sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

 Histórias antigas do tempo em que trabalhava na Divisão de Elevadores da Efacec.

 Nesta publicação vou contar algumas das peripécias, que me aconteceram numa deslocação que fiz a Macau no ano de 1993.

 Uma deslocação a Macau ao serviço da Efacec. 



 As ruínas da Catedral de São Paulo, em Macau. 



 A Efacec Oriente Lda, anunciou o início da construção das suas novas Instalações fabris em Macau, para Junho de 1991.




 A Efacec Oriente Lda, anunciou a inauguração da sua nova fábrica de Transformadores de distribuição em Macau, para o dia 22 de Abril de 1993.

 Vou então começar com o relato, do porquê desta minha deslocação a Macau:

 Foram muitas as deslocações que fiz ao serviço da Efacec, e de todas elas guardo recordações.

 Mesmo das deslocações onde passei maiores dificuldades, e posso dizer que foram muitas as vezes em que estive submetido a grande stress, guardo boas recordações, por causa das pessoas, e de todos os lugares que acabei por conhecer, por causa dos Elevadores.

 Periodicamente irei contando aqui, algumas das peripécias que me foram acontecendo em cada uma das deslocações, que fiz ao serviço da Efacec Elevadores.

 O primeiro ponto que pretendo destacar nesta publicação, é o meu agradecimento a um grande amigo, que foi um grande Montador de Elevadores, o Sr. João da Silva Tavares, porque foi por causa dele que fiquei a conhecer Macau, as Ilha da Taipa e de Coloane, e também fizemos várias incursões pelo interior da China.

 Conheço o Sr. Tavares desde o ano de 1971, conheci-o quando ainda com 16 anos, fui estagiar para o Sector de Montagem de Elevadores da Efacec, que era na Rua de Sá da Bandeira, nº 706, 5º andar, no Porto.



 Nesta antiga fotografia, de um jantar de Natal do Sector de Montagem de Elevadores da Efacec, que fizemos no Hotel Dom Henrique no Porto, na década de 1970 estão:

 A começar da esquerda, o Sr. Bernardo, depois o Sr. Agostinho, depois está o Sr. João da Silva Tavares, depois o Sr. Afonso, e à frente no lado direito, de pullover cinzento estou.

 Como já disse este meu relato tem a ver com as circunstâncias da minha ida para Macau, e com algumas das peripécias que por lá passei.

 Quando parti de viagem para Macau, ia com a ideia que ficaria por lá uma, ou no máximo duas semanas, mas acabei por lá ficar durante vários meses.

 Só vim embora quando os Elevadores que foram instalados no novo Edifício de escritórios, e na fábrica de transformadores, que a Efacec Oriente construiu na Ilha da Taipa em Macau, ficaram concluídos.

 A história da minha deslocação a Macau, começa quando a Efacec resolveu fazer uma fábrica de transformadores e um edifício de escritórios na Ilha da Taipa, em Macau.

 O Edifício de escritórios foi equipado com uma Bateria de Elevadores Dúplex, com Comandos QCP/Isostop, com reguladores de velocidade Dinalift da Loher.

 E na fábrica de transformadores que ficava anexa ao edifício de escritórios foi montado um enorme Monta Cargas Hidráulico, com capacidade para 4000 Kg de carga nominal, tinha portas automáticas a 180 graus, e um Comando QCP.

 Como não podia deixar de ser, os Elevadores foram fornecidos pela Divisão de Elevadores da Efacec, nem se entenderia que os Elevadores para a Sede da Efacec Oriente não fossem da Efacec, porque um dos objectivos da Efacec Oriente também era começar a comercializar Elevadores Efacec no Oriente.

 Se procurarmos no Google Maps, o Edifício da Efacec na Ilha da Taipa, em Macau, ele ainda aparece na Rua de Viseu.



 O Jornal Infor nº 65, do Grupo Efacec, de Junho de 1993, foi quase todo ele dedicado à inauguração das instalações, e da nova fábrica de transformadores da Efacec Oriente, na Ilha da Taipa, em Macau, que foram inauguradas no dia 22-04-1993.

 Vou então começar com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 Não sei de quem partiu a ideia, mas alguém decidiu que a montagem dos Elevadores da nova sede da Efacec Oriente, na Ilha da Taipa, em Macau, seria feita por pessoal local da Efacec Oriente.

 Para aprender a montar Elevadores veio estagiar para o Porto um funcionário Chinês da Efacec Oriente, o Tsí, ele andou a acompanhar a montagem de vários elevadores, depois andou comigo e acompanhamos várias instalações, para que ele também ficasse bem entrosado com a parte eléctrica dos Elevadores.

