela famosa fábrica de Cerâmica do Porto,
que era a Fábrica do Carvalhinho,
fundada no ano de 1841.
Antigamente
o Santo António era um Santo muito venerado em Valongo, tenho algumas dezenas
de notícias publicadas em jornais do Norte, que descrevem os deslumbrantes
festejos que se realizavam em sua honra.
No jornal “O Comércio do Porto”, de quarta-feira, dia 13 de Julho de
1892, os
festejos realizados em Valongo em honra de Santo António, foram notícia de
primeira página.
Mas
agora vou voltar novamente para o meu percurso principal, que é a antiga
Estrada Real 33, e vou seguir pela Rua Fernandes Pegas, que antigamente se
chamava Rua da Ferraria.
Ano de 2018, a Rua Fernandes Pegas que antigamente se
chamava Rua da Ferraria.
Como
podemos ver esta Rua da Ferraria está perfeitamente alinhada com a Rua do
Padrão, lá ao fundo já vemos o Cruzeiro do Padrão, que
deu o nome à rua.
Durante
o século XIX era por esta Rua da Ferraria que
se fazia a circulação na direcção do Porto, e vice versa, esta rua fazia parte
da Estrada Real nº 33.
Ano de 2018, agora saindo da Rua da Ferraria, chegamos
à Rua do Padrão, que antigamente se chamava Rua da Portela e da Portelinha.
......Na
página 376 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre estas ruas:
......Rua da Portela, era a rua que ia desde a Rua da Ferraria
até ao Padrão, tinha 60 casas, em 1834, a estrada nova quando foi
aberta rasgou esta rua até à Capela da Senhora da Luz.
......Rua da Portellinha, era a rua que ia do Padrão até à ponte da
Presa, tinha 26 casas, em 1834.
......Rua da Padrão, é a Portella e a Portellinha antiga, antes
da Estrada Nova, já por ali passava por cima de ásperas fragas a antiga Estrada
Real, que era composta nos pontos mais irregulares com grandes pedras de
calcário e chisto.
......O
primeiro rebaixamento d'esta rua data de 1838, feito para tornar mais suave
esse caminho, que foi depois calcetado em 1840.
......A
Estrada Nova, quando feita, abaixou o solo, mas nas extremidades ainda ficaram
alguns monos de fraga que só desapareceram em 1880, com a reforma que a Câmara
deu a esta rua......
Ano
de 2018, saindo da Rua da
Ferraria, chegamos à Rua do Padrão, que faz parte da Estrada Nacional 15, antiga Estrada Real nº 33.
Nesta
antiga fotografia vemos como era a Rua do
Padrão noutros tempos, lá ao fundo vemos o Cruzeiro do Padrão que deu o nome à rua.
Nunca
conheci esta Rua do Padrão assim
com árvores, nem cheguei a conhecer a loja de panos e fazendas que
se vê no lado direito, mas sei que foi lá que os meus pais mandaram fazer as
roupas para o casamento.
Ano de 2018, como podemos ver os edifícios da Rua do Padrão ainda são os
mesmos de antigamente, lá ao fundo ainda continuamos a ter o Cruzeiro do Padrão, só não existem as árvores.
Ano de 2018, na rua Rua do Padrão fica a loja Criações Paulino, que já fez 62 anos de existência, e espero que a sua
existência se prolongue por muitos anos, para preservar o apelido da
minha família, os Paulinos.
Ano
de 2018, continuando a descer a Rua
do Padrão, logo a seguir à casa do Paulino fica uma das casas mais antigas
de Valongo, é a Casa do
Anjo, tem uma bonita frontaria toda em
granito talhado.
Ano de 2018, a história da Casa do Anjo, está contado nesta placa informativa do Município.
A Casa do
Anjo deve o seu nome à imagem do Anjo São Miguel, que
está no nicho do andar nobre da casa.
A Casa
do Anjo, na antiga Estrada Real nº
33, numa altura em que ainda era uma casa de habitação.
Antiga
fotografia onde vemos a casa das Criações Paulino e a Casa
do Anjo, na Rua do
Padrão, antiga Estrada Real nº 33, numa altura em que ambas ainda eram casas de
habitação.
......Mas agora continuando a descer a Rua do
Padrão, chego ao Cruzeiro do Padrão, que foi quem deu o
nome à rua.
Ano de 2018, e agora cheguei
ao Cruzeiro do Padrão.
Esta
é provavelmente a fotografia mais antiga do Cruzeiro
do Padrão, está no livro A Villa de Vallongo.
Como
se vê na altura em que esta fotografia foi tirada, o padrão tinha uma enorme
base com degraus que ocupavam quase toda a rua, e estava protegido por um
gradeamento metálico, e à sua volta ainda existiam árvores, lá ao fundo
por trás do cruzeiro vemos a Fonte da Portela, ou Fonte
do Padrão.
Esta
zona do Padrão foi das zonas mais fotografadas pelos nossos
antepassados.
Outra
antiga fotografia da zona do Cruzeiro do Padrão, é
do livro A Villa de Vallongo.
Como se vê neste tempo, anterior a 1904, a base do
padrão ainda tinha degraus, e gradeamento de protecção, mas já não existiam as
árvores.
Por
trás do cruzeiro, lá ao fundo vemos a Fonte da Portela.
Outra
antiga fotografia da zona do Cruzeiro do Padrão.
Outra
antiga fotografia do Cruzeiro do Padrão, que
deve ter sido tirada num dia de festa, porque vemos um grande número de
crianças e adultos a posar para a fotografia, a base do padrão ainda continua a
ter os degraus e o gradeamento de protecção.
Lá
ao fundo por trás do cruzeiro vemos a Fonte da Portela, que
é a única fonte que ainda existe neste troço da antiga Estrada Nacional nº 33.
Fotografia
actual, onde vemos as pessoas junto ao Cruzeiro do Padrão à espera da procissão do Senhor dos
Passos.
Ano de 2018, a Rua do
Padrão na
actualidade.
