Os meus passeios de Bicicleta.
Nestes meus passeios de bicicleta vou travando amizade com muitos animais, que se vão cruzando comigo, e que quase todos acabam por se tornar meus amigos, e sinto muita tristeza quando algum deles desaparece, ou quando alguma coisa de mal lhes acontece.
Estes são alguns dos animais com quem me vou cruzando, e que se vão tornando meus amigos.
Desde há mais de 30 anos que gosto de dar umas voltas de bicicleta, vou até aos montes que rodeiam Valongo, onde sempre morei.
Estes passeios de bicicleta são para mim um escape que me faz esquecer a rotina semanal.
E cá estou eu
junto à Pedra Branca, no topo do monte do lado da Quinta Rei, lá
ao fundo fica a Cidade de Valongo.
Quando há muitos
anos comecei a dar estes passeios de bicicleta, os meus filhos ainda iam
comigo, mas com o passar dos anos eles deixaram de me acompanhar, mas eu
continuei sempre a dar minha voltinha.
Nesta
fotografia também junto à Pedra Branca vemos o início da descida do
monte, esta descida é muito íngreme, lá ao longe vemos a Urbanização da Quinta
da Lousa, e mais ao longe no meio do nevoeiro vemos a Cidade da Maia, e as torres da Petrogal, em Leça da Palmeira.
Desde que
os meus filhos deixaram de ir comigo tive que me habituar a andar sozinho, mas
assim vou ao ritmo que quero, paro quando me apetece, como costumo dizer estou
por minha conta.
Ainda junto
à Pedra Branca, no inicio da tal descida que é muito íngreme.
Esta subida que
vai desde o Susão, até à Pedra Branca que se vê lá em cima à direita
das árvores, é mesmo muito íngreme, a descida ainda se faz mas a subida tem que
ser mesmo com a bicicleta à mão.
E como podemos
ver não sou só eu que faço esta subida com a bicicleta à mão, ali em baixo vem dois
jovens com bicicletas "btt" muito melhores do que a minha e
também vem a subir com elas à mão.
E lá vão
os dois jovens a fazer a subida desde o Susão até à Pedra Branca, já
passaram por mim mas não lhes adianta terem
bicicletas btt todas especiais, vão tal como eu com elas à
mão.
Nestas minhas voltas de bicicleta sempre que encontro um animal paro para brincar com ele, se encontro alguma árvore a crescer inclinada lá vou eu endireitá-la para ela crescer na vertical, a maioria das vezes tenho que as escorar e amarrar, já tenho demorado mais de 1 hora a endireitar uma árvore.
Transformei
a minha bicicleta num verdadeiro pronto socorro, onde tenho
cordas, serrotes, e todo o tipo de ferramentas, a bicicleta está pesadíssima,
mas assim faço o que quero não tenho que dar satisfações a
ninguém.
Nesses passeios
vou travando amizade com os animais mais estranhos, mas este sem qualquer dúvida
foi o gato mais estranho que já conheci, paro sempre um bocado para
brincar com ele, quando saio da beira dele tenta sempre vir atrás de mim.
Também gosto de
fazer esta subida que vai desde o Continente, até ao topo do Monte do lado da
Quinta Rei, os montes deste lado estão cobertos de Giestas verdejantes.
Esta subida
também é muito íngreme, só a consigo fazer levando a bicicleta à mão, e
mesmo assim são os travões da bicicleta que me salvam de não vir por ali
abaixo.
Agora já
estou quase no topo do monte do lado da Quinta Rei, fiz a subida toda com a
bicicleta à mão, mas com esta Paisagem das Giestas à volta a subida
até nem custa tanto.
Em
qualquer destes trajectos que faço de bicicleta, tenho sempre
muitos animais meus conhecidos.
Gosto muito
deste enorme cão preto e branco, tenho que parar sempre um bocado a
brincar com ele, tem mesmo cara de boa pessoa.
Cá está o
meu amigo preto e branco, ao princípio ainda me ladrava mas agora já é meu
amigo.
O meu amigo preto e branco.
No Inverno os montes estão cobertos com plumas brancas.
As plumas
brancas que cobrem os montes no Inverno.
As plumas brancas que cobrem os montes no Inverno.
São tantas as
vezes que passo por alguns animais que também vou travando amizade com os
donos, e vou sabendo a história de muitos deles.
Um dos animais
onde passo mais tempo é junto desta égua, que fiquei a saber que se chama Princesa.