 Concluída a formação como Montador de Elevadores, o Tsí partiu para Macau, e em conjunto com pessoal local começaram a montar os 2 elevadores "Isostop" no edifício de escritórios, e o Monta-Cargas na fábrica de transformadores que ficava anexa.

 Mas como a data da inauguração se estava a aproximar, e como a montagem não estava a correr muito bem, pediram para ir de Portugal um montador de elevadores para auxiliar na montagem, porque senão os Elevadores não iriam ficar concluídos a tempo





 É este o edifício de escritórios, e a fábrica de transformadores da Efacec Oriente, na Rua de Viseu, Ilha da Taipa em Macau.



 Planta do edifício de escritórios, e da fábrica de transformadores da Efacec Oriente, na Rua de Viseu, Ilha da Taipa em Macau.

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 O montador de elevadores escolhido para ir a Macau, auxiliar na Montagem dos Elevadores foi o Sr. João Tavares, nesta altura o Sr. Tavares estava colocado como encarregado no sector de montagem de elevadores da Efacec, em Lisboa.

 O Sr. Tavares lá vai então para Macau, mas também ele não demorou muito tempo a pedir que fosse alguém para o auxiliar, porque os elevadores eram muito complicados, e a continuar assim não ficariam prontos para o dia da inauguração.

 Foi aqui nesta altura que resolveram mandam-me a mim, e pronto está explicado como acabei por ir parar a Macau, e lá fui eu com as malas para o outro lado do Mundo.

 Como já disse quando parti para Macau, ia com a ideia de que ficaria por lá uma, ou no máximo duas semanas, mas acabei por lá ficar durante vários meses.

 E assim lá começou esta minha grande viagem de vários meses, fui do aeroporto do Porto para Londres num avião Boing 727, da TAP.

 Depois de Londres para Hong Kong, fui num Boing 747, Jumbo, da British Airways. 



 Foi este o trajecto que fiz desde o Porto até Macau.



 No voo da British Airways, de Londres para Hong Kong, viajei em executiva, e durante o voo foi distribuído a todos os passageiros um kit com vários artigos, auscultadores, uma protecção para os olhos, escova e pasta de dentes, e muitas outras coisas.

 Desse kit ainda guardo os auscultadores em estado de novos como recordação, o avião em que viajei era muito luxuoso, até já tinha incorporado nas costas de todas as cadeiras um lcd com muitos canais de televisão.

  Finalmente depois de quase 2 dias de viagem, cheguei a Hong Kong.




 Como se vê no meu passaporte, dei entrada em Hong Kong no dia 15 de Abril de 1993, depois tenho vários vistos de autorização de permanência, e o último carimbo foi a 2 de Agosto de 1993, que deve ter sido a data de regresso, quase 4 meses depois. 

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 No mesmo dia em que eu viajei do Porto para Macau, no mesmo voo também ia um engenheiro da Divisão de Transformadores, da Fábrica da Efacec na Arroteia.

 Talvez por essa razão, quem nos foi esperar ao aeroporto de Hong Kong foi o Director da Efacec Oriente, o Eng. Matos Guilherme.

 Em 1993, ainda não existia aeroporto em Macau, nem sequer estava pensado, em 1993 o aeroporto de Hong Kong ainda era no meio da cidade.

 Saímos do Aeroporto e fomos de autocarro pelo meio da cidade até ao porto de Mar, de onde saíam os  barcos a jacto para Macau.

 Já em 1993 fiquei impressionado com Hong Kong, era uma Metrópole que impressionava com os seus prédios muito altos, e com os seus autocarros vermelhos de 2 pisos, que até me fez lembrar a cidade de Londres.

 Eu até me lembro de ter pensado cá para mim, isto aqui com esta quantidade de edifícios em altura, é que deve ser um autêntico paraíso para os Técnicos de Elevadores.



 As ruas de Hong Kong com os seus autocarros de 2 pisos, fez-me lembrar a cidade de Londres, em Hong Kong, tal como em Macau circula-se pela esquerda, o Edifício que mais me impressionou foi o Banco da China, com os seus triângulos espelhados.



 O Edifício do Banco da China, em Hong Kong com os triângulos espelhados.  



 O Edifício do Banco da China, em Hong Kong.



 A Metrópole de Kong Kong, e o seu porto de Mar.