Como se vê a base do padrão foi completamente alterada,
já não existem os degraus nem o gradeamento, mas passados que estão mais
de 120 anos, os edifícios embora tenham sido restaurados ainda são os mesmos de
antigamente, lá ao fundo ainda
continuamos a ter a Fonte da Portela.
Outra
antiga fotografia da zona do Cruzeiro do Padrão, onde vemos algumas pessoas à
varanda da Associação
de Socorros Mútuos, e um grupo de pessoas à porta do antigo quartel
da GNR de Valongo.
Ano de 2018, também aqui na zona do Cruzeiro do Padrão
os edifícios ainda são os mesmos, embora alguns já estejam muito
degradados.
Esta
zona do Padrão traz-me muitas recordações da minha infância, faz-me
lembrar das duas maiores festas que acontecem em Valongo, a festa do nosso Santo Padroeiro, o São Mamede, que
se realiza em meados de Agosto, e a festa do Senhor dos Passos, que
se realiza por altura da Páscoa.
Estas
duas festas traziam a Valongo romarias de pessoas, o ponto alto de ambas as
festas são as grandiosas procissões que passam aqui pelo Padrão.
São Mamede, que é o Santo Padroeiro de
Valongo, está representado num painel de azulejos mesmo no topo da Igreja
Matriz de Valongo.
......No ano de 1706, o
padre Carvalho refere-se a Valongo como São Mamede de
Val-longo.
Procurei
este livro da topografia portuguesa escrito pelo padre António Carvalho da
Costa, publicado no ano de 1706, porque ele é referido várias vezes no livro A Villa de Valongo.
A
festa de São Mamede, prolonga-se
por vários dias, o ponto alto é uma grandiosa procissão, nessa altura a
cidade é toda engalanada e colocam-se nas varandas das casas as melhores
cobertas, para a passagem da procissão.,
Antigamente
era criada uma comissão de festas, que programava tudo o que iriam fazer de um
ano para o outro, nesse tempo a Praça Machado dos Santos era vedada, e no seu
interior era montado um palco onde actuavam artistas todos os dias, também era
montado um bar com mesas e cadeiras para a assistência.
Claro
que actualmente existe tudo isso, e se calhar muito mais, eu é que fiquei mais
agarrado às festas do passado, quando somos crianças vemos as coisas de forma
diferente.
Mas
tenho que confessar que quando era criança, a procissão que mais admirava era
a procissão do Senhor dos Passos, que
se realiza por altura da Quaresma.
No
Sábado à noite sai da Igreja Matriz a procissão com o andor da Nossa Senhora que vai até à Praça Machado dos Santos,
onde fica recolhida na Capela de Nossa Senhora das Neves, em todo o percurso da
procissão a iluminação pública é desligada, e a iluminação é feita por velas,
ou lamparinas, que os moradores colocam nas janelas e nas fachadas dos
edifícios ao longo de todo o percurso.
Depois
no Domingo de tarde, sai também da Igreja Matriz a procissão do Senhor dos Passos, e na Praça Machado dos Santos o andor da
Nossa Senhora que ficou recolhido desde a noite anterior na Capela da Senhora das
Neves, junta-se com a procissão do Senhor dos Passos, e seguem
ambos para o Padrão, onde se dá o encontro de Jesus com a Nossa Senhora, Sua
Mãe.
No Padrão é
montado um púlpito, onde é feito O Sermão do Encontro por
um Sacerdote convidado, todas as varandas do percurso da procissão
do Senhor dos Passos, são adornadas com cobertas de cor Roxa, cor que
simboliza a quadra da Quaresma.
É aqui no Padrão que se dá o encontro de Jesus com a Nossa Senhora Sua Mãe, neste local é montada um púlpito onde é feito O Sermão do Encontro, por um Sacerdote convidado, as cores predominantes desta Procissão, e de toda a festividade são o roxo, que simboliza a quadra da Quaresma.
Em
todo o percurso por onde passa a procissão do Senhor dos
Passos, as
varandas são adornadas com cobertas da cor roxa, que simbolizam a quadra
da Quaresma.
A procissão do Senhor dos Passos, foi
e ainda é famosa, mas antigamente era tão reconhecida que no ano de
1876, a recém criada Companhia dos Caminhos de
Ferro do Douro fez comboios com horários extraordinários entre
o Porto e Valongo, e entre Valongo e Cahíde, em Penafiel, a preços reduzidos.
Foi este o horário dos comboios extraordinários
entre o Porto e Valongo, entre Valongo e Cahíde e Penafiel, feito pela Companhia dos Caminhos de Ferro do Douro, para
o dia da Procissão do Senhor dos Passos no ano de 1876, um ano depois da
inauguração da linha do Douro.
......Na
página 251 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre a Confraria dos Santos
Passos, que
organiza esta festividade desde 1710:
......De
todas as confrarias de Vallongo a mais rica hoje, em 1904, é talvez a dos
Santos Passos.
......Pelos
estatutos da Confraria o dia próprio para a Procissão do Senhor dos Passos é o
4ª Domingo da Quaresma, mas como n'esse dia por muitas vezes houvesse chuva, em
1894 resolveu a Confraria mudar a festa para o 3º Domingo da Quaresma, quando
por causa da chuva não se pôde realizar, fica para o Domingo seguinte.
......Mas
agora continuando a percorrer a antiga Estrada Real 33.
Logo
abaixo do Cruzeiro do Padrão temos A Fonte da Portela que
teve sorte, porque como não interferiu com o desenvolvimento de Valongo foi
poupada, e ainda existe actualmente.
Ano
de 2018, a Fonte da
Portela é a única fonte da Estrada Real 33 que chegou até aos dias de hoje,
embora já não deite água.
......Na
página 360 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre esta Fonte da Portela:
......É a
fonte que fica abaixo do Padrão, na rua do mesmo nome, foi mandada fazer em
1883 e a água que a fornece vem de uma mina que existe debaixo da Rua Velha,
cuja água também sustenta o Chafariz da Praça Dom Luiz
I......