De início a
Princesa estava sempre sózinha, mas agora já tem uma cadela a fazer-lhe
companhia, tenho sempre que levar 10 rebuçados, e tenho que dar um de cada vez,
um para a Princesa, e a seguir um à cadela ambas me vem comer à mão.
A Princesa.
A
Princesa também é muito mimalha, adora que lhe faça festas e lhe alise a
crina, para tirar esta selfie ela até pousou a cabeça no meu ombro.
Na
Primavera os montes ficam cobertos de urze, ficam todos
coloridos de Roxo e Amarelo.
Primavera, os
montes cobertos de urze Roxo e Amarelo.
Existem locais
nos Montes por onde passo em que a vegetação está tão densa, que me parece que
estou numa autêntica floresta tropical.
Locais nos
montes que me parecem florestas tropicais.
Locais nos montes que me parecem florestas tropicais.
Outro animal
que também se tornou meu amigo é este Pónei, sempre que passo por ele
tenho que parar, ele também vem logo ter comigo, também me vem comer um
rebuçado à mão.
O meu amigo Pónei.
Este Pónei gosta
muito que fale com ele até parece que compreende o que lhe digo.
Fica tão
contente que fale com ele que às vezes até se põe de joelhos, deve ser
para ouvir os conselhos que lhe dou.
Também gosta
muito que lhe coce o nariz.
Podia
ficar aqui todo o dia a coçar-lhe o nariz que ele não saía da minha beira,
gosto muito deste Pónei, mas tenho que ir que já está a ficar tarde.
Quando se
aproxima o mês de Maio, as Maias pintam os Montes de Amarelo.
Os montes ficam
todos pintados de amarelo com as Maias.
Os montes ficam tão bonitos, e tão diferentes durante as 4 Estações do ano.
Outro animal que se tornou meu amigo é este Boxer, é o maior Boxer que já vi, também já acabei por conhecer o dono que como se pode deduzir pela fotografia é mecânico de automóveis.
O meu
amigo Boxer.
Mas já
muitas vezes estes meus passeios se revelaram muito tristes, muitos destes animais meus amigos infelizmente já partiram, e outros desapareceram.
Um dos animais
que me deixou muito triste foi um gatinho Albino, estava sempre no
muro de uma casa próximo do monte no Susão, sempre que passava lá chamava e ele
aparecia logo todo mimalho, com os seus olhos avermelhados e o seu pelo branco
todo sujo de andar a brincar na terra.
Mas um
dia ainda vinha ao longe quando vi no caminho o que parecia ser um pano branco,
tive logo um mau pressentimento, quando cheguei à beira era o gato
Albino, estava morto com a boca cheia de sangue, ainda estava quente, bati
na porta da casa para tentar avisar mas ninguém atendeu, acabei por ser eu a
levá-lo para o monte e fazer-lhe o funeral.
Mas
infelizmente muitos dos animais que fui conhecendo ao longo dos anos já
desapareceram, mas o episódio mais tristes que me aconteceu com animais,
teve a ver com uma ninhada de cinco cães que eu já considerava se
fossem meus.
Aqui
está um dos cinco Cães na entrada do cano que lhes servia de casa.
Vou
contar esta história como homenagem a esta
ninhada de cinco Cães de que eu gostava tanto, embora nunca me tenha
conseguido aproximar de nenhum deles, nem nunca tenha conseguido fazer uma
festa a nenhum deles, sempre que tentava aproximar-me deles eles ladravam-me e
fugiam para dentro da toca.
Sempre
que tentava aproximar-me de algum dos Cães eles ladravam-me e fugiam para
dentro da toca que lhes servia de casa.
Então a
história destes 5 cães começa assim, estávamos nos princípios do ano de
2014, quando numa das minhas voltas de bicicleta ao passar num caminho
vi uma ninhada de cinco Cães ainda pequenos a brincar no meio do
caminho, mal me aproximei fugiram e meteram-se todos numa toca, que era um tubo
que deve em tempos ter servido para saída de águas.
Aqui está a
entrada do tubo que servia de toca aos 5 cães, quando tirei esta fotografia
tinham entrado os cinco lá para dentro, para conseguirem entrar no tubo tinham
que se arrastar.
Nesta
fotografia podemos ver o tamanho que os cães já tinham e vemos a
entrada do tubo que lhes servia de toca, nem sei como é que eles conseguiam
entrar lá para dentro, mas eles lá conseguiam entrar os cinco.