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 Como estava a dizer lá atrás, saímos do aeroporto de Hong Kong e fomos pelo centro da cidade até ao porto de mar, de onde partiam os barcos a jacto com destino a Macau.

 No porto de mar de Hong Kong tivemos que fazer todos os procedimentos Alfandegários, pois estávamos a mudar de País.

 Em 1993, Hong Kong ainda pertencia à Inglaterra, e Macau a Portugal.

 Depois de cumpridos os procedimentos alfandegários embarcamos num barco a jacto, e lá fomos nós de Hong Kong para Macau.

 Na altura os barcos a jacto eram equipados com 2 reactores Boing.



 Um Barco a Jacto, quando estes barcos atingem a velocidade máxima ficamos com a sensação de que vamos levantar voo, mas quando nos cruzamos com outro barco é que vemos que o barco vai totalmente fora d'água.



 Um Barco a Jacto.

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 E assim, depois de mais de dois dias de viagem, finalmente cheguei a Macau, o Eng. Matos Guilherme foi levar-me a um edifício na Ilha da Taipa, onde a Efacec Oriente tinha um apartamento alugado, nesse apartamento já estava alojado o Sr. Tavares, e era onde segundo ele também eu iria ficar alojado.

 Mas mal cheguei ao apartamento deparei-me com um pequeno problema, o apartamento até tinha 3 quartos, mas estavam todos ocupados.

 Um dos quartos estava ocupado pelo Sr. Tavares, e os outros 2 estavam ocupados por dois funcionários, da Divisão de Transformadores da Efacec Porto, que também estavam a trabalhar em Macau.

 Hora como os três quartos já estavam ocupados, eu só tive uma opção, fiquei no sofá da sala, não consegui dormir, estive toda a noite a ver televisão, mas ela só tinha canais chineses.  

 No dia seguinte, com o máximo de educação que consegui porque estava muito revoltado, disse ao Eng. Matos Guilherme que teria que me arranjar outro alojamento, porque não ia ficar a dormir no sofá da sala.

 Ou então por favor que me marcasse a viagem de regresso, porque me vinha embora, eu tinha viajado para Macau com a viagem de regresso em aberto.

 No final do dia o Eng. Matos Guilherme veio dizer-me que me tinha marcado alojamento no Hotel Emperor, onde já estava alojado o tal Eng. da Divisão de Transformadores da Efacec, que tinha viajado comigo do Porto para Macau.



 O Hotel Emperor em Macau, onde fiquei alojado no 18º andar, lá de cima consegui-a ver tudo há volta, em 1993 estavam a começar a fazer os pilares da segunda ponte, entre Macau e a Ilha da Taipa.

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 Mas ainda falando ainda sobre o alojamento, quando o Eng. Matos Guilherme me disse que ia ficar alojado no Hotel Emperor em Macau, disse-me logo que teria que ser o Sr. Tavares a ir buscar-me, e levar todos os dias ao hotel, pois não ia alugar outro carro, para eu vir todos os dias de Macau, para a Ilha da Taipa.

 Pensei eu que esta pequena quezília que tive com o Eng. Matos Guilherme, sobre o meu alojamento não tinha deixado nenhum resquício, até porque nos dias seguintes continuamos a falar normalmente, mas se calhar ele ficou mesmo com alguns anticorpos contra mim.



 A entrada do Hotel Emperor em Macau, este hotel tinha uma Bateria de Elevadores Quadruplex, da Mitsubishi que era qualquer coisa de espectacular, nunca mais na minha vida, vi, nem andei em nenhum elevador dessa marca, na altura nem sabia que a Mitsubishi era fabricantes de Elevadores.



 Ainda guardo como recordação do Hotel Emperor em Macau, estes blocos de apontamentos que todos os dias me deixavam no quarto.

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 Quando o Eng. Matos Guilherme me disse que eu passaria a andar no carro do Sr. Tavares, para mim foi uma boa noticia, porque em Macau tal como em Hong Kong, a condução é feita pela esquerda, e eu até nem sabia conduzir pela esquerda, e acho que ia ter muita dificuldade em aprender.


 Mas para o Sr. Tavares coitado, é que o dia a dia passou a ser mais complicado, porque a fábrica de transformadores da Efacec Oriente, era na Ilha da Taipa, e ele até estava alojado no tal apartamento também na Ilha da Taipa.

 Por isso o Sr. Tavares, passou a ter que se levantar muito mais cedo, porque tinha que me ir buscar a Macau.