Na imagem da esquerda que está no livro A Villa de
Vallongo, vemos no meio da Praça Dom Luiz I, o
chafariz a que o padre Joaquim se refere na página 360.
Na imagem da direita vemos a Praça Machado dos Santos na década de
1950, nesta altura já não existem casas nem a Capela da Senhora da Luz no meio
da praça, nessa altura foi montado no topo da praça um elegante chafariz, onde se pousava o cântaro ou caneco
para encher de água.
Um
antigo chafariz onde se pousava o cântaro para encher de água.
Outro antigo chafariz onde se pousava o cântaro para encher de água.
Valongo
só começou a ter água canalizada por volta de 1950, até aí era necessário ir
com o cântaro ou caneco buscar água à fonte, na casa dos meus pais na Rua da
Passagem a água canalizada só chegou em 1958.
......Mas
agora vou continuar a fazer a minha viagem histórica pela antiga Estrada Real 33, e passando o Cruzeiro do Padrão chego à Rua Alves
Saldanha.
O Srº João Alves Saldanha que deu o nome à Rua Alves Saldanha, foi um capitalista e um grande benemérito de Valongo.
Ano
de 2018, na Rua
Alves Saldanha as casas foram sendo restauradas, mas ainda mantêm a traça
original.
Nasci
na última casa ao fundo desta rua, no ano de 1955, vivemos nesta casa, os meus
pais, eu e a minha irmã até ao falecimento da minha avó materna no ano de 1957.
Ano
de 2018, a Rua
Alves Saldanha antigamente chamava-se Rua da Portelinha.
Durante a
Guerra Civil em Portugal, entre 1832 e 1834, as terras de Valongo foram palco
de inúmeras escaramuças.
E
a Batalha da Ponte Ferreira, que foi a primeira das muitas batalhas travada
entre o exército Liberal do Imperador Dom Pedro, e o exército Absolutista do
seu irmão Dom Miguel, travou-se aqui nas terras de Valongo.
A
seguir vou pôr um pequeno excerto que tem a ver com a passagem do
Imperador Dom Pedro por esta Rua da Portellinha, quando ia a caminho dessa
Batalha de Ponte Ferreira.
......Na página 360 e seguintes do livro A Villa de
Vallongo, são
descritas com grande pormenor todas as escaramuças, e a Batalha da Ponte
Ferreira que aqui se travaram, este texto que ponho a seguir faz parte de
um capítulo muito extenso que começa com o título:
......Dom
Pedro em Vallongo - A Batalha da Ponte Ferreira.
......Quando
pelas 8 horas da manhã o Imperador Dom Pedro passava à frente do seu exército
pelas ruas de Vallongo, o enthusiasmo entre os apaixonados do seu partido
chegou até ao delírio.
......As
casa estavam engalanadas com bandeiras, e atroavam os ares calorosos vivas e
salvas de palmas que das janelas lhe eram dadas com gritos de alegria, enquanto
que tudo era Miguelista, triste e cabisbaixo, roía de portas cerradas a paixão
que ia na alma. E' ainda a mesma "mis eu sceue" que sempre se repete
à queda de todos os partidos.
......Hoje
exultam com vivas, morras e foguetório ao som do fungagá, para amanhã ouvirem o
mesmo d'aquelles a quem o fizeram.
......Foi
da casa d'um seu admirador onde almoçou, já ao fim da Rua da
Portellinha, que Dom Pedro viu desfilar as suas
tropas, tropas que depois seguiu até ao campo de batalha um kilometro mais
distante......
Conforme me disseram foi nesta casa brasonada, já
ao fundo da Rua Alves Saldanha, que terá pertencido a uma família
aristocrática, que ficou alojado o rei Dom
Pedro, durante
o tempo que durou a Batalha de Ponte Ferreira.
E
foi da varanda desta casa que depois Dom Pedro viu passar o
grosso das suas tropas a caminho da Batalha de Ponte Ferreira, tropas
que depois seguiu até ao campo da batalha que aconteceu um kilometro mais à
frente.
Ano de 2018, continuo a descer a Rua Alves Saldanha, e
como vemos à excepção de um prédio de 5 pisos, todas as outras casas ainda
mantêm a traça original.
Onde agora vemos esse edifício de 5
pisos existia uma casa muito bonita, era a casa
da família Enes.
Como
se vê nesta antiga fotografia, a casa da família Enes tinha
3 pisos.
Consigo
descrever com grande pormenor esta casa porque a conheci muito bem, andei lá
nas explicações ainda antes de entrar para a escola primária, na década de
1950, na altura dizíamos que andávamos na mestra.
No
piso térreo ficava a cozinha, a sala de estar e a sala de jantar, no primeiro
andar ficavam os quartos, nas águas furtadas também tinha mais alguns quartos,
mas o sótão era utilizado para outros serviços, por exemplo era lá que
estendiam a roupa para secar.
O
interior da casa era todo em madeira, até as traves do sótão estavam revestidas
com madeira, as portas do piso térreo tinham vitrais coloridos, foi uma pena
esta casa ter sido destruída.
Anos
mais tarde nos finais da década de 1960, quando a casa ficou desabitada, eu com
mais alguns colegas utilizávamos esta casa como palco de muitas das nossas
brincadeiras de juventude.
Já
devia ter os meus 13 ou 14 anos, e ainda gostava de ir para a casa dos Enes, íamos tentar descobrir moedas ou tesouros que
pudessem estar escondidos por debaixo dos soalhos, nos armários da cozinha, ou
nas águas furtadas, também servia para fazer algumas partidas a outros
colegas, lembro-me mesmo muito bem desta casa.
Não
faço a mais pequena ideia de quem seria a família
Enes, que
originalmente foram os proprietários desta casa.
Procurei
no livro A Villa de Vallongo, e
encontrei referência a duas famílias com nomes parecidos, mas não sei se esta
casa pertenceria a alguma destas duas famílias:
Uma
das famílias referida no livro é a do Sr.