Logo no
dia que os encontrei montei-lhes um verdadeiro acampamento, e comecei
todos os dias a ir deitar-lhes de comer, ia 2 vezes, passava por lá logo às
7h00 da manhã quando ia trabalhar, e depois voltava a ir lá ao final da tarde.
Todos os
dias quando chegava a casa vindo do trabalho, pegava na mochila levava um
saco de comida e duas garrafas de água de 2 Litros, e lá ia eu fazer os meus 5
Km, umas vezes ia a pé, outras de bicicleta, o meu exercício diário passou a ser fazer 2 x 5 Km, com
uma mochila com 10 kilos às costas.
Aqui estão os
5 Cães a comer, montei-lhes 2 locais para comer, um no lado da toca
e outro no outro lado do caminho, como eram cinco, até levei uma assadeira grande, e
vários recipientes para água.
Os cães que
nesta altura deviam ter mais ou menos 3 meses, já estavam muito grandes como se
pode ver, não sei de que raça seriam, mas pelas patas iam ser enormes.
Não sei de que raça seriam os cães, mas pelas patas iam ser enormes.
Quatro dos cães
eram iguais eram de uma cor meio acastanhada, nem os conseguia distinguir
pareciam lobos, só este cão é que era preto e branco.
Este
era o único cão preto e branco.
A partir
daqui a história destes 5 cães vai passar a ser muito triste.
O tubo
que lhes servia de toca ficava num dos lados do caminho no lado do monte, no
outro lado do caminho existia um enorme campo de cultivo.
Eu como
ia lá todos os dias assisti a esse campo a ser lavrado com um tractor, e depois
a ser feita uma plantação de milho, depois o milho começou a crescer, e eu
continuei a ir todos os dias a levar a alimentação para os 5 cães.
Então um
dia estava eu como de costume a tratar da alimentação dos cães, quando o senhor
que lavrou e fez a plantação do milho, vem ter comigo e diz-me:
--Ó amigo
eu já vi que gosta muito dos cães, mas eu vou chamar a rede para tratar deles,
eles estão a ir brincar para o meio do milho, e estão a partir-me o milho todo.
--Eu
ainda lhe disse que podia tentar tapar algumas das entradas do muro que
estavam caídas, mas ele disse que eles iam conseguir entrar na mesma, e lá
foi embora com cara de poucos amigos.
A partir
desse dia a história dos cães mudou drásticamente, eu tinha feito uma enorme
casota em madeira, e levei-a para lá, estava escondida no monte coberta com mato
para ficar camuflada, e não se ver do caminho, até alcatifa lhe tinha posto no
chão, para servir de casa aos 5 cães.
Cheguei
lá no dia seguinte e a casota tinha desaparecido.
Depois
cheguei no outro dia, e alguém tinha partido a assadeira onde punha a comida aos bocados, até que
cheguei um dia e o tubo que lhes servia de toca estava todo tapado com pedras,
ainda chamei mas já não ouvi nenhum cão.
Continuei durante alguns dias a ir deixar-lhes de comer no mesmo sitio, por
vezes a comida desaparecia, até que deixaram de ir lá comer, o último cão que
vi foi o preto e branco, estava próximo da entrada de um túnel que vai para o lado da Quinta da Lousa, chamei por ele mas ele fugiu, mas ia com uma pata de trás a arrastar,
devia estar partida.
Um amigo
também me disse que viu esse cão preto e branco, e que ele ia com a pata a
arrastar, devia ter levado uma pancada, eu conheço bem os cães se fosse algum
pico das silvas ele conseguia levantar a pata, não ia com a pata a
arrastar.
Foi na
entrada deste túnel que vi pela última vez este cão preto e
branco, ainda fui atrás dele mas ele fugiu.
Depois do desaparecimento dos cinco cães nunca mais tive coragem de passar por este caminho, nem pelo túnel.
Só hoje passados mais de 3 anos depois tive coragem, e resolvi passar
por lá, e fiquei com lágrimas nos olhos ao pensar no triste destino que os
desgraçados dos 5 cães devem ter tido.
2017 - E como vemos passados que estão 3 anos, o campo está novamente plantado com milho.
2017 - E como vemos passados que estão 3 anos, o tubo que servia de toca aos cinco cães ainda lá está, mas está tão coberto de vegetação que mal se consegue ver.
Espero
que nada de mal tenha acontecido a esta ninhada de 5 Cães.
Fernando
Almeida