 E assim todos os dias, o Sr. Tavares tinha que atravessar a ponte para me ir buscar de manhã, e depois levar à noite, portanto tinha que atravessar a ponte entre a Ilha da Taipa, e Macau 4 vezes por dia.




 E assim por minha causa, todos os dias o Sr. Tavares tinha que atravessar esta ponte entre a Ilha da Taipa, e Macau 4 vezes por dia.



 Ao dizer que todos os dias o Sr.Tavares tinha que atravessar esta ponte entre a Ilha da Taipa e Macau 4 vezes, para me ir buscar e depois levar ao hotel, até parece uma coisa banal, mas não era bem assim porque esta ponte tem 3 Km de extensão.



 A Ponte Nobre de Carvalho no lado de Macau tem uma bossa com 35 metros de altura, que permite a passagem de navios. 



 A Ponte Nobre de Carvalho no lado de Macau tem uma bossa com 35 metros de altura, que permite a passagem de navios. 



 Esta ponte tomou o nome de Ponte Governador Nobre de Carvalho, que era o Governador de Macau na altura, foi a primeira ligação entre Macau e a Ilha da Taipa.

 Foi projectada pelo Eng. Edgar Cardoso, e entrou ao serviço no dia 5 de Outubro de 1974, tem um comprimento de 3 Km, depois da sua inauguração em 1974 durante alguns anos ainda foram cobradas portagens, que eram pagas no lado da Ilha da Taipa.

 A Ponte Governador Nobre de Carvalho termina no lado de Macau, relativamente perto da rotunda do Hotel Lisboa.



 O Hotel e o Casino Lisboa, em Macau, actualmente esta zona está muito diferente do que eu conhecia em 1993, como podemos ver a circulação automóvel em Macau faz-se pela esquerda. 



 Ainda na zona do Hotel e do Casino Lisboa em Macau.



 Uma fotografia da zona do Hotel e do Casino Lisboa em Macau, onde termina a Ponte Governador Nobre de Carvalho, toda esta zona está completamente diferente do que era em 1993, quase que não a reconheço apesar de ter passado por aqui centenas de vezes.  

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 Depois de ultrapassado o pequeno problema do alojamento, com costumo dizer dediquei-me de corpo e alma aos elevadores, e em conjunto com o Sr. Tavares, e também contando sempre com a preciosa ajuda do Tsí.

 Enfim lá conseguimos com muito, e digo mesmo com muito, muito trabalho, que no dia da inauguração das novas instalações da Fábrica de Transformadores e do novo Edifício da Efacec Oriente, que o Monta-Cargas e um dos elevadores do edifício de escritórios estivessem a funcionar.

 O Monta-Cargas da fábrica ficou completamente concluído, mas no edifício de escritórios só consegui-mos deixar um dos elevadores a funcionar, mas só funcionava entre o primeiro e o último piso, mas não houve nenhum problema, porque o último piso do edifício de escritórios era o único para além da fábrica que ia ser visitado durante a Inauguração.




 Nesta imagem de Macau, podemos ver que Macau está ligado à China por uma fronteira terrestre, depois está ligado à Ilha da Taipa por duas pontes, por sua vez a Ilha da Taipa está ligada à Ilha de Coloane por outra ponte, na Ilha da Taipa podemos ver o Aeroporto Internacional de Macau, que entretanto foi construído.




 Nesta imagem actual podemos ver Macau, a Ilha da Taipa já com o novo Aeroporto, a Ilha de Coloane, e também aparece um pontinho na Ilha da Taipa com a indicação onde eram as instalações da Efacec Oriente.


 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 Para representarem a Efacec, na inauguração da nova Fábrica de Transformadores em Macau, foram de Portugal o Director Geral da Efacec, o Eng. Sabino Marques, e os administradores, Eng. Nobre da Costa, e o Eng. Guilherme Rica.

 A inauguração  foi uma cerimónia grandiosa, foram também convidados para a inauguração o Governador de Macau, o General Rocha Vieira, e vários representantes de empresas de Portugal, da China, das Filipinas, da Tailândia, da Malásia, de Singapura, de Taiwan e de Hong Kong.




 O Jornal Infor da Efacec, do mês de Junho de 1993, foi quase na sua totalidade dedicado à inauguração das novas instalações da Efacec Oriente, e da fábrica de Transformadores. 



 Nesta fotografia do Jornal  Infor da Efacec, vemos a cortar a fita da inauguração à esquerda o Eng. Nobre da Costa, Administrador da Efacec, ao centro o General Rocha Vieira, Governador de Macau, à direita está o Eng. Sabino Marques, Director Geral da Efacec, e atrás aparece o Eng. Guilherme Rica Administrador da Efacec.