Eduardo Ennor, sobre o qual diz o seguinte:
......O Sr. Eduardo Ennor era da respeitável família Ennor, que foi
quem em 1865 começou com as famosas Minas do Galinheiro, conforme consta da
escritura feita a 15 de Março desse mesmo ano, esta família Ennor está ligada a
Valongo por muitos actos de benemerência.
A
outra família também referida no livro é a do Sr. Belchior Pereira Ennes, sobre o qual diz o seguinte:
......O Sr. Belchior Pereira Ennes era natural
de Vallongo, foi um homem notável no seu tempo por ser mestre de esgrima do
Imperador Dom Pedro no Rio de Janeiro, que depois o agraciou com várias
distinções e títulos.
Ano de 2018, continuo a descer a Rua Alves Saldanha, e mesmo lá no fundo temos esta bonita
mansão que no seu tempo deve ter tido um grande esplendor, mas agora está em
decadência prestes a ruir.
Nunca
conheci esta casa habitada, nem encontrei qualquer referência a quem a terá
construído, já teve um bar instalado na cave, e actualmente tem uma única sala
ocupada pela barbearia do Avelino.
Continuando a
fazer a minha viagem histórica pela antiga Estrada Real nº 33, a caminho
da Estação dos Caminhos de Ferro Valongo, e agora chego à Ponte da Presa.
Ano
de 2018, actualmente
quando passamos de carro pela Ponte da Presa, nem nos apercebemos da sua existência, mas
como veremos nem sempre foi assim.
Ano de 2018, como vemos actualmente a estrada nacional
15 está bastante elevada relativamente ao Ribeiro da
Presa, mas
nem sempre foi assim.
......Na
página 367 do livro A Villa de Vallongo, diz
o seguinte sobre esta Ponte da Presa:
......A Ponte da Presa, é onde atravessa a Estrada Real no lugar
da Presa, esta ponte foi primitivamente muito mais baixa, elevando-se do leito
da Ribeira da Presa apenas um metro, e d'ella até à altura da
Rua do Padrão havia uma subida horrorosa......
Ano de 2018, nesta fotografia vemos o Ribeiro da Presa a sair da ponte do mesmo nome, vai a caminho do fundo do Lugar da Ilha onde vai desaguar no Rio Simão.
......Na página 372 do livro A Villa de Vallongo, diz o seguinte sobre o Ribeiro da Presa:
......Ribeiro da Presa, é o ribeiro que aí passa, vai até ao moinho Telhado, bem lá no fundo do Lugar da Ilha, vai juntar-se com o Rio Simão que vem da Ponte da Passagem......
E
agora vou fazer mais um pequeno desvio do meu traçado principal e vou até lá
ao fundo do Lugar da Ilha, para ver esse moinho Telhado, e
mais alguns moinhos que moíam com água do Rio Simão, que também são citados no
livro A Villa de Vallongo.
O Moinho Telhado, que é citado no
livro A Villa de Vallongo, fica
mesmo lá no fundo do Lugar da Ilha.
Este moinho deixou de funcionar na primeira metade
do século XX, depois durante algum tempo foi uma casa de habitação, até que
acabou por ficar abandonado, e prestes a ruir como vemos.
Mas
como costumo dizer não à mal que sempre dure
nem bem que nunca se acabe, e como veremos este moinho teve sorte
porque foi adquirido por um descendente dos antigos donos, que o transformou
num bonito estúdio para habitação.
Ano
de 2018, como ficou o
velhinho moinho
telhado depois de restaurado.
Ano
de 2018, como ficou o
velhinho moinho
telhado depois de restaurado.
Ano
de 2018, o interior do
antigo moinho depois de restaurado.
Ano de 2018, o interior do antigo moinho depois de restaurado.
Ano
de 2018, este antigo
moinho no fundo do Lugar da Ilha tinha duas portas de saída da água.
Ano
de 2018, as duas portas
do antigo moinho servem agora como armazém.
Ano de 2018, era neste local que eram fechadas as
comportas do Ribeiro da Presa, para
obrigar a água circular por dentro do moinho.
Este
moinho tinha uma particularidade, porque como ficava mesmo no meio de dois
rios, tanto trabalhava com a água do Rio Simão, como com a água do Ribeiro da
Presa.
Ano de 2018, é aqui neste local mesmo no fundo do Lugar
da Ilha, que o Ribeiro da Presa desagua
no Rio Simão.
......No lado
direito vemos o Ribeiro da Presa.
Este Ribeiro da Presa nasce no Susão, passa próximo da Igreja
nova do Susão, atravessa Valongo pelo lado mais a Nordeste, pelo caminho vai
recebendo as águas de vários outros ribeiros, que vão aumentando o seu caudal,
passa pela Fonte Mourisca, depois pela Ponte da Presa, até que finalmente vai
desaguar no Rio Simão, aqui no fundo do Lugar Ilha.
......No
lado esquerdo da foto acima, vemos o Rio Simão a sair de um túnel.
O Rio Simão também nasce no Susão, ali para os lados
da Outrela, passa próximo do apeadeiro do Susão, atravessa Valongo, e pelo
caminho também vai recebendo as águas de vários outros ribeiros, como
o Ribeiro dos Lagueirões, o Ribeiro da Igreja, o Ribeiro da Presa, o Ribeiro
das Águas Férreas que vem do lado da Santa Justa, e segue
sempre até lá ao fundo do Lugar da Azenha, onde finalmente desagua no Rio
Ferreira.
Ano
de 2018, o Rio
Simão depois de receber as águas do Ribeiro da Presa fica com o dobro do
caudal.
Ano
de 2018, ao longo de todo
o seu curso o Rio Simão tem um caminho pedonal, desde o Susão até ao fundo do Lugar
da Azenha, onde desagua no Rio Ferreira.
Ano
de 2018, um troço do
caminho pedonal que acompanha o Rio Simão durante mais de 5 km.