 Confesso que não faço a mais pequena ideia de quem tirou estas fotografias, da cerimónia de Inauguração, mas fico-lhe agradecido pois conseguiu que eu ficasse nelas para a posteridade, na altura não me apercebi, só mais tarde já em Portugal, é que reparei que tinha ficado nas fotografias.

 Estou ao fundo, no lado esquerdo da fotografia, sou o segundo a contar da janela, sou fácil de distinguir pois estou com uma mão na cara, o outro Sr. que está junto à janela é o tal Eng. que viajou comigo de Portugal para Macau.




 A cerimónia de inauguração foi grandiosa, foi ao estilo Chinês, com muito fogo preso e dragões ondulantes, atrevo-me mesmo a dizer que não ficou nada atrás de algumas cenas que já vi em filmes.

 No dia da Inauguração as ruas à volta da fábrica estavam cheias de gente, é uma pena não ter nenhuma das imensas fotografias que o Sr. Tavares tirou dessa cerimónia.  

 Na cerimónia de inauguração discursaram alguns dos intervenientes, e no final da tarde foi servido na fábrica um lanche bastante generoso, aquilo tinha de tudo não faltava nada, nem vou enumerar para não me tornar fastidioso.  




 Outra fotografia do Jornal Infor da Efacec, de Junho de 1993, onde vemos o Eng. Matos Guilherme, director da Efacec Oriente a discursar, nesta fotografia ainda continuo a aparecer lá ao fundo no mesmo sítio.  



 Nesta fotografia também do Jornal Infor da Efacec, de Junho de 1993, vemos o Governador de Macau o General Rocha Vieira a dar os parabéns à Efacec na pessoa do seu presidente o Eng. Nobre da Costa.

 Infelizmente nesta fotografia já não apareço, devo ter ido tomar café. 



 Nesta fotografia também do Jornal Infor da Efacec, de Junho de 1993, vemos a Nave Fabril da nova Fábrica de Transformadores da Efacec na Ilha da Taipa em Macau. 

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 No dia da Inauguração todos os convidados visitaram a Fábrica de Transformadores, subiram e desceram no Monta-Cargas da fábrica, também subiram até ao topo do Edifício de Escritórios no único Elevador que estava a funcionar, tudo funcionou na perfeição.

 Para terminar em grande a cerimónia de inauguração das novas instalações da Efacec Oriente, e da Fábrica de Transformadores, no final do dia ia haver um jantar de gala num Hotel de Macau, com imensos convidados.


 Para esse jantar, também estavam convidados os 5 funcionários da Divisão de Transformadores da Efacec que estavam deslocados a trabalhar em Macau.

 Que eram os 2 técnicos que estavam alojados no tal apartamento na Ilha da Taipa com o Sr. Tavares, era o encarregado da fábrica o Sr. Viana e a sua esposa, a dona Isolete que também estava deslocada a trabalhar para a Efacec Oriente em Macau, e o tal Eng. da Divisão de Transformadores, que tinha viajado comigo do Porto para Macau.




 O Edifício e as novas instalações da Efacec Oriente na Ilha da Taipa em Macau.

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 Enfim com este texto todo sobre o jantar, o que quero dizer é que tanto eu, o Fernando Almeida, como o Sr. Tavares, fomos os dois únicos Portugueses da Efacec deslocados a trabalhar em Macau, que não fomos convidados para esse jantar.

 Até fiquei com a ideia de que não fomos convidados por causa da pequena quezília que tive com o Eng. Matos Guilherme, logo no meu primeiro dia em Macau.

 Ou então não tínhamos sido convidados por esquecimento, ou então não fomos convidados porque não pertencíamos à Divisão de Transformadores, mas fosse pelo que fosse, o que certo é que não fomos convidados.

 Como não fomos convidados para o jantar eu e o Sr. Tavares depois do lanche na fábrica, esperamos que toda a gente fosse embora da fábrica, não fosse alguém ficar preso nos elevadores, e como já tínhamos lanchado.

 E pronto tenho que o dizer estávamos um bocado tristes, por não termos sido convidados para o jantar, e estas coisas sentem-se mais quando estamos longe de casa, saímos da fábrica e nem fomos jantar, o Sr. Tavares levou-me ao meu hotel em Macau, e foi para o apartamento dele que ficava na Ilha da Taipa.