Ano de 2018, aqui no fundo do Lugar da Ilha o
caminho pedonal segue pelos antigos caminhos, pelo sopé do Monte da Santa
Justa, até ao fundo do Lugar da Azenha.
......Na
página 372 do livro A Villa de Vallongo diz o seguinte
sobre o Rio Simão:
O Rio
Simão recebe as
águas do Ribeiro do Cambado ainda antes da linha férrea, e de Fontelas vem a Centiais no Susão, donde
depois corre por Contenças a caminho de Vallongo, e como vai recebendo as águas de todos esses ribeiros isso
faz com que os seus moinhos trabalhem quase todo o ano.
Antigo
mapa, onde se
pode acompanhar o percurso do Rio Simão.
......O Rio Simão nasce no Susão mais ou menos onde eram as pedreiras
do Chemina, depois
corre por Fontelas, por Centiais, atravessa a
linha férrea perto do Apeadeiro do Susão, depois corre por Contenças a caminho de
Valongo.
......Actualmente ainda existe em Valongo a Casa de Contenças.
Vou agora
fazer um pequeno desvio para mostrar 4 moinhos
que trabalhavam com a água do Rio Simão, vou começar perto da nascente no Susão
e vou terminar no junto à Ponte da Passagem.
Ano de 2018, era este o primeiro moinho do Rio
Simão, ficava no Susão próximo do Souto.
Conheci
muito bem este moinho e estive dentro dele muitas vezes, ele esteve
alugado ao meu pai de 1957 até 1973, mas o meu pai não o utilizava como moinho.
Ano
de 2018, o primeiro
moinho do Rio Simão, no Susão.
Ano de 2018, o primeiro moinho do Rio Simão, no Susão.
O primeiro moinho do
Rio Simão, devia ter uma roda de pás lateral, como a desta fotografia.
É
este o princípio de funcionamento de um Moinho com eixo a 90 graus, com roda de
pás lateral.
Ano
de 2018, este primeiro
moinho do Rio Simão está prestes a ruir, mas se reparamos ainda conseguimos ver
no lado direito um quadrado na parede que não está revestido, era aí que
ficava a chumaceira do eixo da roda das pás.
Ano
de 2018, era este o
segundo moinho que moía com a água do Rio Simão, fica já em Valongo, no
Lugar da Senra, e é conhecido como o Moinho da Senra.
Ano
de 2018, o Moinho da Senra está a ser recuperado
pela C. M. de Valongo.
Ano
de 2018, nesta fotografia
vemos o Rio Simão a passar no Moinho da Senra, como vemos o rio ainda
tem bastante caudal.
Ano
de 2018, a porta de saída
da água no Moinho da Senra.
Ano
de 2018, o terceiro
moinho do Rio Simão, fica na Rua de Trás, cerca de 200 metros antes da
Ponte da Passagem.
Ano
de 2018, quem passa pela
frente deste moinho mal o vê, mas no seu interior ainda existe o túnel por onde
antigamente passava a água, que fazia rodar a Mó.
Ano
de 2018, mas se formos
pelo passadiço do Rio Simão, que passa nas traseiras do moinho, vemos duas grandes portas em ardósia, que era por onde a água saía do moinho depois de
passar na mó.
Ano
de 2018, as portas em
ardósia nas traseiras do moinho, como vemos neste local o Rio Simão também tem
bastante caudal.
Ano de 2018, e agora chegamos à Ponte da Passagem, onde fica o quarto moinho do Rio Simão,
moinho que também é mencionado no livro A Villa de
Vallongo.
Foi
esta Ponte da Passagem que
deu o nome à Rua da Passagem, rua
para onde fui morar na casa dos meus
pais, no ano de 1958.
Nesta fotografia tirada da casa dos meus pais,
vemos como era a Rua da Passagem na década de 1970.
Neste
pequeno trecho da Rua da Passagem, vemos
no lado direito da ponte a casa estilo colonial da Quinta da Nadita.
No lado esquerdo da ponte vemos o telhado do Moinho da Passagem, que é mencionado no livro A Villa de Vallongo.
......A
abertura da Rua da Passagem começou
a ser pensada em 1936, mas a obra só foi executada por volta de 1950.
......No Jornal
Comemorativo do 1º Centenário da Fundação do Concelho de Valongo, que aconteceu
no ano de 1936, vem uma entrevista sobre a
abertura desta Rua da Passagem, que fazia parte de um grandioso
programa de obras, que a Câmara pretendia levar a cabo nesse ano de 1936.
......A
seguir vou pôr um excerto dessa entrevista, concedida pelo Administrador do Concelho de Valongo, Exº Sr. João Lino de Castro
Neves, que
na Câmara ocupava o lugar de vereador de obras na sede do concelho, e
era um dos mais acérrimos defensores do novo plano de melhoramentos, que a
Câmara de Valongo pretendia levar a cabo em 1936:
......Pergunta o jornalista: fala-se muito da abertura da Rua da
passagem?
......Resposta: sim, a Rua da Passagem também já foi
pensada, e está-se a proceder ao levantamento da planta que a vai transformar
numa suave estrada de 8 metros de largura, que partindo do Hospital desta Vila
vai até à Ponte da Presa, substituindo o velho caminho que actualmente está
intransitável.
......Pergunta o jornalista: isso seria uma obra de grande interesse
para o público, vai ficar muito dispendiosa para o Município?
......Resposta: o seu preço não é de grande vulto, porque
os proprietários oferecem os terrenos, e a terraplanagem é relativamente fácil
de fazer, motivo porque espero dentro em breve ver esta obra realizada.
Mas
apesar desta promessa feita no ano de 1936, a abertura da Rua da Passagem só veio a acontecer por volta de 1950.
A
abertura da Rua da Passagem foi
muito importante na altura, porque até aí só existia uma via que atravessava
Valongo, era a EN 15, antiga Estrada Real 33.
A
partir da abertura desta Rua da Passagem passou a existir uma segunda via, para
quem pretende-se passar pelo centro de Valongo.