 Entretanto já eu estava deitado, seriam p'raí umas 10 horas da noite, quando toca o telefone no meu quarto, era o Sr. Tavares, disse-me que lhe tinha ligado o Eng. Matos Guilherme a dizer que tínhamos que ir ao jantar, eu ainda lhe disse que não ia, até porque já estava deitado, mas ele insistiu, disse-me que tínhamos obrigatóriamente que ir, e que já ia arrancar para me ir buscar. 

 O Sr. Tavares lá foi buscar-me ao meu hotel, e fomos para o jantar de gala da inauguração das novas Instalações e da nova fábrica de Transformadores da Efacec, em Macau.

 O jantar era num hotel em Macau, acho que foi no Hotel Lisboa.

 Mal chegamos, logo na entrada da sala de jantar tinha uma enorme escultura feita em gelo com o logótipo da Efacec, o serviço do jantar foi digno do Governador de Macau. 




 Durante o jantar foi oferecido a todos os convidados como recordação uma caixa em ébano, com a data da inauguração, 22-4-1993, esta é a minha, que ainda guardo com muito carinho, como recordação.   

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 No jantar tanto eu como o Sr. Tavares, ficamos sentados na mesa onde estavam todos os outros funcionários Portugueses da Efacec.

 Jantamos mas eu não estava bem, tinha que descobrir o porquê da urgência com que tivemos que ir ao jantar.


 Então perguntei à pessoa que estava sentada ao meu lado, se por acaso se tinha apercebido do porquê de termos sido convidados à última hora.

 Ele disse-me que tinha sido o Eng. Nobre da Costa, que quando passou pelas mesas na sua função de anfitrião, para ver se estava tudo bem, e quando chegou à mesa do pessoal da Efacec, terá perguntado (e vou escrever exactamente as palavras que ele me disse):

 --Onde é que estão os homens dos elevadores.

 Quando lhe disseram que não tínhamos sido convidados, ele foi direitinho falar com o Eng. Matos Guilherme, não sei o que lhe terá dito, mas o que sei é que passado pouco tempo tanto eu como o Sr. Tavares já lá estávamos.




 Como sou um bocado apaixonado por relógios, não podia vir de Macau sem comprar um relógio, então fui a uma ourivesaria de um amigo do Tsí, e comprei este SEIKO totalmente automático.

 O amigo do Tsí fez-me um grande desconto, mas mesmo assim custou 500 Patacas, quando vim embora de Macau não comecei logo a andar com ele para não o estragar, agora já passou de moda, conclusão ficou sempre guardado no estojo e lá vai continuar para sempre, junto com a factura da garantia.




 Para oferecer aos amigos trouxe algumas caixas de chá, e algumas destas Ampulhetas, para não correr o risco de alguém dizer que a escrita está ao contrário, ponho uma para cima e outra para baixo, assim acerto de certeza.

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 Quando disse ao Sr. Tavares que o responsável por termos sido convidados à última hora para o jantar, tinha sido o Eng. Nobre da Costa fiquei mais uma vez de boca aberta, e também vou repetir exactamente as palavras que o Sr. Tavares me disse:

 --Você está admirado, eu já sou conhecido do Eng. Nobre da Costa há muitos anos, eu não fico nada admirado que ele tenha feito isso.




 Rua na Ilha da Taipa, onde eu e o Sr. Tavares almoçávamos e jantávamos todos os dias, o restaurante era de um Português que era cozinheiro num barco, e que acabou por ficar na Ilha da Taipa onde abriu um restaurante.


 Na altura éramos os únicos Portugueses que faziamos lá as refeições, já não me lembro do nome do dono, tinha que ser sempre ele a atender-nos porque as empregadas só falavam Chinês.

 Ele fazia cozinhados Portugueses só para nós, fazia as vontades todas ao Sr. Tavares, pelo menos uma vez por semana tinha que fazer arroz de caril com caranguejos, que era o prato preferido do Sr. Tavares.

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 Quando o Sr. Tavares me disse que era conhecido do Eng. Nobre da Costa à muito tempo, disse para comigo, bem grandes conhecimentos.

 Por acaso, eu já durante a Inauguração da Fábrica tinha visto o Sr. Tavares a falar com o Eng. Nobre da Costa, mas pensei que seria daquelas conversas de circunstância, entre dois Portugueses que se encontram fora de Portugal.

 Já agora posso dizer que o Sr. Tavares era mesmo daquelas pessoas com muitos conhecimentos, era de fácil relacionamento, muito viajado, e era um excelente conversador, eu adorava ouvir as suas histórias.