Ano
de 2022, actualmente a Rua da Passagem só tem um
sentido de circulação, do Porto para Penafiel.
Ano
de 2018, é este o Moinho da Passagem que é citado em
1904, no livro A Villa de Valongo.
Ano
de 2018, nesta fotografia
vemos as comportas no Rio Simão, estas comportas eram fechadas para fazer a água a
circular pelo interior do Moinho e fazer rodar a Mó, vemos também a porta por
onde depois a água saía do Moinho.
Ano
de 2018. as
comportas no rio, e a porta por onde depois a água saía do Moinho.
Ano
de 2018, a água depois de
passar pelo moinho entra na Ponte da Passagem, vemos também o caminho pedonal que
acompanha o rio durante todo seu curso.
Ano de 2018, agora vemos o Rio Simão a sair da Ponte da Passagem.
E para encerrar este capítulo sobre os moinhos, vou
mostrar algumas Mós dos antigos moinhos do
Rio Simão.
O interior de um
antigo moinho.
O interior de um
antigo moinho.
O interior de um
antigo moinho.
O
Moinho do Cuco é
o último moinho do Rio Simão, fica mesmo lá no fundo do Lugar da Azenha, onde o
Rio Simão desagua no Rio Ferreira, este moinho tinha 4 Mós.
Uma
colecção particular de pedras de Mós de
antigos moinhos do Rio Simão, e do Rio Ferreira.
Mas
como este assunto dos Moinhos, das Mós, dos caminhos pedonais, e dos
muitos Rios e Ribeiros que atravessam Valongo, como é muito extenso, vai ter
que ficar para outra publicação, porque já me afastei muito do meu
percurso inicial.
......E
por isso, agora vou regressar à Ponte da Presa, que
fica na Estrada Nacional 15, antiga Estrada Real 33, e
vou continuar o meu percurso, porque senão nunca mais chego à Estação dos
caminhos de ferro.
E já estou novamente
na Ponte da Presa, lá ao fundo já vemos a Rotunda da Trilobite, onde vou virar para
a Rua da Estação, que é o meu destino final.
E
cá estou eu na rotunda da Trilobite.
A
rotunda da Trilobite é uma homenagem às trilobites, que eram uns seres marinhos que
por cá viveram acerca de 360 milhões de anos, num tempo em que Valongo ainda
estava submerso pelas águas do mar.
A futura Câmara
Municipal de Valongo, também vai ter a forma de uma Trilobite, em homenagem a esses serem marinhos que por cá
habitaram à alguns milhões de anos.
Como
vai ficar a futura Câmara Municipal de Valongo,
em
forma de uma Trilobite.
Nas
minas de ardózia de Valongo, e de Arouca continuam a aparecer muitos fosseis desses
antigos seres marinhos, em Arouca existe mesmo um
museu dedicado às Trilobites.
Ano
de 2022, mas no local
onde agora existe esta Rotunda da Trilobite, antes existia um bonito edifício,
que era todo revestido com Soletos de Ardózia.
Era
este o edifício que existia no lugar onde agora está a Rotunda da Trilobite.
Falo
deste antigo edifício que era todo revestido com soletos de ardózia, porque
tenho a firme convicção de que ele devia ser a segunda Alquilharia de Carruagens de Vallongo.
Digo
que este edifício devia ser a segunda Alquilharia
de Carruagens, primeiro pelas características do edifício, segundo
porque este edifício sempre esteve ligado ao comércio, nunca foi um edifício de
habitação.
E depois também, porque na página 386 do livro A Villa de Vallongo diz
que antes da inauguração da linha férrea do Douro entre Ermesinde e Penafiel,
que aconteceu no ano de 1875, em Vallongo existiam duas Alquilharias com boas
Carruagens.
E
agora continuando com esta minha viagem, entro na Rua da Estação, e vou até à Estação dos Caminhos de Ferro, onde finalmente vai terminar esta minha
grande viagem, de cerca de 1000 metros pelo centro de Valongo.
Ano
de 2022, agora já estou
na Rua da Estação, lá ao fundo já se vê o edifício da Estação de Caminhos
de Ferro de Valongo.
O edifício da Estação de Caminhos de Ferro de Valongo.
A Estação de
Caminhos de Ferro de Valongo, antes da modernização da linha do Douro.
Toda a linha dos Caminhos de Ferro do Douro foi
modernizada, e Valongo não foi excepção, actualmente temos em Valongo uma
estação digna do Século XXI.
Mas
a antiga estação com os seus armazéns, uns construídos em madeira, outros em
Ardózia, deixaram-me muitas saudades, ainda me lembro de como era a antiga
estação, até das casas de banho me lembro.
......Vou
a seguir pôr 11 imagens dos
arquivos da RTP, são do ano de 1965, onde se vê
a estação antiga, tal como eu a conhecia.
Digo
que tenho saudades da antiga estação, porque foi nesse já longínquo ano de 1965
que comecei a viajar diariamente de comboio, entre Valongo e o Porto, tinha 10
anos, nessa altura os comboios que circulavam na linha do Douro ainda eram
com máquinas a Vapor.
Junho
de 1965, a antiga estação
de caminhos de ferro de Valongo.
Junho
de 1965, um
comboio a vapor a chegar à antiga estação de caminhos de ferro de
Valongo.
Junho de 1965, um comboio a vapor a chegar à antiga estação de caminhos de ferro de Valongo.
Junho
de 1965, um grupo de
pessoas na estação de Valongo, estão à espera do comboio no sentido do
Porto para Penafiel.
Junho
de 1965, o
comboio a vapor prestes a parar na gare de embarque da estação de Valongo, no
sentido do Porto para Penafiel.
Junho
de 1965, ainda
o comboio a vapor prestes a parar na gare de embarque da estação de Valongo, no
sentido do Porto para Penafiel.
Junho
de 1965, os armazéns
traseiros da estação, tinham paredes de ardósia, e os telhados eram em soletos.
Junho de 1965, na estação de Valongo eram
carregados vários wagons todos os dia.
De
Valongo eram despachados todo o tipo de materiais, mobiliário, e todo o tipo de
artigos fabricados em ardósia.
Daqui
eram despachadas lousas, penas escolares, bancas de cozinha, algerozes para os
beirais das casas, eram vasos e ladrilhos para o chão, soletos, etc, esses
wagons eram depois atrelados nos comboios de mercadorias que por aqui passavam.
Junho
de 1965, os armazéns
traseiros da estação de Valongo, com as suas paredes em Ardósia, e o telhado em Soletos também de Ardósia.
Antigamente existiam
em Valongo muitas casas como esta, totalmente revestida com Soletos de
ardósia, mas hoje já
poucas existem.
Outra casa em Valongo
revestida com Soletos
de Ardósia, que
ainda resistiu.
Outra casa em Valongo revestida com Soletos de Ardósia.
Outra casa em Valongo revestida com Soletos de Ardósia.
Mas
revestir edifícios com Soletos de Ardósia voltou a ser moda, e actualmente no Porto já existem dezenas de
edifícios revestidos com Soletos.
Ano
de 2022, um edifício no
Porto, perto do Mercado Ferreira Borges, com revestimento em Soletos de Ardósia.
Ano
de 2022, outro edifício
nas traseiras do Palácio das Cardosas no Porto, com revestimento em Soletos de Ardósia.
Ano
de 2022, outro edifício
perto do palácio de Cristal no Porto, com revestimento em Soletos de Ardósia.
Ano de 2022, um edifício no Porto, perto do Mercado
Ferreira Borges, com revestimento em Soletos de Ardósia.
Mas
agora vou votar novamente para a estação de Valongo no ano
de 1965, porque
senão nunca mais acabo a publicação.
Junho
de 1965, estes eram os armazéns da parte
da frente da estação, eram construídos em madeira, iguais a tantos outros
noutras estações, vemos um Wagon para ser carregado com mercadorias.
Estes
armazéns em madeira na frente da estação, eram os que eu conhecia melhor,
porque muitas vezes acompanhei o meu pai quando ele ia fazer despachos de
Lousas Escolares, também me lembro bem da balança que aparece nesta fotografia,
era nela que era pesava a mercadoria antes de ser despachada, também me pesei
nela muitas de vezes.
Na década de 1970 existiam 26 fábricas de Lousas e
penas escolares, e mais de uma dezena de pedreiras de Ardósia em Valongo, e
todas as mercadorias dessas fábricas e pedreiras eram despachadas de Comboio.
Dessas
26 fábricas de Lousas Escolares, das quais uma era do meu pai, actualmente só
existe uma.
Os
antigos armazéns em madeira da Estação de Valongo eram iguais a estes do Peso da Régua.
Actualmente
já não existem armazéns em Valongo, nem são despachadas mercadorias
na Estação de Caminhos de Ferro de Valongo.
......Na
página 220 do livro A Villa de Vallongo diz que com a
passagem da linha de caminhos-de-ferro do Douro, Valongo sofreu um rude golpe
no seu comércio e industria:
......A
29 de Julho de 1875 inaugura-se a linha férrea do Douro entre Ermesinde e
Penafiel, a qual passados alguns anos até tem concorrido para o desenvolvimento
material de Vallongo, embora por algum tempo fosse um golpe de morte dado no
seu comércio e industria.
......Porque
até então era por Vallongo que passavam todas as mercadorias e passageiros que
do Alto-Douro e Terras de Traz-os-Montes desciam para o Porto, seguindo a
Estrada Real nº33 que d'essa cidade ia até Penafiel, Amarante, Régua, Chaves, Bragança
até à Hespanha.
......E
todos os dias n'esta terra passava uma multidão imensa de povo de todas as
condições e estados, almocreves com suas alimárias (animais de carga),
estafetas, carroças, liteiras, e malas postais que descansavam, comiam, compravam
e vendiam, constituindo aqui um centro de comercio que muitas vezes fez a
felicidade de muitas famílias.
......Era
o que fazia dizer aos nossos pais que à beira da estrada, vendendo iscas de dez
réis e meios quartilhos de vinho, pôde-se arranjar bem a vida, e podia, a
primeira paragem para refresco dos viandantes, depois da saída do Porto, era
Vallongo, onde também os transeuntes se muniam do afamado pão, quando iam para
aquela cidade.
......Mas
a passagem do caminho de ferro por Vallongo com tudo isto acabou, e, se não
fossem os elementos de vida que esta terra possuía em si, graças ao seu
comércio e exploração das riquezas do seu solo, talvez tivéssemos a registar na
história o desaparecimento de uma povoação importante vítima das maravilhas do
progresso.
......Mais
tarde as coisas começaram a mudar, e hoje, em 1904, o caminho de ferro já é
fonte de bastantes benefícios para esta terra, sendo o seu movimento dos de
maior escala que se realizam em toda a linha do Douro.
......A
estação tem quatro vias, duas para passagem dos comboios ordinários, e duas
para resguardo dos wagons, que continuamente ali demoram à carga e descarga de
diversas mercadorias.
……Para
depósito e arrecadação das mercadorias à também dois cais, um coberto e fechado
e outro descoberto, bem como um grande número de empregados para bom desempenho
de serviço.
......Até
este tempo, porém, tiveram os Vallonguenses de arcar com grandes dificuldades
na luta pela vida, recorrendo muitas vezes à emigração, que foi causa de que
muitos de seus filhos procurassem nas terras de Santa Cruz, Brasil, o forçado
pão do exílio......
O
início das obras de construção da linha do Douro começou em Julho de 1873, e o
primeiro troço entre Ermesinde e Penafiel entrou ao serviço no dia 30 de
Julho de 1875.
A linha
dos caminhos-de-ferro do Douro inaugurada no ano de 1875, começava na Estação de
Ermesinde.
Como era a estação de
Ermesinde quando
eu comecei a viajar de comboio de Valongo para o Porto.