 Gostava muito de quando ele se punha a contar as aventuras que tinha passado na Índia.

 Ele fez parte da última incorporação de tropas Portuguesas que foram para a Índia, viveu todos os episódios da tomada de Goa, Damão e Díu pelas tropas Indianas, foi dos soldados que ficou preso quando da ocupação pelas tropas Indianas, enfim a vida e as viagens do Sr. Tavares davam para escrever um livro.

 Mas já agora vou dizer, que se para o Sr. Tavares a atitude que o Eng. Nobre da Costa tomou, foi uma coisa normalíssima, para mim ele ter-se importado que dois técnicos dos elevadores, que estavam a trabalhar deslocados a mais de 11000 Km de Portugal, não tivessem sido convidados para um jantar, foi um daqueles gestos de que eu nunca mais me vou esquecer.

 Tanto eu como o Sr. Tavares ficamos de tal modo sensibilizados, por termos ido ao jantar da Inauguração das novas Instalações da Efacec Oriente, que nessa noite nem fomos à cama, passamos a noite no Casino do Hotel Lisboa.

 Depois da inauguração da fábrica, ainda continuamos mais algum tempo em Macau, só viemos embora quando os Elevadores ficaram completamente concluídos.


 Aos fins-de-semana íamos sempre passear, o Tsí andava sempre connosco, ficamos a conhecer perfeitamente Macau, a Ilha da Taipa e a Ilha de Coloane.

 Também fomos várias vezes à China, em alguns desses passeio pelo interior da China chegamos a percorrer centenas de quilómetros.

 Visitamos a casa do primeiro presidente da China, almoçamos em barcos, visitamos cidades enormes de que nem sei o nome, percorremos muito no interior da China graças ao Tsí.

 Quando íamos passear para a China não podíamos levar o carro, tínhamos que passar a fronteira a pé, no outro lado da fronteira, já na China era o Tsí quem se encarregava de arranjar transporte, que era sempre numas carrinhas tipo Toyota Hiace, era o Tsí quem negociava com o motorista o preço para nós os três.

 Na China sempre que chegávamos a uma cidade, bem podia olhar para todos os lados que nós éramos os únicos Cidadãos Europeus.

 Desde que viemos embora de Macau nunca mais soube, nem ouvi mais ouvi falar no Tsí. 




 Era por esta Porta do Cerco em Macau, que passávamos a pé sempre que íamos passear para a China.

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 Uns dias antes do nosso regresso a Portugal o Eng. Matos Guilherme combinou encontrar-se comigo e com o Sr. Tavares depois do jantar, porque queria falar connosco.


 Acabamos por ir para o bar do Hotel Emperor onde eu estava hospedado, estivemos a conversar sobre os Elevadores e sobre muitos outros assuntos.

 Ele pediu-nos desculpa, por nos ter dado pouca atenção, porque teve milhares de assuntos para resolver por causa da inauguração, mas que nós tínhamos feito um bom trabalho e que até estava a pensar dar-nos um prémio.

 Pediu para fazermos uma lista de todas as horas extras que tínhamos trabalhado a mais, porque ia tentar compensar-nos e efectivamente cumpriu a promessa.

 Durante a conversa, ninguém tocou no assunto sobre o porquê de não termos sido convidados para o jantar, mas com toda a sinceridade digo que não fiquei com má impressão do Eng. Matos Guilherme.

 Se calhar ele não nos convidou para o jantar por puro esquecimento, ou por ter tido que tratar dos tais milhares de assuntos relacionados com a preparação da inauguração das novas instalações da Efacec Oriente.




 O meu passaporte, com os  carimbos da Republica Popular da China, de quando passavamos a fronteira de Macau para a China.

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 Tanto eu como Sr. Tavares regressamos de Macau no mesmo dia.

 Na viagem de regresso podia-mos ter vindo pela rota que faz Hong Kong, Bombaim, Londres, e tal como o Sr. Tavares eu também já poderia dizer que tinha estado na Índia.

 Mas acabamos por vir directos de Hong Kong para Londres, mais tarde os dois colegas da Divisão de Transformadores da Efacec que estavam alojados no mesmo apartamento do Sr. Tavares, na viagem de regresso fizeram a rota Hong Kong, Bombaim, Londres. 


 Mas tanto eu como o Sr. Tavares fizemos a viagem de regresso pela mesma rota que tínhamos ido.

 Viemos de Macau para Hong Kong no barco a jacto, depois de Hong Kong para Londres, viemos novamente num Boing 747 (Jumbo), da British Airways.