Ano
de 2018, a estação de
Ermesinde tal como toda a linha do Douro também foi modernizada, e como vemos
hoje Ermesinde tem uma estação toda futurista.
Ano de 2018, a estação de Ermesinde com iluminação
nocturna.
Os
comboios da linha do Douro partem da Estação de São Bento, no Porto, passam por
Ermesinde, e 2km à frente passam por um viaduto sobre o Ribeiro de Cabeda.
Este
viaduto de Cabeda apesar de não ser muito alto impõe muito respeito, quando com
10 anos comecei a passar por ele parecia-me sempre que ele abanava muito.
Antiga
fotografia, onde vemos um comboio a vapor a passar no Viaduto de Cabeda, ou viaduto dos
Sete Arcos, como é conhecido por alguns.
O Viaduto de Cabeda, com os seus 7 arcos.
Já
passei muitas vezes a pé por cima deste Viaduto de Cabeda, quando andei no ciclo preparatório na Escola
Ramalho Ortigão, entre 1965/67, só haviam Comboios para Valongo no
final da tarde.
E
quando não tínhamos aulas de tarde, eu com mais alguns colegas fazíamos a
viagem a pé desde a Estação de Ermesinde, até ao apeadeiro do Susão.
O Viaduto
de Cabeda.
Passando
o viaduto de Cabeda, alguns quilómetros à frente, chegámos ao Apeadeiro do Susão, na década de 1960 eram poucos os comboios
que paravam no Susão.
Antiga fotografia
do Apeadeiro do Suzão, neste
tempo ainda existiam as cancelas metálicas, no Susão existiam 2 passagens
de nível com guarda.
Outra antiga
fotografia do Apeadeiro do Susão.
Outra antiga
fotografia do Apeadeiro do Susão.
O Apeadeiro do Susão num tempo já mais recente, nesta altura as
cancelas metálicas já tinham sido substituídas por barreiras, e os comboios que
circulam já não são a vapor.
Antes
da modernização da linha do Douro, no Susão existiam 2 passagem de nível com
guarda, e ambas com casa onde morava o guarda com a família.
Eram
esses guardas das passagens de nível que tinham a obrigação de fechar, e abrir
as cancelas metálicas, quando se aproximava um comboio, uma das passagem de
nível ficava na estrada que liga Valongo a Alfena, e a outra ficava na estrada
que vai até ao Souto, no centro do Susão.
Ano de 2018, com a modernização da linha do Douro o
antigo Apeadeiro do Susão foi
transformado numa moderna estação, tão importante como a Estação de Valongo, a
antiga casa do guarda da passagem de nível ainda se mantém, embora já não more
lá ninguém.
Os
comboios depois de passarem no apeadeiro do Susão, antes de chegar
à estação de Valongo, ainda passavam por mais duas passagens de nível
com cancelas metálicas, uma ficava no Calvário, dava acesso às Pedreiras do
Galinheiro, e a outra ficava já perto da Estação de Valongo, e também
servia para dar acesso às pedreiras.
E
finalmente os comboios depois de passarem nessas passagens de nível, chegavam à
Estação de Valongo.
A
Estação dos caminhos-de-ferro de Valongo, inaugurada em 1875, só tinha 2 linhas
por onde circulavam os comboios ordinários.
Mas como podemos ler numa passagem do Livro A Villa de Vallongo,
em 1904 a estação já tinha quatro vias, duas para passagem dos comboios
ordinários, e duas para resguardo dos wagons, que continuamente ali demoram à
carga e descarga de diversas mercadorias.
......No
livro A Villa de Vallongo diz
o seguinte sobre a Estação de Caminhos de Ferro de Valongo:
......A
Estação do Caminho de Ferro serve de aposento ao chefe do respectivo serviço, e
é lugar de embarque e desembarque de diferentes mercadorias e indivíduos, nada
tem de notável por apresentar a forma das outras casas que na linha do Douro
tem o mesmo fim e mister.
......Data
de 1875, o primeiro comboio passou aqui já depois do meio dia, levando o
ministro da marinha, alguns vereadores, o governador civil, o general da
divisão e outros funcionários, jornalistas, e vários cavalheiros representantes
do corpo diplomático.
......O
comboio foi até Penafiel, onde houve um lanche de 180 talheres, estando todas
as estações engalanadas e havendo em Vallongo várias manifestações de regozijo.
Era assim a primitiva estação dos caminhos de ferro de Valongo, inaugurada em 1875.
Ano de 2018, como está actualmente a
estação de caminhos de ferro de Valongo.
Não
me sentiria bem terminar esta publicação sem fazer um elogio
ao padre Joaquim Alves Lopes
Reis, porque a maioria dos textos que utilizei são do seu
livro A Villa de Vallongo.
O padre Joaquim no livro A Villa de Vallongo, escreve
sobre as tradições, sobre a história, sobre os
costumes de Vallongo, desde os tempos mais remotos, até ao ano da
publicação do livro, em 1904.
Utilizo este livro
como um manual de consulta sobre o passado de Valongo, tenho uma grande
admiração por este livro, mas melhor do que lhe fazer algum elogio, será
escrever um texto que o próprio escreveu na conclusão do livro, que
diz o seguinte:
......Nos Séculos
que ainda estão por vir, se algum d'esses cataclysmos que subvertem as Nações e
fazem desaparecer os povos, risque do mapa de Portugal esta encantadora terra,
este livro ficará sempre como um monumento vivo a atestar aos vindouros o que
ela foi no passado.
......E assim como os toscos hieroglíphos do Egipto perpetuam a civilização de gerações que se finaram, o livro A Villa de Vallongo, apesar de mal escrito, não deixará esquecer as bellezas nem as graças que o Céo azul d'esta villa abundantemente encerra.
E depois desta longa e extenuante viagem histórica de 1 km pela en15, antiga Estrada Real 33, que me levou 6 anos a completar de 2018 a 2024 despeço-me, e se alguém se deu ao trabalho de ler esta extensa publicação, espero que tenha gostado.
Fernando Almeida