 Em Londres ainda aconteceu uma cena engraçada com o Sr. Tavares, engraçada para mim, porque para o Sr. Tavares a coisa não deve ter tido muita graça.

 Foi assim, já estávamos dentro do Aeroporto de Londres, tínhamos passado para a zona dos voos domésticos, estávamos na sala de executiva, mas ainda faltavam algumas horas para os nossos voos.

 O Sr. Tavares ia viajar de Londres para Lisboa, e eu de Londres para o Porto, para passar o tempo eu comecei a ler um livro, mas o Sr. Tavares resolveu ir até à zona franca comprar recordações.

 Passaram-se p'raí umas 2 horas, quando ele me aparece acompanhado por dois polícias, estava todo zangado comigo por ter passado tanto tempo e eu não o ter ido procurar.

 Conclusão: o que aconteceu foi que o Sr. Tavares quando resolveu ir à zona franca comprar as recordações, se tinha esquecido de levar os documentos de Identificação.

 E quando estava a fazer uma compra numa loja pediram-lhe os documentos, e como ele não os tinha, chamaram a policia, e claro como ele não falava Inglês foi um bocado complicado, mas depois os policias lá o acompanharam até à sala onde eu estava para ele se identificar, e mesmo sem nenhum de nós falar Inglês lá nos safamos e terminou tudo bem.




 Um Barco a Jacto, parado junto à nova ponte que vai de Macau para a Ilha da Taipa, quando me vim embora esta segunda ponte ainda estava em construção.



 Outro Barco a Jacto parado junto à nova ponte que vai de Macau, para a Ilha da Taipa.



 Esta segunda ponte entre Macau e a Ilha da Taipa tem o nome de Ponte da Amizade, quando estive em Macau em 1993 ainda estava em construção, tem uma extensão de 4,7 Km, entrou ao serviço no ano de 1994.

 Mas agora continuando com o relato, do porquê da minha deslocação a Macau:

 Despedi-me do Sr. Tavares no Aeroporto de Londres, ele partiu antes de mim de Londres para Lisboa, eu vim uma hora depois directo de Londres para o Porto.

 Pouco tempo depois de termos regressado de Macau soube que o Sr. Tavares se tinha despedido da Efacec, e que tinha ido trabalhar na montagem de Elevadores para os Açores, para a empresa "J. M. Costa Dias".

 Desde que me despedi em Londres do Sr. Tavares nunca mais o vi, mas se já antes de ter estado com ele em Macau o considerava um grande amigo, então a partir de Macau passei a considera-lo quase como um amigo de infância.


 Pronto também tenho que admitir que já conhecia o Sr. Tavares desde 1971, desde os meus 16 anos.

 Conheci o Sr. Tavares no Porto, ainda como montador de elevadores, depois foi meu encarregado em muitas Instalações de Elevadores, tanto no grande Porto, como fora, em Barcelos, Braga, Viana do Castelo, Vale de Cambra etc. 


 Sobre a minha estadia em Macau em conjunto com o Sr. Tavares e o Tsí, teria tanto a dizer, mas como o texto já vai longo vou terminar por aqui.

 Mas acho que relatei as principais recordações que guardo do Sr. Tavares, e da nossa estadia em Macau, um grande abraço para ele, esteja ele onde estiver. 




 Fotografia de um dos Quadros do Comando QCP Isostop, com o regulador de velocidade Dinalift da Loher, que foram montados no Edifício de Escritórios da Efacec Oriente em Macau.



 Ainda tenho guardada em minha casa uma pasta com todos os esquemas eléctricos, e toda a documentação da preparação para o fabrico, e para o ensaio, dos Comandos Isostop, dos elevadores da Efacec Oriente.


 Como o Sr. Tavares era viciado em fotografias, tirou centenas de fotografias de Hong Kong, de Macau, das Ilhas da Taipa e de Coloane.

 Então quando íamos passear para a China tirávamos centenas de fotografias, na China até tirávamos fotografias em locais proibidos se houvesse problema estava lá o Tsí, que resolvia logo o assunto.

 Mas como a máquina era do Sr. Tavares, quando viemos embora ele levou os rolos todos para revelar e nunca cheguei a ver nenhuma.

 As únicas fotografias que atestam a minha passagem por terras do Oriente, são mesmo as do Jornal Infor da Efacec, que aqui coloquei.

 Agradeço ao Júlio Resende, que me facultou as cópias do Jornal Infor da Efacec.

 Fernando Almeida